Especial/cvm
A origem da cachaça é muito incerta. Mas o produto é genuinamente brasileiro.
A mais tradicional explicação é que a bebida teria surgido com a degradação orgânica do melado, feito pelos escravos. O melado era obtido através da fervura do caldo de cana, mexendo sem cessar, enquanto esquentava ao fogo.
Um descuido fez com que o melado, guardado em pote de barro, sofresse a ação do ar e de partículas presentes, oxidando o líquido, como aconteceu com o pão e o vinho.
O processo chamado fermentação, transformou o caldo de cana numa bebida forte, que tomada em grandes quantidades, embriagava. Foi o que bastou para serem construídos alambiques de barro, até hoje existentes em lugares onde a bebida é artesanalmente feita.
A bebida, repudiada pelos portugueses que não queriam ver a queda nas vendas da bagaceira, feita em Portugal e utilizando o bagaço destilado de uvas, tomou o gosto dos brasileiros. Ilegal diante o mando português, acabou sendo livre com a Independência.
Mas sempre foi produzida e consumida. A melhor cachaça produzida é mesmo a que é destilada em alambiques de barro, cujo melado fermentou em potes do mesmo material. Por ser inerte, não contêm sais de cobre, inevitáveis nos alambiques tradicionais comuns, tóxicos. O alambique de barro é raridade; poucos lugares ainda possuem o recipiente não tóxico e que vem de muito longa data.
A fabricação artesanal exige cuidados especiais. Os primeiros produtos destilados, ditos cachaça de cabeça, devem ser bebidos apenas com muita moderação pelos apreciadores. Fato idêntico ocorre com o final da destilação, a chamada cauda da cachaça. Deve ser descartada, como a cachaça de cabeça, para a obtenção do produto que vai envelhecer, no mínimo, por dois anos em tonéis de carvalho que serviram para amadurecer vinho tinto. É este o processo artesanal, conhecido como perfeito na produção da melhor cachaça.
A indústria, naturalmente, não pode adotar este método, onde a produção é pequena.
Usa grandes alambiques de aço inoxidável, e o caldo de cana é fermentado artificialmente.
Gostou? Beba uma boa dose, sem exageros. Cachaça de pote é coisa séria...
2 comentários:
Compadre,
para escrever outra como essa, terá de parar de tomar chá verde e voltar ao néctar dos deuses. No que tange à ilustração, a moça é flautista da Filarmônica de SCS, o pote e a taça da internet. A composição deu-se no Illustrator e Photoshop, com leve toque do InDesign. Texto e imagem mesclados, não batidos. Parabéns!
Como dia a Maria Olimpia Alves de Melo, cachaça de pote é um perigo.
Sendo mineira legítima, sabe o que fala!
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