quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Deixa-me amar livremente
















Deixa-me amar livremente



Por que o receio? É medo, ou coisa que o valha? Saiba então minha querida, que de medos ando cheio, qualquer deles me atrapalha. Não posso amar sozinho? Quem disse isso, amorzinho? Isto é fogo de palha!
Tem tanta gente no mundo que cada vez mais se atrapalha, dando palpites, conselhos ou qualquer coisa que valha... Acho graça destes tipos. Em tudo metem o nariz. “Quem é você que não sabe o que diz?”. Ah, Noel quanta sabedoria, nos bares, serestas escondidas da luz do dia. Foi livre destes ares cheios de tanta hipocrisia... Não teve esses azares.
E eu, o que faço? Fico sujeito às normas? Ninguém se livra delas, sempre existe quem conteste as formas despidas que tenho e tão repetidas são, não existe quem não as ateste...
Que tenho eu com isto? Não, eu não desisto deste destino ingrato, é ele o meu prato que vou digerir, até fique farto.
Pergunto outra vez, docemente, sem nenhum rancor na mente, por que este ardor eu tenho de amar tão livremente?
Alguma maldição? Creio que não. Por favor, me dê a mão...
Não posso ficar sozinho, tenho medo deste espinho que se chama solidão!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Conservatória (reeditado)













Conservatória


Acompanho um passeio que vai visitar, de sexta-feira a domingo, fazendas do tempo imperial em Conservatória, pequena cidade de quatro ruas, situada no norte fluminense.
Conservatória, como cidade, é pequena, mas sua área é bastante grande, quando envolve centenárias fazendas que produziam café nos tempos imperiais.
Sinto-me deslumbrado; a palavra não pode ser outra. As fazendas estão impecavelmente conservadas e restauradas, e ando no tempo. Vejo uma mesa de oito metros feita por uma só tábua de madeira nobre. Os donos, um simpático casal já idoso, encarregam-se de fazer as apresentações do lugar. Na mesa de oito metros já se sentaram o Conde D’Eu e a Princesa Isabel. A sede tem setenta e oito janelas, e penso imediatamente quem limpa aquilo tudo agora. Quando produzia café, eram os escravos, hoje possivelmente é alguma firma especializada, pois esta é apenas uma das fazendas do lugar. Os donos silenciam e não comentam nada sobre o assunto.
Conheço outras fazendas, não imponentes como esta, mas que nada devem em matéria de conforto. Em todas é servido um lanche. Bolos e queijos deliciosos, e champanhe modesta: Veuve Clicquot, na temperatura certa, certíssima, taça de cristal antigo, leve e para a minha satisfação, a quantidade é farta, podendo repetir.
Se insistir com a descrição das fazendas, acabo fazendo uma monografia.
Um bom passeio pela cidade vai mostrar bem o lugar onde estou. Ar puríssimo, nada de carros circulando nas ruas, jardins arborizados, ruas calçadas com pedras, trabalho invejável. A temperatura é de 20 graus centígrados. Nenhum edifício, só antigos casarões. Em cada esquina, poucas, o nome de um compositor ou poeta. A tabuleta indicativa tem pauta pequena, onde estão escritas músicas famosas. A cadeia, vazia.
Vejo passarem homens de idade e alguns poucos jovens, que estão no Rio de Janeiro, estudando. Grande parte deles carrega o violão e um sorriso franco.
Acordes são ouvidos, pequenas cantorias, afinações dos instrumentos. Muitos estão sentados com um caderno à frente. Poetas. Como têm poetas aqui. Poetas e seresteiros. Continuamos andando e entramos numa loja. A especialidade é a venda de cerâmica muito bem feita, objetos de primeira qualidade. A maioria, feita em Conservatória mesmo. Um casal de idade, os donos da loja nos dão bom dia e continuam os dois com papel escrevendo. Ficamos livres para olhar as peças à vontade, sem o vendedor nos seguindo e perturbando. Escolhidas as peças, fomos no balcão pagar. Recebem sorridentes, agradecem e perguntam se vamos à seresta. Claro que vamos! Aproveito a parada e vejo se na minha mochila estão bem acondicionadas as duas garrafas de cachaça que comprei numa das fazendas, produção artesanal, envelhecida no tonel de carvalho que foi usado para fazer vinho tinto. Estão perfeitas, e não vou abrir nenhuma, até chegar em casa. Abrir para que, se em cada bar – parece que têm muitos – parece, somente. Entro num e como a hora do almoço estava próxima, peço uma especial. Não é tão boa como a que tomei e estou levando, mas de ruim não tem nada.
O almoço? Feijão cozido na panela de barro, fogo a lenha, com os complementos típicos: arroz, farofa pura ou com couve, farofa de todos os tipos, torresmo, linguiça, carne seca, meu Deus, é comida demais. Vou devagar. Faço um prato pequeno. Qual! Repeti duas vezes! Como deixaria de fazer extravagância? Feijão não combina com vinho. Cerveja, que venha...
Depois de um sono de duas horas, banho e roupa limpa, mais elegante.
Fomos todos para a praça; o tempo estava bom e permitia que os violões, violas e flautas dessem início a serenata. Músicas que eu não ouvia há muito tempo eram cantadas num magnífico coro. Parava a musica e um poeta dizia seus versos.
Tudo terminou com “O luar do sertão” de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco. Eu pensei que não mais cantaria esta música com coro e acompanhamento. Fiz muitas subidas em montanhas, quando jovem, e nas mais fáceis, as que não têm escaladas, é comum uma espécie de fogo do conselho, onde escoteiros e bandeirantes rezam, recitam poesias e cantam alegremente. Sempre fui uma das vozes mais altas, tomado pelo entusiasmo. Repeti com muito prazer.
Conservatória... Breve eu volto.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

