sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Fim de ano


 

                                         Fim de ano

 

            Foi dureza!  O ano 2021 colocou o homem em cheque!

            Passamos por duríssimas provações, ainda não superadas.  A maldita covid-19 transformou este ano em amaldiçoado.  Matou muitos, trouxe choro, desesperança e mesmo desespero. Nos últimos cem anos, não se conhece fato tão maldito.

            Mas o homem é grande!  Com a sua ciência, conseguiu a vacina em tempo surpreendente, que conseguiu arrefecer drasticamente a doença.  O medo grande, a devastação diária, sumiram.  Cada dia que passa, como se fosse um presente, o número de mortos e atingidos pela doença é menor, e mesmo com as tais ‘variantes’ não assustam nem atemorizam mais. 

            O que irrita, e muito, é o ‘negacionismo’ à vacina, fato muito, muito antigo.  Problemas psicológicos não deixarão de existir nunca, mas não podem arruinar a saúde de povos.

            Muito estranho!  Não consigo compreender.  Mas o fato é real e existe aqui no  Brasil.  Aos estrangeiros, pedimos desculpas!  Mas o fato, repito, não é local.

            Idiotas estão presentes em todas as partes, mas a mensagem não é de guerra, é apenas dura!. Compreendam!

            Grande abraço aos que vivem comigo este momento!  Sejam felizes!

            Feliz fim de ano!

domingo, 28 de novembro de 2021

Vida atual

                                      Vida atual

 

            Sabem?  Estamos numa encruzilhada do bem e do mal. Em todos os sentidos.

            O mundo, melhor, os países dele, parece ter perdido o menor sentido.

            É a agonia atual, a que estamos vivendo.

            Não há mais respeito pela vida humana, quando se trata de saúde!  Sim, por mais incrível que possa parecer, Bolsonaro não conseguiu destruir a saúde brasileira.  Na vacinados contra a covid, na data de hoje, 27/11/2021, em estimados sessenta e dois por cento da população.  Ainda distantes do ideal, mas para o Brasil do momento, uma vitória!

            Bom não considerar, muito bom, que a batalha final está ganha.  Não está, para nenhum país do mundo.  Não só no combate às doenças, mas ao crime, à pobreza, contra a educação e a cultura.

            No momento atual, a sociedade é apenas um lixo. Vou parando. Até aqui é modo de entender.  Se continuar, vai ser pregação, que detesto.

            O futuro ano, 2022, será eleitoral.  Disputa entre medíocres e ladrões, é o que costuma ser.  Não desta vez.  Será entre medíocres. Politicamente, não se enxerga um no horizonte que conheça a nobre arte.  Como abusam dela!  A política é fina, requer conhecimento da nobre arte de dialogar, entender as necessidades de um povo.  Mesmo Moro, segundo acredito, não é um político capaz.  Não temos mais isso.  Foram-se os grandes, ficaram os que ainda são grandes, como FHC.  Mas já deram seu recado!

            Confuso!  Ficou tudo muito confuso!


domingo, 7 de novembro de 2021

Solidão


 

                                                   Solidão

 

            Dia quente, sem exagero.  Uma brisa amenizava.

            — Mas que cara é essa?

            — A minha. 

            — A sua nada. Pensando em quê?

            — Em nada.  Ora, estou sim.  Velho, sem a força que tinha antes, potente por causa das farmácias... Prossigo?

            — Para dizer bobagem já está de bom tamanho.  Pode parar.  Acaso eu estou melhor do que você?

            — Sei lá!  Quem sabe disso não sou eu.

            Dois velhos amigos de infância, conversando o que só eles mesmos poderiam.  Aparecem muitas recordações, namoradas, moças bonitas da época, aventuras, confusões, festas e o colégio.  Este sempre foi o pomo da discórdia. Odiado por muitos, amado por poucos e necessário para todos, não havia mágica. Ou se aprende, ou morre estúpido que não teve vida condigna. É assim, não se foge a esta regra.

            — Pois eu lhe digo.  Passou dos sessenta e cinco, é melhor morrer.

            — Sessenta e cinco?  Tem muita gente bem mais velha vivendo feliz, feliz!

