quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Jesus de Nazaré


                                                 Jesus de Nazaré

             Uma figura que confunde a humanidade, Jesus de Nazaré.
            Não pretendo explicar nada. Mas muitas ideias, minhas e adquiridas, tenho sim.
            Jesus existiu realmente.  Não se pode duvidar da sua existência.  Nos Anais Romanos, o historiador Tácito fala que em Israel “foi crucificado um certo Jesus, oriundo da cidade de Nazaré, quando era governador Pôncio Pilatos.”  Ou seja, não podemos negar a sua existência.  Além de estar registrada, a causa da crucificação teria sido política.  Era contra os judeus ortodoxos e os romanos dominadores, que adaptaram os antigos deuses gregos à religião de Roma imperialista.
            Afinal, quem teria sido este homem?  Ninguém sabe dizer com segurança, mas muitos o consideram o maior dos Profetas, o único que sabia ser Filho de Deus.  Por sua vez, aqui o problema aumenta.  Não existe Deus fora de nós, dos nossos corações e mentes.  Aquele que encontrou Deus dentro de si mesmo faz parte da comunidade divina.  Se este fato está de lado, ou seja, você não conhece o Deus que no seu ser habita, não creia.  Ele não existe, na verdade. Mistério, e este não se explica.
            Jesus entendeu bem toda a Vida, e pelo que narram os Evangelhos, deu seguidas aulas de bondade, fraternidade e caridade.  Nenhum profeta percebeu isto tão claramente.  Pregou sua doutrina e nada escreveu.  Esta doutrina foi considerada tão perigosa pelo judaísmo que pediram sua cabeça.  Foi dada.
            Estamos na época que se comemora o seu nascimento.  Pelo calendário gregoriano, vinte e cinco de dezembro.  O calendário Juliano, que não tem data, só dias numerados, sem anos. difere pouco tempo.
            Comemoremos a vinda do Profeta Maior.  Com respeito e união.  Caso você não o tenha dentro do coração, junto com Deus, esqueça.  Coma e beba à vontade.
            Feliz Natal.



Iimagem: "A última ceia", Salvador Dali

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Panorama


                                              Panorama

            Construíra a casa num terreno pouco íngreme, subida leve, terreno e gramado perfeito. Na serra de Friburgo.
            Já havia tomado o café da manhã fazia algum tempo.  Clima ameno, talvez um pouco frio.  A casa possuía uma varanda que alcançava da frente ao lado direito, até o fundo.  As cadeiras, não muitas e as duas mesas faziam o complemento da área deveras aprazível.
            Dez horas, já poderia tomar sem ressentimento interior seu uísque.  Era o que fazia, puro, copo de vidro grosso, gostoso de pegar, e o líquido que continha descia bem, esquentava o corpo e a alma.  Entendeu que estava tudo muito bem; nada a reclamar.  Quem levanta com o Sol tudo pode!
            Sabe, ficar achando que nada está certo, nem mesmo a própria Vida, não ajuda nem resolve coisíssima nenhuma.  Piorar, piora. Ah, piora muito!  Estas atitudes passivas diante do maior são terríveis, acovardam, trazem medo, angústia e ansiedade.  Naturalmente que os fatos corriqueiros, alguns muito comuns, parecem gigantes ameaçadores, como aquela porta que ficou difícil de fechar.  Ora, se a fechadura está boa, o encaixe da porta com o seu lugar de trancamento está difícil, na maioria das vezes uma lixa termina com o problema.  Mas nem todos pensamos assim, a coisa se torna complicada, David já não sabe mais combater Golias — como se fosse isso.  É nada!
            O panorama!  O homem estava se esquecendo dele.  Pronome mal colocado?  Dane-se o pronome, interessam as árvores, o azul diáfano do céu, a tranquilidade do lugar.  É, isso ainda existe sim, parece sonho ou ilusão, mas a beleza não morre, as cores não mudam, salvo quando trocam as estações, que nos diga a música “The autmumn leaves”, no original francês "Les feuilles morts", de Joseph Kosma.
            Este Jack Daniel’s não é grande coisa não. Ruim não é, mas tem coisa melhor, com um bom café fumegante.  A varanda, a confortável cadeira, a bela e comprida mesa, o ar que se respira, e a omelete de presunto, seguida de um caprichado feijão com pouco toucinho e paio que seriam servidos no almoço, arroz, naturalmente, e uma couve em tiras fritada, provaram a aquele homem que a Vida ainda é bem suportável.
            Quase esqueço.  O tal que gosta de um uísque e está refugando um Jack, e acabou de tomar um café muito gostoso, está escrevendo uma crônica da Vida, coisas que acontecem.
            Só.  Mais nada.


