Pizza indigesta
Acostumados que estamos a ver processos sucessivos que visam punir acusados de crimes contra o patrimônio do estado, principalmente, não surtirem nenhum efeito contra os réus, surgiu o apelido ‘pizza’.
O julgamento do mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal, tomou rumo diverso. Após uma longa defesa que só negava o acontecimento de vários crimes perpetrados contra a administração pública, o sistema financeiro e outros, começou a votação pelo plenário daquele Tribunal.
O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, experimentado com os julgamentos no STF, adotou critério que apressa os trabalhos. Ele analisa o fato, condena, mas não fixa a pena, deixando para o final do julgamento entre os seus pares. Ou seja, a esperada ‘pizza’ ficou bastante indigesta e todos os conhecedores dos julgamentos no Tribunal Maior já sabem que as condenações serão sucessivas.
A pena de prisão, descartada no início, começa a ser ameaçadora, quando são reconhecidos crimes como lavagem de dinheiro e bando, além de peculato, que é o crime cometido por funcionário público contra a administração, subtraindo valores a ela pertencentes. Pode sim, haver pena privativa de liberdade, em vários casos. Dirceu é um dos ameaçados.
Muitos gostariam de ver o mandante julgado, mas Lula não foi denunciado pelo Ministério Público, e ao Supremo não cabe denunciar ninguém, tarefa de competência única e exclusiva do Ministério Público. É difícil, mas talvez com o andar do processo surjam fatos que o MP julgue conveniente incluir o verdadeiro mandante no processo, ou em outro. São questões técnicas de Direito que não convém discutir aqui.
A matéria diz respeito sim, a todos nós escritores e poetas. Os intelectuais de um povo não se escondem desta realidade, no mundo e aqui na nossa terra, onde grandes problemas sociais e de direito foram bandeiras de literatos famosos.
Não podemos conviver num país sujo.
15 comentários:
Olha, eu gostaria, sim, de ver os ladrões do meu dinheiro, porque afinal o dinheiro que roubam é do povo, punidos. Oxalá isso aconteça. Abrs. Mardilê
Professor feliz a sua matéria,não podemos nos calar diante de tantos desmandos e sucessivas chacotas com o povo brasileiro,acredito que a resposta está sendo desenhada nas urnas,nós que lutávamos juntos à oposição não estamos mais embalados.Eu acredito que o Brasil acordará após as eleições com outra cara diretiva. O STF continuará a sua busca, não acredito que o Ministério Publico calará diante de tantas denuncias claras e cristalinas.
Iderval Tenório
Amigo Jorge, o nosso desejo de justiça é grande.Porém, maior ainda é a nossa necessidade de nos tornamos mais éticos e politicamente envolvidos, como povo e nação que somos. A mudança, para coibir esses desmandos, deve começar por nós mesmos.Parabéns por explorar um assunto polêmico e que já está levando o povo à exaustão. Que venham as punições e que sejam cumpridas. Grande abraço.
Caro Mestre Jorge Sader, o Ministro Barbosa foi tecnicamente ajustado, ao seguir o método da acusação, isto é, fatiando a peça. Já Levandowsky errou de veia: desconsiderou a praticidade daquela, e enveredou por caminho mais tortuoso e empantanado, o do voto único englobando todos os tipos penais num único arrazoado. A vaidade pode ter levado o douto ministro ao erro, haja vista a sua inconformidade não com a metodologia, mas, por considerar que desconsideraram seu trabalho.
Péssima atitude, que favoreceria os réus, se adotada.
Análise correta, a sua. O STF não poderia, ele próprio, sair penalizado da lide.
Forte abraço.
Não sei, Jorjão,
Mas, acho que vou tirar minha túnica de São Tomé do armário e esperar mais um pouco.
Infelizmente, a idade me roubou a esperança de ver coisas certas acontecerem nessa Terra Brasilis. Há muitos (grandes) interesses em jogo.
A participação e/ou prévio conhecimento de Lula, por exemplo, é tão óbvia que me assusta ver tantos togados (e aqui incluo naturalmente o MP) desconsiderarem a participação do ex- presidente.
E justo nesse ponto, me invadem as narinas, os aromas típicos de um um bom forno a lenha ligado. E se vai haver pizza, ainda não sei, mas, pelo sim, pelo não quero a minha com gorgonzola e bacon e fatias de rúcula fresca.
Meu carinho,
Anderson Fabiano
Olá Jorge! Seu artigo provocou-me imensa indigestão. Primeiro por ser descrente de ver o caráter, a honra, a dignidade, a honestidade no lugar merecido. Aliás, Rui Barbosa já apregoava isso, de que chegaria o dia em que teríamos vergonha de sermos honestos... Segundo porque você nos provoca a uma tomada de decisão. Já fiz muita revolução político-estudantil, na década de 60 e 70... marchamos pela Pr. da República, Lgo do Arouche e adjacências... Como insufladores, andamos de camburão... Hoje, minha "balança ativista" pesa prós e contras e realmente não vale a pena, pois enquanto decidem sobre aqueles "corruptos"... outros embolsam nossa vergonha nacional e ficamos com cara de paisagem diante de tamanha agressão moral. Sequer a pizza, reagada a um bom vinho, descerá via digestório. Ideal seria via esgoto do STF.
Essa é minha opinião.
[ ] Célia.
Ainda que descrente, confio na opinião de Jorge, que já vi acertar em questões difícieis, na sua coluna do Vote Brasil.
Marque mais essa, caro amigo.
Bjs. Carmem
Jorge, pretendo , hoje, dar o meu aval para o texto do Anderson e da Célia, não desmerenço o seu, ótimo por sinal. Mas é que,ainda que não tão velha, valha-me Deus, não boto fé nenhuma nesse julgamento e eu tenho que continuar assim, porque cheguei à conclusão de que é melhor eu quebrar a minha cara por ver uma justiça feita com honra, do que me vestir de esperança e ter que rasgá-la toda como já fiz muitas vezes.
Aproveito e o convido a visitar o meu blog. Há nova postagem lá. O cheiro de lá não é de pizza, mas de sardinha!
obs- "desmerecendo" e não
"desmerenço" como publicado no comentário anterior.
Jorge,estou desanimada..bjus
Queira Deus que não seja meia arquive-se, meia prescreva-se isto que dentro em breve sairá da pizzaria Brasília.
Olá meu amigo Sader,passo para deixar à minha presença,e meus olhos a juntar letras,frases,e o carinho com que você escreve.
Meias culpas,...e o sujeito fica fora das frases.
Um fraterno abraço amigo.
É lamentável que tenhamos de escrever estas páginas em nossa História. Eu, como todo brasileiro, desejo profundamente que seja feita Justiça.
O que não compreendo é como a corrupção continua a acontecer e o povo tenha que engolir estas pizzas
azedas.
Só pergunto: - Até quando?
Será necessário haver uma grande virada pela ética e pela decência.
Beijo, Petuninha.
Não entendi a causa do ministro Dias Toffoli estar participando deste julgamento, quando todos esperavam que ele se desse por impedido.
Abs. Yuri
...e o povo tem que aguentar com todos esses acontecimentos gerados em toda a parte e a tendencia e para continuar que pelos vistos saem-se sempre bem de forma geral...
Abraços
Luzia
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