            — Até quando tomar o primeiro susto!

            — Homem, você está macabro!  Susto?  Que susto?

            — Aquele em saber que a sua primeira namoradinha, linda, tão doce, apaixonada, morreu.

            — Hein?

            — Morreu, rapaz, morreu.  Pensa que somos eternos?

 

            O velho e muito conservado alpendre, onde estavam sentados em cadeiras confortáveis, mesa longa e simples, cheirando a cera, bebendo um velho e conhecido blended, foram as únicas testemunhas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

O ataque apagão

 

                                     O ataque ‘apagão’

 

            E nada funcionou.  Face, Instagram, e principalmente o Zap, como é conhecido o Whats.  O mundo calou, não foram trocadas as mensagens de bom dia, tão costumeiras entre os usuários de celular.

            O Twitter escapou.  Motivo? Ninguém sabe.

            Mas o que se sabe, na verdade, é que o antigo KGB russo, hoje FSB, superior a qualquer outro serviço de informações, silenciou o mundo ocidental causando pânico entre os usuários deste serviço.  A falha, como não poderia deixar de ser, foi atribuída a erro técnico.  Erro técnico que pode se repetir a qualquer momento, os Estados Unidos entraram em decadência e vão água abaixo.  Trump acabou com a América grande, por ambição pessoal.   Não, não sou comunista.  Nem mesmo socialista.  Sim, escrevi no Pravda, como comentarista, mais de sete anos, o que não significa que morro de amores pelo sistema político rígido que controla a Rússia.  Detesto!  Não suporto qualquer tipo de tirania, tenha as cores que tiverem.

            Aqui vamos pior.  A baderna está institucionalizada, cada vez mais forte, ou seja, presa fácil.  O Brasil jamais passou tão sérios momentos, sejam políticos, econômicos e financeiros.  Surpreendentemente, o maldito ataque covid vai arrecefendo, mas para 2022 não existe verba para vacinas que consigam controlar nossas doenças!  Neste exato momento que conseguiram, com êxito, produzir um imunizante contra a malária.       

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O meu blog, II


 

                                              Meu blog

 

            Sempre escrevi, mas nada ordenado, com objetivo, até que principalmente por influência da minha mulher Ana, que insistia comigo para que me dedicasse mais a sério. 

            Facilidade sempre tive, mas sem compromisso com a produção de nada.  Até que após possuir mais liberdade, iniciei um conto, minha intenção no início. Coisa simples, apenas uma ficção envolvendo um atentado contra um dirigente estrangeiro que se encontrava no Brasil.  Nada mais.  Apaixonei-me pelo que estava fazendo e poucos eram os dias que dormia antes das três da manhã, por aí.  Publiquei o livro sem muita dificuldade.  Estava bonito e muito fácil de ler, embora seja um amontoado de informações diferentes.

           

            “A Regra do Jogo”, mas com o mesmo título têm muitos textos.  Gostei do resultado e logo parti para o segundo, este um romance social e devo mencionar que embora seja o autor, não sou idiota nem presunçoso.  Ficou bastante razoável, o meu “Casarão”.

            A causa de falar tudo isto?  Pensei em encerrar o blog.  Já é a segunda vez que isto me acontece.

 

            Vou acabar com o blog nada!  Ele nasceu em 11 de junho de 2008, foi feito com a intenção de divulgar o meu primeiro livro.  Não, eu não fiz nada, o editor encarregou-se de abrir uma conta Google em meu nome, com o blog junto.  Eu postei a matéria, o lançamento do livro.  Até hoje venho utilizando este veículo popular e simpático para divulgar o que penso.  Em contos, fatos acontecidos e muita política séria, que adoro.  Agradeço a todos vocês, queridos amigos leitores todo o apoio e incentivo dado.

            Obrigado, muito obrigado!

sábado, 10 de julho de 2021

O que penso


 

                                                      O que penso

Sabem? O Brasil nunca andou tão complicado!

Podemos ir à garra, se não houver mão firme! E eu pergunto: de quem podemos pedir auxílio?

De nós mesmo, ora. O povo anda muito alheio as suas causas, só reclama das autoridades, e nada faz de positivo.

