Altar de sacrifício
Numa ilha perdida no meio do oceano, habitava um povo
muito desenvolvido, social e economicamente.
Viviam dentro de intensa paz. Muitos cobiçavam morar em local como
aquele. Poderiam os naturais perder a
tranquililade. Um estrangeiro não
acostumado destruiria a cultura daquela gente.
Eram filósofos os grandes sacerdotes da ilha. Os que lá chegavam, eram obrigados a
responder uma pergunta. Errando, partiam
para o sacrifício no Altar da Verdade, quando apenas erravam a resposta, ou no
Altar da Falsidade, quando tentavam iludir os sábios.
Certa vez apareceu na praia, numa balsa, um estrangeiro
forte e saudável, logo feito prisioneiro.
Levado ao Grande Sacerdote, foi-lhe explicada a lei. Ouviu com atenção. A pergunta foi feita. Difícil, o homem tinha aspecto de estudioso.
- Faça uma afirmação.
Se for verdadeira, morrerás no Altar da Verdade; falsa, no Altar da
Falsidade.
Sem muito pensar, o estrangeiro afirmou “serei sacrificado
no Altar da Falsidade”, o que causou logo um tumulto entre os sábios. Não houve execução e o estrangeiro foi
aclamado como um verdadeiro e grande sábio.
Caso ele fosse sacrificado no Altar da Falsidade, teria
feito uma afirmação verdadeira, logo o sacrifício seria no Altar da Verdade e
neste ele não poderia ser imolado, pois de disse que seria sacrificado no Altar
da Falsidade, jamais poderia ser no Altar da Verdade.
Faz parte de a tradição esta passagem ser muito conhecida
entre os que estudam lógica filosófica.
Os maus políticos fazem muito uso dela, por serem grandes
sábios da malandragem.