domingo, 13 de dezembro de 2009

Simplesmente vida

  Rosa








Difícil entender a Vida. Afinal, são muitos fatos.
O primeiro deles, talvez o mais visível, é que você está vivo. Tem consciência disso, sente a verdade. Sente fome, sente sede, sente sono. Fatos primários, que costumamos estar diante deles a qualquer instante.
Mas estes fatos, aliados com outros, mudam inteiramente a Vida humana. E o homem, queira ou não, se indaga. Já nem falo mais do velho e batido pensamento quem sou, de onde vim e para onde vou. É verdade que esta idéia é a mais forte do que muitas, mas talvez esteja sendo posta de lado quando valores diferentes se levantam.
O que é o amor, por exemplo? Os outros refinamentos não intelectuais, querendo ou não, você os encontra em cada passo do caminho. O amor pela música, pelas artes plásticas, pela literatura, e tantos outros que cansariam o leitor, que os conhece e sente.
Sentir a Vida correndo pelos pulsos, as batidas cardíacas mostram isso.
Mistério. Tudo mistério que por mais que tentemos, a gente não sabe explicar. Neste ponto, parece que tudo cessa. Estes fatos não necessitam explicação, basta poderem ser constatados.
Mas a curiosidade humana é grande demais para ser satisfeita com essas verificações. Quer ir além. Se estou escrevendo, porque faço isto? Vale à pena? Fernando Pessoa, no seu Mar Portuguez, é taxativo: “tudo vale a pena, se a alma não é pequena.”
Sentimos prazer e dor. Segundo parece, ambos andam de mãos juntas, e que não podem se apartar.
Vamos seguir uma linha simples, por motivos pragmáticos. Acordamos. Fazemos nossa higiene. Passamos à mesa do café matinal. Há os que gostam de refeição ligeira, mas frugal, se é que isto é possível. Outros se limitam ao café que tudo perfuma, inclusive nossa alma.
Alma? O que é isto? Parece que caí na própria armadilha! Alma existe? Digo, o pensamento formado por uma complexa cadeia de neurônios, que pensa com exatidão, move a nossa Vida.
Ficamos só nisso? E quando toca aquela música que agrada profundamente, muitas vezes ao ponto de chorar? E quando sentimos a mão da amada segurando firme, demonstrando carinho, afeição, amor?
Tudo isso é simplesmente inacreditável, maravilhoso.

6 comentários:

Carlos Agusto disse...

Suave, mas profundo. A cada texto, uma superação. É difícil isso, Jorge.
Parabéns.
Abraço do amigo Carlos Augusto.

Márcia Sanchez Luz disse...

Lidar com o real não é tarefa fácil, Jorge. Talvez por isto precisemos tanto da arte como forma de expressão.
Belo texto.
Beijos,
Márcia

Regina Luft disse...

Maravilhoso é este texto, onde a doçura está presente com exuberância. Que coisa mais linda, Jorge.


Beijos.

Caio Martins disse...

É por aí, Jorge. Quando vemos palavras como essas, inda mais vindo de quem já passou pelo laminador tantas vezes, temos ânimo extra para enfrentar qualquer obstáculo.

Diferente seria se topássemos com amargura e rancor, inveja e hostilidade, hipocrisia e prepotência. A isso, pomos a distância necessária, e fechamos todas as portas.

Forte abraço.

Cris Cerqueira disse...

Uma rosa posta
Na imagem do coração
Vale a pena ver...

(Deixo uma a ti neste Natal, meu futuro amigo)

Luciana Campos disse...

Caro amigo,

Ao ler "Simplesmente Vida", talvez maior do que a grande incerteza da vida, nos deparamos com a pequenez de nossas verdades, com a ignorância do ser-humano. Penso que tal ignorância seja de extrema necessidade, pois a mesma faz-nos viver dia a dia, vibrar e aguardar por dias melhores, por vida, vida e mais vida adiante...
Parabéns pelo texto, é lindo.

Abs.