Ou participa ativamente, em todos os setores civis, da maneira que for lícita, óbvio, ou fique de boca calada.

Todos sabem que o atual presidente só pensa na reeleição. Baixo clero, e comprometido com religiões incertas, os evangélicos fazem parte de seita a qual só o poder e o dinheiro interessam.

No mais, o estado brasileiro é laico. Se sou Lula? Claro que não! O ignorante liquida com o Brasil e ainda faz pose de herói? E ainda tem vantagem eleitoral em cima de qualquer opositor?

Este assunto precisa ser resolvido. Os crimes que praticou vão ficar impunes. A prescrição vai alcançar o bandido, e o Ministério Público continua de braços cruzados, não o denuncia em Brasília, foro competente.

Durante a II Guerra, havia um cartaz famoso, já utilizado antes. na primeira. Traduzido do inglês, quer dizer "Sua Pátria precisa de  você!”  Vamos guardar este mandamento!  Serve para nós com muita propriedade.

sábado, 29 de maio de 2021

Mas é assim


 

                                            Mas é assim

 

            Poucos acreditam, mas é a mais pura verdade.  Quem escreve, mente, ou bem melhor, inventa mesmo!

            Quando se fala e escreve, o que expressa mesmo é falar sobre determinado assunto, ou fato ocorrido, coisa inventada, ah, sei lá o que mais!

            O talento humano é muito fértil, conta histórias passadas com exatidão, ou de acordo com o autor, sem ela.  Se aconteceu, diria que  não deve exagerar na ficção, ou vai comprometer a realidade.  Deturpar um fato ocorrido não deve ser nunca objetivo de quem fala, ou bem mais sério, escreve sobre alguma coisa, seja ela um simples fato, um acidente sem gravidade que ocorreu na esquina, ou um grande assalto que assombrou os moradores de determinado lugar.  Os valores são os mais diversos.

            O pirralho era menor de idade.  Mas já havia alcançado um estágio da vida que poderia distinguir o certo do errado.  Continuava, perante a lei, irresponsável.  Sua atividade?  Nada saudável!  Ao invés de jogar futebol com os amigos, no campinho existente no lugar, disputado por todos, preferiu a pistola que lhe foi ofertada pelos mais velhos, com dois carregadores, ou pentes, como chamam os que estão acostumados.  Cada carregador pode comportar quatorze cartuchos. Se forem dois, o portador pode armar uma pequena guerra.

            — Ô seu imbecil, se esconde mais!  Qualquer um pode te acertar!

             Acertar nada, deixa de ser covarde, manda bala neles!

            — Você está muito exposto!

            — Aqui não tem isso não. Estamos em luta!  Ou levamos a melhor ou vamos bater o trinta e um!   

           

            Tristeza!  O mundo está extremamente cruel. Mentiras para se ir em frente,  falsidades para permanecer no lugar alcançado, seja ele sério e justo, ou crápula e safado.

            O período que passamos, ou talvez a história que o mundo sempre viveu,  foi esta. 

terça-feira, 27 de abril de 2021

"Paris é uma festa"


                                   Paris é uma festa

 

            Um dos mais agradáveis livros de Hemingway, quando era moço e estava na cidade com muitos intelectuais da época, acompanhado pela sua esposa Hadley, o mestre escreveu a peça até hoje muito lida.  Imortal, claro!

            Em determinada passagem, faz uma confissão.  Seu amigo Scott Fitzgerald, autor de “Suave é a noite”, até hoje um sucesso, depois de tomar uns ‘marcs’, que nada mais são do que aguardentes feitos a partir de frutas, desabafa com o  amigo:  “estou desgraçado”.

            “Desgraçado como?”

            “Zelda me disse que sou incapaz de dar prazer a uma mulher com membro tão pequeno”.  Zelda era a mulher dele.

            “Pois vamos ver”.  E foram a um banheiro público, plena Paris.  Scott exibiu o instrumento. 

            “Normal. Zelda é uma chata”, e convidou o amigo a darem uma volta no Louvre, a fim de apreciarem esculturas de nus famosos.  Como Hemingway tinha afirmado, nenhum erro, Scott estava dentro dos ‘padrões de normalidade’.  Motivo, naturalmente, de uma boa rodada de vinhos, ‘marcs’ e alegria.

