Adoro e leio as crônicas de Ubaldo. Direto, objetivo, sempre seguindo linha própria e inteligente. Não gosto do autor romancista, e tenho a coragem de afirmar isto. Vamos com paciência e por partes.
Os livros por ele publicados têm muitos pecados. Mesmo “Memórias do Sargento Getúlio”, que me parece o mais simples de ser entendido, dá trabalho ao leitor.
O meu caro literato prima por ser prolixo e confuso, embora muito rico. Seus romances, quase sempre, afastam o leitor contemporâneo, que admira a clareza e repudia o gongorismo. Assim é que Ubaldo, talvez querendo bater “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freire, escreveu “Viva o Povo Brasileiro”, um livro muito ingrato de ser apreciado. Dito como um dos mais importantes livros da literatura brasileira, não se compara com o que pretendeu suplantar.
É complicado na linguagem, que Ubaldo teima em usar, talvez pela sua forte influência de Vieira. Com custo, para estudo somente, o livro é lido por causa dos comentários que recebeu. Chato, chatíssimo, precisa de uma dose de paciência muito grande para ser digerido. Por cima de tudo, com mais de setecentas páginas. Um abuso literário, dos maiores.
Dirão todos: “um cronista idiota querendo criticar um de nossos grandes autores.” Não! Pretendo apenas falar, dizer que respeito profundamente João Ubaldo Ribeiro, mesmo em “Viva o Povo...” Li todo, à custa de sacrifício, que o autor poderia me ter poupado. Não seguiu as sagradas regras, atrapalhou tudo e criou um livro para intelectuais, somente. Erro dos maiores.
Talvez seja idiotice minha, admito. Mas, no momento, quero ver quem encara um tijolo daqueles sem reclamar.
O exagero de Ubaldo é a simplicidade de Guimarães Rosa e Jorge Amado. A simplicidade e objetivo acima de tudo. Fui aluno de um dos maiores matemáticos do Brasil, professor Benjamim Carias de Oliveira. Sempre, em todas as suas aulas, dizia “seja direto, simples e objetivo”. Estudei, por conta própria, até atingir os fundamentos mais básicos do cálculo diferencial e integral, mais de trinta e cinco anos consecutivos, Matemática e Física. Minha pretensão não era, em absoluto, tornar-me um experiente nas matérias, mas sim aprimorar minha atividade de navegador, fato que consegui, mas nunca dei a volta ao mundo num veleiro! Não sou um pateta!
Simplifica nos romances, Ubaldo, simplifica! Literatura é para o povo instruído, não para professores universitários.
12 comentários:
Tem razão Jorge ,o escritor tem qua alcançar todas as camadas,tem que descomplicar para ser lido e entendido...bjus
Jorge, para ser crítico precisa ser bom leitor. Criticar um cânone brasileiro, 'tipo esse' é para quem tem peito aberto e cabeça feita como você. Carregar tijolo...
Nem a Bíblia.
Ando sem tempo, por isso prefiro textos curtos. Os blogs têm dado uma abertura imensa para conhecermos escritores de ótimo quilate. Não são cânones, são escritores.
OI JORGE,
PASSEI POR AQUI EM OUTRAS POSTS MAS NÃO CONSEGUI EDITAR O COMENTÁRIO.ENFIM...
NÃO CONSEGUI LER VIVA O POVO BRASILEIRO E NO ENTANTO GOSTO DE ALGUMAS CR6ONICAS DE UBALDO PUBLICADAS NO ESTADÀO DE DOMINGO.GOSTO MAS NÃO APAIXONADAMENTE.HOJE A BUSCA É PELA SINTESE,ESTILO LIMPO POR VEZES MINIMALISTA,CONDENSADO,CONCISO.OUTRO DIA LI BOLANO,2666 E TB ME DESESPEREI.LI ATÉ O FIM E
DISSE UFA AO FINAL! GOSTO DO GENERO "QUERO MAIS","QUE PENA QUE ACABOU".CRITICA DE LEITORES DEVEM SER OUVIDAS PELO ESCRITOR POIS AS FAZEMOS SEM PRETENSÀO,POR PURO GOSTO.
