Dizem que a vingança é um prato que se come frio.
Euclides comeu gelado.
Não, não é o famoso geômetra que lançou ao mundo o famoso postulado.
Apenas, mais um desses pobres coitados que sofrem com a
vida e com quem o cerca. Euclides ganha
pouco, vai de trem, ganha quase nada, é pouco criativo, fluminense doente,
feio, duro e já meio impotente. A mulher
não ajuda em nada, persegue o infeliz desde que ele acorda até a hora de
dormir. Feliz do homem enquanto está no
trabalho repetitivo e neurótico.
Dia desses, ele saiu para dar uma voltinha perto da
fábrica onde trabalha. Numa cutelaria,
viu uma faca sueca, soube depois pelo vendedor, que o encantou. Bonita, boa pegada, ele tinha sido agricultor
quando jovem, viu a qualidade do aço, cortante como navalha. Comprou a faca, na bainha de couro cru.
Voltou à maldita fábrica, esperou a sirene que dava por
encerrado o maldito trabalho, pegou o maldito trem que o levava para a maldita
casa de volta.
A mulher não estava com bons bofes. “Bebendo cachaça, vagabundo?” “Trabalhando”,
respondeu o homem. “É, quantas
vagabundas tinham neste trabalho?”
Ele já não suportava mais. Botou o órgão para fora, pegou da faca e
cortou pelo meio, ou perto dele. Na
frente da mulher. Ela ficou imobilizada,
pela cena. Imobilizada morreu com a
certeira facada que acabou com seus ventrículos.
Não duvide!
Acontece.
A plácida foto que ilustra? Ora, é um contraste. Afluente do Velho Chico, onde nasce.
A plácida foto que ilustra? Ora, é um contraste. Afluente do Velho Chico, onde nasce.