quarta-feira, 29 de julho de 2020

Tristeza


                                                    

E não?  Estamos atravessando uma fase maldita da vida terrestre, no momento.  Pesada a expressão?  Não creio.
O mundo ficou triste, ele está triste, e não sem razão; parece que os dias felizes acabaram.  Morte.  Doença.  Sofrimento.  Dor, enfim.  Nada fizemos em prol disso, ela veio do desconhecido e está aborrecendo demais.  Todos os dias vemos o número elevado da tal covid, que ataca e mata tantos de nós.
O homem, por mais errado que seja, não merece este castigo biológico, proibido mesmo nas mais cruéis guerras que temos conhecimento.  Como dizem os juristas, é ‘insidioso e cruel’.  Fomos apanhados de surpresa, nem poderia ser de outra forma.  O tratamento que se usa é o de emergência.  Drogas conhecidas, algumas contra piolhos, imaginem!   Mas muitos têm sido salvos.  Outros tantos, não aguentam a maldade e virulência do talzinho.  Veio para causar morte.  E está cumprindo o seu dever demoníaco.
Estamos tristes, todos.  Mesmo que tenhamos cometidos os pecados mais vis que a humanidade já cometeu, muitos, muitos inocentes estão pagando pelo que nada fizeram.
Tristeza!  Justiça dos homens, justiça de Deus. Jamais acreditei nem em uma, nem na outra.

Imagem: Uma rua em Aleppo.  Banho de sangue



segunda-feira, 6 de julho de 2020

Cachaça de pote




                                            Cachaça de pote

 

            A origem da cachaça é muito incerta.  Mas o produto é genuinamente brasileiro.

            A mais tradicional explicação é que a bebida teria surgido com a degradação orgânica do melado, feito pelos escravos.  O melado era obtido através da fervura do caldo de cana, mexendo sem cessar, enquanto esquentava ao fogo.

            Um descuido fez com que o melado, guardado em pote de barro, sofresse a ação do ar e de partículas presentes, oxidando o líquido, como aconteceu com o pão e o vinho.

            O processo chamado fermentação, transformou o caldo de cana numa bebida forte, que tomada em grandes quantidades, embriagava.  Foi o que bastou para serem construídos alambiques de barro, até hoje existentes em lugares onde a bebida é artesanalmente feita.

            A bebida, repudiada pelos portugueses que não queriam ver a queda nas vendas da bagaceira, feita em Portugal e utilizando o bagaço destilado de uvas, tomou o gosto dos brasileiros.  Ilegal diante o mando português, acabou sendo livre com a Independência.

            Mas sempre foi produzida e consumida.  A melhor cachaça produzida é mesmo a que é destilada em alambiques de barro, cujo melado fermentou em potes do mesmo material.  Por ser inerte, não contêm sais de cobre, inevitáveis nos alambiques tradicionais comuns, tóxicos.  O alambique de barro é raridade; poucos lugares ainda possuem o recipiente não tóxico e que vem de muito longa data.

            A fabricação artesanal exige cuidados especiais.  Os primeiros produtos destilados, ditos “cachaça de cabeça”, devem ser bebidos apenas com muita moderação pelos apreciadores.  Fato idêntico ocorre com o final da destilação, a chamada “cauda da cachaça”.  Deve ser descartada, como a cachaça de cabeça, para a obtenção do produto que vai envelhecer, no mínimo, por dois anos em tonéis de carvalho que serviram para amadurecer vinho tinto.  É este o processo artesanal, conhecido como perfeito na produção da melhor cachaça.

            A indústria, naturalmente, não pode adotar este método, onde a produção é pequena. Usa grandes alambiques de aço inoxidável, e o caldo de cana é fermentado artificialmente.

            Gostou?  Beba uma boa dose, sem exageros.  Cachaça de pote é coisa séria...