Passado? Nem
tanto. Velhos hábitos do povo ainda são
cultivados por muita gente.
Em muitos lugares ainda é possível encontrar um fogão e
forno a lenha. Uma panela de barro,
impregnada de cheiros. É ela que faz o
feijão, cujo gosto não se compara com o da cozinha atual. Madrugada e o feijão era catado, panela
d’água no fogo, coador com pó de café esperando a hora de ser mexido com uma
colher de pau. Cigarro de palha, na
maioria das vezes.
Eu mesmo já vivi isso, numa fazenda que em linha reta não
está afastada mais do que cem quilômetros do Rio de Janeiro. Aqui mesmo ainda havia muita conversa fiada
nas cadeiras colocadas nas calçadas, onde não faltava o cigarro e o café. Conversa animada, terminava pouco antes das
dez da noite, dia seguinte o trabalho esperava.
Fim de semana era diferente. Uma
cachaça das boas passava e era servida nos martelos, copos de fundo muito
grosso, daí o nome.
Algum
violeiro cantava uma moda, a fofoca política alvoroçava a conversa, a broa de
fubá nunca faltava. Não tinha hora para
acabar, só a criançada é que dormia mais cedo.
Prefeito, padre e juiz eram alvos de ataques verbais, coisa de pouca
monta, só para não perder o assunto.
“Dizem que padre Augusto anda ciscando pra cima de Glorinha”. Que maldade, o padre era um santo. O prefeito sempre acusado de não tomar
medidas que afetavam a cidade, afinal a ponte não estava consertada desde a
última enchente. Não escapava nem o mau
gosto da gravata do juiz.
Café
fresco servido pelas comadres, uma disputa feroz, todas queriam fazer o melhor,
não esquecendo de torrar mais um pouco o pó fresquinho, aroma feiticeiro. E toca a fumar, palha não tinha não, nem
filtro, moda que veio depois. Até o
médico fumava feito um condenado!
Vai
fazer isto hoje? Onde? E o bandido hoje não usa mais o velho
punhal, vem logo de arma longa. Acabou,
é tempo passado.