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Solidão


                                                   Solidão

            Dia quente, sem exagero.  Uma brisa amenizava.
            — Mas que cara é essa?
            — A minha. 
            — A sua nada. Pensando em quê?
            — Em nada.  Ora, estou sim.  Velho, sem a força que tinha antes, potente por causa das farmácias... Prossigo?
            — Para dizer bobagem já está de bom tamanho.  Pode parar.  Acaso eu estou melhor do que você?
            — Sei lá!  Quem sabe disso não sou eu.
            Dois velhos amigos de infância, conversando o que só eles mesmos poderiam.  Aparecem muitas recordações, namoradas, moças bonitas da época, aventuras, confusões, festas e o colégio.  Este sempre foi o pomo da discórdia. Odiado por muitos, amado por poucos e necessário para todos, não havia mágica. Ou se aprende, ou morre estúpido que não teve vida condigna. É assim, não se foge a esta regra.
            — Pois eu lhe digo.  Passou dos sessenta e cinco, é melhor morrer.
            — Sessenta e cinco?  Tem muita gente bem mais velha vivendo feliz, feliz!
            — Até quando tomar o primeiro susto!
            — Homem, você está macabro!  Susto?  Que susto?
            — Aquele em saber que a sua primeira namoradinha, linda, tão doce, apaixonada, morreu.
            — Hein?
            — Morreu, rapaz, morreu.  Pensa que somos eternos?

            O velho e muito conservado alpendre, onde estavam sentados em cadeiras confortáveis, mesa longa e simples cheirando a cera,  um velho e conhecido blended, foram as únicas testemunhas.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

"Ao pé da serra"



                                                              "Ao pé da serra"                                       

            Este é o nome que Maria Mineira, nascida Maria do Carmo Oliveira Halfeld deu ao livro que acaba de publicar.
            Conheci a autora no Recanto das Letras, onde se encontram hoje excelentes autores nacionais.  Poetas e prosadores.  Visitei sua escrivaninha no Recanto, e fiquei admirado com a qualidade dos textos.
            Como nos “Contos e Causus da Canastra”, um subtítulo de “Ao Pé da Serra”, Maria Mineira traz para quem não conhece, as bandas onde Riobaldo e Diadorim, de “Grande Sertão: Veredas” transitaram, histórias do lugar encantado.
            Ali nasce o São Francisco, os riachos e pequenos lagos que enfeitam o lugar e acontecem muitos causus que nós da cidade grande não conhecemos.  Casas mais simples, outras abrigam produtores.  É a vida lenta e gostosa dos moradores da Canastra, o café perfumado da manhã, comidas típicas do lugar e histórias, muitas histórias.  Maria Mineira é mestra em conduzi-las, a gente pega o início e quando dá por si, o causo acabou... Mas nas páginas seguintes vêm outros, e mais outros, todos envolvendo o leitor.
            Não vou contar nada, não quero tirar o prazer de quem ainda não leu o livro onde o mistério, as crenças, as árvores e os pássaros são os donos do lugar, que Maria do Carmo soube descrever tão bem.

Imagem: nascentes do São Francisco

sábado, 24 de agosto de 2019

O Blog, II

                              
            Aí está uma coisa muito íntima, onde revelo segredos, desejos, fracassos e vitórias.  É a característica principal do blog, além de narrar fatos.
            O fato acontece comigo.  Dizem, não sei se é verdade, com todos que escrevem em blog, mas parece que sim.  O blog é um diário íntimo, que por razões especiais, pode ser revelado.  No jornalismo, por razões profissionais.
            Gosto disso.  A liberdade é uma das mais queridas razões do homem.  Não se trata de parecer, tenho certeza.  É com ela que podemos exprimir nossas vontades e anseios, nossos repúdios e nojos, nossos amores e ódios.  Os sentimentos são livremente abertos, não existem censuras ou coerções.
            É o que me parece.  Iniciei este há muitos anos, pouco lido no começo, como seria de se esperar.  Afinal, não sou escritor conhecido.  Cronista, principalmente político, por ter pertencido ao “Vote Brasil”, duas vezes ganhador do Prêmio Ibest, o maior da internet brasileira, e incursões no Pravda, importante publicação internacional, que abandonei quando Putin se arrogou no todo poderoso chefe da Federação Russa.  Não me agradam estes dirigentes que se julgam todo-poderosos, como o que acabei de citar.  Eles até mesmo podem ser, mas nunca por autoproclamação, mas sim por reconhecimento do povo.
            Este é o blog, onde famosos, como Saramago, por exemplo, jamais deixou de publicar.  Era dele, um pedaço da sua alma, como acontece com todos nós ‘blogueiros’.
            São eficientes?  Não sei, e sou suspeito para falar, já que sou um apaixonado.  Mas creio que sim.  Entendo todas as peças produzidas no blog como literatura.  A mais veemente, segundo me parece, foi o “Arquipélago Gulag”, de Alexander Soljenitsen, que mudou os destinos da antiga União Soviética, quando publicado num livro.
            Nada pretendo resolver ou mudar.  Apenas reafirmo que politicamente, fora do regime parlamentarista, presidente da República deve ser afastado definitivamente, a democracia não comporta esta figura, o Brasil e o resto do mundo não chegará a nada mantendo o presidencialismo.
            Nada!

