Abraço
O senhor que falava no telefone com um cliente, tinha por volta dos seus cinquenta e poucos anos.
Médico competente reunia grande clientela. Sua capacidade e dedicação já haviam curado muitos pacientes portadores de deficiências hormonais, uma especialidade médica difícil.
Sua agenda, sempre cheia, permitiu-lhe amealhar bom dinheiro, que soube investir bem.
Família não grande: mulher e duas lindas filhas.
O convívio era harmonioso, e alguns hábitos eram sempre seguidos. O café da manhã, sempre os quatro reunidos. Frutas, queijos, torradas e um café delicioso. A conversa, como a que iria acontecer durante a noite, era sempre muito agradável. Uma família perfeita, diziam.
A mulher, exímia encadernadora, principalmente em couro, tinha trabalhos e mais trabalhos por fazer. Amava aquilo, que aprendera por muito gosto quando jovem.
As moças não eram diferentes; a mais velha seguia o curso de medicina, onde se mostrava brilhante. Sua irmã, lindíssima, fazia curso para ser modelo. Tinha apenas dezessete anos, corpo esguio, rosto muito firme e bem postado, era uma linda mulher.
Os homens, ainda não se sabe e acredito que não vão saber nunca, por uma questão de equivocada virilidade e masculinidade, volta e meia gostam de provar a si mesmos que ainda têm o vigor da juventude.
Assim é que o doutor Ferraro, nas tarde de quinta-feira, ligava para um determinado número telefônico e tinha ao seu dispor sexual belas e jovens moças que cobravam caro e exigiam o uso de preservativo. Tinha este hábito por pouco tempo, seis meses.
Os encontros eram feitos nos mais diversos locais. Era por escolha de quem contratava, a preço alto, as mulheres sempre lindas.
Foi ao encontro de uma, num edifício elegante.
Quando a porta se abriu, num vestido longo, tom pastel, sapatos elegantes como todo o resto da mulher, um espanto para os dois. Dourada, e lindíssima, sua filha Rita agarrou-se com ele.
Foi o choro mais sofrido que ambos tiveram.
14 comentários:
Sabia que vinha alguma guinada no final, a família parecia feliz e certinha demais. Mas a quebra de expectativa foi mais contundente do que esperava. Parabéns, amigo Jorge. Bom domingo.
Que coisa linda,emocionante,Jorge!abraços.lindo domingo,chica
A vida,como ela é...
Cada um tem aquilo que merece.
Um abraço
Passei pra deixar um abraço!
No compasso da correria diária, ler tuas crônicas já virou exigência prévia...
A verdade é cruel as vezes.
Adorei!
Abraços
Jorge, gostei demais dessa real ficção. Quando comecei a ler o texto sabia que ia dar confusão no final.
Poxa, mas não sabia que a Rita era a causa da confusão!
Gelou as minhas mãos e pés.
Gostei da personagem,aliás, do texto todo.
Parabéns
Grande Jorge... Começa lento, adensa e vai para um desfecho imprevisto a toda velocidade. Coisa de Mestre, Mestre.
Olá, comentar o comentado em meu blog, é verdade querido o amor as vezes tumultua e acalma.
Sobre o poema:
No poema falo de alguém de poucas palavras que leva o que escreve como quem leva sua cruz para essa pessoa é um ministério sagrado escrever, nas entrelinhas podemos ouvir gritos e sussuros deste, assim também se nota um sorrir triste na foto do mesmo, como quem é castigado hj e amanhã, ele carrega consigo desesperança, ao ve-lo não abrigo em meus sentimentos nada mais do que falta de intenção, nem mesmo há alguma lembrança boa, resta ao meu coração só o descanso como o descanso de quem é morto na paz.
Abraços!
Tal pai, tal filha...
Adorei a crônica! Escrita de forma que prende a atenção e dá um desfecho realista!
Parabéns, grande cronista!!!!
Beijos mil!!!
Jorge,
Rodriguiano!
A complexidade da alma é sempre mt interessante. Adorei o conto.
Bj
Pois , infelizmente, sua estória até corresponde à realidade e é prova de que quanto podem iludir as aparências.
Saudações do lado de cá do mar-oceano.
Bom encontrá-lo em mais um
espaço, Jorge. Beijinhos e um
delicioso final de semana
prolongado ; )
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