tag:blogger.com,1999:blog-45088087924100661222024-02-20T22:08:54.730-03:00Jorge Sader FilhoJorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.comBlogger466125tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-7284622634412107072023-02-05T11:41:00.011-03:002023-02-07T09:45:33.134-03:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglk1e_ZSE5zaCbWQEQZdm5XRupG_yHQ0_teTZ6Kcg856AvNM3wdnm4zOsn0Vo0-4OWzQzCxjiWkST9TOWwyu8mDNlDRF47NMI7BsmnjgB_gIOdpyy1to4SmIV749G4TbB1Cqpkzg0JHisXe76HQKNbIob2b_HQl1EJXK0U3KHkpFEOKk3t9OOca5pp/s1631/DSC_0102-1canoa%20de%20pesca.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1631" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglk1e_ZSE5zaCbWQEQZdm5XRupG_yHQ0_teTZ6Kcg856AvNM3wdnm4zOsn0Vo0-4OWzQzCxjiWkST9TOWwyu8mDNlDRF47NMI7BsmnjgB_gIOdpyy1to4SmIV749G4TbB1Cqpkzg0JHisXe76HQKNbIob2b_HQl1EJXK0U3KHkpFEOKk3t9OOca5pp/s320/DSC_0102-1canoa%20de%20pesca.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span> </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> Contradição </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span face="Arial, "sans-serif""> </span><span face="Arial, "sans-serif"">Pedro estava arrumando suas coisas;
faltava pouco para a pesca.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Apressa o café, mulher. Tá quase na hora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> - Vai já. A água ainda não ferveu, mas não custa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Tudo ali era simples; a aldeia de
pesca, em Itaipu, as casas do lugar, como a de Pedro: sala e quarto, contendo o
mínimo indispensável – a mesa com quatro cadeiras, o armário envelhecido, o
Cristo pendurado na parede.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Na cozinha havia um modesto, mas bom
fogão a gás e uma geladeira antiga: os peixes não eram ingratos com Pedro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Francisca – ela não gostava deste
nome – trouxe o café. Quentinho,
cheiroso, perfumando a casa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro e a mulher comeram pão com
lingüiça, enquanto tomavam o café. Já
haviam comido uma banana antes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> - O dia vai ser bom, mulher. A água está quente, e não tem vento
forte. Viu o jeito do céu?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Inda não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Mas veja.
Vai dar peixe hoje, e não vai ser pouco não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Tomara.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Enquanto comia, a mulher olhava o
seu marido. Bonito, o Pedro. Moço, amigo dela e pai cuidadoso do pequeno
filho, que havia feito dois anos no Natal.
Eles se orgulhavam disto: o menino nascera num dia de Natal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Francisca era feliz; tinha o que
sonhava. Diziam que Pedro era neto de um
alemão, daí os seus olhos claros e um tipo nada grosseiro. Queimado do Sol, mas ainda sem as rugas
profundas dos velhos pescadores, e forte.
Forte como todo homem do mar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Tá na hora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Beijou a mulher e passou a mão
calejada, mas carinhosa, no rosto da esposa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Sorte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vou ter, mulher. Sempre tivemos, graças a Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Graças.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> O dia já estava quase claro. Por causa da montanha próxima, Pedro não
podia ver aquela unha do Sol, que nascia de trás do mar. Mas já vira muitas
vezes; era lindo e ele amava a beleza da aparição. Primeiro, uma leve claridade. Depois surgia a unha vermelha, semelhando
brotar de dentro d’água, crescendo até se mostrar toda. Aí não se podia olhar
mais, porque o brilho da bola vermelha era forte e queimava os olhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Estavam em janeiro e por isso,
embora ainda fosse cedo, o calor começava.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> A mulher deu-lhe adeus, da
porta. Pedro saiu para a praia, camisa
de meia fina e muito branca, lavada com carinho, calça cortada pelos joelhos,
pés descalços na areia fofa e acariciante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Numa sacola, levava pão e goiabada,
além da garrafa de água. Os amigos
mexiam com ele por causa da merenda, mas vinha a justificativa: sentia fome
durante a pesca, e a goiabada tirava um bocado daquele gosto de mar
salgado. Não que ele não gostasse do
mar; nada disso. Mas era bom comer algo
doce, lá pelas nove horas, caso ainda não tivessem cercado o cardume.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Os três homens esperavam-no. Honório e seu filho Jairo, e o velho Elíseo,
pescador experimentado. Todos eram donos
da canoa grande, bem construída e conservada com carinho. Sempre pintada de novo, para durar bastante,
a “Santa Rita” era invejada. Canoa de
peroba, não era de desarranjar à toa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Rede
tratada vez por outra na fervura de casca de aroeira, que lhe dava mais
resistência, além da cor vermelha, renovada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> A “Santa Cecília" ia para o mar e eles
remavam até cercar algum cardume. Então,
era só fazer a volta, estendendo a malha e retornar à praia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Puxavam, faziam força, a rede vinha
lenta, pesadona de corvinas, tainhas, algumas lulas e, às vezes, xaréus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Quase sempre o trabalho era
proveitoso; raro não trazerem bons peixes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Ruim era quando chovia muito, e a
água estava fria. Mas naquela época do
ano isto quase não acontecia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Que beleza, hem, seu Elíseo. Peixe de dar com o pau!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> - Tempo bom, Pedro. ‘Inda vamos
trazer muita coisa daí.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Se vamos! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Recolhiam os peixes, e os
compradores estavam esperando. Guardavam
na areia a canoa, estendiam a rede para secar.
Tudo muito organizado e metódico.
Depois, rumavam ao bar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> - Me dá um negócio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> E lá vinha a pinga. Nem precisavam pedir mais; bastava aparecerem
e o dono da venda preparava os copos, daqueles de fundo grosso, o <i>martelo</i>, como o chamavam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro não tomava a cachaça de um só
trago, igual aos outros. Bebia um gole,
acendia um cigarro, tirava umas baforadas.
Isto feito, liquidava o resto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Conversavam no botequim, fala calma,
pausada, enquanto tomavam cerveja e comiam sardinhas fritas, com
moderação. Depois, iriam para casa
almoçar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Sorte hoje, mulher. Eu não disse?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Pegaram muita coisa?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Então. E vai continuar dando peixe, estamos na
época.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> A comida era simples. Feijão cozido com pedaço de toucinho e louro,
para temperar bem. Arroz branco e solto,
farinha torrada e quase sempre, peixe. O
preço da carne estava exagerado; no mais, por que comprar carne se tinham tanto
peixe? Só na quarta-feira comiam carne,
variando o prato. Aos domingos, o almoço
era mais cuidado, com salada e pudim de sobremesa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Depois, o café. Pedro fumava um cigarro e dormia um pouco; o
trabalho era bom, mas pesado. Quando não
botavam espinhéis ao largo, ele podia dormir mais e depois, com os outros,
guardar a tralha de pesca. Se colocavam
espinhel, a canoa ficava dentro d’água e lá pelas três da tarde eles iam
recolher as linhas. Quando tinham sorte
vinham peixes bons, coisa fina, de qualidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Mas nem sempre deixavam o linhão
comprido, pedra numa das pontas e bóia na outra, cheio de anzóis iscados
esperando os peixes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> “É duro puxar um espinhel”, pensava
Pedro. “Corta a mão quando tem muito
peixe, ou quando vem algum grande. Miséria quando é cação.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Adormeceu pensando a grandeza do
mar. Quando acordou, sentiu um pouco de frio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Como tá o tempo, mulher? Parece que o vento rondou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — A cara não é boa não. Vai ver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro foi até a porta da cozinha,
uma que dava para o mar. Olhou o céu. Lá
longe, mas distante mesmo, a pretura. O
sudoeste começando fraco, mas insistente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vem ele, Chica. Tá vindo de manso, mas não custa a soprar
feito o cão. E o aguaceiro vai ser
brabo. Olha lá – e apontou na direção
das nuvens carregadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Que vale que você está aqui –
falou a mulher, apertando-o contra o seu corpo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — É, mas aqueles na lancha,
não. Que imprudência! Lanchão grande, podem chegar ao Rio muito
antes do pau começar. Nem ligam...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Acarinhou a mulher, e tomaram mais
café fresco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vai ser um bruto toró. Mas amanhã é sábado e não íamos pescar mesmo,
a de hoje foi muito boa, compensou por demais.
Esse raio desta gente que invade a praia espanta até marisco, e não deixa
o pessoal trabalhar sem ficar pedindo um peixe.
Fingem que puxam a rede e depois já sabe: “me dá aquele ali?”. Só apontam os graúdos. Comigo não!
Dou nada, só se o cara for pobre mesmo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Conversou mais com a mulher,
passando-lhe a mão nas pernas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Pedro...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Ora, mulher.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — De dia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Que diferença faz?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Deitada, Francisca pensou uma vez
mais na sua felicidade; estava sorrindo ao lado daquele homem tão bom e
correto. Que mais podia desejar?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vou esquentar a janta e preparar
mais umas postas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — É, deu fome.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro
foi até a venda. Encontrou lá seus
camaradas, que tinham o mesmo hábito, antes do jantar. Mais uma cachacinha e conversa fiada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Os caras da lancha vão se
danar. Ainda estão ali – falou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Também vi. Devem ser macacos velhos – disse um.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Qual! Gente que entende de mar não se atreve. São uns araras – foi a vez do velho Elíseo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Porque têm estes lanchões, pensam
que podem enfrentar qualquer coisa. São
burros. Vai ver: tudo principiante. Pelo jeito do barco não tem mês de
construído.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Mas alguns são espertos, Elíseo –
foi a vez de Honório.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> -—Lá isso são. Mas poucos.
Gente danada mesmo é essa que tem barco a vela. Ali não tem lugar pra trouxa, não. Já conversei com muitos deles. E digo: uns entendem muito mais de mar que a
gente. Sabem nomes de estrelas, força da
vazante e da cheia, imagine, tem até aparelho para medir a velocidade do
vento! Já entrei num barcão destes. Beleza de coisa bem tratada. E que mastro!
Todo muito seguro por cabos de aço, falaram o nome, não mais. Atravessam o mar, vão para África e não sei
mais onde. Já pensou?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Mas eu também iria com eles –
falou Pedro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Ir, vai. Disso eu sei.
Mas quem dirige o barco? Você?
Pedro, eles sabem coisas estranhas. Orientam-se pelo Sol e pelas
estrelas, usando um aparelho que também esqueci o nome, e usam hora diferente
da nossa, é coisa complicada, não entendo nada disso – completou Honório.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — É, mas vai ver que não sabem
distinguir um cardume de sardinhas para um de corvinas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Bom, este é o nosso ofício.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Interrompeu o que dizia, quando
alguém alertou sobre o tempo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Gente, que chuvarada. Cruzes!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Realmente a chuva era das
grandes. Tocada forte pelo sudoeste
apertado, lavava o chão e revirava as copas das árvores. Um molecote entrou bar adentro, olhos
espantados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — A lancha tá vindo para a praia!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Os homens, todos que estavam
bebericando, saíram rápidos e olharam o mar. Estavam encharcados pela
chuva. E viram a lancha vagarosamente
vindo para a areia; o ferrou não estava bem unhado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Apanharam uma canoa leve, a
“Neguinha”, uma âncora velha, mas em estado de ainda ser usada, e um rolo de
cabo. Não foi fácil chegarem ao barco
ameaçado, mas homens calejados com as tempestades chegaram depressa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Joga este ferro longe – berrava
um.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Liga o motor, homem de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Unhou. Veja, a lancha tá firme.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Tão rápido subiram que nem puderam
ver quem estava lá. Cessado o tumulto,
verificaram: só um casal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> O rapazola, nervoso ainda com o
acontecido, e a moça beirando o pânico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Muito, muito obrigado. Não sei como agradecer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> O rapaz apertava as mãos fortes que
haviam salvado seu barco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Estão encharcados!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Ora, moço.
