Blue Poles
Os biógrafos do maior pintor americano, Paul Jackson
Pollock, contam histórias sobre o conturbado artista que parecem absurdas.
Pollock era fumante e bebedor inveterado. Usava como suporte para sua pintura papel
impermeável; era muito difícil encontrar tela de pano, devido aos tamanhos que
empregava, imensos. Tinha tendência
suicida, conhecida pelos amigos.
Certa noite ligou para um deles. Disse que iria se matar, estava avisando. O amigo pediu que ele esperasse um pouco, era
velho companheiro de bebedeiras e gostaria de tomar a última na companhia do
pintor. Perguntou se havia bebida
suficiente no estúdio. Havia.
Em pouco tempo estava diante do potencial suicida, que se
encontrava embriagado, como de costume.
Confraternizaram-se e passaram a piorar o estado em que se achavam. Pollock reclamando muito, inclusive da sua
última obra, que chamou de “Alcoolismo e Neurose sobre tela”. O clima era este.
O amigo estava eufórico e deu a sugestão de antes de
morrer, Pollock pintasse com ele a última tela, ideia prontamente aceita. Papel esticado no chão, pote, tubos e vidros
de tinta começaram a obra freneticamente.
O uísque não parava de ser tomado, à medida que as tintas eram atiradas
sobre a tela, a característica da obra do autor. Vidros se quebraram sobre a superfície, foram pisados e até hoje existe marca de sangue na pintura, que quando
terminada, os autores já estavam quase dormindo.
Quando amanheceu, Pollock já não falava mais em morte,
mas passou a examinar o resultado. O
amigo preparava um café.
O pintor escolheu a área que mais gostou, e deu o nome de
“Blue Poles”, que em 1973 foi vendido ao governo australiano por dois milhões
de dólares, hoje irrisórios, mas na época o mais alto preço de pintura não
convencional. Encontra-se na National
Gallery of Australia, em Camberra.
É o que se conta.