quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Tempo de eleição

                            

            Não temos, no Brasil, tempos que coloquem o povo mais em polvorosa do que eleição, Copa do Mundo e Carnaval.
            Os comportamentos mudam, o povo discute, as torcidas funcionam esbaforidamente.  O brasileiro é um passional.  É uma característica desta gente.  Sala grande, ambiente agradável sem luxos, próprio de quem sabe viver bem sem ostentações desnecessárias.
            — Pois eu digo que não vai ser nada fácil.  Candidatos que não levantam o povo não animam ninguém — falou o Teles, antigo advogado criminal, experimentado no assunto.  Um artista.   Não! Não era o Humberto Telles, que num Júri no Rio de Janeiro levantou tese de coação irresistível da fome.  “Um escárnio”, diziam uns, “uma desgraça diária”, ficava raivoso o lado contrário. Tudo isso porque um proprietário de pequena e simples casa não teve seu aluguel pago dois meses consecutivos.  Estava almoçando num bar comum.  Periferia, quando o inquilino pediu para esperar poucos dias, conseguiria o dinheiro e não seria despedido.  O não, agressivo e maldoso, deu lugar a dois tiros seguidos.  Morreu ali mesmo.  O advogado do homem foi o Humberto Telles.  “Coação irresistível da fome” deu o que falar entre policiais, advogados e juristas.  A tese, sem dúvida, era revolucionária.
            Coação irresistível da imbecilidade é o nosso sistema de governo.  É incrível que o presidencialismo ainda seja o sistema de governo, inclusive dos Estados Unidos.  Um homem, eleito pelo povo, torna-se ditador com mandato certo, absurdo dos mais agressivos.  Mesmo nos EUA, onde o Congresso manda, não tem o menor cabimento.  Um só homem não pode dirigir um país, isso é óbvio.  Um conselho de ministros deve cumprir esta missão, que se torna mais independente e menos sujeita a erros.  O Primeiro-Ministro errou?  Voto de desconfiança nele!  O parlamento aceitou o voto?  Outro é nomeado, após eleição interna.  Nada de tumultuar o andamento normal de um país do que politicagem entre os que dele fazem parte, com função de mando.  Presidente da República não deve existir em caso algum.
            Candidatos nitidamente fracos, muitos contra este sistema, todos, sem a menor dúvida, todos, deveriam procurar o que fazer, e não ficar atrapalhando o país, que vai mal, infelizmente, ao contrário do que dizia o Chanceler Oswaldo Aranha, quando cumprimentado pelos seus colegas da ONU, “o Brasil vai bem, obrigado.” 
            Continuamos esperando a profética fala do almirante Tamandaré, do alto  da fragata ‘Amazonas’, na gloriosa Batalha Naval do Riachuelo. “Sustentar o fogo que a vitória é nossa". "O Brasil espera que cada um cumpra com seu dever.”