Num é a primeira vez...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vamos tomar algo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Isso é bom, amigo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Ele apanhou uma garrafa de uísque
estrangeiro, que estava muito na moda e encheu os pequenos copos, oferecendo um
a um aos pescadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Ô que diferença para a cana brava!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — E forte também. É bom.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vamos, bebam a vontade. Vou pegar um queijo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Não é preciso, moço. A garrafa vai muito bem. Inda vamos jantar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Esperem até que a chuva e o vento
passem um pouco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Vamos esperar – falou novamente
Elíseo – porque a situação ainda está meio braba. Que houve com sua mão, Pedro?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Um corte, só. Coisa de nada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> A moça, bem mais calma, bonita e de
uma graça perigosa, prontificou-se a pensar o ferimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Não senhora, já disse, não é nada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Exibiu o corte. Não era profundo nem perigoso. Sangrava um pouco, apenas. Mas ela insistiu e já com a caixa de
socorros, obrigatória em todos os barcos, limpou a mão de Pedro com água pura e
passou bastante mertiolato, colocando uma pequena proteção de gaze e
esparadrapo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro não pode deixar de perceber o
olhar da moça, infantil e malicioso ao mesmo tempo, seu corpo bonito, os
cabelos compridos, a bermuda curta mostrando as pernas bem feitas. Mas o diabo mesmo era aquele olhar!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Como todo homem de vida simples, ele
não a fitou mais. Poderia ser percebido;
não ficava bem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Sorte a minha, vocês estarem por
perto. Ia encalhar, na certa. E podia perder a lancha, com a arrebentação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — Por que não ligou o motor, moço?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> — A máquina não virou. Bateria pifada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro ajeitara-se num canto, e
esquentou o corpo com o uísque, coisa boa que ele nunca bebera. Gostou daquilo. Era forte e tinha um cheiro bom, não queimava
as narinas, como as cachaças ordinárias.
Vez por outra, atrevia-se a um olhar para a moça, mirada rápida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Durante a conversa comum, alegrada
pelos goles, sentiu-se tonto. Não só
pela bebida: aquela mulher buliu com algo que dormia dentro dele. E agora ela havia sentado bem junto ao canto
onde ele estava. Suas pernas tocaram-se
de leve. Pedro recolheu-as depressa,
medroso. O contato com as pernas macias
aterrorizou mais ainda quando veio pela segunda vez. O pequeno lampião aceso tinha luz fraca, mas
ele se afastou novamente. Não estava
direito, e pronto. Foi o que pensou na
hora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> O temporal arrefeceu, e com mais
agradecimentos do moço, foram-se embora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Naquela
noite, dois homens não ferraram no sono.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> O rapaz, invejando a vida simples,
saudável e alegre dos pescadores, que tiravam com as mãos, do mar, o seu
sustento. Gente amiga e dura para
enfrentar a vida, o mar, o tempo. Sim,
ele gostaria de poder existir da mesma maneira, morar na aldeia, ser
pescador. Tão diferente da vida que
levava, como engenheiro numa grande firma, morando numa cidade sufocante. Como eram felizes os pescadores! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pedro, pensando na moça. Que
pernas! E o estranho feitiço no olhar
que possuía? Francisca era ótima esposa,
mas aquela mulher!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Nova, rica, fresca e tão linda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Pela primeira vez na vida ele sonhou
em um dia, ser dono de uma traineira.
Com o dinheiro dos lucros, compraria outra, e mais uma, até ficar também
um homem rico. Poderia morar na cidade
grande, ter uma lancha igual àquela e, quem sabe, uma mulher com as pernas tão
macias e olhos tão fascinantes..</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Imagem: canoa de pesca.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span face="Arial, "sans-serif""> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span> </p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-56853826429871698832022-09-12T10:26:00.003-03:002022-09-12T12:20:52.198-03:00Eleições<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj39jP4MP9ZOojC024UvhbTRrICEAnolGIfJ0MxBk-zL9gez39953Fm68v_nYOSKon3qCYHK3PadwtWyaQ_tN922f9lQKPuv5NrkC_MKTtNwPpVJgkNsPbmDPF3L5MtOMVWwTeO61vp50WJUXz5AjkgoaudCxNzAN_bqshyz7hzFI-amYFidE9RPMNI/s1200/rainha-elizabeth-II-quando-princesa.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj39jP4MP9ZOojC024UvhbTRrICEAnolGIfJ0MxBk-zL9gez39953Fm68v_nYOSKon3qCYHK3PadwtWyaQ_tN922f9lQKPuv5NrkC_MKTtNwPpVJgkNsPbmDPF3L5MtOMVWwTeO61vp50WJUXz5AjkgoaudCxNzAN_bqshyz7hzFI-amYFidE9RPMNI/s320/rainha-elizabeth-II-quando-princesa.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Eleições <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Meu blog silenciou.
Mas eu não o matei.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Em primeiro lugar, presto minha mais sincera homenagem à
Rainha Elizabeth II, que sempre admirei com o máximo respeito.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Talvez não deveria constar de crônica política local, mas
se minha mão não parou, respeito. A
gente começa a escrever com uma ideia, os pensamentos fluem e o resultado fica
bastante diferente. As eleições
presidenciais, o sistema republicano democrata mais retrógrado que os
estudiosos políticos ainda aplaudem, dão
poder a alguém de ser ditador com mandato certo durante um espaço de tempo,
ainda existe. E temos com isso os mais
completos disparates.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Quase todos justificam com o regime político
norte-americano, que não é nenhuma perfeição, mas a força descomunal do
legislativo garante um bom equilíbrio, o que não se vê em outros países, Brasil
incluído. Um homem não pode representar
um povo! Só vários, em congresso, num
gabinete determinado, cujo Primeiro-ministro comanda, é legal e democrata. Falhou, vai a julgamento parlamentar.
Vencido, nova eleição é feita pelos representantes do povo, até que logo a
maioria declare, por voto, quem será o novo dirigente, que vai organizar o seu
gabinete. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> É a forma de poder mais honesta, racional e democrata que
existe, hoje praticada pela maioria das nações.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Envergonhado, volto a falar no Brasil. Os candidatos que se destacam são Bolsonaro e
Lula. Um, completamente insano; outro,
desonesto. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A imagem é homenagem a mais simpática, doce e honesta
dirigente que já tivemos!
Obrigado, Lilibeth. <o:p></o:p></span></p><p>
</p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-19059521168811972552022-06-04T13:38:00.000-03:002022-06-04T13:38:00.686-03:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBGnqtk7juBMHVj_B_J-KgM5-a_SjOljdQIe4pVBCPXqj5xZTH4TfjJwafntjpQZhWAyIWdNFK3Lh-ccrI8-t9oKciHv6fsLp2PgAIBJJn53vzAcx1ppri7gfg3OHSwwtTyMWe7OW8TA_9o0mav2z20tDZ-niM8Tq0W-vdpaVprHu74oR73dnSiyRo/s206/pravda-logo.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="71" data-original-width="206" height="71" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBGnqtk7juBMHVj_B_J-KgM5-a_SjOljdQIe4pVBCPXqj5xZTH4TfjJwafntjpQZhWAyIWdNFK3Lh-ccrI8-t9oKciHv6fsLp2PgAIBJJn53vzAcx1ppri7gfg3OHSwwtTyMWe7OW8TA_9o0mav2z20tDZ-niM8Tq0W-vdpaVprHu74oR73dnSiyRo/s1600/pravda-logo.gif" width="206" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O crime
do século<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sim, é o maior crime praticado no século vinte e um.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma molecagem comunista, parida do czar Putin, o soberano
de todas as Rússias.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Exatamente assim,
contra uma nação bem menor, muito menos armada, agressão covarde, desumana e
cruel.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Putin está destruindo toda uma nação, um povo, uma república
vizinha, e existe gente que ache normal tal fato, por ser um ‘negócio interno’.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que está fazendo na Ucrânia é uma covardia
sem limites.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Interessante.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desde a revolução comunista, a Rússia moveu
todos os ataques e massacres, tanto internos quanto externos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Simplesmente, uma covardia nojenta, suja e
covarde. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Falam
de Hitler, o grande canalha, como o grande safado de todos os tempos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um inocente, comparado com Stálin.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A vala de sangue aberta pelo comunismo
soviético é a mais tenebrosa que o mundo conhece<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
sou direitista.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nunca o capitalismo me
envolveu. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas a democracia, soberana e
honesta, é apaixonante!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sem mandantes autoritários,
ou donos da verdade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eles não
existem.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O regime político livre não os
suporta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em qualquer lugar desta
terra.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ideologias extremadas?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Danem-se!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
só na Rússia, poderosa militarmente.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Também em outros lugares, onde os exércitos ainda utilizam fuzis
enferrujados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vá
para longe, Putin e não retorne.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Leve
seus admiradores e muitos que se dizem contra.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Estamos precisando de ar!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ar
puro!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><i>imagem: o jornal Pravda, ou Verdade....</i></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-70974706280388330882022-05-27T11:07:00.004-03:002022-05-27T11:07:58.136-03:00"À sobra das chuteiras imortais"<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhql5pg_kgPYcLCU5At0LdJhLqt5k-J1Fd62DI9iSjARx0YV6pkFuc5UA5pDhgBk9-ul8CssujG_TrPzJi5dSvtcuhL7uUY1zpwnz0Ux5qSOlJB9pF0Pr3K8vi6OEh-M0asvW5JbAxlvdqAPqRjYtkI6BdvIQELPTPgHgNec7mYvxK2c-RElllBEMA1/s277/Newton%20Santos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="277" data-original-width="182" height="277" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhql5pg_kgPYcLCU5At0LdJhLqt5k-J1Fd62DI9iSjARx0YV6pkFuc5UA5pDhgBk9-ul8CssujG_TrPzJi5dSvtcuhL7uUY1zpwnz0Ux5qSOlJB9pF0Pr3K8vi6OEh-M0asvW5JbAxlvdqAPqRjYtkI6BdvIQELPTPgHgNec7mYvxK2c-RElllBEMA1/s1600/Newton%20Santos.png" width="182" /></a></div><br /> <p></p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">“À sombra das chuteiras imortais”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quando uso o título, que era uma
coluna de Nelson Rodrigues, quero prestar uma homenagem ao nosso teatrólogo
maior, a Newton Santos e a Garrincha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quem contou esta história, na coluna
que me apoderei do nome, foi Nelson.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O Brasil jogava a Copa de 1958, na
Suécia, onde após luta feroz sagrou-se campeão do mundo pela primeira vez.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Invicto!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Eram os áureos tempos de Didi, Newton
Santos, Garrincha e um menino que aparecia, chamado Edson e apelidado Pelé.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Deixo o futebol de lado e passo aos
fatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Garrincha era um cidadão que
nunca ninguém conseguiu definir; se um pouco retardado ou incrivelmente
ingênuo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O fato é que viu numa loja em
Estocolmo uma raridade com que todos sonhavam: um pequeno rádio de pilha.
Desejo de qualquer um no Brasil possuir a cobiçada peça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Não duvidou.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Comprou o rádio e chegou feliz com ele na
concentração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ligou o rádio, mas as estações suecas
não paravam de falar, e ele ficou muito decepcionado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quis trocar o rádio, mas o velho Newton
Santos, seu protetor até a morte, prontificou-se.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Comprou o radinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fez questão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Newton pagou a mesma quantia que
Garrincha e ficou com o rádio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Foi o que bastou para o homem das
pernas tortas, terror das defesas inimigas, sair contando que “o compadre
Newton deve estar doido. Fez questão de comprar um rádio meu que só fala uma
língua que ninguém entende.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A Copa foi ganha, o Brasil vibrou e
apareceu no futebol o tal garoto genial, o Pelé.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Encantou o mundo, e em pouco tempo o apelido
de “Rei” foi dado e dura até hoje, merecidamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Chegando ao Brasil, mesmo no avião,
Newton Santos ligou o famoso radinho que comprara de Garrincha.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Falava um português perfeito, captando as
emissoras locais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Garrincha não entendeu
nada!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rindo, seu velho amigo devolveu o
aparelho ao antigo dono.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não quis de
forma nenhuma receber o dinheiro, embora Garrincha insistisse.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O pobre Mané não sabia que na Suécia o rádio
só iria pegar ondas locais mesmo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ficou numa alegria de menino, coisa
que ele nunca deixou de ser, e contava para todos sobre a bondade do amigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">São coisas do futebol; coisas da vida.
