É
possível? Falar horas e mais horas, dias
e mais dias, anos consecutivos, enfim, sem data determinada, manter um diálogo
consigo mesmo?
Não
só é possível, como muitas vezes necessário.
Mas não esconda dos outros; publique, fale, pode auxiliar, confortar,
ensinar alguém. Ou levar tudo, de vez,
para o buraco que sorrateiro nos espera.
Ou você pensa que não? Ou você
faz questão de nem pensar no assunto?
Ah! Mas ele existe, como existe!
Homem, você está sentado, tomando um café forte, delicioso, na hora certa, e
vem um maldito AVC, ferra sua saúde, se não matar deixar sequelas indigestas.
Pensa que você é alguém? E como eu, é
nada, um sujo, ou até mesmo santo num dia luminoso. Pior: só o dia. A Vida, algo maravilhoso que carrega, pode
fugir a qualquer instante, agora para mim, por exemplo, e não permitir que eu
termine esta crônica maldita.
Vivemos
uma grande ilusão realista. Dá para entender?
Mas é assim, e quem quiser entender que pense! Estou inteiro no momento. E depois?
Viro defunto sem mais nem menos, eu e todos nós, inclusive você que está
me lendo. Escritor maldito? Qual! Um homem que sabe ver o que o cerca, a
grandiosidade da Vida e ao mesmo tempo a sua transitoriedade. Somos nada!
“Porra,
este cara é um derrotista”. E eu
respondo: e você um cego, ainda não percebeu que a Vida de nada vale? Nada, absolutamente nada, não se iluda. Vale o que você faz, o que você prega, o que
você vive! Tolice continuar: vale muitas coisas.
Tantas
pessoas nascem, vivem e morrem sem ter acrescentado nada, nem um protesto
contra os safados que existem neste mundo, os pregadores do ódio, da mentira,
do assalto ao bolso alheio, seja com arma de fogo ou com a caneta, hoje tão mais
comum? É problema brasileiro? Piada, isso!
Acontece em todos os quadrantes do pequeno planeta que gira completo em
torno do Sol em aproximadamente 365,25 dias, chamado Terra. Uma mediocridade de lugar, se comparado com
os grandes corpos celestes. Mas aqui existem
as belas mulheres, o sacrossanto uísque, as mais diversas e maravilhosas
comidas, o sono, a fantasia, e, enfim, o amor.
O que seria destas coisas todas não fosse o Amor?
Nada! Absolutamente nada!