            O fato é antológico.  Muitos se preocupam com a aparência, beleza, robustez, tanto de si como do seu corpo.  Tolice!  Sempre foi assim, o mundo, a Terra, o Universo e o homem não mudam!  É o destino de todos nós!


imagem:  "David", de Michelangelo

 

 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

A calma da noite


 

                                            A calma da noite

 

            Tudo silêncio.  Não se ouvia a barulheira infernal das cidades.

            O mundo mudou para pior, bem pior.  O desrespeito pela sociedade parece ter tomado conta de tudo.   Não parece, tomou mesmo.  O próximo vale de nada, perderam-se em definitivo os valores.

            É só aqui?  Todos fazem a pergunta.  Não.  O mundo caminha por trevas.  Estas vias obscuras parecem ter tomado conta em definitivo do poder.

            É o crack amaldiçoado, o sintético químico que mata aos poucos, sem ninguém perceber.  O ecxtasy arrebenta tudo, corpo e alma.  Mas tem cada vez mais adpetos, que não tomando conhecimento da acumulação progressiva no corpo, usam indiscriminadamente a droga que deixa a boca seca.

            É o mundo que se vive hoje, não por todos, mas por minoria que pode contagiar.  Era o que acontecia com o casal que não passava dos vinte e cinco anos de idade.  Bebiam água, muita água.  Os sensores cerebrais haviam perdido o controle sobre o corpo.  A casa da balada permitia que tal fato acontecesse.  Assim é no mundo inteiro.  Parece que os jovens, especialmente os que não foram educados com carinho por pais e mães, perdem-se no aparente mundo encantado.

            O mundo é assustador e maravilhoso, ao mesmo tempo.  Será que é fato de hoje?

            Tudo leva a crer que não.  O mundo mudou.  Impossível saber, se no silêncio da madrugada, estamos descansando, dormindo ou não.

 

            Para muitos, as noites altas são feitas visando o descanso.  Outros, e não são poucos, gostam de aproveitar o período para produzir.

            Suave é a noite, de Scott Fitzgerald, é um dos exemplos.

            A noite é tranquila. Pode sim, pode não.  Afinal, é uma questão de gosto. Nada mais.              

 

quarta-feira, 17 de março de 2021

"Os velhos marinheiros"

                                          “Os Velhos Marinheiros”

 

 

    Nosso escritor maior, pelo menos assim eu o julgo, foi muito feliz quando escreveu “As aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso.”

    Para quem nunca leu, e para os que leram e gostaram como eu, relembrar é dar gargalhadas, ao mesmo tempo em que podemos com nitidez perceber a alma do artista transformando fatos comuns em acontecimentos grandiosos, quando assim ele entende.  Transforma com facilidade o vencido em vencedor, e sabe suplantar a mediocridade sem ser agressivo nem grosseiro.

    Vasco era um rico comerciante de Salvador, que frequentava uma roda importante, todos ostentando títulos.  Sentia-se pequeno; diploma não tinha.  A cada dia, mais envergonhado, até que o Capitão dos Portos, comandante Georges Dias Nadreau tem uma conversa séria com o amigo.  Queria saber por que Vasco andava tão macambúzio.

    Após insistência, surgiu a verdade.  “Sou um merda, todo mundo é doutor, você, por exemplo, manda em marinheiros, tem patente, é o Capitão dos Portos.”  Revelado o segredo, ouve de resposta que “idiota, com o dinheiro que você tem, troco minha patente por ele.”  Como isto não é possível, Georges arranja uma farsa ideal.  Através de um exame onde imperou a mentira, Vasco torna-se, por obra e graça do Comandante Nadreu, capitão-de-longo-curso, habilitado a comandar navios pelos mares do mundo, mas com uma séria advertência: “veja lá o que vai me aprontar. Não se atreva a comandar navio nenhum”, e a resposta do amigo, agora sorriso só, foi um imediato “Deus me livre.”   

    Jorge Amado diz que os amigos “são o sal da terra”, e são mesmo!  O cabisbaixo Vasco torna-se valente comandante, senhor dos mares, rei das meretrizes que pululam nos portos, tem história atrás da outra para contar.

