Por mais que queiramos evitar, o dualismo é uma realidade que acompanha nossa existência.
O conceito dele é explicado pelas formas como aparece. Trata-se de antagonismo de valores ou mesmo situações. Bem, mal; bom, mau; belo, feio e assim sucessivamente. O dualismo incomoda, mas não nos livramos dele. É regra estabelecida pelo homem ou pela realidade, como no caso saúde, doença.
Não atende ao meio termo; não se conhece um homem relativamente bom, ou mau. Ou ele é uma coisa ou outra. Talvez esta seja a forma que mais incomoda nesta realidade, que não é fictícia, como alguns poucos querem fazer acreditar. A situação intermediária, quase sempre denotando equilíbrio na balança, é cantada como sendo ideal para o ser humano, os grupos e a coletividade. Mas nem sempre ela pode ser desta forma, no meio, no ponto de equilíbrio de forças ou estados. Ninguém é meio doente, por exemplo. Ou meio sério na conduta social.
Talvez esta forma de só ser aceito nos extremos faça do dualismo uma realidade intolerável. O assunto é delicado, realmente. Por isso, incomoda. Por outro lado, não pode ser colocado à margem da vida social. As exigências da vida não permitem a prática dos crimes. Não permitem a conduta suspeita dos governantes, ou as incertezas dos juízes.
Foi esta realidade incontestável que me levou a escrever “Casarão”, onde procurei mostrar apenas alguns lados do dualismo que nos acompanha.
Não possuindo formação filosófica, evitei todas as maneiras de abordar o romance curto desta forma. Deixa-se o leitor pensar como bem entenda; não está sendo dada aula, neste caso, inoportuna e chata.
Da mesma forma, como o dualismo apresenta lados inesgotáveis, apenas poucas formas do mesmo aparecem no texto, algumas vezes disfarçadas, se é que consegui realizar o feito.
“Casarão” não é livro de filosofia, é um romance comum, sem linguagem acadêmica ou mesmo disposto a levantar polêmica.
Quando o escrevi, quis apenas mostrar os dois lados diferentes de uma mesma moeda. Mais nada.
imagem: Museu do Café, capa do livro ainda em avaliação.
15 comentários:
Pretendo entrar de cabeça neste Casarão, heim!
Casarão promete!
Grande abraço
Quando o escrevi, quis apenas mostrar os dois lados diferentes de uma mesma moeda. Mais nada.
Sempre que leio um texto seu, fico impregnada com o conteúdo, sempre uma abordagem inteligente , com praticidade para entender, ou seja, com pouco você da o seu recado!
E ainda termina com chave de OURO!
Bravo!!!
Efigenia
Um casarão sempre guarda muitos segredos e mistérios do bem, e do mal.... Ótima leitura...bjus
Parabéns, Jorge. Assunto muito interessante e bem abordado. Isso do Confúcio de que a virtude está no meio poderia conduzir a opções antes que as ações se efetivassem - diante de qualquer dilema, os atos são praticados conforme os valores que prevalecem. No caso de juizo de valor e de ética, a escolha por uma, ou pela alternativa, não se apresenta, pois a escolha se subordina às "prévias verdades maiores" de cada pessoa. abraços.
É somos avaliados socialmente, levando-se em conta o dualismo Atenho-me aqui ao bom ou mau. Ou somos bons ou somos maus. O interessante é que, quando morre alguém que fora mau, isso reconhecido pela totalidade das pessoas que o conheciam, ele passa a ser bom. E isso me incomoda. Abrs Mardilê
No dualismo de um "Casarão" adentrei aos porões do mesmo limitando-me não somente à beleza da arquitetura de um "Casarão", mas e, principalmente aos subterfúgios um tanto intransponíveis. Instigou-me a desvendá-lo.
[ ] Célia.
Sem dúvida que os temas daí decorrentes sejam interessantes para a vida humana.
Cá o estamos aguardando.
Beijos,
Petuninha
Jorge, os melhores romances dos melhores autores que li, não transformam casarões em corredores... Nem são "psicológicos" ou "filosóficos"... Alguns, são até psicotrópicos: entramos em "alfa", e estes são notáveis. É este o caso.
Abração, espero o próximo!
Agora sem dualismos, porque não há sombra de dúvida: Jorge é o cara! Abraços.
Jorjão,
Espírito ou cérebro? Ou, simplesmente (invocando Descartes): Consciência ou inteligência?
No Casarão você conduziu a discussão a extremos fascinantes. Nada filosófico, nada real, nada metaqualquer coisa, apenas um exercício formidável de livre pensar, de livre criar, de livre encantar. Parabéns, parceirinho!
Meu carinho,
Anderson Fabiano
Há dualidade em tudo – estou com Descartes – prefiro defender a filosofia dualista em detrimento do monismo, peculiar aos materialistas – exponho a minha opinião,respeito a todos – é proveitoso não tergiversar pareceres outros.
Quanto ao CASARÃO, penso e espero o teu melhor... Amo o tradicionalismo, sou conservadora bastante para manter o equilíbrio, as coisas primeiras, os marcos antigos – afinal, não estaríamos aqui, sem a existência de tais princípios, neles, está a nossa história e a necessidade de mudanças, aprimoramento no que se fez e faz necessário.
Sucesso sempre!
EstherRogessi
Sou a revisora de "Casarão", obra de alto impacto de Jorge, embora ele não confesse isso.
Surpreendente livro!
Bjs. Carmem
Parabens meu amigo pela obra que a julgar pelos comentários, deve ser um primor.
Grande abraço aqui de Portugal
natalia nuno
Mestre Jorge o dualismo é a essência da diferença extrema que jamais se coadunam ,que jamais se entrelaçam para o mesmo fim.
Está aí a definição da maioria dos políticos que no calor consciente da saga pelo poder,classificam os opositores do pior das escórias e noutros embates a depender dos seus desejos e interesses ,se misturam.
Pelos principios do dualismo e no frigir dos ovos,são sim, farinha do mesmo saco.Iderval
Aguardo para ler o seu "Casarão"...de certeza que é uma obra feita com arte pelo que já conheço de suas crónicas, poemas e não só.
Abraços
Manuela
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