Pois sim. É
história de lareira mesmo.
Frio. Um frio da
gota serena, como dizem os nordestinos e o João Ubaldo. Foi um problema, o “Sargento Getúlio”. Começa assim, mas a edição era em
inglês. Como fazer a versão? Ubaldo não tinha, e tem fama por conta das
graças que dizia nas entrevistas.
— Quem iria traduzir isto?
— Isto o quê?
— Da gota serena.
Tem muito brasileiro que não sabe do que se trata.
— E você meteu a cara.
Além de ter escrito o livro, fez a versão inglesa.
— Inevitável, ou iria comprometer toda a obra.
Ubaldo estava tomando um
Ballantine’s, beleza de cor amarela, transparente, pálida. Gostava de beber destilados bons, o que
provou em “Noites leblonianas”. O frio
não lhe permitia o chinelão dois andares, a camisa regata e a bermuda
confortável. Mas que não falassem em
genebra. Essa não! Havia presenciado um morador do seu edifício
sob os efeitos da coisa, estava torto, empenado, perdera o tênis de caminhada
matinal, começara os trabalhos alcoólicos muito cedo, antes de flanar pelo
calçadão. Caiu duro, durinho, vomitou o
táxi, mas conseguiu ser levado para casa.
O escritor estava saindo, testemunhou tudo. Um médico, amigo dos dois, salvou a
pátria. O moribundo sarou, vomitou
horrores, mas recuperou os sentidos.
Quis comemorar com mais genebra.
— Nem pensar — disse de pronto o cura. — Um chope duplo, vai lá, dois até pode. Genebra, de jeito nenhum.
Imaginem. O
camarada sai de um ataque pesado, causado pelo álcool, não pode tomar a bebida
causadora. Mas dois chopes duplos sim,
ele pode! Esta conversa foi entre o
próprio autor de “Viva o povo brasileiro”, vencedor do Prêmio Camões, pela obra
e não pelo livro agora mencionado.
Dá para entender?
Dá sim! Basta olhar a atual
situação política brasileira. Vamos localizar-nos no tempo. Estamos em 3 em julho de 2017. Você entende o que está acontecendo?
Não? Nem eu, meu amigo, nem eu...
8 comentários:
A vida, em geral, querido amigo, é menos confusa e paradoxal do que a vida do brasileiro. Com um agravante:os políticos brasileiros. Abraço.
Há tempos aposentei minha bola de cristal... Não há guru que entenda!
Abraço.
Se voce que gosta e entende do assunto confessa que não está entendendo nada, o que vou dizer, Jorge?
Beijo
Carmem
Sim, Jorge, entendo o que está acontecendo! Será? Não... estou perdida, confusa, são tantos, é um elo sem fim. Quando penso que o homem vai ficar lá pela Papuda, tomando um sol limitado, soltam! Depois prendem; logo soltam... É como se eu estivesse vivendo um circo, no quadro de mágicos com o coelho que não pára de parir...
Você acredita, hein meu amigo? Acredita que vai ter um fim? Um dia, daqui a algumas gerações, talvez. Dizem que devemos ser otimistas... pode ser, faz bem sonhar, mas eu fora!
Beijo, Jorge, ótima crônica!
Desculpe a pitada de ironia... mas estamos afogado, meu amigo!
Olá, Jorge.
Só sei que eu não entendo, e há muito, deixei de tentar entender...
Não entendo nada, mas é o suficiente para entender que não tem jeito. Entende?
Simples, meu caro e preclaro Mestre: é a ribimboca da parafuseta multiplicada pela tripuleta da mancoleta elevada a "n". Tire a raiz quíntupla, divida pelo fator inconstante diferencial e está tudo resolvido...
Uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa...entendeu! bjus
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