    Aposentado e desfeita a turma dos amigos, muda-se para Periperi, arredores de Salvador, onde cedo se transforma no mais importante morador da pequena cidade. E tome mentira, uma atrás da outra, casos de naufrágio, tempestades, mulheres apaixonadas...

    Não escapa das maledicências de Zequinha Curvelo, fiscal de rendas aposentado que não suporta o comandante; tomara-lhe o posto de contador de histórias na cidade.  Mas a história de Zequinha era só uma: as “tricas e futricas” sobre o seu processo na justiça, onde lutava por pagamento que, no seu entender, deveria ter sido feito.  Falava horrores da justiça, mas seu ódio era contra o comandante Vasco, a quem chamava de impostor, vagabundo, que nunca havia pisado no convés de um navio.

    Mas como tudo é possível, chega autoridade e solicita os préstimos do comandante, o único ainda encontrado na lista da Capitania.  Vasco recusa, mas sabe que não vai adiantar nada, como de fato aconteceu.  Teria que comandar um Ita, cujo comandante falecera em viagem.  Não tendo alternativa, entrega o comando ao imediato, Geir Matos.  A viagem vai tranqüila até Belém do Grão-Pará, mas na hora da atracação, quando é o comandante e somente ele quem dá as ordens, vem o desastre: desconhecendo como se amarra um navio ao cais, Vasco não duvida em ordenar que todos os cabos, âncoras e ancorotes sejam usados.  O navio parece fazer parte do cais, sob a gargalhada da tripulação e passageiros.

    Um porre de cachaça faz com que ele consiga dormir numa pensão vagabunda.

    Mas a quem Deus prometeu, nunca faltou, dizem todos.  Ventos tenebrosos e mar enfurecido desarvoraram todos os navios, menos o Ita, firme no porto, guiado pela mão segura do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso.

    Jorge Amado soube transformar a mediocridade humana num feito de grandes proporções.  Já li este romance um sem número de vezes...     


Imagem: Zélia Gattai, esposa e companheira de Jorge Amado

       

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O Concerto da Aranjuez


 

                          

 

 

A fantasiosa alma do povo, que caracteriza os mais diversos grandes grupos existentes na Terra, além de interessante é contraditória: existem várias interpretações para um fato determinado.

Todas as artes são fruto da mais dignificante expressão humana, mas a música parece levar uma vantagem sobre todas as outras.  Pelo menos para mim, parece.

Contam que Joaquim Rodrigo, o violonista flamengo admirado por todos, perdeu um filho moço, de muito pouca idade.  Sua mulher ficou desesperada, não comia, não dormia direito, só fazia chorar.  Na verdade, mãe nenhuma deveria perder um filho, especialmente quando ele é um menino que começa a dar os primeiros passos em direção ao seu estágio mais compreensivo da Vida.  Ninguém duvida disso.

Joaquim, como pai e bom marido, preocupava-se com a esposa e sentia a dor da perda.  Sofria duas vezes.

Procurou por várias formas consolar a mulher, e com este ato estava procurando alívio para si também.  Quem disse que só as mães sofrem a perda de um filho?  Não conseguia nem confortar a mãe desesperada, nem mitigar seu sofrimento.

Perdido, totalmente sem rumo e incapaz de enfrentar uma situação tão adversa, Rodrigo passou a meditar como seria possível sair desta situação triste, doída, sofrida, malvada e perversa.  Sua mulher era a principal preocupação, poderia passar à insanidade a qualquer momento.

Os músicos são privilegiados. Costumam chorar suas dores e lamentos usando suas armas.  Os instrumentos falam!

O pai desencantado já não tocava mais seu violão.  Estavam mudos, naquela casa, Rodrigo, sua mulher e o violão guardado na sua caixa de madeira.  Não era mexido.  As idéias do seu dono, massacrado pela perda irreparável, não traziam nenhum incentivo a tocar, ou compor.

Desilusão...

Mostrava-se claramente, na casa do músico famoso, cuja mulher definhava a cada dia.  O único filho, morto!  De que adiantava ser o maior violonista de Espanha?