República

Existem datas que não podem ser esquecidas pelo cidadão.
Em 15 de novembro de 1889, era proclamada a República no Brasil.
O Duque de Caxias, patrono do Exército e venerado pelas tropas na época, teria dito a Pedro II que acabaria com os revoltosos em poucas horas.
A resposta mostra um homem digno: "não quero uma gota de sangue brasileiro derramada por minha causa."

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Folclore: Zé do Norte














Zé do Norte era o apelido de Alfredo Ricardo do Nascimento (1909-1979), nascido em Cajazeiras, PB.
Cantor, compositor, poeta, folclorista e escritor, é um dos trovadores brasileiros de maior expressão.
Faleceu no Rio de Janeiro.
Dele é a música "Sodade meu bem sodade", que fez sucesso no filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, na voz de Vanja Orico. O mais interessante é que a canção foi composta quando ele tinha apenas onze anos, e é fruto de uma "desilusão amorosa".
Cantada na doce e suave voz de Lenir Apples, mostra a beleza do folclore nacional.
Veja em tela cheia.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vergonha na cara















Vergonha na cara



Excetuando Nelson Jobim, de ilibada reputação, o desmando no governo Dilma, na nomeação de ministros deveria ser apurado.

Herança do pai de Lulinha, o homem considerado o maior gênio em finanças do mundo. De modesto funcionário público, hoje é dono de grande fortuna no país. Não acertou na loteria da Caixa, convém informar.

O fato desmoraliza qualquer governo, seja ele qual for. Orlando Silva é o quinto suspeito de corrupção dentre os ministros nomeados pela presidente Dilma. Não há novidade no fato. Dilma era Chefe da Casa Civil de Lula, e foi eleita graças ao ‘padrinho’.

Fatos com semelhança mafiosa, dirão os mais revoltados. Mas por incrível que possa aparecer, até o ex-presidente Fernando Henrique passou a afirmar que tudo isto é natural, acontece mesmo.

Interessante. Há poucos dias foi convidado especial para jantar no Planalto. O ex-presidente americano Jimmy Carter também compareceu.

Comem e bebem. Conversam. Gostaria de saber sobre o quê.

Certo estava nosso Capistrano de Abreu, quando legislou sozinho “todo brasileiro deveria ter vergonha na cara.”

O cronista político não pode calar.

É só. Por enquanto.