<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">i<i>magem: Newton Santos, ainda jovem</i></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-29558293056816166642022-03-25T09:49:00.004-03:002022-03-29T09:33:59.486-03:00Antero do sino<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSU8FDqPm64k-LCEUKKoKMnDHbklMIdiTQkjtPSh3AqQSYFcKzuEtpr84VpfDmC-nAM3QpwN8V67hznfGA5RToh3Tlf9b_tHR73bY-N2hWhCsAaDxHw98uqcKw5ywtr3hy_PxcqQRQC5i9XWneoKnNKGo_0DUcwELh0T1tNZRX1yOtlWF2xMuLNN7y/s564/escrever%201.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="564" data-original-width="440" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSU8FDqPm64k-LCEUKKoKMnDHbklMIdiTQkjtPSh3AqQSYFcKzuEtpr84VpfDmC-nAM3QpwN8V67hznfGA5RToh3Tlf9b_tHR73bY-N2hWhCsAaDxHw98uqcKw5ywtr3hy_PxcqQRQC5i9XWneoKnNKGo_0DUcwELh0T1tNZRX1yOtlWF2xMuLNN7y/s320/escrever%201.jpg" width="250" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvQQDxYDnbZ3kcHTWpB3JHWkJT2VoAE9QAbO9RIdPB5f0LsmWF6CDZYMDqaWKttTFdfvuSzbqkzAzZxRED62NgV6T1qRVeDxCLcvkU_jhxWgHDpItC2mIEat5d6C3Jnz4w4P4_xVy4ft5IwhDnezjrYUGmHEl2kX01rYGZE-4JY_kqF1nqz3NEqLdS/s564/escrever%201.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="564" data-original-width="440" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvQQDxYDnbZ3kcHTWpB3JHWkJT2VoAE9QAbO9RIdPB5f0LsmWF6CDZYMDqaWKttTFdfvuSzbqkzAzZxRED62NgV6T1qRVeDxCLcvkU_jhxWgHDpItC2mIEat5d6C3Jnz4w4P4_xVy4ft5IwhDnezjrYUGmHEl2kX01rYGZE-4JY_kqF1nqz3NEqLdS/s320/escrever%201.jpg" width="250" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTCE7G7Cgqn3ZNmO_N1l1x9NFUe4JwNrElKZ_Kyhj7Z1sP-JVB_9GdcpeNNaB6xubQV28KsxqzcHsm8Gkv57_UPira39CkDFco4M0IvbtH2GCkgY5H0lGmHIJ4s0uGn6egpvdD2LsVFcvG4klRKuA0nQEW5L29At0OViFhqqb9xawwNriqDntvjm8p/s600/taurus%20357%20magnum.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTCE7G7Cgqn3ZNmO_N1l1x9NFUe4JwNrElKZ_Kyhj7Z1sP-JVB_9GdcpeNNaB6xubQV28KsxqzcHsm8Gkv57_UPira39CkDFco4M0IvbtH2GCkgY5H0lGmHIJ4s0uGn6egpvdD2LsVFcvG4klRKuA0nQEW5L29At0OViFhqqb9xawwNriqDntvjm8p/s320/taurus%20357%20magnum.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero do Sino<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Vindo ainda pequeno de Feira de
Santana com pai, mãe e irmãos, Antero Siqueira desfrutou da calma e da
camaradagem dos seus novos amigos que moravam na cidade onde o pai tinha
escolhido para sair da Bahia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não existiam motivos para a saída da
cidade baiana, até que o pai de Antero, Honorato Siqueira, meteu a faca num
adversário maldoso e antigo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que
tinha.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cupelo morreu na hora, não
resistiu aos golpes recebidos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Azar o
dele, não tinha nada que se meter com Glorinha, filha mais velha de
Honorato.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Descaradamente, Cupelo havia
passado a mão nas pernas da moça, na feira, quando ela fazia compras para a
mãe.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Embora vistosa e com cara muito
bonita, a moça de apenas 16 anos não merecia a gracinha de Cupelo, visto e
revisto na cidade como um conquistador audacioso e barato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quando Honorato interrompeu os goles
de pinga que o safado estava calmamente bebendo, e pediu satisfações ao
namorador ordinário conhecido, este não teve dúvidas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Abriu o paletó e mostrou a garrucha que
sempre o acompanhava.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esqueceu, porém
que quando um pai vai tomar satisfação de mal feito a filho seu, não costuma ir
desarmado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E aconteceu o
inevitável.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Honorato já não estava
calmo, nem razões havia para isto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A faca
que carregava, desta do tipo de escoteiro, não muito comprida, mas amolada e
guardada na bainha de couro, apareceu rápida nas mãos do pai injuriado – era
como ele via o fato.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os médicos que
examinaram Cupelo constataram três ferimentos, mas ninguém presente, nem mesmo
Honorato, contou os golpes desferidos no debochado que deveria saber que mais
cedo, mais tarde, iria terminar desta forma nas mãos de um pai, noivo ou marido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Até resolver direito o que faria,
Honorato ficou sob a proteção do coronel Elias, proprietário de um mundão de
terras na região.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Podia continuar na
fazenda, mas não queria viver como bicho coitado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O coronel, homem de conhecimentos,
sugeriu a cidade no interior de São Paulo.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Tinha um irmão que morava lá, vivia da lavoura e proclamava a pequena
cidade como sendo o próprio paraíso.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Honorato mais mulher e três filhos rumou para a cidade, onde já o
aguardava o irmão do coronel Elias, que também era conhecido seu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Enquanto não arranjou onde ficar,
morou na fazendola do Quincas, que o conhecia muito bem, trabalharam juntos
numa pequena fundição em Salvador, quando jovens.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Faziam muitas peças, praticamente todas sob
encomenda.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O negócio pequeno não era
nada ingrato; rendia uns bons trocados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E foi exatamente uma pequena
fundição, em sociedade com o velho amigo e ainda saudoso de ver o metal líquido
ganhando forma, que Honorato começou vida nova.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Quincas arranjou um empréstimo com o irmão, o investimento não era de
monta, mas também não era de assustar ninguém.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A fundição foi inaugurada e os
moradores da pequena e calma cidade ficaram orgulhosos de existir naquela
pacífica terra um negócio de cidade grande, segundo eles pensavam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A cidade era toda arborizada, clima
ameno, gente tranqüila jogando cartas ou dominó nas praças onde não faltavam
canteiros floridos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O tempo passou, Glorinha casou,
Honorato foi avô de uma linda menina com os olhos claros, pois sobravam
italianos e descendentes na cidade. <span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Antero foi bom aluno, podia ter
estudado para ser doutor, mas preferiu trabalhar com o pai, na fundição.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em pouco tempo, dominava a arte de construir
moldes, conhecer a exata temperatura do forno para derreter metais e compor
ligas que faziam a parte final do que executavam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As encomendas eram quase todas de fora da
cidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Têm fatos que não se explicam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Num temporal furioso, um raio destruiu a
torre da igreja da cidade, e o sino veio abaixo, rachando não muito, mas o
suficiente para soar muito mal, quando tocado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Cidade do interior sem igreja não é
cidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tão logo moradores que tinham
por ofício a construção, repararam a torre.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Deu trabalho, mas valeu a pena.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Ficou faltando o sino, guardado nos fundos da igreja, num pequeno pátio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lembraram logo de Antero, que agora
dirigia a pequena fundição, para reparar o sinaleiro das horas e instrumento
indispensável nas festas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Antero examinou, pensou, mediu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O sino no pátio tinha conserto e cabia no seu
forno.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Depois de cuidadosamente
reparado, tendo atenção especial para quando soasse não dar a impressão que
tinham batucado numa lata velha, mas num instrumento de respeito, o sino voltou
ao seu lugar original.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para encantamento dos moradores e do
próprio Antero e os homens que conseguiram recuperar a peça, seu som ficou mais
bonito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Comemoração geral, agradecimentos
até do bispo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E o já não moço fundidor ganhou o
apelido de Antero do Sino.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nunca havia
desejado fama ou riqueza, mas ficou conhecido, comprou um forno maior e
contratou novos empregados, que ele mesmo se encarregou de ensinar o ofício e
trabalhar observando sempre o cuidado, o amor pelo que se faz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O tempo passa célere, e assim
aconteceu com Antero e outros moradores.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Antero do Sino já havia completado 40 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O filho mais velho do Cupelo tinha
um pouco menos idade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas guardava o
rancor ainda dentro do peito, esta coisa amaldiçoada que destrói gente e o
mundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Descobrira onde estava o homem
que matara seu pai, e havia jurado vingança.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Honorato estava muito velho, quase não fazia mais do que comer e
dormir.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Permitia-se, e que ninguém se
metesse, a tomar um trago de pinga antes do almoço, e só.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nem cartas ia jogar mais com os velhos
amigos, só aos sábados comparecia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Canalhas não merecem nomes para a
posteridade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O filho de Cupelo, na
tocaia, atirou quatro vezes contra Antero.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Não vai pai, vai filho, pensou a cabeça imunda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Antero tombou mortalmente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A antiga história de Feira de Santana
permaneceu desconhecida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No seu enterro, o sino da igreja
tocou todo o tempo. Som triste, choroso, despedindo-se de quem lhe havia dado
alma. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-3068655140502131392022-02-18T09:35:00.003-03:002022-02-18T10:21:43.799-03:00A verdade do Joca<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqe9vfm-2_ehC-b7dFTxNFXps4d5jUaoCzB49anXasM1KIggjs9V8Qah3MBvCABegkrccW_yKHuutV8o9Jvrj2j5SETX-Mrim0aweR06peo6O9ZJJHsClAytG0Mp9GUFQnDrKPnzpJsHFn_nrzYdROexMKIc0URKMF4cj1Uvpqdnqxo75Fzw2VUQqR=s300" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="300" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqe9vfm-2_ehC-b7dFTxNFXps4d5jUaoCzB49anXasM1KIggjs9V8Qah3MBvCABegkrccW_yKHuutV8o9Jvrj2j5SETX-Mrim0aweR06peo6O9ZJJHsClAytG0Mp9GUFQnDrKPnzpJsHFn_nrzYdROexMKIc0URKMF4cj1Uvpqdnqxo75Fzw2VUQqR" width="300" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A verdade do
Joca<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Joca é o apelido familiar de um
cidadão sui generis.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Seu nome é João
Carlos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nascido com dificuldade, até hoje
conseguiu suplantar todo o empecilho que encontra pela frente, ninguém sabe
direito como consegue.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mora sozinho numa
casa grande, e de lá não sai de forma alguma.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Por mais que tentem, com todas as suas pseudo dificuldades, ele é
taxativo:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“a casa é minha, gosto dela e
ninguém me tira daqui.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Mas Joca, esta casa é muito grande
para você.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— É nada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dou conta dela muito bem.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É minha, não saio daqui.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Mas uma casa menor seria mais
fácil de morar, Joca!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Não quero saber.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu gosto dessa, entendeu? – e era muito
difícil tentar convencer o eremita dentro da casa grande.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Algumas pessoas, nunca sabemos
determinar o motivo, são assim.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é
nada fácil, ou melhor, é impossível tentar convencê-las.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O problema seria bem mais fácil de ser
entendido a partir do momento que passamos a respeitar a vontade alheia, quando
ela é autêntica e não vai de encontro a nenhuma norma estabelecida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— E para comer, Joca?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Tenho telefone, basta ligar para
onde eu quero e pedir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Uma pensão talvez fosse bem mais
fácil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Eu como na hora que quero, e não
gosto de lavagem – era como ele se referia à comida de pensão, por melhor que
fosse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Prefere esta comida gordurosa de
padarias, que só servem para engordar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Prefiro, e você não tem nada com
isto. – Ficava irritado quando alguém queria impor sua vontade sobre ele.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fora disso, é uma pessoa agradável, conhecedora
de assuntos que o cidadão normal não se interessa muito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Houve época, quando era mais moço,
que conhecia de cabeça pelo menos cem telefones de amigos do pai, lojas de
ferragem, pontos de táxi, casas que vendem disco.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Freguês antigo do “Rei da Voz” e da sua
principal concorrente, as “Lojas Palermo”, encomendava os discos de sua
preferência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Encomenda do Joca é coisa
séria!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os vendedores cuidavam de
procurar os discos de ópera, sua preferência, e outros gêneros
requintados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Joca sempre teve créditos,