Os amigos procuravam confortar.  Os amigos, que são o sal da Terra.  Mas nada, nem mesmo os mais queridos conseguiam diminuir a tristeza de Rodrigo e da sua mulher.

Joaquim não era covarde.  Procurava a cada momento dar algum destino ao sofrimento que passavam, mas na sua altivez, preocupa-se antes de tudo com a sua sofrida companheira.

Pensava, rezava como todo bom músico.  Não chegava a nenhuma conclusão, o que fazia aumentar seu sofrimento.

Mas, dizem os entendidos, a dor não é permanente.

Faz parte da Vida.  Não, o homem não nasceu para sofrer, embora muitos filósofos negativistas entendam desta maneira, que não conduz a lugar nenhum.  Ajudam a piorar o estado dos que já padecem...  

Rodrigo chegou à conclusão de que precisava se aproximar de Deus, de pedir que o sofrimento da mulher fosse consolado, que ele pudesse retornar ao seu violão, tocando, compondo, encantando.  Pedia isso todos os dias às paredes, ao Sol, às estrelas, às flores do campo.

Determinada manhã, quando o dia estava iluminado, as árvores com suas folhas verdes, o céu transparente e mostrando o esplendor do que não acaba, o que não tem fim, Rodrigo tirou o violão da caixa de madeira limpa e bem cuidada.

Segurou o instrumento como se fora o uma parte sua, seu filho, talvez.

Estava um pouco desafinado, mas os dedos nas cordas, e os da mão esquerda nas cravelhas logo colocaram o violão com seu som distinto de todos os outros, o violão flamengo.

“Eu preciso rezar, eu preciso falar com Deus”, pensou o músico.  Fez alguns acordes, notou que o som saía limpo, claro e afinado.

Ninguém jamais saberá explicar a causa.  Rodrigo talvez rezasse mal, mas quando tocava, era uma bela prece que estava fazendo.

Tangia as cordas com facilidade, a música tomou conta de toda a casa.  Para seu espanto, sua mulher chorava de maneira diferente.  Não era mais o choro sofrido, doído, amargurado.  Mostrava felicidade, e sorria para o marido que continuava seu improviso, o improviso que rogava a Deus que o escutasse, que fizesse parar a tortura a que estavam submetidos.

A cada toque na corda, o ambiente alegrava-se.  Tudo estava mudando como num grande passe de mágica, não havia mais tristeza, as dores foram-se embora, a mulher sorria, e o violonista continuava tocando o que hoje conhecemos como o Concerto de Aranjuez.

Esta é a mais bela lenda que envolve a peça flamenga, que fez os corações pararem de chorar de dor, tristeza e melancolia.     

 

imagem:  O violonista espanhol Paco de  Lucia

 

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Medo e tensão


 

                                          Medo e tensão

 

            Sim.  Como ser pensante, tenho medo e ansiedade, tensão.

            Estamos diante do maior perigo que o planeta Terra atravessou nos últimos cem anos.  Esta covid-19 não está para brincadeiras.  Então, diante do que nada posso fazer, salvo proteger-me, sim, confesso, tenho medo.

            A imprensa ajuda o pavor; não fala em outra coisa.  Os canais de televisão não falam em outra coisa, a internet também e eu caio na rede.  Falo aqui.  Mas é preciso dizer que é protesto, não sou órgão de informação coletiva.  Não é uma voz a mais a espalhar o medo, de fato que nada temos com esta ameaça.  Nunca fui pessimista, mas o momento é dos piores.

            As vacinas já estão sendo empregadas, mas não aqui, como seria de se esperar de um governo falido, ultrapassado e reacionário aos extremos.  O atual presidente, que tanto prometeu, revelou-se um fraco e incompetente.   Basta ver seu atual ministro da Saúde: um general do Exército.  O que se pode esperar de um homem desses, tratando deste assunto?  Nada, evidentemente nada, é um estranho, apenas isto.

            Enquanto isto, corremos alto risco.  Nós e o resto do mundo, com a diferença que as vacinas já estão sendo largamente empregadas por vários e vários países, enquanto aqui estão sendo ‘negociadas’.

            Vamos acabar como?  Eu não sei.  Sei não! 

Imagem: Solidão