segunda-feira, 18 de junho de 2018

Era assim

                              

            De quatro em quatro anos, o Brasil para, dá um faniquito geral e a moçada endoida.  Sempre no frio; o inverno começa dia 21 de junho de 2018.  O primeiro jogo já foi um mico: empate de 1X1 contra a Suíça, que não é lá grande coisa como time, mas também não são pernas de pau.  O furor é o goleiro, segundo as mulheres.  Muito bonito.
            Ora, esta qualidade nada tem a ver com o futebol.  Se o camarada é bonito ou não, isso não vai fazer diferença no resultado.  Se assim fosse, Tite, o técnico da Seleção Brasileira, teria convidado a mim, por exemplo.  Mas velho não joga mais futebol, aprecia bebendo encolhido, aqui no hemisfério Sul, sua preferida.  Está explicado?
            Pois é, não sou Hideraldo Luís Bellini, o capitão que primeiro levantou a taça na Suécia, camisa improvisada, azul, feita às pressas pelos roupeiros da Seleção imbatível, onde apareceu um certo Pelé, na época com 17 anos.  Magrinho, ninguém fazia fé no homem, mas hoje tem o apelido de Rei.  É injusto?  Nada, o CR7, Cristiano Ronaldo, joga muito bem, mas porque é um atleta treinado, e excelente atleta.  Facilita tudo.  Naquela época, Edson Arantes do Nascimento, o pequeno, jovem e magrinho jogador brasileiro, onde nomes inesquecíveis como Didi, o “doutor Didi”, armador do Botafogo e até hoje só com um adversário, também botafoguense e flamenguista, Gérson de Oliveira Nunes, niteroiense, o homem que fumava dois maços de cigarros por dia, são dignos das honrarias de distribuir bolas aos jogadores melhor colocados em campo.  Tem mais: bobeou, eles chutavam a gol e resolviam a parada.  Lembram-se de Gérson no México, contra a Itália, quando o Brasil foi tricampeão mundial?  Pois é.  Gérson fez o segundo gol brasileiro, fato que além de dar ânimo ao time, deu prostração aos italianos.
            Não temos mais isso hoje.  Valem as mansões dos aparentes heróis de um futebol em decadência.  Meu mestre dizia que a Seleção era “a pátria de chuteiras”.  Nelson Rodrigues, não é preciso consultar o Google.
            Era, mestre Nelson, era.  Hoje são os mercenários da ilusão.


Imagem: Nílton Santos, o mais famoso lateral esquerdo do mundo