sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Altar

                                                      Altar de sacrifício

 

            Numa ilha perdida no meio do oceano, habitava um povo muito desenvolvido, social e economicamente.

            Viviam dentro de intensa paz.  Muitos cobiçavam morar em local como aquele.  Poderiam os naturais perder a tranquililade.  Um estrangeiro não acostumado destruiria a cultura daquela gente.

            Eram filósofos os grandes sacerdotes da ilha.  Os que lá chegavam, eram obrigados a responder uma pergunta.  Errando, partiam para o sacrifício no Altar da Verdade, quando apenas erravam a resposta, ou no Altar da Falsidade, quando tentavam iludir os sábios.

            Certa vez apareceu na praia, numa balsa, um estrangeiro forte e saudável, logo feito prisioneiro.

            Levado ao Grande Sacerdote, foi-lhe explicada a lei.  Ouviu com atenção.  A pergunta foi feita.  Difícil, o homem tinha aspecto de estudioso.

            - Faça uma afirmação.  Se for verdadeira, morrerás no Altar da Verdade; falsa, no Altar da Falsidade.

            Sem muito pensar, o estrangeiro afirmou “serei sacrificado no Altar da Falsidade”, o que causou logo um tumulto entre os sábios.  Não houve execução e o estrangeiro foi aclamado como um verdadeiro e grande sábio.

            Caso ele fosse sacrificado no Altar da Falsidade, teria feito uma afirmação verdadeira, logo o sacrifício seria no Altar da Verdade e neste ele não poderia ser imolado, pois de disse que seria sacrificado no Altar da Falsidade, jamais poderia ser no Altar da Verdade.

            Faz parte de a tradição esta passagem ser muito conhecida entre os que estudam lógica filosófica.

            Os maus políticos fazem muito uso dela, por serem grandes sábios da malandragem.