créditos altos, diga-se de passagem, nas lojas de disco.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Jamais deixou de honrar um compromisso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Freguês assim, todo vendedor gosta!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje não sai mais de casa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tendo tudo o que necessita, só em casos
especiais desce a escada que chega ao portão.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Aniversários e festas, não perdoa.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Comparece a todas, com um belo apetite para os salgadinhos que só não
arrebentam com sua pressão porque está sob controle de anti-hipertensivo, e o
pequeno aumento na pressão que tinha simplesmente desapareceu com o remédio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Liga pouco, na verdade não liga nada
na maneira de se vestir.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Morando
sozinho, não tem explicações a dar a terceiros, e não aparece para estranhos,
salvo o irmão e a cunhada, sua anja da guarda.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Aliás, o Joca tem esta característica.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Sem fazer a menor força, nem pagando dinheiro, tem o poder de angariar
com facilidade anjos da guarda.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não
fossem eles, estaria comprometido, pois seu estado não permite mais fazer as
estripulias.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando mais novo, era um
problema sério, mas que nunca praticou uma ofensa a quem quer que fosse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Joca tem casos famosos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nunca enxergou direito.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No entanto, durante uma época que faltava
açúcar no Rio, e ele tinha uma tia moradora <st1:personname productid="em Santa Teresa" w:st="on">em Santa Teresa</st1:personname>, não
duvidou em prestar auxílio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Era época de
chuvas fortes, e o bonde estava <st1:personname productid="em greve. Bonde" w:st="on">em greve.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Bonde</st1:personname>
não faz greve, mas como todos falam assim, quando os trabalhadores param de
trabalhar, bonde, banco, correio e até hospital – imaginem o absurdo – fazem
greve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como chegar a Santa Teresa?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Subindo a pé pelas ruas?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Seria o normal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O normal para Joca não existe.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foi a pé mesmo, pela linha do bonde, no alto
dos Arcos de Santa Teresa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Estava literalmente como um burro de
carga.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No braço esquerdo, uma mala com
roupas e um guarda-chuva.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na mão
direita, um saco reforçado que continha cinco quilos de açúcar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mercadoria entregue, a tia ligou para a casa
dos seus pais, espantada com o “presente”.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Não, não era um favor da irmã, mãe do Joca.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A iniciativa foi própria...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Interessante que Joca passava uns
dois, três dias com a tia Geta. Mas quem ia trazer de volta o aventureiro era o
seu irmão, coisa que o incomodava. Tia Julieta tinha sempre um delicioso café
com broa de milho, que o irmão adorava.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Depois de conversar um pouco e fumar muito, devido ao excelente gosto do
café, trazia o fujão de volta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Joca é um cidadão do Mundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um mistério, igualmente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com o pai à morte, falava sem cessar, não se
sabe a causa certa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Poderia ser para atenuar
a ansiedade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um menos avisado, vendo o
fato, falou baixo:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Insensível. Não tem a noção da realidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não
teria mesmo?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ou sua maneira de pensar é
superior, entende perfeitamente o que está a sua volta, por uma questão de
necessidade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de compreender o mundo? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Difícil dizer.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O homem é uma incógnita de equação difícil,
elegante na sua maneira de resolver.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Como podemos avaliar com isenção de ânimos e preconceitos quem sabe a
história de tantas óperas, e ri às gargalhadas quando lê “Dom Quixote”, que
conhece quase de cor?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma coisa é certa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Joca é uma pessoa feliz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Sem meu cachorro e minhas músicas
eu não fico!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Suas
únicas exigências, num mundo tão cretino que vivemos hoje.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O amor do cachorro bassê Sharpie e da música
que não tem começo, nem fim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os seus sanduíches de atum,
praticamente diários.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sua permanente
meia, que usa sempre.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O gosto pelas
coisas simples.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Defeitos?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Têm todos os que a humanidade carrega nas
costas!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Muitas vezes chato, chatíssimo,
chatérrimo, mas sem rancor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A violência
que o mundo prega e vive não faz parte do seu cotidiano.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Está ficando velho, o Joca. Velho e sábio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como sei disso tudo?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sabendo, ora. Joca é o meu irmão João Carlos, uma das três rosas rosas da imagem que sempre uso quando falo da família. As duas outras são Julinha e Jorge, mãe e pai, todos falecidos</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span> No dia quinze deste mês do ano, Joca faria setenta e oito anos! Saudade de todos!</span></span> </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-62306136426517343552022-01-20T13:14:00.004-03:002023-01-17T10:28:58.916-03:00A mangueira morreu<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjClUHozAHcx0ETUf-PXWWrkjGRc2P2s4Mdo8L_MK_dv-9hkYd9EOcUxaa03VF2EQm6n1PU6MqRwA-3fFMM52kse0QQSSZp-mdIt-xffMGB_PKpzy-qKK5olTMp19miHhZksGVoZSArPK0s2mOMapmFMsI_X5uQfi9p-zF2t_aegdfUMEUT7zFD541t=s1280" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjClUHozAHcx0ETUf-PXWWrkjGRc2P2s4Mdo8L_MK_dv-9hkYd9EOcUxaa03VF2EQm6n1PU6MqRwA-3fFMM52kse0QQSSZp-mdIt-xffMGB_PKpzy-qKK5olTMp19miHhZksGVoZSArPK0s2mOMapmFMsI_X5uQfi9p-zF2t_aegdfUMEUT7zFD541t=s320" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
mangueira morreu<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pois é!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A enorme
e bela mangueira, que era uma referência da minha casa, morreu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Existe uma praga de cupim, que ataca árvores frutíferas,
com mais frequência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pegou a mangueira
que eu e meu pai plantamos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na época,
aos sete anos de idade, ou pouco menos.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Mas guardo recordação disso até hoje.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ela cresceu muito, seu tronco só dois homens o
abraçavam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A fruta?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deliciosa e quando chegava novembro, já
apareciam as primeiras, deliciosas, enormes, sem fiapos, doces que só
elas!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma dádiva!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A molecada da rua botava-nos, eu e minha
mulher, doidos: “moça! Moooçaaaaaaa! Me dá uma manga?”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Então fui obrigado a instituir uma
regra.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Manga só de manhã, durante a
tarde nem pensar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lei respeitada por
todos, comentavam uns com os outros <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a
decisão de seu Jorge.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que eu não sabia é que seu Jorge havia ficado
famoso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Muito boa praça, mas meio doido
só deixa pagar manga de manhã.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E avisa
que pode ‘pelar’ a mangueira”,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é o que
diziam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Realmente, era assim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Desconfiava que muitos estavam matando a fome com as
mangas enormes. Sim, caso você comesse<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>uma inteira, não almoçava, várias vezes experimentei isso, no calor de
verão. Fosse comida uma manga tirada do pé, doce como era, não autorizava depois
um prato de feijão.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Só mais tarde, bem
mais tarde.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Certa noite fui até a padaria próxima, comprar cigarros,
havia esquecido dos dois maços tradicionais.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>No meio do quarteirão, vejo uma figura forte, e se dirigindo para
mim.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Ferrei-me”, pensei. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">— Seu
Jorge!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">— Sim,
eu!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">—
Está de cabelos brancos!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">—
Ninguém é jovem a vida inteira, meu caro. Mas diga.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Donde me conhece?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">—
Não se lembra do Nico, que o senhor chamava de mico, quando subia na mangueira
da sua casa?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em
pouco tempo lembrei-me do fraquinho e bem moreno guri, que vinha com um saco,
subia nos pontos mais altos da mangueira, depenava tudo e me deixava nervoso,
tão alto ele subia, em galhos finos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">—
Lembro sim!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não me diga que é você,
cara!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">— O
próprio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por sua causa não tive fome
muitas vezes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">—
Como assim?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">— Eu
comia uma manga, vendia as outras e quase todo o verão era a mesma coisa. Não
lhe dou um grande abraço porque estou muito doente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Obrigado, seu Jorge.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E foi-se embora rápido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nunca
mais o vi.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sabem?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deu-me mais saudade da minha mangueira. Soube agora que ela tem 'filha' e 'neta', em sítio de um primo. E mais outras, perto da minha casa. A morte não existe! </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><i>Imagem: rosa. Eu plantei. De galho, na poda.</i></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-5334581322475236352021-12-17T12:31:00.003-03:002021-12-17T14:08:47.454-03:00Fim de ano<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgUvJRLFDUhFudhEP52bJ448j9aMseJISxIcLw4DkAlMeZ_Cb8_CmdV7_mLQnzcco5HlIsxyKUIWoCNZrvby_0qROOzDaZE8S557rxNHuVihDq-zYgsywshgcUCrT1SEqVce7V66Apv9MblO_rI89Fw55DA1REhjnbsbPM_ztjnWOT5vIudHUhJ6gRK=s640" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgUvJRLFDUhFudhEP52bJ448j9aMseJISxIcLw4DkAlMeZ_Cb8_CmdV7_mLQnzcco5HlIsxyKUIWoCNZrvby_0qROOzDaZE8S557rxNHuVihDq-zYgsywshgcUCrT1SEqVce7V66Apv9MblO_rI89Fw55DA1REhjnbsbPM_ztjnWOT5vIudHUhJ6gRK=s320" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fim de
ano<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Foi dureza!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O ano
2021 colocou o homem em cheque!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Passamos por duríssimas provações, ainda não
superadas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A maldita covid-19
transformou este ano em amaldiçoado.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Matou muitos, trouxe choro, desesperança e mesmo desespero. Nos últimos
cem anos, não se conhece fato tão maldito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas o homem é grande!<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Com a sua ciência, conseguiu a vacina em tempo surpreendente, que
conseguiu arrefecer drasticamente a doença.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>O medo grande, a devastação diária, sumiram.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cada dia que passa, como se fosse um
presente, o número de mortos e atingidos pela doença é menor, e mesmo com as
tais ‘variantes’ não assustam nem atemorizam mais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que irrita, e muito, é o ‘negacionismo’ à vacina, fato
muito, muito antigo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Problemas
psicológicos não deixarão de existir nunca, mas não podem arruinar a saúde de
povos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Muito estranho!<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Não consigo compreender.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas o
fato é real e existe aqui no <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Brasil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aos estrangeiros, pedimos desculpas!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas o fato, repito, não é local.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Idiotas estão presentes em todas as partes, mas a
