segunda-feira, 16 de abril de 2018

Serra

                                      

             Não, não é o político feio, careca e inteligente.
            É a serra de Friburgo, Nova Friburgo, para ser mais exato.  Frescor característico, os pulmões agradecem quando se enchem do ar limpo. Tanto ele como ela, marido e mulher, moravam ali fazia anos.  Construção de alvenaria, primeira qualidade, e madeira, muita madeira, especialmente no teto de alto pé direito.  Dizem um erro, fazer assim na serra; no entanto o tamanho da lareira, em pedra do lugar, não era nada incapaz, para os dias de meses frios.  
            Atividades? As mais diversas.  Todo o lugar permitia.  Acordar quando o sol ainda não tinha nascido, ligar o fogo — de gás, o tradicional fogão a lenha demora um pouco para fazer o delicioso café que perfuma a casa toda, mas não a floresta.  Esta dá o tom.  É seu mesmo e já estamos incomodando muito.
            O som de água corrente não cessa.  Desperdício, deixar a torneira aberta?  Qual!  Ela está assim há não se pode imaginar quanto tempo.  É um riacho que corre nos fundos da casa, que não precisa ter torneiras, mas tem. A água, desviada para uma grande caixa, querendo ou não querendo as leis do controle, não vai cessar.  O riacho é grande.  Foi trabalhoso canalizar e colocar a água.
            O que fazia, e faz o casal?  De lá saem belíssimos bronzes.  Esculturas que dão gosto ver.  E livros, “livros à mão cheia, e manda o povo  pensar”.  Não pode imaginar como?  É fácil.  Basta pensar que nossa vida tem uma alternativa atrás da outra, e que nada está estático no Universo.  O ar não cessa de soprar, a água de jorrar, a vida de correr e nós de participarmos deste mundo maravilhoso.  Muitas vezes, conscientemente.  Muitas, também, com propósito determinado.  São tantos... Uns muito construtivos e cheios de igualdade.  Outros, onde impera a maldade, a desavença, a crueldade.
            Reclamar não adianta.  Nunca fomos perfeitos e, em tempo algum, conseguiremos alcançar este estágio.
            É pena!  Muita pena!
            “Não me perguntes por quem os sinos dobram.    Eles dobram por ti” — John Donne.