Imagem: Alexander Soljenitsen 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Nico Esteves

                                                




            Em qualquer lugar desta terra onde vivemos, têm tipos que são marcantes.
            Nico Esteves, um homem que nunca se conseguiu saber de onde veio, era um tipo desses.
            Para começar a doideira toda, ele já tinha o nome.  Seu pai, que foi faxineiro de um laboratório, colocou no menino o nome de Arsênico.  Os oficiais do registro civil, na época, pouco ou nada sabiam de nomes que devem ser recusados.  E na sua certidão de nascimento consta mesmo o nome do veneno conhecido pela sua propriedade letal.
            O garoto só foi descobrir isto quando entrou para a escola.  O professor, um antigo ferroviário que tinha sido aposentado por causa de uma tuberculose grave, desta que o povo gosta de chamar de galopante, ficou muito surpreso quando viu tal nome na lista de alunos.
            — Por que tem este nome, rapaz?
            — Sei não, professor.  Mas é diferente e bonito, o senhor não acha?
— Acho coisíssima nenhuma.  Você sabe o que quer dizer seu nome?
             Não senhor.  O que é?
            — Venha cá – o mestre não queria expor ao ridículo o pobre do garoto, e falar alto, com toda turma ouvindo, sobre a barbaridade daquele nome.  Contou-lhe o significado, baixo, sem que os outros ouvissem.  Naquela época, nem é bom pensar em processo judicial para alteração do nome, ainda mais naquele lugar distante de tudo.  O professor encarregou-se de nomear o guri.  Abreviou para Nico, que parecia um apelido.  Esteves carregou para o resto da vida o novo nome.
            Fez um brilhante curso primário, era inteligente e a deficiência do ensino no velho galpão de madeira, com teto de folhas de amianto.  Até hoje, no interior, são assim as escolas.  Não possuem nada, nem mesmo professor fixo. Alguns abnegados, que tiveram a oportunidade de estudar e completar o curso ginasial, o que já é um fato bastante raro, guiados por mão superior, talvez divina, sentem pena daqueles pobres coitados abandonados de tudo.
            A prefeitura do lugar, se é que este canto tem prefeitura, fica encarregada de arranjar o local para acomodar os alunos.  Concurso para ingresso no magistério?  Ninguém sabe o que é isto.  Quem sabe ler melhor do que os outros habitantes e está disposto a dedicar-se a tarefa de ajudar, assume o cargo, quase sempre sem ganhar nada por isto.
            Este é o sertão, o interior que o povo não conhece nem imagina.
            Nico continuou seus estudos.  O antigo ferroviário tinha amigos na cidade grande, que não era tão populosa.  Tinha lá seus quinze mil habitantes, se tanto.  Mas o importante é que conseguiu uma vaga num ginásio público, onde o ensino não era exemplo para escola nenhuma, mas também não era uma escolinha tico-tico.  Nico estava, nesta época, com treze anos de idade, e como não morava mais com os pais – a escola era distante da sua casa uns bons vinte quilômetros, arranjou um emprego numa padaria da cidade, que tinha muito poucas outras fornecedoras do alimento que nem sempre é o café da manhã de muitos.  Serve também como um bom almoço, acompanhado de peixe, em lugares que têm rio ou mar.
            Não é preciso dizer que tão logo Nico aprendeu a fazer pão.  Josias, sempre com as mãos cuidadas e limpas, não se incomodava em ensinar como era feito um pão de qualidade, mesmo a farinha não sendo especial.
            Um professor de Nico resolveu o problema do nome do rapaz.  Era amigo do juiz, e sem processo mesmo, conseguiu que o nome Arsênico fosse mudado par Nicodemus, por escolha do próprio esforçado aluno.
            O tempo passou, Nico sem problemas obteve seu grau de ginásio, tinha amealhado um dinheirinho bom, pois não era de muitos gastos e fazia com Josias, seu mestre-padeiro, doces e outros quitutes para moradores locais, pagando ao dono da padaria uma parte dos ganhos.
            Foi visitar os pais, levando presentes da cidade grande.  Mas o orgulho mesmo era o diploma de conclusão do curso ginasial.  Pai e mãe estavam orgulhosos do filho, que os surpreendeu fazendo o almoço.  Farinha de milho é comum nas casas.  Mas o paio e o queijo mussarela, que Nico havia levado também, fizeram uma polenta maravilhosa.  Tanto Honorato, como Quitéria, pais de Nicodemus Esteves, ficaram admirados com as qualidades do filho.
            Nico não queria parar.  Havia feito força, e conseguira o que queria.  Agora era continuar e chegar à faculdade.  Ainda não decidira sua futura profissão, mas gostava de livros e leituras, e tudo indicava que estudaria Letras.
            Mais uma vez a sorte sorriu para ele.  O juiz, aquele que tinha mesmo sem processo autorizado a mudança de nome, conseguiu uma vaga no secundário estadual, que Nico completou sem dificuldade.
            Conheceu, na escola, uma bela moça.  Ligia, era o seu nome.  Em pouco tempo consolidou-se um namoro sério, ambos estavam apaixonados e pretendiam casar-se.  Estudavam muito, e juntos fizeram o vestibular, agora em outra cidade.  Por causa da sua habilidade com massas, Nico continuou trabalhando numa padaria, mas não era mais balconista.  Em pouco tempo dirigia a parte de refeições ligeiras, uma das especialidades da casa.
            Tanto ele como Ligia conseguiram passar sem muita dificuldade no vestibular.  Ela não precisava trabalhar, o pai tinha como sustentá-la.
            Moravam numa república, homens bem separados das mulheres.  A cada dia que passava, o futuro do jovem casal era mais promissor.  Ambos estavam fazendo o curso com muito brilhantismo, eram queridos e elogiados pelos colegas.
            Numa tarde que estava cinzenta, e prometia chuva forte para a noite, Nico voltava do trabalho, rumo à república, onde pretendia tomar um bom banho.  Caminhava devagar, sem preocupações, quando viu um aglomerado de gente.  Foi ver o que era.  Todos os presentes estavam revoltados.
            Nico perguntou a um homem o que tinha havido, quando percebeu, antes da resposta, que o corpo caído e coberto com uma folha de nylon preta, estava com uma sandália marrom que ele conhecia bem.
            Trêmulo, suando e sem saber do que se passava, levantou a parte da coberta onde estava o rosto.  Ligia dormia o sono que ninguém acorda.  Tinha sido atingida por um tiro dado  num confronto entre policiais e traficantes.
            Nico e os pais da moça despediram-se com flores, na manhã seguinte.
            Até hoje, nunca mais ninguém sabe onde ele se encontra.
             