mensagem não é de guerra, é apenas dura!. Compreendam!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Grande abraço aos que vivem comigo este momento!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sejam felizes!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Feliz fim de ano!<o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-83827972902268974262021-11-28T11:12:00.002-03:002021-11-29T11:42:20.945-03:00Vida atual<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaTw4a_GKK9AFN-wTA0rmFH8Jz3LwmlPuWua3GwgJc6zg7924B4B9vd5oNccqOw3O5sUBI3GgHfxp6lpwJCnSR8fpQAQrJKDKMMyjATLOp5JiwlIl8cWyjX1xqLEUxy0xOzUXrsp4a9Kg/s229/images+escrevendo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="229" data-original-width="221" height="229" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaTw4a_GKK9AFN-wTA0rmFH8Jz3LwmlPuWua3GwgJc6zg7924B4B9vd5oNccqOw3O5sUBI3GgHfxp6lpwJCnSR8fpQAQrJKDKMMyjATLOp5JiwlIl8cWyjX1xqLEUxy0xOzUXrsp4a9Kg/s0/images+escrevendo.jpg" width="221" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vida
atual<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sabem?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estamos numa encruzilhada do bem e do mal. Em
todos os sentidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O mundo,
melhor, os países dele, parece ter perdido o menor sentido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É a
agonia atual, a que estamos vivendo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não há
mais respeito pela vida humana, quando se trata de saúde!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sim, por mais incrível que possa parecer,
Bolsonaro não conseguiu destruir a saúde brasileira.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na vacinados contra a covid, na data de hoje,
27/11/2021, em estimados sessenta e dois por cento da população.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ainda distantes do ideal, mas para o Brasil
do momento, uma vitória!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Bom não
considerar, muito bom, que a batalha final está ganha.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não está, para nenhum país do mundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não só no combate às doenças, mas ao crime, à
pobreza, contra a educação e a cultura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No
momento atual, a sociedade é apenas um lixo. Vou parando. Até aqui é modo de
entender.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se continuar, vai ser
pregação, que detesto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O futuro
ano, 2022, será eleitoral.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Disputa entre
medíocres e ladrões, é o que costuma ser.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Não desta vez.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Será entre
medíocres. Politicamente, não se enxerga um no horizonte que conheça a nobre
arte.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como abusam dela!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A política é fina, requer conhecimento da
nobre arte de dialogar, entender as necessidades de um povo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mesmo Moro, segundo acredito, não é um
político capaz.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não temos mais
isso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foram-se os grandes, ficaram os
que ainda são grandes, como FHC.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas já
deram seu recado!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Confuso!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ficou tudo muito confuso!<o:p></o:p></span></p><br />Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-39861133121497865872021-11-07T10:16:00.002-03:002021-11-07T20:07:25.924-03:00Solidão<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJDbvADOd5vZk247mZ8UlLL8NxqJP4BNcDNtX8a45KVnCaDbNYqnUfY3ibp8IgqkqoXH1zOFBj_3iJGT4McMVMvmtn4YAhp-A8xl3vbDqlKMdDxLMQigzuIhv_2ID_qAJZZRlRUglpx4/s405/duda+10+%25282%2529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="405" data-original-width="248" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJDbvADOd5vZk247mZ8UlLL8NxqJP4BNcDNtX8a45KVnCaDbNYqnUfY3ibp8IgqkqoXH1zOFBj_3iJGT4McMVMvmtn4YAhp-A8xl3vbDqlKMdDxLMQigzuIhv_2ID_qAJZZRlRUglpx4/s320/duda+10+%25282%2529.jpg" width="196" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Solidão</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dia
quente, sem exagero.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma brisa
amenizava.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Mas que cara é essa?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
A minha.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
A sua nada. Pensando em quê?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Em nada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ora, estou sim.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Velho, sem a força que tinha antes, potente
por causa das farmácias... Prossigo?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Para dizer bobagem já está de bom tamanho.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Pode parar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acaso eu estou melhor
do que você?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Sei lá!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem sabe disso não sou eu.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dois
velhos amigos de infância, conversando o que só eles mesmos poderiam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aparecem muitas recordações, namoradas, moças
bonitas da época, aventuras, confusões, festas e o colégio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Este sempre foi o pomo da discórdia. Odiado
por muitos, amado por poucos e necessário para todos, não havia mágica. Ou se
aprende, ou morre estúpido que não teve vida condigna. É assim, não se foge a
esta regra.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Pois eu lhe digo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Passou dos sessenta e
cinco, é melhor morrer.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Sessenta e cinco?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tem muita gente bem
mais velha vivendo feliz, feliz!</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Até quando tomar o primeiro susto!</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Homem, você está macabro!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Susto?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Que susto?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Aquele em saber que a sua primeira namoradinha, linda, tão doce, apaixonada,
morreu.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Hein?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>—
Morreu, rapaz, morreu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pensa que somos
eternos?</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
velho e muito conservado alpendre, onde estavam sentados em cadeiras confortáveis,
mesa longa e simples, cheirando a cera, bebendo um velho e conhecido blended, foram as únicas testemunhas. </p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-30269187876486071732021-10-07T12:59:00.004-03:002021-10-12T09:48:09.518-03:00O ataque apagão<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O ataque
‘apagão’<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E nada funcionou.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Face, Instagram, e principalmente o Zap, como é conhecido o Whats.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mundo calou, não foram trocadas as
mensagens de bom dia, tão costumeiras entre os usuários de celular.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O Twitter escapou.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Motivo? Ninguém sabe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas o que se sabe, na verdade, é que o antigo KGB russo, hoje FSB, superior a qualquer outro serviço de informações, silenciou o mundo ocidental
causando pânico entre os usuários deste serviço.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A falha, como não poderia deixar de ser, foi
atribuída a erro técnico.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Erro técnico
que pode se repetir a qualquer momento, os Estados Unidos entraram em
decadência e vão água abaixo. Trump acabou com a América grande, por ambição pessoal. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não, não sou
comunista.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nem mesmo socialista.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sim, escrevi no Pravda, como comentarista,
mais de sete anos, o que não significa que morro de amores pelo sistema
político rígido que controla a Rússia.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Detesto!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não suporto qualquer
tipo de tirania, tenha as cores que tiverem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Aqui vamos pior.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
baderna está institucionalizada, cada vez mais forte, ou seja, presa
fácil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Brasil jamais passou tão sérios
momentos, sejam políticos, econômicos e financeiros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Surpreendentemente, o maldito ataque covid
vai arrecefendo, mas para 2022 não existe verba para vacinas que consigam
controlar nossas doenças!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Neste exato
momento que conseguiram, com êxito, produzir um imunizante contra a
malária.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-33263308928480561822021-08-11T10:31:00.000-03:002021-08-11T10:31:44.848-03:00O meu blog, II<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilulFvkGivJODTHIsEDUwHOVHXY380IXbNxrnOGMI2Rm8KD8khlcdzwijZwiyeR_XayvDsKrfGphjw23WFQJi-ClXUNifg7M5dCOjswzmMZv-vLLTT-StITltb-VpXgUsYp41u4Qywk_Q/s214/CapaFrente-ARegraDoJogo-Site.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="214" data-original-width="150" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilulFvkGivJODTHIsEDUwHOVHXY380IXbNxrnOGMI2Rm8KD8khlcdzwijZwiyeR_XayvDsKrfGphjw23WFQJi-ClXUNifg7M5dCOjswzmMZv-vLLTT-StITltb-VpXgUsYp41u4Qywk_Q/s0/CapaFrente-ARegraDoJogo-Site.jpg" width="150" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Meu blog<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sempre escrevi, mas nada ordenado, com objetivo, até que
principalmente por influência da minha mulher Ana, que insistia comigo para que
me dedicasse mais a sério.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Facilidade sempre tive, mas sem compromisso com a
produção de nada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Até que após possuir
mais liberdade, iniciei um conto, minha intenção no início. Coisa simples,
apenas uma ficção envolvendo um atentado contra um dirigente estrangeiro que se
encontrava no Brasil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nada mais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apaixonei-me pelo que estava fazendo e poucos
eram os dias que dormia antes das três da manhã, por aí. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Publiquei o livro sem muita dificuldade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estava bonito e muito fácil de ler, embora
seja um amontoado de informações diferentes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>“A Regra do Jogo”, mas com o mesmo título têm muitos
textos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Gostei do resultado e logo parti
para o segundo, este um romance social e devo mencionar que embora seja o
autor, não sou idiota nem presunçoso.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Ficou bastante razoável, o meu “Casarão”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A causa de falar tudo isto?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pensei em encerrar o blog.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Já é a segunda vez que isto me acontece. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Vou acabar com o blog nada!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ele nasceu em 11 de junho de 2008, foi feito
com a intenção de divulgar o meu primeiro livro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não, eu não fiz nada, o editor encarregou-se
de abrir uma conta Google em meu nome, com o blog junto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu postei a matéria, o lançamento do
livro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Até hoje venho utilizando este
veículo popular e simpático para divulgar o que penso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em contos, fatos acontecidos e muita política
séria, que adoro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Agradeço a todos
vocês, queridos amigos leitores todo o apoio e incentivo dado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Obrigado, muito obrigado!<o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-83067245950351401092021-07-10T10:49:00.003-03:002021-07-10T11:27:16.233-03:00O que penso<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz7yRQ9Gd0bg7Vh6V06IUVE3Gx3qYXyxGbGggbBh5H7loRVg8i1W8ha7VwJShTS5lkvGR7NZE-CpV9dfjBX53Ax8yE8W7jM4g1QJqfSvMpVQnocJqQvbFHKX-l5lDi20xqVMFZBVNpeIs/s1169/81uHQx8JRkL._AC_SL1169_.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1169" data-original-width="827" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz7yRQ9Gd0bg7Vh6V06IUVE3Gx3qYXyxGbGggbBh5H7loRVg8i1W8ha7VwJShTS5lkvGR7NZE-CpV9dfjBX53Ax8yE8W7jM4g1QJqfSvMpVQnocJqQvbFHKX-l5lDi20xqVMFZBVNpeIs/s320/81uHQx8JRkL._AC_SL1169_.jpg" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="background-color: white; color: #050505;"> </span><span style="background-color: #274e13;"><span> </span><span> O que penso<o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sabem? O Brasil nunca andou tão
complicado! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Podemos ir à garra, se não houver mão
firme! E eu pergunto: de quem podemos pedir auxílio? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">De nós mesmo, ora. O povo anda muito
alheio as suas causas, só reclama das autoridades, e nada faz de positivo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ou participa ativamente, em todos os
setores civis, da maneira que for lícita, óbvio, ou fique de boca calada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Todos sabem que o atual presidente só
pensa na reeleição. Baixo clero, e comprometido com religiões incertas, os
evangélicos fazem parte de seita a qual só o poder e o dinheiro interessam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No mais, o estado brasileiro é laico.
Se sou Lula? Claro que não! O ignorante liquida com o Brasil e ainda faz pose
de herói? E ainda tem vantagem eleitoral em cima de qualquer opositor?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Este assunto precisa ser resolvido.
