quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Invenção não é mentira

                                  

            Gosto tanto da fantasia como da realidade.
            Fácil entender.  De anos para cá, dediquei-me exclusivamente a escrever.  No início só crônicas e contos, que acabaram se tornando três livros. Nada demais, apenas textos.  Mas quem escreve não parte do nada.  Assim é que a partir de um fato ou caso, ou mesmo pessoa existente, coloca-se uma boa dose de fantasia nela.  Veja bem, fantasia, mentira não.
            É muito diferente!  Um campo de flores e outro só de grama vagabunda, capim mesmo.  Ora, o lugar florido é muito mais bonito.  Beleza em si mesma, posso ficar calado e pronto.  Assunto resolvido.  Já o outro, a gente inventa.  Coloca um belo cavalo, ou robusta vaca pastando e a cena se modifica.  Caso seja uma bela mulher montando o cavalo citado, como uma dama mesmo, a cena muda bastante.  Caso seja loura, esteja nua e com os longos cabelos escondendo parte do seu corpo, vira outra Godiva, e aí já é obra de arte.
            Então repito: invenção e mentira são muito diferentes. 

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A arte de escrever

                                      

            Muitas e muitas vezes penso sobre este assunto: a arte de escrever.
            Ela é penosa e prazerosa, ao mesmo tempo.  Penosa quando exige de quem escreve rigor com a língua.  Muitos bons textos são prejudicados pelo mau português, a colocação das frases e outros fatos que vão ser apreciados aqui mesmo.
            Prazerosa quando o autor consegue atingir sua meta: fazer um trabalho limpo, que agrade ao leitor e a si mesmo.  Aqui moram as maiores dificuldades. Não pretendo ensinar a ninguém como se escreve, seria ridículo.  Posso, isso sim, repetir o que ligeiramente já falaram grandes autores em relação ao assunto.  Hemingway, por exemplo, que considero o maior de todos eles, dividindo por igual a glória com Shakespeare.
            Dizia que principalmente o autor deve ser direto e nunca começar seus textos com interrogações, a confusão futura será inevitável.  Ser dono de conhecimento sólido da língua que escreve.  Evitar a todo custo a prolixidade, mãe das inconveniências para o leitor.  Partir de uma ideia certa e nunca ficar procurando formas de escrever que o agradem.  Um erro!  Quem escreve, faz isso para os leitores, não para si mesmo, senão vira diário particular.  Esta forma pode até existir, mas se o objetivo é exatamente este: revelar fatos passados, memórias. Temos muitos assim.  Excluir, por favor, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.  A intenção de Machado não era deixar memória de ninguém, muito menos a sua.  Apenas, e tão somente, escrever para os seus leitores o admirável livro que até hoje — e vai durar para sempre — encanta a quem o lê.
            Por falar em encanta, quem pode deixar Guimarães Rosa fora?  Nossa literatura, a brasileira, é muito rica.  Mas se eu deixar este assunto sem falar nele, estarei sendo mais um que vive errando, errando, e não se convence disso!  São tantos!
            Eu mais um.  Não consigo fechar a crônica, mas sem antes dizer que “O Velho e o Mar”, que já li mais de seis vezes, é de uma riqueza sem par.  A luta de Santiago com o peixe, a captura e a defesa da sua conquista, miseravelmente devorada pelos tubarões, é a luta pela Vida e Dignidade dos homens de hoje e de todo o sempre.   

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O blog

                              

               Mas afinal o que é o blog? 
            Passatempo, diversão, exibição pessoal de falsas — ou verdadeiras de opiniões de quem escreve?
A mim me parece que não.  O blogueiro de coração não escreve por escrever, nem aparecer, nem ficar famoso, muito menos com pretensões de entrar para a ABL.  Duvido muito que alguém não conheça a sigla.  Academia Brasileira de Letras, onde se concentram, e concentraram grandes cérebros pensantes da literatura.  Não, que ninguém pense que a Academia só escolhe seus membros dentre os literatos.  O doutor Ivo Pitanguy, por exemplo, foi acadêmico.  Seus trabalhos publicados mundo afora autorizavam isto.  Literatura? Sim, sobre cirurgia plástica e suas implicações!
            O blog é opinativo.  O blog é debochado.  O blog é agressivo, ou o contrário. Está nas mãos de jornalistas conhecidos, assim como de que nada tem com opinativo da mídia.  Talvez uma espécie dos antigos diários, onde adolescentes guardavam a sete chaves?  Parece que não, pois eram textos escondidos, pessoais, que diziam respeito só ao autor, enquanto essa novidade é dirigida a todos.  Acredito que todos nós blogueiros sintamos uma gostosa e livre maneira de expressar-nos, como estou fazendo agora.  Lula não presta, é um ladrão contumaz e pensa que o povo é idiota, seria, e é, uma verdade do blog e outra do processo criminal onde foi condenado.  Estas são afirmações do blog.  Cometeu crime, quem escreveu e postou?  Que responda, mas acredito que poucos blogueiros tenham foro privilegiado!
             Sobretudo, ele não pode ser mero divertimento.  O que a internet permite e permitiu, Umberto Eco, não foi dar voz aos idiotas analfabetos.  Sua opinião é válida, claro, mas não é como verdade matemática.  Até hoje é discutido qual é o verdadeiro postulado de Euclides.  Sabe Eco, garanto que você não sabia!  Aí mora a verdade blogueira.  Neologismo, bem o sei, mas dou de volta uma opinião que entendo descabida. 
            Assim vamos.  Parágrafo por parágrafo está construído o texto.  Dizem, eu não sei se é verdade, que Saramago manteve um  enquanto vivo.  
            Que me corrijam os colegas e amigos blogueiros.