           

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Surpresas

                                             Surpresas

            Muitos não acreditam mais em surpresas; mas as temos todos os dias.
            Fato é que se encontravam na confortável e elegante sala, passadas às dez da noite, poucos, mas gente de qualidade, como se habituou dizer.  Conversa comum, sem pretensões, e uma mulher, meia idade, também atriz como a dona da casa, estava ao piano.  Tocava razoavelmente bem, a peça era Liszt.
            A conversa corria na sala, onde todos se conheciam, não havia formalidades enquanto alguns tomavam uísque, outros um tinto famoso.  Coisa de amigos, gente que se gosta, admira-se, ama-se.  Era assim.  Dois tipos estavam como convidados de amigos.  Simples, de aparência excelente, vestidos sem ostentações.  A conversa girava sobre literatura, e havendo atores na sala, tinha nível de respeito.
            — Não gosto de Proust.
            — Motivo?
            — Apenas teórico, fala sobre o que ninguém sabe, nem mesmo ele.
            — E quem sabe bem isto, meu caro?
            — Acredito que Shakespeare. Ah!  Hemingway também.
            — Só eles?
            —Não só, claro.  Mas são os maiores.  Olha, coloca Sófocles neste rol.

            A conversa esta sendo feita por um velho conhecido da casa, intelectual de primeira água, e admirador da Física, para fechar muitas bocas.  Verdade.  As ciências exatas, em tantos e tantos locais, não são bem vistas, especialmente quando o ambiente não é de quem as estuda ou domina.  O que não quer dizer, por exemplo, que um matemático admire profundamente Cézanne ou Picasso.
            — E aqui, quem é bom em artes?
            — Caramba!  Pegou duro. Quais artes?  Todas?
            — Sabe dizer pelo menos uma?
            — Ah, sim, sei sim.  Portinari e Iberê Camargo são os melhores pintores brasileiros.
            — E onde ficam Meirelles, Parreiras, Visconti e tantos outros?
            — Fomos longe demais.  Não sei.  Bebemos muito uísque, rapaz!
            O que estava com o moletom vestido, uma elegância, tirou o casaco. Sem pressa, foi até o piano.  Não levou o copo. Não fez nenhum alarde, e era um dos desconhecidos no lugar.
            — Permite, senhora?
            — Sem dúvida.  Gosta do piano?
            — Muito. Há longo tempo. — Sua figura tomou outro aspecto quando se sentou, ajeitou o banco e tomou posição diante do instrumento que fala direto no coração de todos, dependendo de quem está diante do teclado.  Todo instrumento musical é soberano.  Não foi feito ou existe para ser usado, mas para ser respeitado e amado. Madeiras e metais são exigentes, demasiadamente exigentes, principalmente os instrumentos de solo.  Foi assim que o desconhecido, alinhado perfeitamente junto ao piano, como se dele fizesse parte.
            A sucessão foi grande.  Música após música, o sentimento tanto dele quanto de quem o escutava, crescia com admiração e embevecimento.  A sala era um silêncio completo, o pianista colocou o instrumento para falar, falar de amor, de ternura, de delicadeza.
            O ar cheirava paixão!