Os crimes que praticou vão ficar impunes. A prescrição vai alcançar o bandido,
e o Ministério Público continua de braços cruzados, não o denuncia em Brasília,
foro competente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: #274e13; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Durante a II Guerra, havia um cartaz
famoso, já utilizado antes. na primeira. Traduzido do inglês, quer dizer
"Sua Pátria precisa de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>você!”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vamos guardar este mandamento!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Serve para nós com muita propriedade.</span><span face=""Arial","sans-serif"" style="background-color: white; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-88721512261483433832021-05-29T13:27:00.005-03:002021-07-05T10:18:16.117-03:00Mas é assim<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCEIStbbnmFSIj3Czm2R6YMmXAI0qZ9vjgoFYnwPsxxpXjRY9rN_sDb_1Esa42j_SA_MBZ1ng2w7VvHpRaJpOjVXSeaEMjzMdE2HRcjoTR-UXrxSUK0JTK-Yv5ZORRgs_sYSBnhgT5oBw/s700/stonehenge.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="463" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCEIStbbnmFSIj3Czm2R6YMmXAI0qZ9vjgoFYnwPsxxpXjRY9rN_sDb_1Esa42j_SA_MBZ1ng2w7VvHpRaJpOjVXSeaEMjzMdE2HRcjoTR-UXrxSUK0JTK-Yv5ZORRgs_sYSBnhgT5oBw/s320/stonehenge.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas é assim<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Poucos acreditam, mas é a mais pura verdade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem escreve, mente, ou bem melhor, inventa
mesmo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quando se fala e escreve, o que expressa mesmo é falar
sobre determinado assunto, ou fato ocorrido, coisa inventada, ah, sei lá o que
mais!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O talento humano é muito fértil, conta histórias passadas
com exatidão, ou de acordo com o autor, sem ela.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se aconteceu, diria que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não deve exagerar na ficção, ou vai
comprometer a realidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deturpar um
fato ocorrido não deve ser nunca objetivo de quem fala, ou bem mais sério,
escreve sobre alguma coisa, seja ela um simples fato, um acidente sem gravidade
que ocorreu na esquina, ou um grande assalto que assombrou os moradores de
determinado lugar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os valores são os
mais diversos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O pirralho era menor de idade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas já havia alcançado um estágio da vida que
poderia distinguir o certo do errado.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Continuava, perante a lei, irresponsável.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sua atividade?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nada saudável!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao invés de jogar futebol com os amigos, no
campinho existente no lugar, disputado por todos, preferiu a pistola que lhe
foi ofertada pelos mais velhos, com dois carregadores, ou pentes, como chamam
os que estão acostumados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cada
carregador pode comportar quatorze cartuchos. Se forem dois, o portador pode
armar uma pequena guerra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Ô seu imbecil, se esconde mais!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Qualquer um pode te acertar!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acertar nada,
deixa de ser covarde, manda bala neles!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Você está muito exposto!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>— Aqui não tem isso não. Estamos em luta!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ou levamos a melhor ou vamos bater o trinta e
um! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tristeza!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mundo
está extremamente cruel. Mentiras para se ir em frente, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>falsidades para permanecer no lugar alcançado,
seja ele sério e justo, ou crápula e safado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O período que passamos, ou talvez a história que o mundo
sempre viveu, foi esta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-88129012103191112612021-04-27T12:24:00.003-03:002021-04-28T09:58:50.816-03:00"Paris é uma festa"<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-XW12LqMfKLrWMRIlJRWiVoy06FD_i-a1T1Hi9zXm_H-3tnrkvoKMYL0f6mXfQfiAAeMv68YgGrowIdehvY-b1braneW4udY8g0GvzmJFFs-9GL5xLDtgx0KjTBj73iTHZ2lCgIdR6VQ/s2048/pp_david_michelangelo16.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-XW12LqMfKLrWMRIlJRWiVoy06FD_i-a1T1Hi9zXm_H-3tnrkvoKMYL0f6mXfQfiAAeMv68YgGrowIdehvY-b1braneW4udY8g0GvzmJFFs-9GL5xLDtgx0KjTBj73iTHZ2lCgIdR6VQ/s320/pp_david_michelangelo16.jpg" /></a></div><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Paris é uma
festa<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Um dos mais agradáveis livros de Hemingway, quando era
moço e estava na cidade com muitos intelectuais da época, acompanhado pela sua
esposa Hadley, o mestre escreveu a peça até hoje muito lida. Imortal, claro!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Em determinada passagem, faz uma confissão. Seu amigo Scott Fitzgerald, autor de “Suave é
a noite”, até hoje um sucesso, depois de tomar uns ‘marcs’, que nada mais são
do que aguardentes feitos a partir de frutas, desabafa com o amigo: “estou
desgraçado”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> “Desgraçado como?”<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> “Zelda me disse que sou incapaz de dar prazer a uma
mulher com membro tão pequeno”. Zelda
era a mulher dele.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> “Pois vamos ver”.
E foram a um banheiro público, plena Paris. Scott exibiu o instrumento. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> “Normal. Zelda é uma chata”, e convidou o amigo a darem
uma volta no Louvre, a fim de apreciarem esculturas de nus famosos. Como Hemingway tinha afirmado, nenhum erro, Scott estava dentro dos ‘padrões de normalidade’. Motivo, naturalmente, de uma boa rodada de
vinhos, ‘marcs’ e alegria.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O fato é antológico.
Muitos se preocupam com a aparência, beleza, robustez, tanto de si como
do seu corpo. Tolice! Sempre foi assim, o mundo, a Terra, o
Universo e o homem não mudam! É o
destino de todos nós!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">imagem: "David", de Michelangelo</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p>
</p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-60310021255274037582021-04-09T10:27:00.000-03:002021-04-09T10:27:12.021-03:00A calma da noite<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJdC4rJcrhaz8g9uxH0PDK3SdgOwrTEQ4F3XqmU2jVzM_PZmvejaPU0I4Uo4H-a6KKx0iX2zGSEdLz70a5V9MVFvL2_V04arLtpPUPag5zp8Io8flVV5dVmG6-GTLOr6opZpJ3mz_AxXo/s540/mulher+e+lua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="540" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJdC4rJcrhaz8g9uxH0PDK3SdgOwrTEQ4F3XqmU2jVzM_PZmvejaPU0I4Uo4H-a6KKx0iX2zGSEdLz70a5V9MVFvL2_V04arLtpPUPag5zp8Io8flVV5dVmG6-GTLOr6opZpJ3mz_AxXo/s320/mulher+e+lua.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
calma da noite<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tudo silêncio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não
se ouvia a barulheira infernal das cidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O mundo mudou para pior, bem pior.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O desrespeito pela sociedade parece ter
tomado conta de tudo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não parece, tomou
mesmo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O próximo vale de nada,
perderam-se em definitivo os valores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É só aqui?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Todos
fazem a pergunta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mundo caminha por trevas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estas vias obscuras parecem ter tomado conta
em definitivo do poder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É o crack amaldiçoado, o sintético químico que mata aos
poucos, sem ninguém perceber.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O ecxtasy
arrebenta tudo, corpo e alma.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas tem
cada vez mais adpetos, que não tomando conhecimento da acumulação progressiva
no corpo, usam indiscriminadamente a droga que deixa a boca seca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É o mundo que se vive hoje, não por todos, mas por
minoria que pode contagiar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Era o que
acontecia com o casal que não passava dos vinte e cinco anos de idade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Bebiam água, muita água.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os sensores cerebrais haviam perdido o
controle sobre o corpo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A casa da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">balada</i> permitia que tal fato
acontecesse.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim é no mundo
inteiro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Parece que os jovens,
especialmente os que não foram educados com carinho por pais e mães, perdem-se
no aparente mundo encantado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O mundo é assustador e maravilhoso, ao mesmo tempo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Será que é fato de hoje?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tudo leva a crer que não.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>O mundo mudou.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Impossível saber,
se no silêncio da madrugada, estamos descansando, dormindo ou não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para muitos, as noites altas são feitas visando o
descanso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outros, e não são poucos,
gostam de aproveitar o período para produzir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Suave é a noite</i>,
de Scott Fitzgerald, é um dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">exemplos</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A noite é tranquila. Pode sim, pode não. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Afinal, é uma questão de gosto. Nada
mais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-22957842108138912482021-03-17T10:35:00.002-03:002021-03-18T11:00:27.567-03:00"Os velhos marinheiros"<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfhXT0s0tyFH2SHXE06huU1d4sEBhMjPGrrH_-bItzkNUuFKz5aknbYCTEOwF5G2OOVTn7xMGhURGVMHZI3VZ1zc1gvBZCMKFkUlToRQY3-gm_lzCrYX-qWuYksRdGLtdsRRu1nz6OFaQ/s495/20080517zeliagattai.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="495" data-original-width="375" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfhXT0s0tyFH2SHXE06huU1d4sEBhMjPGrrH_-bItzkNUuFKz5aknbYCTEOwF5G2OOVTn7xMGhURGVMHZI3VZ1zc1gvBZCMKFkUlToRQY3-gm_lzCrYX-qWuYksRdGLtdsRRu1nz6OFaQ/s320/20080517zeliagattai.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> “Os Velhos Marinheiros”<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> </span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Nosso
escritor maior, pelo menos assim eu o julgo, foi muito feliz quando escreveu
“As aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso.”<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Para
quem nunca leu, e para os que leram e gostaram como eu, relembrar é dar
gargalhadas, ao mesmo tempo em que podemos com nitidez perceber a alma do
artista transformando fatos comuns em acontecimentos grandiosos, quando assim
ele entende. Transforma com facilidade o
vencido em vencedor, e sabe suplantar a mediocridade sem ser agressivo nem
grosseiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Vasco
era um rico comerciante de Salvador, que frequentava uma roda importante, todos
ostentando títulos. Sentia-se pequeno;
diploma não tinha. A cada dia, mais
envergonhado, até que o Capitão dos Portos, comandante Georges Dias Nadreau tem
uma conversa séria com o amigo. Queria
saber por que Vasco andava tão macambúzio. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Após
insistência, surgiu a verdade. “Sou um
merda, todo mundo é doutor, você, por exemplo, manda em marinheiros, tem
patente, é o Capitão dos Portos.”
Revelado o segredo, ouve de resposta que “idiota, com o dinheiro que
você tem, troco minha patente por ele.”
Como isto não é possível, Georges arranja uma farsa ideal. Através de um exame onde imperou a mentira,
Vasco torna-se, por obra e graça do Comandante Nadreu, capitão-de-longo-curso,
habilitado a comandar navios pelos mares do mundo, mas com uma séria
advertência: “veja lá o que vai me aprontar. Não se atreva a comandar navio
nenhum”, e a resposta do amigo, agora sorriso só, foi um imediato “Deus me
livre.” <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Jorge
Amado diz que os amigos “são o sal da terra”, e são mesmo! O cabisbaixo Vasco torna-se valente
comandante, senhor dos mares, rei das meretrizes que pululam nos portos, tem
história atrás da outra para contar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Aposentado
e desfeita a turma dos amigos, muda-se para Periperi, arredores de Salvador,
onde cedo se transforma no mais importante morador da pequena cidade. E tome
mentira, uma atrás da outra, casos de naufrágio, tempestades, mulheres
apaixonadas...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Não
escapa das maledicências de Zequinha Curvelo, fiscal de rendas aposentado que
não suporta o comandante; tomara-lhe o posto de contador de histórias na
cidade. Mas a história de Zequinha era
só uma: as “tricas e futricas” sobre o seu processo na justiça, onde lutava por
pagamento que, no seu entender, deveria ter sido feito. Falava horrores da justiça, mas seu ódio era
contra o comandante Vasco, a quem chamava de impostor, vagabundo, que nunca
havia pisado no convés de um navio.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Mas
como tudo é possível, chega autoridade e solicita os préstimos do comandante, o
único ainda encontrado na lista da Capitania.
