Muitas e muitas vezes penso sobre este assunto: a arte de
escrever.
Ela é penosa e prazerosa, ao mesmo tempo. Penosa quando exige de quem escreve rigor com
a língua. Muitos bons textos são
prejudicados pelo mau português, a colocação das frases e outros fatos que vão
ser apreciados aqui mesmo.
Prazerosa quando o autor consegue atingir sua meta: fazer
um trabalho limpo, que agrade ao leitor e a si mesmo. Aqui moram as maiores dificuldades. Não
pretendo ensinar a ninguém como se escreve, seria ridículo. Posso, isso sim, repetir o que ligeiramente
já falaram grandes autores em relação ao assunto. Hemingway, por exemplo, que considero o maior
de todos eles, dividindo por igual a glória com Shakespeare.
Dizia que principalmente o autor deve ser direto e nunca
começar seus textos com interrogações, a confusão futura será inevitável. Ser dono de conhecimento sólido da língua que
escreve. Evitar a todo custo a
prolixidade, mãe das inconveniências para o leitor. Partir de uma ideia certa e nunca ficar
procurando formas de escrever que o agradem.
Um erro! Quem escreve, faz isso
para os leitores, não para si mesmo, senão vira diário particular. Esta forma pode até existir, mas se o
objetivo é exatamente este: revelar fatos passados, memórias. Temos muitos
assim. Excluir, por favor, “Memórias Póstumas
de Brás Cubas”. A intenção de Machado
não era deixar memória de ninguém, muito menos a sua. Apenas, e tão somente, escrever para os seus
leitores o admirável livro que até hoje — e vai durar para sempre — encanta a
quem o lê.
Por falar em encanta, quem pode deixar Guimarães Rosa
fora? Nossa literatura, a brasileira, é
muito rica. Mas se eu deixar este
assunto sem falar nele, estarei sendo mais um que vive errando, errando, e não
se convence disso! São tantos!
Eu mais um. Não
consigo fechar a crônica, mas sem antes dizer que “O Velho e o Mar”, que já li
mais de seis vezes, é de uma riqueza sem par.
A luta de Santiago com o peixe, a captura e a defesa da sua conquista,
miseravelmente devorada pelos tubarões, é a luta pela Vida e Dignidade dos
homens de hoje e de todo o sempre.
12 comentários:
Certo, Jorge! Permitindo, assino junto!
Que bonito trabalho, Jorge!
Você não se incomoda nem um pouco em transmitir o que conhece para os que leem. Sem egoísmos, preconceitos. Ficou muito segura esta crônica, querido amigo.
Beijos, Carmem.
Você, Jorge, tem "A Arte de Escrever", e de "Convencer".
Ler suas crônicas é sempre um rico aprendizado!
Obrigada!
Abraço.
Excelente crônica!Jorge,como já te disse antes,escrever é sim uma arte e você é um grande artista.Parabéns!Aplausos!
Obrigada por nos presentear e nos engrandecer em sabedoria, compartilhando seus conhecimentos conosco,seus leitores e admiradores do seu trabalho!
Beijos.
Iná
Escrever pode até ser fácil, escrever bem já não é a mesma coisa, embora o conceito de bem escrever seja relativo, porque muda conforme o tempo e o próprio espaço. Já vi endeusarem o James Joyce e também acusarem-no de obscuro, indeciso, confuso. Paulo Coelho que é tido por uma grande maioria como um grande escritor foi um dos que falaram mal de Joyce. A própria Virginia Woolf negou a grandiosidade de Joyce, embora ela mesma, tenha usado das mesmas técnicas de Joyce em seus livros.
Relendo!
Jorge
É sempre prazeroso ler seus artigos,
uma escrita dinâmica, concisa.
Escrever não é fácil, evidente, mas você o faz,
Com categoria atinge seus objetivos!
Grata por nos lembrar desse grande escritor.
O Velho e o Mar, romance que li, reli várias vezes.
Abraços, sucesso sempre!
Nadir
Pois é, Jorge, escrever é muito prazeroso, sim. Cada um vai aprimorando seu estilo. Na real, sempre somos influenciados pelos autores que mais lemos, os que mais gostamos. E trazemos essa influência para uma escrita mais coloquial, principalmente nessa era da informática. Cortando aqui, ali para que um texto se ajuste à época se faz necessário. Ser objetivo. Não mais levar longe uma descrição seja de lugar ou do personagem. O desnecessário, muitos adjetivos diria que cansa o leitor de hoje.
Muito boa crônica, querido amigo!
Beijo.
Meu caro Jorge, você traçou um sucinto tratado da escrita. Só a título de curiosidade: acho que você guarda traços do genial Hemingway em sua foto de perfil do blog. Abraços!
Uma vez mais, Jorge. A realidade é tão dura assim de ser entendida? Você escreve sobre assunto sério, tem bons comentaristas e fica por isso mesmo! Entenda-me bem, por favor. Fosse eu, e fecharia o blog. Este povo não gosta da verdade, principalmente quando bem escrita e explicada. Esta é uma das razões de nunca ter pensado em ter o meu blog!
Beijos,
Eduarda
Oi, Jorge!
Você é um mestre na arte de escrever.
Tem uns que nascem feitos para as letras. Outros que se aperfeiçoam ao longo da vida e muitos... Muitos , sim,que gostam de ler. Ainda bem que existem escritores. Você , Jorge, é um deles.
Como sempre, Texto enxuto, gostoso de ler. Parabéns, Jorge. Abr. Mardilê
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