quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Petróleo



            Dizem os investidores e entendidos em negócios, que o primeiro deles é o petróleo; o segundo, o petróleo novamente, e o terceiro o petróleo mais uma vez.
            Pode-se imaginar que o fato não é uma brincadeira.  Bastar fazer uma avaliação de quantos veículos estão andando no mundo, neste exato momento.  Se não usam gasolina, o combustível é óleo diesel.  Ambos derivados do petróleo, o que mostra a veracidade da afirmação corriqueira no mundo dos negócios.
            Até bem pouco tempo, a Petrobras, resistindo aos desmandos na sua condução e cabide de empregos muito bem remunerados, além de ser a maior empresa brasileira, era também da América Latina.  Não é mais.  Internamente, a cerveja é mais importante, leia-se AmBev, e no nosso continente o petróleo ainda é o melhor negócio do mundo, nas mãos da Ecopetrol, empresa colombiana. 
            Até aí nada demais.  No mundo empresarial não se conhece a palavra estática, que pode ser confundida com morte na competição.  É o que podemos ver, num futuro nada distante, com a estatal brasileira de petróleo.  Nas mãos de um atual governo fraco e antes um bastante duvidoso, a Petrobras foi-se diluindo aos poucos.
            Com a descoberta de lençóis bastante grandes, foi anunciado que em pouco tempo o Brasil seria um exportador de óleo cru, além de país com perspectiva de alcançar nível de riqueza considerável.  Veio a realidade e mostrou o que o governo não disse: explorar este petróleo em águas muito profundas é muito difícil e caro, além de não possuirmos tecnologia para a empreitada.  Hoje corremos o risco de importarmos gasolina em expressiva quantidade.
            Ou seja, cerveja e chope estão garantidos até não sabemos quando, mas gasolina está assustando.  Tudo é possível no país do Carnaval...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Decisão


     Não posso entender um escritor que não seja um ativista político.                                                                                                                              
          
            Desde bem antes do julgamento dos envolvidos no mensalão, tenho repetido que muitos réus sofreriam recolhimento em estabelecimentos penais, tal a gravidade dos fatos cometidos.
            Quase ninguém acreditava.  Que seriam condenados, o fato era aceito.  Que cumpririam pena duvidavam.
            Em 12 de novembro de 2012, o líder máximo de toda a trama, José Dirceu, foi condenado a dez anos e dez meses de reclusão.  Ou seja, vai cumprir pena, pois a legislação penal brasileira prevê que os sentenciados a oito ou mais anos de prisão cumpram pena em regime fechado.  Em penitenciárias.  Este é o destino de Dirceu, Delúbio e outros, ficando ausente o ex-chefe do Executivo, mas que ainda corre risco de ser apanhado.  Não viu nem mesmo a condenação do amigo, conforme declarou à imprensa.
            Por formação, não me alegro com desgraças alheias.  Nem mesmo com as destes traidores do povo.  Que ninguém se iluda.  Não estou rindo, muito menos festejando a futura ida destes condenados para presídios, situação que não desejo para mim e, portanto, para outrem.  Mas acho injusto Lula ficar fora.  Não acredito, como muitos, que ele tenha comandado tudo, e inventado a trama.  É burro demais para isto.  O chefe foi mesmo Dirceu, que insiste em protestar inocência.  Aqui não me conformo.  Todo o país sabe da sua culpa, e ele a nega?  São provas demais na ação penal 470, examinadas por quem fez da vida o ofício de julgar.  Mais.  O Supremo não erra.  Quando percebe que pode incidir em engano, para, analisa e toma a decisão certa, através dos seus ministros.
            Talvez o alcance da decisão chegue bem mais distante.  A capital paulista está sofrendo diariamente uma série de crimes que envolvem sangue, operação tipicamente orquestrada e dirigida.  Vai haver um basta, no meu entender.  O exemplo foi dado, e convém ser seguido.  Não só lá, mas em todos os lugares onde se cometem crimes na maior impunidade neste país.
            Chega!  O povo ordeiro não suporta mais tanta ofensa, descaramento e cinismo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Para onde vai o vento

       
            O vento... Sua definição é bem simplista.  É apenas o ar movimentando-se.
            Será?  Não é só isso não.  Mexe com folhas das árvores, ondas do mar e com a linguagem que era usada faz tempo: “bons ventos o tragam.” Ou pior, “que o vento o leve para o diabo que o carregue”, ou expressão mais pesada.
            Traz o perfume do café acabado fazer.  Enche e enfuna as velas que cruzam os oceanos até hoje.  Velejar, além de ser muito prazeroso, é uma arte.  Os veleiros não vão para onde vai o vento.  Podem mover-se contra ele, inclusive.
            Toca os moinhos, gera energia eólica, que não polui como a usina movida a carvão ou petróleo.
            Mas tem um sentido diferente.  O vento caminha na direção mais livre, que nem sempre quer dizer mais correta.  É o que acontece com o mundo atual.  Ventos que vêm se formando há muito estão causando estragos sucessivos.  A falta de compostura, de ética ou mesmo vergonha na cara comanda os dias atuais, enriquecendo moleques, dando fama a safados, ajudando vadias e vadios a se promoverem cada vez mais.
            Não importam tanto os alísios, as monções, o terral, mas o vento que cheira a dinheiro sujo, ao que enche as ruas com o odor da maconha queimada, o perfume famoso que se torna nojento de tão usado que é por tipos vulgares.
            “Cara mais chato, falando neste assunto!”.  Sei, sei.  O assunto não interessa, quem escreve é o ranzinza, a culpa nem é da idade, não está sozinho nesta pregação.  Mas é um inoportuno mesmo!  Certos estão os que aguardam as obras dos mundiais, para faturar quanto bem querem, dividindo com os que pagam.  Pagam com nosso dinheiro, sempre é bom lembrar.  Vão encher a burra, salve a conta no paraíso fiscal.
             Uma coisa que ninguém mais sabe, é para onde vai o vento...