Vasco recusa, mas sabe que não vai adiantar nada, como de fato
aconteceu. Teria que comandar um Ita,
cujo comandante falecera <st1:personname productid="em viagem. N ̄o" w:st="on">em
viagem. Não</st1:personname> tendo
alternativa, entrega o comando ao imediato, Geir Matos. A viagem vai tranqüila até Belém do Grão-Pará,
mas na hora da atracação, quando é o comandante e somente ele quem dá as
ordens, vem o desastre: desconhecendo como se amarra um navio ao cais, Vasco
não duvida em ordenar que todos os cabos, âncoras e ancorotes sejam
usados. O navio parece fazer parte do
cais, sob a gargalhada da tripulação e passageiros.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Um
porre de cachaça faz com que ele consiga dormir numa pensão vagabunda.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Mas
a quem Deus prometeu, nunca faltou, dizem todos. Ventos tenebrosos e mar enfurecido
desarvoraram todos os navios, menos o Ita, firme no porto, guiado pela mão
segura do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""> Jorge
Amado soube transformar a mediocridade humana num feito de grandes
proporções. Já li este romance um sem
número de vezes... <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><i>Imagem: Zélia Gattai, esposa e companheira de Jorge Amado</i></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 60pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><i> </i><o:p></o:p></span></p><p>
</p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-52862418028977458082021-02-22T10:54:00.002-03:002021-02-22T20:01:12.139-03:00O Concerto da Aranjuez<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3osTrbQx-5NWoRZCLUrKRMAe_0CHqHuyKWS6MbONFSSKcdamzaS8jbjQeJIYQzTG8saOh6ySWQuyh0uz69Ri7fXgjSAgiCAqZH9FSUr6t0zfv-TgZGMpxmhc30y6MWEuJuKtgI4m86lw/s800/paco+de+lucia.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3osTrbQx-5NWoRZCLUrKRMAe_0CHqHuyKWS6MbONFSSKcdamzaS8jbjQeJIYQzTG8saOh6ySWQuyh0uz69Ri7fXgjSAgiCAqZH9FSUr6t0zfv-TgZGMpxmhc30y6MWEuJuKtgI4m86lw/s320/paco+de+lucia.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">A fantasiosa alma do povo, que
caracteriza os mais diversos grandes grupos existentes na Terra, além de
interessante é contraditória: existem várias interpretações para um fato
determinado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Todas as artes são fruto da mais
dignificante expressão humana, mas a música parece levar uma vantagem sobre
todas as outras.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pelo menos para mim,
parece.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Contam que Joaquim Rodrigo, o
violonista flamengo admirado por todos, perdeu um filho moço, de muito pouca
idade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sua mulher ficou desesperada, não
comia, não dormia direito, só fazia chorar.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Na verdade, mãe nenhuma deveria perder um filho, especialmente quando
ele é um menino que começa a dar os primeiros passos em direção ao seu estágio
mais compreensivo da Vida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ninguém
duvida disso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Joaquim, como pai e bom marido,
preocupava-se com a esposa e sentia a dor da perda.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sofria duas vezes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Procurou por várias formas consolar a
mulher, e com este ato estava procurando alívio para si também.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem disse que só as mães sofrem a perda de
um filho?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não conseguia nem confortar a
mãe desesperada, nem mitigar seu sofrimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Perdido, totalmente sem rumo e incapaz
de enfrentar uma situação tão adversa, Rodrigo passou a meditar como seria
possível sair desta situação triste, doída, sofrida, malvada e perversa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sua mulher era a principal preocupação,
poderia passar à insanidade a qualquer momento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Os músicos são privilegiados. Costumam
chorar suas dores e lamentos usando suas armas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Os instrumentos falam!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">O pai desencantado já não tocava mais
seu violão.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estavam mudos, naquela casa,
Rodrigo, sua mulher e o violão guardado na sua caixa de madeira.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não era mexido.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As idéias do seu dono, massacrado pela perda
irreparável, não traziam nenhum incentivo a tocar, ou compor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Desilusão...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Mostrava-se claramente, na casa do
músico famoso, cuja mulher definhava a cada dia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O único filho, morto!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>De que adiantava ser o maior violonista de
Espanha? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Os amigos procuravam confortar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os amigos, que são o sal da Terra.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas nada, nem mesmo os mais queridos
conseguiam diminuir a tristeza de Rodrigo e da sua mulher.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Joaquim não era covarde.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Procurava a cada momento dar algum destino ao
sofrimento que passavam, mas na sua altivez, preocupa-se antes de tudo com a
sua sofrida companheira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Pensava, rezava como todo bom
músico.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não chegava a nenhuma conclusão,
o que fazia aumentar seu sofrimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Mas, dizem os entendidos, a dor não é
permanente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Faz parte da Vida. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não, o homem não nasceu para sofrer, embora
muitos filósofos negativistas entendam desta maneira, que não conduz a lugar
nenhum.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ajudam a piorar o estado dos que
já padecem... <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Rodrigo chegou à conclusão de que
precisava se aproximar de Deus, de pedir que o sofrimento da mulher fosse
consolado, que ele pudesse retornar ao seu violão, tocando, compondo,
encantando.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pedia isso todos os dias às
paredes, ao Sol, às estrelas, às flores do campo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Determinada manhã, quando o dia estava
iluminado, as árvores com suas folhas verdes, o céu transparente e mostrando o
esplendor do que não acaba, o que não tem fim, Rodrigo tirou o violão da caixa
de madeira limpa e bem cuidada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Segurou o instrumento como se fora o uma
parte sua, seu filho, talvez.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Estava um pouco desafinado, mas os
dedos nas cordas, e os da mão esquerda nas cravelhas logo colocaram o violão
com seu som distinto de todos os outros, o violão flamengo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">“Eu preciso rezar, eu preciso falar
com Deus”, pensou o músico.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fez alguns
acordes, notou que o som saía limpo, claro e afinado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Ninguém jamais saberá explicar a
causa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rodrigo talvez rezasse mal, mas
quando tocava, era uma bela prece que estava fazendo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Tangia as cordas com facilidade, a
música tomou conta de toda a casa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para
seu espanto, sua mulher chorava de maneira diferente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não era mais o choro sofrido, doído, amargurado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mostrava felicidade, e sorria para o marido
que continuava seu improviso, o improviso que rogava a Deus que o escutasse,
que fizesse parar a tortura a que estavam submetidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">A cada toque na corda, o ambiente
alegrava-se.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tudo estava mudando como num
grande passe de mágica, não havia mais tristeza, as dores foram-se embora, a
mulher sorria, e o violonista continuava tocando o que hoje conhecemos como o
Concerto de Aranjuez. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial","sans-serif"">Esta é a mais bela lenda que envolve a
peça flamenga, que fez os corações pararem de chorar de dor, tristeza e
melancolia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p><i>imagem: O violonista espanhol Paco de Lucia</i></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p><i> </i></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p> </o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-43886899163353723172021-01-06T11:56:00.002-03:002021-01-06T12:01:53.024-03:00Medo e tensão<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheAoDBkYmFTNXVg8btdvuEhuihJFiHUL8O-hCh0MKc5kRxBBJFmapIDzqksuIDv0p1NqZuFXd4P1uGOZrQwtbfAyH-eQPVOyenjLsEcehZ5kMyJOXifTn9PrfpyW2xbTwrnAJEsYAQPUQ/s1024/untitled+7.bmp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheAoDBkYmFTNXVg8btdvuEhuihJFiHUL8O-hCh0MKc5kRxBBJFmapIDzqksuIDv0p1NqZuFXd4P1uGOZrQwtbfAyH-eQPVOyenjLsEcehZ5kMyJOXifTn9PrfpyW2xbTwrnAJEsYAQPUQ/s320/untitled+7.bmp" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Medo
e tensão<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sim.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como ser
pensante, tenho medo e ansiedade, tensão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Estamos diante do maior perigo que o planeta Terra
atravessou nos últimos cem anos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esta
covid-19 não está para brincadeiras.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Então, diante do que nada posso fazer, salvo proteger-me, sim, confesso,
tenho medo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A imprensa ajuda o pavor; não fala em outra coisa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os canais de televisão não falam em outra
coisa, a internet também e eu caio na rede.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Falo aqui.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas é preciso dizer
que é protesto, não sou órgão de informação coletiva.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é uma voz a mais a espalhar o medo, de
fato que nada temos com esta ameaça.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Nunca fui pessimista, mas o momento é dos piores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>As vacinas já estão sendo empregadas, mas não aqui, como
seria de se esperar de um governo falido, ultrapassado e reacionário aos
extremos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O atual presidente, que tanto
prometeu, revelou-se um fraco e incompetente.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Basta ver seu atual ministro da Saúde: um general do Exército.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que se pode esperar de um homem desses,
tratando deste assunto?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nada,
evidentemente nada, é um estranho, apenas isto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Enquanto isto, corremos alto risco.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nós e o resto do mundo, com a diferença que as
vacinas já estão sendo largamente empregadas por vários e vários países,
enquanto aqui estão sendo ‘negociadas’.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Vamos acabar como?<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Eu não sei. <span style="mso-spacerun: yes;"> Sei não!</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>Imagem: Solidão</i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-16386737286166895862020-12-10T11:16:00.002-03:002020-12-11T13:28:08.656-03:00Um conto de Natal<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyq8lC8IlngztD28sx25gUJoDq-8zt_zWykHZh_-Eh-hH0Ylo5TQPDwRuE64Up25ACUsBSUNKxT_gS5uLZg2v-Ip2gOwOLA7ucMUyzcHBvrcyrDiXFORd5KUJgV9Y_z5FlJoHOM-DIrNQ/s1024/a+ultima+ceia.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyq8lC8IlngztD28sx25gUJoDq-8zt_zWykHZh_-Eh-hH0Ylo5TQPDwRuE64Up25ACUsBSUNKxT_gS5uLZg2v-Ip2gOwOLA7ucMUyzcHBvrcyrDiXFORd5KUJgV9Y_z5FlJoHOM-DIrNQ/s320/a+ultima+ceia.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um
conto de Natal<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não estou fazendo nada mais do que transcrevendo história
que ouço há muitos, muitos anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dizem que faz muito tempo, um menino brincava com o
barro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fazia aves, pássaros
diversos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eram toscos; estava
aprendendo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas gostava do que fazia.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Melhorava seu artesanato visivelmente, enquanto o barro úmido era
moldado com carinho e trabalho cuidadoso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Gostava das suas aves.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A técnica estava sendo apurada e os pássaros, a cada dia que passava,
mais ficavam assemelhados com os verdadeiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Determinada manhã, foi brincar e trabalhar outra
vez.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Retirou os que mais gostava,
estavam muito bem feitos e secos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fez
mais alguns e gostou do resultado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Feliz e contente gostou muito do seu trabalho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na sua doce inocência infantil, bateu palmas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estava alegre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os pássaros saíram voando...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esta foi a história que eu ouvia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Era pequeno também.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Hoje ouço tiros, gritos, correrias e
palavrões, principalmente durante os jogos de futebol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sinto a fumaça que os ônibus e carros soltam, o barulho
que fazem.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O calor e o abafado que não
existiam há trinta anos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vejo os
drogados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É certo que o progresso foi muito, felizmente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em todas as áreas do conhecimento e do viver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas verifico, com segurança, que o bem foi acompanhado
pelo mal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lastimável, isso.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Mas com o Natal, renascem nossas esperanças. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Feliz Natal!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><i>Imagem: "A última ceia", de Salvador Dali</i></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p><i> </i></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-29078255496081782452020-11-11T11:41:00.006-03:002020-11-21T12:44:50.950-03:00Alcoolismo e neurose sobre tela <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcqaJL6YALJpOXY7ks_eRCNlNF0JBROum-n08opo2D_CkMniYABx2xFIOKLLxi5VzLhWgU10IH8anZHxyo5jUxvc9MldkJKKB8059tw6-24iWr_sScBrtnx4etLiPZ7Bb71SHSH35jliE/s1366/Blue+Poles%252C+por+Pollock.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="1366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcqaJL6YALJpOXY7ks_eRCNlNF0JBROum-n08opo2D_CkMniYABx2xFIOKLLxi5VzLhWgU10IH8anZHxyo5jUxvc9MldkJKKB8059tw6-24iWr_sScBrtnx4etLiPZ7Bb71SHSH35jliE/s320/Blue+Poles%252C+por+Pollock.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Blue Poles<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Os biógrafos do maior pintor americano, Paul Jackson
Pollock, contam histórias sobre o conturbado artista que parecem absurdas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Pollock era fumante e bebedor inveterado. Usava como suporte para sua pintura papel
impermeável; era muito difícil encontrar tela de pano, devido aos tamanhos que
empregava, imensos. Tinha tendência
suicida, conhecida pelos amigos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Certa noite ligou para um deles. Disse que iria se matar, estava avisando. O amigo pediu que ele esperasse um pouco, era
velho companheiro de bebedeiras e gostaria de tomar a última na companhia do
pintor. Perguntou se havia bebida
suficiente no estúdio. Havia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Em pouco tempo estava diante do potencial suicida, que se
encontrava embriagado, como de costume.
Confraternizaram-se e passaram a piorar o estado em que se achavam. Pollock reclamando muito, inclusive da sua
última obra, que chamou de “Alcoolismo e Neurose sobre tela”. O clima era este.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O amigo estava eufórico e deu a sugestão de antes de
morrer, Pollock pintasse com ele a última tela, ideia prontamente aceita. Papel esticado no chão, pote, tubos e vidros
de tinta começaram a obra freneticamente.