Por incrível coincidência, procurando a imagem,  para ilustrar e encontro uma de um pintor citado na crônica, Eliseu Visconti.  Acaso? Não sei...


sábado, 6 de julho de 2019

Meganha

                                        

            O nome é hoje pejorativo.  É como era mais conhecido, anos atrás, o soldado da Polícia Militar.
            Invadido pelas forças paraguaias de Solano Lopez, a terra brasileira não possuía um bom e firme exército.  O Imperador Pedro II não tinha esta prioridade.  Mas a verdade estava posta.  Era necessário combater os soldados estrangeiros que invadiram o Brasil, fazendo muitas vítimas. 
            Deu exemplo o próprio Imperador, que dormindo em tendas de guerra no Rio Grande do Sul, em companhia de soldados do Exército Imperial, pouco treinados e com armas deficientes, convocou o povo a formar os famosos batalhões dos Voluntários da Pátria.  Quem eram estes homens?  A História oficial não registra.  Diz-se que antigos escravos, todos sem ocupação e valentes; marginais de todas as espécies, processados e alguns já condenados, mas com a promessa de esquecimento absoluto das suas faltas e penas e por fim aventureiros que nada possuíam, mas entenderam boa hora de tirar proveito da situação.
            Verdade ou não, esta é uma das partes da Guerra do Paraguai, uma parte suja.  A própria morte de Solano Lopez, ferido gravemente e morto sem qualquer motivo pelo cabo Chico Diabo, quando estudei no primário tido como herói e hoje visto como um covarde desajustado, que liquidou por conta própria o tirano ferido de morte, é prova disso.  Foi punido, segundo o comando do Exército.  Prender, claro.  Matar era idiotice. 
            Tudo isso nos foi contado pelo saudoso professor e intelectual Josias Alt, folclorista de renome e conhecedor da guerra citada.  Digo nos foi porque era ele, o intelectual Josias, nosso professor de português no Liceu “Nilo Peçanha”, em Niterói, cidade onde nasci e vivo até hoje.  O Liceu e o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro eram símbolos do ensino, naquela época.
            Voltando aos Voluntários da Pátria.  Grande ala era formada de gente com história de brigas duras.  Um batalhão era temido pelas mais instruídas tropas paraguaias.  Duros no combate, fortes e implacáveis.  Eram temidos e sabiam disso.  Não sendo uma tropa distinta, pegaram um lençol, e fizeram a inscrição “Ninguém me ganha”.  Esta bandeira simples, demasiadamente simples, fazia tremer os inimigos.  Muitos não lutavam: debandavam de pronto. Para a inscrição “Ninguém me ganha” passar a meganha, o passo é curto, todo brasileiro sabe disso, usa o mesmo método, hábito. Meganha. Este é o apelido, ou era, os tempos passam, dos valentes soldados da Polícia Militar.  Eles detestam, não sabendo que não é pejorativo, mas um tratamento de valentia.
            Assim é!  Sem os meganhas não existiriam hoje as cidades brasileiras, mas locais tomados pelos bandidos!
            “Ninguém me ganha”, esta é a bandeira!

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Morte na ladeira

                                                   Morte na ladeira

            A chuva fina que caía não incomodava o jovem que descia uma ladeira sombria, para encurtar seu caminho até a sua casa.
            Ouviu passos.  Não se virou de imediato; antes, sacou o revólver trinta e dois, cano de seis polegadas, sem ser visto por quem quer que seja.  A ladeira era mal iluminada, e os filetes d’água corriam junto aos meios-fios da calçada.
            Quando mexeu com a cabeça para ver o que se passava atrás dele, não gostou nada.  Dois vagabundos, destes mequetrefes que não valem o que comem, já estavam bem próximos.