SEU TEXTO É CLARO E REFLEXIVO,VALEU A LEITURA PALAVRA A PALAVRA.
OBRIGADA,
CRIS
Não conheço suficientemente o João Ubaldo para saber se a sua crítica é justa ou não. Mas não é o tamanho da obra que a torna difícil. Os Maias, do Eça de Queiróz, tem mais de 700 páginas e lê-se de um fôlego. O Ulisses, de James Joyce, também. Os Subterrâneos da Liberdade, do Jorge Amado, está dividido por três volumes e o "À Procura do Tempo Perdido", do Proust, estende-se por sete. A "Metamorfose", do Kafka, não chega a ter cem páginas e custou-me mais a ler.
Forte abraço
Li pouco João Ubaldo. Não sei por quê. Agora com esta tua crônica vou ter menos vontade de lê-lo, porque também não gosto de prolixidade. Gosto de narrativas que fluem, de tramas armadas com inteligência com metáforas criativas, que não sejam vazias, com personagens inteligentes. Abrs. Mardilê
Jorge,
Avalizo e compartilho. Ubaldo cronista parece outro autor diametralmente oposto ao de "Sargente Getúlio", livro que me jogou à lona na décima quinta página... Parabéns pela lucidez na análise. Abraços.
Jorge!
Até hoje não li nada de João Ubaldo. Tenho em minha estante "O Sorriso do Lagarto", mas não me animei a lê-lo.
Talvez ainda o faça, não sei quando!
Concordo contigo que a objetividade dos textos torna a leitura mais atraente e agradável!
Beijos.
Meu amigo Daniel Cunha (http://cafedeicaro.blogspot.com/)me convidou para dar sequência a um desafio, e eu aceitei de bom grado, porque diz respeito a um assunto que me interessa de perto. Consiste em responder às perguntas abaixo, publicar as respostas em nossos blogs e depois comparar as respostas. Como o último item é escolher 5 blogs para prosseguir o desafio, selecionei o teu, por estares, como eu, ligado às letras.
As perguntas são estas:
1. Quantos livros nacionais há na sua estante?
2. Quando e qual foi o último livro nacional que você comprou?
2.a. Qual foi o último livro nacional que você leu? (Pergunta adicionada posteriormente por outra pessoa que respondeu ao questionário)
3. O que achou dele?
4. Dentre os livros nacionais que você já leu, qual mais te desagradou e qual mais te surpreendeu?
5. O que acha que falta aos autores nacionais para que a barreira do preconceito dos leitores seja vencida?
6. Cite três livros nacionais que você espera ler em breve:
7. Indique 5 blogs para responder a esse desafio.
Postei as minhas respostas no meu blog (http://www.fremitosdaalma.blogspot.com/):
Como escritor(a), tenho certeza de que darás continuidade ao desafio.
Abrs
Mardilê
Grande João Ubaldo, Jorge. Exige conhecimento, para ser lido. E isso é bom, há que nivelar por cima, não por baixo. O resto, é gostar ou não, e aí não cabe o que discutir.
Abração, Mestre.
Não li Ubaldo, confesso. Mas confio plenamente na sua crítica e concordo também. Não sou de desistir de ler nenhum livro, mas alguns me bateram como "Ulisses" e "O nome da rosa". E acrescentaria como profissional das letras que ao estudar Análise Literária por anos na universidade, sempre questionei e continuo questionando o que se poderia chamar de literatura.
Beijos mil!!!!
Olha Jorge...Eu li sim. Li um único. A Casa dos Budas Ditosos...Espantada em cada linha, mas li.Sinceramente não amei, mas digamos que posso dizer que prefiro ler você...kkkk...beijoooooooooooooooooooo
Vim conhecer esse site lá do Vote Brasil. Não gosto de dar opinião em nada. O Lino, o Caio e a Mardile fico com eles. O povo está infartado ou enfartado como o advogado que morreu na outra história? O povo brasileiro não gosta de ler "nuncagostou". Continue Jorge.
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