O uísque não parava de ser tomado, à medida que as tintas eram atiradas
sobre a tela, a característica da obra do autor. Vidros se quebraram sobre a superfície, foram pisados e até hoje existe marca de sangue na pintura, que quando
terminada, os autores já estavam quase dormindo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Quando amanheceu, Pollock já não falava mais em morte,
mas passou a examinar o resultado. O
amigo preparava um café.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O pintor escolheu a área que mais gostou, e deu o nome de
“Blue Poles”, que em 1973 foi vendido ao governo australiano por dois milhões
de dólares, hoje irrisórios, mas na época o mais alto preço de pintura não
convencional. Encontra-se na National
Gallery of Australia, em Camberra.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> É o que se conta. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></p><p>
</p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-51876895058552029672020-10-06T11:01:00.006-03:002020-11-08T14:25:43.979-03:00"À sombra das chuteiras imortais".<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP3rKKEzD6FC4IslU8cD9KIqikdu3flz0PtMjBBnEGPxR9ys-swNFK_R_LFiHeCQYB6rwm1cys_O7Jn9juaHl-KYk_d22pAHwBTOhxbyuJfLPfDPicBg3XddefS7D-B1JqLKtlJf9EBYg/s397/galeriabotafogo_garrincha2_globo_30.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="397" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP3rKKEzD6FC4IslU8cD9KIqikdu3flz0PtMjBBnEGPxR9ys-swNFK_R_LFiHeCQYB6rwm1cys_O7Jn9juaHl-KYk_d22pAHwBTOhxbyuJfLPfDPicBg3XddefS7D-B1JqLKtlJf9EBYg/s320/galeriabotafogo_garrincha2_globo_30.jpg" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">“À sombra das chuteiras imortais”</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif"> </span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Quando uso o título, que era uma
coluna de Nelson Rodrigues, quero prestar uma homenagem ao nosso teatrólogo
maior, a Newton Santos e a Garrincha.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Quem contou esta história, na coluna
que me apoderei do nome, foi Nelson.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">O Brasil jogava a Copa de 1958, na
Suécia, onde após luta feroz sagrou-se campeão do mundo pela primeira vez. Invicto!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Eram os áureos tempos de Didi, Newton
Santos, Garrincha e um menino que aparecia, chamado Edson e apelidado Pelé.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Deixo o futebol de lado e passo aos
fatos. Garrincha era um cidadão que
nunca ninguém conseguiu definir; se um pouco retardado ou incrivelmente
ingênuo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">O fato é que viu numa loja em
Estocolmo uma raridade com que todos sonhavam: um pequeno rádio de pilha.
Desejo de qualquer um no Brasil possuir a cobiçada peça.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Não duvidou. Comprou o rádio e chegou feliz com ele na
concentração.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Ligou o rádio, mas as estações suecas
não paravam de falar, e ele ficou muito decepcionado. Quis trocar o rádio, mas o velho Newton
Santos, seu protetor até a morte, prontificou-se. Comprou o radinho. Fez questão. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Newton pagou a mesma quantia que
Garrincha e ficou com o rádio.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Foi o que bastou para o homem das
pernas tortas, terror das defesas inimigas, sair contando que “o compadre
Newton deve estar doido. Fez questão de comprar um rádio meu que só fala uma
língua que ninguém entende.”<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">A Copa foi ganha, o Brasil vibrou e
apareceu no futebol o tal garoto genial, o Pelé. Encantou o mundo, e em pouco tempo o apelido
de “Rei” foi dado e dura até hoje, merecidamente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Chegando ao Brasil, mesmo no avião,
Newton Santos ligou o famoso radinho que comprara de Garrincha. Falava um português perfeito, captando as
emissoras locais. Garrincha não entendeu
nada! Rindo, seu velho amigo devolveu o
aparelho ao antigo dono. Não quis de
forma nenhuma receber o dinheiro, embora Garrincha insistisse. O pobre Mané não sabia que na Suécia o rádio
só iria pegar ondas locais mesmo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">Ficou numa alegria de menino, coisa
que ele nunca deixou de ser, e contava para todos sobre a bondade do amigo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif"">São coisas do futebol; coisas da vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 48pt; text-align: justify;"><span face=""Arial","sans-serif""><o:p><i> Imagem: Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha.</i></o:p></span></p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-90663223901209961852020-08-28T14:13:00.001-03:002020-08-28T14:21:22.729-03:00Altar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyi1h2yr3BTx-4FVMD-oh9qlP-XbL4WwPCgtCbpqnr7ujbCNn7Bi1oBnYuo-P_LsqCzeqR0t1esYLhp3Iy6m42Nf0cG1lK3JQCkQvwKWkFYjZGmDfbyMGDKyE_VOsY4jwys-FGdV4793o/s400/-_DEUSA_DA_SABEDORIA_E_DAS_ARTES.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyi1h2yr3BTx-4FVMD-oh9qlP-XbL4WwPCgtCbpqnr7ujbCNn7Bi1oBnYuo-P_LsqCzeqR0t1esYLhp3Iy6m42Nf0cG1lK3JQCkQvwKWkFYjZGmDfbyMGDKyE_VOsY4jwys-FGdV4793o/s0/-_DEUSA_DA_SABEDORIA_E_DAS_ARTES.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Altar de sacrifício<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Numa ilha perdida no meio do oceano, habitava um povo
muito desenvolvido, social e economicamente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Viviam dentro de intensa paz. Muitos cobiçavam morar em local como
aquele. Poderiam os naturais perder a
tranquililade. Um estrangeiro não
acostumado destruiria a cultura daquela gente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Eram filósofos os grandes sacerdotes da ilha. Os que lá chegavam, eram obrigados a
responder uma pergunta. Errando, partiam
para o sacrifício no Altar da Verdade, quando apenas erravam a resposta, ou no
Altar da Falsidade, quando tentavam iludir os sábios.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Certa vez apareceu na praia, numa balsa, um estrangeiro
forte e saudável, logo feito prisioneiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Levado ao Grande Sacerdote, foi-lhe explicada a lei. Ouviu com atenção. A pergunta foi feita. Difícil, o homem tinha aspecto de estudioso.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> - Faça uma afirmação.
Se for verdadeira, morrerás no Altar da Verdade; falsa, no Altar da
Falsidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Sem muito pensar, o estrangeiro afirmou “serei sacrificado
no Altar da Falsidade”, o que causou logo um tumulto entre os sábios. Não houve execução e o estrangeiro foi
aclamado como um verdadeiro e grande sábio.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Caso ele fosse sacrificado no Altar da Falsidade, teria
feito uma afirmação verdadeira, logo o sacrifício seria no Altar da Verdade e
neste ele não poderia ser imolado, pois de disse que seria sacrificado no Altar
da Falsidade, jamais poderia ser no Altar da Verdade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Faz parte de a tradição esta passagem ser muito conhecida
entre os que estudam lógica filosófica. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face="" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Os maus políticos fazem muito uso dela, por serem grandes
sábios da malandragem. <o:p></o:p></span></p><p>
</p>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-74920119793117485332020-07-29T11:43:00.005-03:002020-07-29T12:06:44.961-03:00Tristeza<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9RpdvyK_qBKoi_yxLW8AP40IzkIZHArKgIP_2_9icGeT7UnsJFlPLb4RLkHExKvhEr_rALbh6Ofw2PxYWqkLzMnXvPrSh3gEHELzfc6xWVq_HQtsChpFxEql-ZkjymzE3HDxTSqFacT0/s1600/rio+de+sangue+em+Alepo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="594" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9RpdvyK_qBKoi_yxLW8AP40IzkIZHArKgIP_2_9icGeT7UnsJFlPLb4RLkHExKvhEr_rALbh6Ofw2PxYWqkLzMnXvPrSh3gEHELzfc6xWVq_HQtsChpFxEql-ZkjymzE3HDxTSqFacT0/s320/rio+de+sangue+em+Alepo.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E não?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estamos atravessando uma fase maldita da vida
terrestre, no momento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pesada a
expressão?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não creio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O mundo ficou triste, ele
está triste, e não sem razão; parece que os dias felizes acabaram.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Morte.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Doença.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sofrimento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dor, enfim.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Nada fizemos em prol disso, ela veio do desconhecido e está aborrecendo
demais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Todos os dias vemos o número
elevado da tal covid, que ataca e mata tantos de nós. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O homem, por mais errado que
seja, não merece este castigo biológico, proibido mesmo nas mais cruéis guerras
que temos conhecimento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como dizem os
juristas, é ‘insidioso e cruel’.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fomos
apanhados de surpresa, nem poderia ser de outra forma.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O tratamento que se usa é o de emergência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Drogas conhecidas, algumas contra piolhos,
imaginem!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas muitos têm sido
salvos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outros tantos, não aguentam a
maldade e virulência do talzinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Veio
para causar morte.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E está cumprindo o
seu dever demoníaco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Estamos tristes, todos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mesmo que tenhamos cometidos os pecados mais
vis que a humanidade já cometeu, muitos, muitos inocentes estão pagando pelo
que nada fizeram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tristeza!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Justiça dos homens, justiça de Deus. Jamais
acreditei nem em uma, nem na outra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Imagem: Uma rua em Aleppo. Banho de sangue</span></div>
<br /><br />
<br />Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4508808792410066122.post-20473213738482017702020-07-06T12:36:00.005-03:002020-07-09T11:31:58.867-03:00Cachaça de pote<br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMf6Pke0HPPsxqI3IBRQwZFn1-bCxaM9zIP-e7gQqgJH0ElplSvONHriszBEvDLRK_qLaLz0yDp1ei8p7PBQCU-o7hvM3xjjQu2sfDcNyCMb-i8eOnMsZoRAOgZv0lbnk__6zbo2xCiLA/s261/caipirinha.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMf6Pke0HPPsxqI3IBRQwZFn1-bCxaM9zIP-e7gQqgJH0ElplSvONHriszBEvDLRK_qLaLz0yDp1ei8p7PBQCU-o7hvM3xjjQu2sfDcNyCMb-i8eOnMsZoRAOgZv0lbnk__6zbo2xCiLA/" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cachaça de pote<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A origem da cachaça é muito incerta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas o produto é genuinamente brasileiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A mais tradicional explicação é que a bebida teria
surgido com a degradação orgânica do melado, feito pelos escravos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O melado era obtido através da fervura do
caldo de cana, mexendo sem cessar, enquanto esquentava ao fogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Um descuido fez com que o melado, guardado em pote de
barro, sofresse a ação do ar e de partículas presentes, oxidando o líquido,
como aconteceu com o pão e o vinho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O processo chamado fermentação, transformou o caldo de
cana numa bebida forte, que tomada em grandes quantidades, embriagava.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foi o que bastou para serem construídos
alambiques de barro, até hoje existentes em lugares onde a bebida é
artesanalmente feita.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A bebida, repudiada pelos portugueses que não queriam ver
a queda nas vendas da bagaceira, feita em Portugal e utilizando o bagaço
destilado de uvas, tomou o gosto dos brasileiros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ilegal diante o mando português, acabou sendo
livre com a Independência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas sempre foi produzida e consumida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A melhor cachaça produzida é mesmo a que é
destilada em alambiques de barro, cujo melado fermentou em potes do mesmo
material.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por ser inerte, não contêm
sais de cobre, inevitáveis nos alambiques tradicionais comuns, tóxicos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O alambique de barro é raridade; poucos
lugares ainda possuem o recipiente não tóxico e que vem de muito longa data.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A fabricação artesanal exige cuidados especiais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os primeiros produtos destilados, ditos
“cachaça de cabeça”, devem ser bebidos apenas com muita moderação pelos
apreciadores.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fato idêntico ocorre com o
final da destilação, a chamada “cauda da cachaça”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deve ser descartada, como a cachaça de
cabeça, para a obtenção do produto que vai envelhecer, no mínimo, por dois anos
em tonéis de carvalho que serviram para amadurecer vinho tinto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É este o processo artesanal, conhecido como
perfeito na produção da melhor cachaça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A indústria, naturalmente, não pode adotar este método,
onde a produção é pequena. </span><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Usa grandes alambiques de aço inoxidável, e o caldo de
cana é fermentado artificialmente.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Gostou?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Beba uma
boa dose, sem exageros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cachaça de pote
é coisa séria...</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p><br /></div>Jorge Sader Filhohttp://www.blogger.com/profile/07558697897416296027noreply@blogger.com15