            — Quer fazer o favor de repetir, tenente?
            — Já disse tudo.  O senhor pode perguntar o que quiser, doutor.
            A delegacia era um prédio relativamente novo, e o seu interior estava bem conservado.  Tolice pensar que toda repartição policial é uma baderna, móveis sujos, chão manchado, os poucos computadores não funcionando direito.  O lugar não era assim.  O delegado que inquiria o jovem oficial do exército era um sujeito paciente.
            — Tenente, foi coisa de profissional.  Dois tiros, um no peito e outro na cabeça.  O senhor tem instrução de combate com aprovação excelente.  Pode me dizer a sua especialidade?
            — Infantaria.  Sou primeiro-tenente de infantaria.
            — Serve onde, senhor?
            — Não posso revelar.  Já disse para o senhor chamar um superior meu, delegado Chaves.  É o seu nome, certo?  Ouvi um colega seu falando.
            — Certo, é Chaves sim.  Prefere ficar em silêncio, tenente?
            — Não senhor, respondo o que perguntar, mas nada sobre o meu serviço.  Só na presença de um superior.
            — Muito bem.  Não vou insistir.  Por que não veio acompanhado de advogado?
            — Não julguei necessário, mas posso chamar.  Afinal o senhor está me acusando de homicídio ou não?
            — Não posso acusar de nada, não tenho provas, testemunhas ou o diabo que seja.  O cara que levou os tiros tinha duas passagens por aqui.  Assaltante, mas também não tinha como incriminar o homem.  Uma das vítimas não o reconheceu.  Medo, claro.  A outra fez a ocorrência e nunca mais voltou.  O que não posso entender é o cara que estava com o que morreu não ter levado bala também.
            — Bem, doutor, se o senhor que é policial não vê sentido, quanto mais eu, que não entendo nada disso.
            — Não é do serviço de informações, tenente?
            — Não, e claro que se fosse não iria revelar a um civil, mesmo que autoridade policial.
            — Sei, sei.  Gosta de revólver de calibre médio, tenente?
            — Doutor, em se tratando de arma, gosto até do estilingue usado nas forças especiais.  Silencioso, forte demais e sempre mortal quando usam bilhas de aço retiradas de rolamentos.  Conhece?
            — Já ouvi falar, meu caro.  Mas nunca vi.  Está dispensado, terminamos, os tiros foram dados por um canhoto, pela direção das balas.  O senhor é destro.  Boa tarde, tenente.  Desculpe o incomodo.
           
            O homem foi embora.  Quando estava cursando a escola de inteligência, viu um colega canhoto que atirava muito bem.  Resolveu treinar com a pistola de pressão, deu mais de dois mil tiros e acabou atirando melhor com a esquerda do que com a direita.  Gostava do trinta e dois cano longo, é muito preciso e não dá o tranco das outras armas mais potentes.  Não atirou no assaltante mais baixo porque ele fugiu.  “Pelas costas, não”, pensou.  O que morreu, nem viu direito como foi.  Ventrículos estraçalhados, e como se fosse pouco, um tiro no lobo frontal direito.  A entrada do projétil tinha pequena inclinação que sugeria ter o sido desfechado pela esquerda.

           

sábado, 25 de maio de 2019

Francisco Buarque de Holanda

                                  Francisco Buarque de Holanda

Como não gostar do Chico Buarque?
Como não gostar do Chico, um cara da minha época, temos idades próximas.
Cantor, poeta, compositor e escritor. Amigo dos artistas musicais mais famosos que temos e tivemos. Chico é um homem comum, simples. O político é outra coisa, são idéias. Ele nunca foi nem vereador...
Ganhou muita antipatia por ser amigo de Lula e Dilma.  Realmente, do modo de ver político, não recomenda ninguém.  Ambos são uns vencidos pela sede de poder e corrupção, não adianta negar, mas o assunto não é esse.
Sua história é outra.  Chico tem raízes intelectuais, viveu no meio deles, gente de peso, importância e notoriedade.  Não é qualquer um que é parceiro e amigo de Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Bandeira e tantos outros. Não é para qualquer um, todos sabem.
Começou moço, bem moço, com letras e músicas ainda não maduras, mas extremamente simpáticas.  Mais: maturidade é conhecimento, nunca foi sinônimo de velhice.  Das suas músicas, agrada-me sobremodo “Construção”, onde Chico mostrou o que sabe.  Todos os versos são alexandrinos, e para completar, todos são proparoxítonos no seu final.  Vão se alternando, até o término e a letra é grande.  
Parabéns pelo Camões. Ele é concedido a autores da CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, aos literatos que se destacaram pelo conjunto da sua obra.  O prêmio maior, bom lembrar. Um milhão de euros, bem mais do que o Nobel, pago em dólares.  Claro que a importância não é esta, o dinheiro.
Só as suas letras,  ao longo de anos o justificam, afinal ainda é o maior compositor vivo do Brasil. 


terça-feira, 14 de maio de 2019

"O velho e o mar"

                                      “O velho e o mar”

