terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cuba



            Tenho a convicção de que quem escreve não pode se omitir da crônica política.
            Assim é o recente fato que envolve Cuba.  Impossível não tecer considerações com o acontecido recentemente. 
            Por questões de retaliação, os Estados Unidos e diversos outros países passaram a ver a pequena Cuba como verdadeiro “bicho-papão”, lugar de onde poderiam sair todas as maldades que atingissem as Américas.  Tudo isso logo após Fidel Castro ter libertado a ilha das mãos de Fulgêncio Batista, presidente eleito que governava o país ditatorialmente e sem o menor escrúpulo cívico.
            Como em toda vitoriosa revolução armada, os primeiros momentos foram violentos.  Muita gente foi fuzilada, e talvez uns poucos inocentes tenham sido vítimas.  Nunca se sabe com certeza.  Faz parte do processo revolucionário.
            A reação diplomática norte-americana falhou.  Os Estados Unidos tinham muitos interesses econômicos, alguns nada produtivos, como os cassinos.  Jogaram duro e pretenderam manter seus domínios sobre a ilha.
            Ora, o movimento era de libertação.  Logo Fidel passava para o lado da Rússia, então comunista.  O modelo político foi adotado também em Cuba.  De imediato ela se achou isolada comercialmente e de qualquer outro tipo de negócio.
            O país ficou como um satélite russo, dependendo das negociações com o açúcar, praticamente seu único produto de exportação.  Isso durou muitos anos.  Com a queda do Muro de Berlim, a Rússia não tinha mais como apoiar a nação caribenha.  Os investimentos estrangeiros não existiam.  Fidel teimava, como teima até hoje, em convocar eleições livres.  A nação empobreceu demais e hoje Havana encontra-se em estado bastante feio.
            De tempos em tempos, os Estados Unidos têm presidentes audaciosos na boa política externa.  Barack Obama foi eleito e reeleito com esperanças, mas é preciso ter noção que dirigir país onde os poderosos dominam é tarefa difícil manter política mais liberal.  Uma das suas metas era resgatar Cuba do seu isolamento.  Através de missões diplomáticas pequenas, dos dois países, as reuniões feitas no Canadá começaram a ganhar corpo.  A entrada do Papa Francisco, com a sua autoridade moral conhecida e indiscutível, foi o elo que faltava para a consolidação do acordo.  É sabido que tanto Obama, como Raúl Castro mantiveram reuniões e contatos com o Papa, advogado da paz no caso. As conversas começaram no dia de aniversário dele, como homenagem, claro.
            O mundo assistiu com prazer o entendimento entre Raúl e Obama.  Está estabelecido o início de uma nova era, onde o entendimento vai prosperar, ao que tudo indica.
            Quais os resultados?  Em primeiro lugar, a volta de Cuba à América, o maior continente do mundo, já que abrange os dois hemisférios. 
            Como consequência, a interrupção do bloqueio comercial, o restabelecimento das relações diplomáticas com todos os países americanos, a geração de riquezas que resgatem a beleza cubana e, naturalmente a realização de eleições que podem transformar o comunismo duro em socialismo democrático, provavelmente com regime de gabinete.
            O isolamento jamais construiu nada.  

Publicado no Pravda em 25/12/2014  http://port.pravda.ru/news/science/25-12-2014/37794-cuba_opiniao-0/



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Cores

      
            A repetição de crônicas e contos que venho fazendo começa a cansar.  É hora de mudança, diz o interior. 
            Gosto de pintura, já pintei – mal – mas acabei por aprender a admirar mais formas e cores. Guardo muita simpatia por determinados pintores e não aguento com outros, alguns consagrados.  Mas não é meu objetivo falar em pintura, nem de artistas.
            Surpreende-me a Natureza com as plantas.  Muitos leitores conhecem bem o que vou dizer; outros não.  Que me permitam os primeiros.
            As cores primárias, assim denominadas porque são puras, são o vermelho, o amarelo e o azul.  As secundárias são as misturas das primárias entre si.  Há uma variedade de sete, no total.  São ditas complementares quando uma cor é primária, e a outra é composta pelas outras duas primárias.
Digamos que temos um vermelho.  As outras duas primárias são o amarelo e o azul, que misturadas dão o verde.  Portanto, vermelho e verde são complementares.  O amarelo, as duas outras primárias são o vermelho e o azul, que misturadas dão a cor violeta, complementar do amarelo. Por fim, o azul, primária.  Sobram amarelo e vermelho, que dão o laranja, complementar do azul.
            Quem ainda não fez a observação, que aproveite.  Olhe as plantas e suas flores, que naturalmente, segundo acredito, foram o objeto de partida para o estudo citado, e não o disco de Newton ou a decomposição da luz por um prisma.  
            A pródiga Natureza se encarrega de mostrar do que é capaz.  Quase todas as flores têm cores complementares, o que faz a beleza completa.  As complementares têm esta propriedade: tornam mais bonita a união.
            Um passeio em algum jardim florido mostra isso.  A mais comum é o verde com o vermelho.  Esta combinação parece ser a mais frequente na Natureza.  A planta chamada violeta, por ter esta cor, possui no centro o amarelo, a complementar.  Azul e laranja são mais difíceis, mas muito encontradas em orquídeas.
            Preste atenção, é tudo muito perfeito.  Depois, observe que nos quadros dos grandes mestres sempre aparece uma combinação de cores complementares, por menor que seja o tamanho pintado.
            Os olhos agradecem.