Pelé
Estamos perto das paixões, emoções, abraços, cerveja e cachaça, família e amigos reunidos em torno da televisão, a torcer pelo Brasil na Copa 2010, na África do Sul.
Nossos melhores narradores e comentaristas vão assistir de tribuna privilegiada. Nelson Rodrigues, João Saldanha, Armando Nogueira... São tantos!
Quantas Copas gloriosas. Lembro a de 58, na Suécia. Era muito pequeno, mas a euforia dos meus pais e dos vizinhos contaminava. Julinha – como eu gosto hoje de tratar minha falecida mãe e Jorge, este entendido na arte, foi um bom goleiro, meu pai – que só ouvia depois de dois uísques, falavam o tempo todo.
Dizem que mulher não entende nada de futebol. Mentira! Minha mãe, só com a narração de Luiz Mendes, fazia comentários que na época eu não entendia bem. Todos certos. Tinha quatro irmãos homens.
Fato maravilhoso! Toda a seleção brasileira era de craques. Só para dar um exemplo, Garrincha e Pelé jogavam no ataque! Os maiores jogadores que o mundo já conheceu massacrando qualquer defesa. A única que não foi goleada colocou os onze jogadores dentro do gol. País de Gales, 1x0 Brasil.
Chutou tanto que uma teria que entrar. O então menino magrinho, pretinho, por nome Edson Arantes do Nascimento, com apenas dezessete anos de idade surgia como um novo nome. Ainda não era um ‘doutor’ Didi, ou Newton Santos. Mas começava a sua carreira de Rei. Rei dos gramados, senhor absoluto dentro de um campo verde, e figura respeitável fora dele.
Final: Brasil x Suécia, a dona da casa. Trouxemos a Jules Rimet, goleada de 5x2.
Quatro anos depois, no Chile. O famoso caneco é levantado ao povo pelo zagueiro Mauro, repetindo Bellini, na Suécia.
Uma vez mais Pelé justificou seu título, no México. A única seleção que nos enfrentou foi a inglesa, com o goleiro Gordon Banks defendendo uma cabeçada para o chão, dada pelo Rei e considerada mortal. Perdeu por apenas um gol. As outras foram atropeladas.
E a poesia, onde fica? Garrincha comprou um rádio de pilhas na Suécia.
Reclamou com o ‘compadre’ Newton que a miséria só falava uma língua estranha, fora trapaceado pelo vendedor. A ‘Enciclopédia’, para aliviar o mal do amigo, ficou e pagou o preço do rádio. Quando sobrevoavam o Rio, na volta, Newton mostrou ao seu eterno protegido. “Ficou bom, Mané. Escuta só”! E a voz brasileira fez-se ouvir. Garrincha devolveu o dinheiro pago pelo amigo.
Era absolutamente ignorante, mas não desonesto.
9 comentários:
Tempo bom,futebol bom,gente boa.tudo de bom!Abraço grande
Ah...você tá nos lembrando do que era o futebol de verdade.
Hoje, perdoa mas não consigo me inflamar com um bando de mercenários sem arte sem vontade sem Garrincha.
obs: a seleção de 82 eu gostei.
1970 - Guadalajara - México! - Dificilmente essa copa será superada. Para mim, foi a melhor!!! Um abraço!
Jorge,
Muito obrigada, pela visita, pela sensibilidade e pelo carinho.
Será sempre um prazer para o Only Hope, ser visitado por pessoas assim como você.
Mais uma vez obrigada e volte sempre.
Iêda Araújo
Bons tempos Jorge em que o jogador lutava em campo por amor ao país
Hoje joga en troca de dinheiro e fama..bjus
Jorge, um dos raros comentários sobre futebol que li até o fim (para mim, toda bola é quadrada)... Belíssimo!
Prosa deliciosa, redonda como bola de futebol. Que venham outros e lindos gols como esse. Parabéns.
Bons tempos, quando o jogador de futebol era um desportista.
Hoje é um mercantilista, pela imposição da vida moderna.
Excelente recordação, Jorge.
Jorge, com relação ao seriado Bonanza, às vezes aparecia uma mulher, sim, todos eles um dia tiveram uma namorada, mas a gente já sabia de antemão que não ia dar certo, pois se desse, elas teriam que fazer parte da família...rs. Sempre acontecia alguma coisa para que o namoro fosse rompido. Abração!
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