            Gostava sobremodo do romance curto que Hemingway escreveu.  Tinha razão; compôs uma das peças que fizeram o escritor ganhar o Nobel de Literatura.
            Sobre este romance curto, correm muitas histórias.  Que foi um lançamento muitíssimo bem feito, antecedido de notícias jornalísticas várias, misteriosas e que aguçam a curiosidade: “sabe-se que Ernest está em Cuba, escrevendo com vigor um romance”; coisas do gênero, jornais e revistas, prepararam para o lançamento do livro que acabou uma das maiores peças da literatura mundial
            Ninguém jamais revelou nada.  Nem autor, nem editores.
            O homem escrevia também, apaixonadamente, mas qual!  Como Hemingway? Difícil, muito difícil.  Hábitos estranhos não lhe faltavam.  No momento, estava num restaurante praiano, envidraçado, o que impedia entrar vento frio e levantar as folhas do livro, melhor, caderno que viria a se tornar livro, caso saísse boa a história, o relato.
            Quem escreve não deve beber, ou melhor, abusar da bebida, principalmente ser for destilado.  Era o primeiro dos três copos iniciais de uísque de primeira qualidade; depois, muitos e muitos copos d’água dissolveriam a concentração alcoólica e abrandariam um mal estar, ou mesmo bebedeira.
            Tempos outros, atuais, onde o celular que fala com Marte repousava no centro da mesa.  Não, a escrita não era por computador, menos ainda pelo telefone mágico que hoje é parte integrante da tralha que o homem carrega, mas o importante não foi isso.  Uma mensagem de texto havia chegado.  “Volte ao hotel imediatamente, está sendo esperado por gente que vai se identificar”.
            Mistério absoluto para quem não estava bêbado.  Mais ainda quando em outra mensagem chegou: “seja discreto. Pague o que deve e vá para a casa.”  
            Assim foi feito.  Pouco depois, banho tomado, uísque no copo e já iniciando a fome, o celular dá outra chamada. Falam.  “Aguarde aí mesmo vão aparecer homens que se identificarão. Pode confiar, policiais estarão presentes, com eles.  Mas só dois farão contato.”  E a mensagem encerrava.
            Soa a campainha. Pelo visor da porta, cinco homens.  Dois de terno, elegantes. Dois de camisa preta e calça jeans. Ostensivamente armados. O último parece um dirigente, pelo que diz aos que o acompanham.
            Era um dirigente. O emissário especial da Caixa Econômica tinha por difícil missão não deixar de escapulir a quantia das garras do governo.  Prêmio muito alto, os juros seriam de colocar qualquer um com vida de ir e vir para onde quer que fosse.  Passaporte contínuo.  Nada de chatíssimas renovações.  Dinheiro muito alto, nos dois primeiros dias úteis do mês, depositado na conta em que o homem designasse.  Negócio escuso?  Não, não.  Ele possuía o bilhete premiado da famosa mega-sena.  Hemingway seria esquecido?  Não. É provável que não. Tantos prazeres e paixões o dinheiro não paga.  Este era um deles.. 

           

terça-feira, 16 de abril de 2019

Escrevendo

                                           

            Estes calçadões costeiros que existem em tantas cidades do Rio de Janeiro são mágicos.
            Veja: servem para passear, namorar, fotografar, ficar quieto pensando na vida, olhar para as mulheres bonitas que vão pegar uma cor no sol da praia, enfim, penso que todos conhecem como são agradáveis e úteis.  Mais: no outro lado da avenida que contorna o lugar, sempre tem uma cadeia de restaurantes, bares dos sofisticados até aos mais simples, onde tudo se fala, tudo se comenta, tudo se vê.
            — Nunca tinha escutado falar nisso?
            — Nunca.  Olha lá, não se esqueça que não estudei literatura. Sou advogado.  Velho, mas sou.
            — Meu colega de turma e amigo de longos anos.
            — Mas nunca escrevi nada, embora goste muito de ler e estudar a teoria.
            A conversa desenvolvia-se entre dois homens de meia idade, vestidos simplesmente, era verão, tempo que não convida elegância, salvo a dos trajes de praia.  Por ofício, sempre viveram de escrever. Um juiz; outro jornalista mesmo.
            — Está mais do que em voga que um escritor deve levar na sua bagagem uma boa dose de sofrimento.  Dostoievsky falou claramente sobre assunto.
            — E Hemingway arrematou com um ‘óbvio’.
            — Também já ouvi falar nisso.  Mas nem um, nem outro, escreveu sobre o assunto
Verdade. Não havia nada escrito sobre esta condição indispensável para um homem transformar-se num escritor.  A gente presume talento e entende que isto já é até demais!  Engano.  Talento puro não faz profissão nenhuma. O bom padeiro sabe, por exemplo, quando a massa batida e sovada, deixada para descansar, deve ir ao calor exagerado, digamos cento e oitenta graus centígrados, no mínimo.  Ah! Isto não é calor?  Ora para forjas de aços cortantes, armas e tantos outros instrumentos, realmente é apenas um calor, nunca uma têmpera.  Esta, quando se dá na literatura, vai direto, não tem termômetro que meça.  As regras também vão mudando. O antes bem discreto, hoje se transformou em evidente, especialmente quando se fala em sexo.  Os biógrafos de Freud são unânimes em afirmar que ele lia muito Édipo, de Sófocles, Hamlet, de Shakespeare e Os Irmãos Karamazov, de Dostoievsky. Os dois primeiros são óbvios, mas o último complica.  São muitos os personagens, o romance é longo e as análises mais ainda. Escrever é arte muito complicada. Esta, por exemplo, ficou fraca. Não está me agradando.  Mas segue. Senão o estudo fica sem valor.
Deram um longo e final trago no chope gelado e foram-se embora. A deusa Ficção acompanhou-os, com sua pantalona cinza e sorriso discreto.    

