Girassóis/Van Gogh
As cartas de Van Gogh ao seu irmão Theo e o depoimento deste, não deixam dúvida. Pouco antes de morrer, Vincent disse que la misère ne finira jamais.
Mais uma conclusão do pintor que revolucionou a arte.
Vincent não afirmou que a miséria monetária do homem não teria fim. Seu alcance foi bem mais longo. Ele sabia que a miséria humana não tem fim, sentiu esta verdade dentro de sua alma.
O homem sofre, é uma condição da vida.
Sentiu ao longo da sua existência que o fato é verdadeiro, embora tenha sido um doente. Da sua doença surgiram os mais belos quadros e sobretudo expressivos que conhecemos. Além de mestre nas tintas, compreendia bem a vida. Não fosse assim, não conseguiria transmitir a emoção que quis e conseguiu passar para a Humanidade.
São pinturas expressivas aos extremos, ora tristes e igualmente de uma beleza incomum. O par de botas, o quarto do pintor, ele mesmo com a orelha decepada por um corte de navalha, fruto de uma briga com o seu contemporâneo Gaugin, tudo isto importa numa visão de vida exterior e interior muito grande.
O homem nasce sozinho, vive sozinho e morre sozinho, a despeito do que queremos crer. Por mais amor que o cerque, sua existência é solitária.
Foi isto que o mestre concluiu e viveu.
Seus campos, seus trigais. As cenas humanas retratadas mostram um homem que conhece suas limitações e misérias.
Mostram igualmente a grandiosidade de um homem que mesmo sabendo nada, soube transmitir o tudo...
É verdade que a Vida está cheia de lados negros. Mas o melhor é vivermos com todas as felicidades que ela nos oferece.
A começar pelo amor. Tem tanta coisa...
20 comentários:
Então... E tantos querendo se impor por pensarem ser os mestres, os doutores de causas defendidas.
Vou te contar, viu!
Os 'loucos' são aqueles que se dizem 'sãos', porque o louco original não precisar mostrar a que veio. Vem, acontece e fica para a glória, sem bater no peito, sem ter que provar isso ou aquilo, a esse ou àquele.
Então... foram buscá-lo para a eternidade dentro de sua são loucura.
Doentes somos nós.
Estou treinando, um dia, eu juro, quero a loucura também. Sei que está nela a felicidade original. Original...
Viva os girassóis!
Como sempre, belíssima leitura. Aproveito pra dizer, que seu blog ficou muito lindo. Parabéns. bjs e carinho.
O trabalho de dar outra forma a este blog é do meu amigo e colega colunista político Caio Martins, do Vote Brasil. Os elogios devem ser dirigidos a ele, e eu, com afeto, agradeço.
Abraço, irmão!
Jorge
Muito bem retratada uma das dualidades do ser humano através de um gênio da pintura. Almejamos a felicidade e deixamos nos enredar em nossas dificuldades, fazendo com que a vida seja um peso a carregar. Como sempre, lindamente escrita e reflexiva!
Beijos mil!!!!
tem tanta coisa...
começando pelo amor, diria:
nem. Diria não!
digo!
Ranquei minha orelha, pra te ler com teus sabores!
É, Jorge, a miséria humana não acaba. Ela é inerente à nossa humanidade. Acredito nessa afirmação, por isso acho tão importante a alegria, o bem viver, as energias positivas. Gosto muito do Van Gogh, que vida a dele, hein!!! E que obra maravilhosa! E no entanto, que sofrimento ele suportou. Acho que é também, em razão de agruras vivenciadas que ele referiu-se desse modo tão incisivo e conclusivo sobre a infinitude da miséria humana. Esse entende do assunto! Parabéns pelo texto, belo e oportuno.
Bjsssss
São as singularidades das vidas que determinam as obras. Assim aconteceu com Van Gogh.
Belíssima a sua escrita!
É verdade que a miséria - todo o tipo de miséria - nunca acabará, mas está na nossa mão mitigá-la.
Abraço
Belíssima leitura Jorge...bjus
Jorge, lembro-me da forte impressão que "Miséria Humana" me causou, quando a li em 2009... De certa forma a identidade com o Van Gogh a todos nos atinge. Então, como diz Rita, vivam os girassóis!
P.S.: O Prosa e Verso de Boteco já está no ar, desde ontem. Testes finais, e começamos as postagens neste fim de semana. Obrigado pelo apoio, meu amigo.
Jorge,
Sinto-me particularmente tocada, pois Van Gogh tem sido, a meu ver, uma referência de Humanismo e Arte das maiores de todos os tempos. Lá, na lateral do nosso espaço, expus alguns quadros do Mestre holandês.
Parabéns pelo expressivo post!
Bom final de semana!
Jorge,
Van Gogh é mesmo um caso à parte. Nunca um louco foi tão lúcido - em sua arte e na transgressão que ela representou à epoca. Seu texto faz justiça a ele e a tantos "loucos" injustiçados. Parabéns.
Como posso comentar isso?
Exato você foi.
A miséria humana é irrevogável.
A genialidade de alguns também.
Sucinta e certeira essa reflexão.
Abraço.
Jorge, este texto é imenso em tão poucas linhas...Sim, a miséria é esta danação que se renova a cada passo. A condição humana é isto.Resta-nos tornarmo-nos nesse existir.
imenso abraço
"-Sou um miserável" - constatou um infeliz Jean Valjean, entre tantas desventuras que lhe forjou o genial Victor Hugo. Aprecio a pintura do Van Gogh, mas não sem me inquietar por falar de uma certa morbidez que no fim das contas se esconde dentro de todos nós.
Deveras interessante é perceber que o mito do 'estar sozinho mesmo em meio à multidão' é um dos maiores sofrimentos do homem moderno, gosto do tom otimista com o qual encerras essa pequena crônica analítica, para todo lado negro existe outro de claridade que é de alcance ainda maior.
Sobre o amor, ah, o amor! Ele pode ser tanto resposta quanto pergunta, remédio ou veneno, o que define é a posologia. "Pergunte pr'o seu Orixá / O amor só é bom se doer..." - já disse o Poetinha para os miseráveis amantes.
Cheiros
Pati :)
JORGE...QUE MARAVILHA SEU BLOG,CONTEÚDOS INTERESSANTÍSSIMOS...ESATÁ DE PARABÉNS! FIQUEI ENCANTADA RSRSR QUANDO CRESCER QUERO SER IGUAL Á VOCÊ. BEIJUS
Sentiu, Jorge, ao longo da doença, os mais belos quadros que quis
com a tua orelha decepada traçar um fruto de uma briga contemporânea da que mais me importa tua visão de vida exterior e interior muito grande, querido? heim?
Sentiu?
Nossa solidão e precariedade,transformadas,sublimemente em beleza e comoção.
E tem tanta coisa...
Beijo,Jorge,parabéns,Caio.
Van Gogh, da solidão e sofrimento uma obra inigualávei.
Texto belíssimo, Jorge.
Abraços
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