           


sábado, 30 de março de 2019

Mulheres, a fascinação

                              

            Nunca saiu do assunto mundial, tanto dos homens, como das mulheres. São fascinantes mesmo.  Eva teria sido amaldiçoada por conquistar o homem. Tantas Evas...
            As artes sempre registraram a beleza da mulher, desde os primórdios do Mundo.  Continuam registrando até hoje, quando elas mudaram um pouco.  As formas eram arredondadas, os músculos nada proeminentes, tatuagens nem pensar, e não existiam cadeiras no Legislativo, que nem mesmo existia.
            Mudou? Mudou sim.  O corpo da mulher, antes sagrado, tornou-se vulgar.  Antes dono de belas formas, aparentemente macias, ganhou músculos proeminentes, graças aos trabalhos feitos nas “academias de ginástica”.
            Sou um reacionário.  Mulher bonita deve ter corpo limpo de tatuagens, músculos proeminentes, ombros fortes como se fosse lutadora de boxe. Nada disso.  Não sou, de forma alguma, partidário da mater família, mas igualmente não posso admitir a vulgarização da mulher.
            Sou homem, sou filho, tenho esposa, ou seja, por mais que tenha convivido, como convivo com homens, a mulher sempre esteve junto ao meu ser.  Ao meu e o de todos.
            Mas entendo que hoje a coisa exagerou.  Vale a mulher ‘marombada’, a que segue rigorosamente as regras de coxas grossas, bunda arrebitada, cintura fina e olhar insinuante.  Ora, esta não é a mulher, é apenas uma regra da moda, que ficou  incluída na sociedade  atual.
            Ser como a Paolla Oliveira, que ilustra este postagem?  Sim, ela é linda!  Mas é uma artista, que ninguém se esqueça disso. Uma mulher!
           

domingo, 17 de março de 2019

Poder, pode

                              

            Em entrevista, atriz Deborah Secco, conhecida pelo seu desembaraço em interpretar papéis difíceis, sem que fosse inquirida pelos entrevistadores disparou: “meus namorados? Traí todos”.  E criou o alvoroço, sendo que ela não precisa disso para aparecer; basta mostrar o rosto.  O corpo, nem se fala.
            Quando apareceu nas novelas de televisão brasileira, tinha um ar infantil e ao mesmo tempo atrevido.  Magrinha, nada do tipo das famosas colegas que todas conhecem, mas não vou citar nomes.  Falo no da Deborah porque ela já cansou de dizer o que afirmei acima.  Ora, a afirmação é inusitada, mas já vi uma entrevista.  Sem o menor receio, lá vem o traí todos.  E eles não são poucos.  Ora, a Secco fez o papel da Bruna, no filme “Bruna Surfistinha”. Corajosa e oportuna: suas colegas, mesmo as mais audaciosas, não tiveram a coragem de interpretar a garota de programa, uma prostituta mesmo, que ficou famosa com a publicação do livro de mesmo nome, de Raquel Pacheco, recorde de vendas quando foi publicado.
            Ora, a Bruna era do tipo exuberante, não combinava com Deborah, que não teve dúvida.  Entrou para uma academia, preparou-se sei lá eu como, mas virou uma mulher altamente desejável.  A moça não brinca em serviço.  Talvez a própria “Surfistinha” ficaria bem abaixo do desejável corpo da atriz.  Sucesso!  Não é uma peça de valor artístico total, que envolve plástica, cena, cor.  É história na dura mesmo.  Quarto e cama!
            Deborah deu show.  É a vagabundinha mais convincente que já vi nas telas. Uma putinha mesmo, que satisfaz seus clientes, aceita suas exigências e ganha o seu dinheiro.  Vi o filme no computador, está disponível.
            O mais interessante: vi também a entrevista do seu atual marido.  Os repórteres riram muito, e o cabra ficou na dele.  Ele é o pai da Maria Flor, filha deles.  Mudou tudo?  Ou, ou...  Diga, senhora Deborah Secco!   


Imagem: Instagram da artista, representando Sofia Loren na sua mais famosa fotografia, no baile do Copacabana Palace, carnaval de 2019.