Dizem que a vingança é um prato que se come frio.
Euclides comeu gelado.
Não, não é o famoso geômetra que lançou ao mundo o famoso postulado.
Apenas, mais um desses pobres coitados que sofrem com a
vida e com quem o cerca. Euclides ganha
pouco, vai de trem, ganha quase nada, é pouco criativo, fluminense doente,
feio, duro e já meio impotente. A mulher
não ajuda em nada, persegue o infeliz desde que ele acorda até a hora de
dormir. Feliz do homem enquanto está no
trabalho repetitivo e neurótico.
Dia desses, ele saiu para dar uma voltinha perto da
fábrica onde trabalha. Numa cutelaria,
viu uma faca sueca, soube depois pelo vendedor, que o encantou. Bonita, boa pegada, ele tinha sido agricultor
quando jovem, viu a qualidade do aço, cortante como navalha. Comprou a faca, na bainha de couro cru.
Voltou à maldita fábrica, esperou a sirene que dava por
encerrado o maldito trabalho, pegou o maldito trem que o levava para a maldita
casa de volta.
A mulher não estava com bons bofes. “Bebendo cachaça, vagabundo?” “Trabalhando”,
respondeu o homem. “É, quantas
vagabundas tinham neste trabalho?”
Ele já não suportava mais. Botou o órgão para fora, pegou da faca e
cortou pelo meio, ou perto dele. Na
frente da mulher. Ela ficou imobilizada,
pela cena. Imobilizada morreu com a
certeira facada que acabou com seus ventrículos.
Não duvide!
Acontece.
A plácida foto que ilustra? Ora, é um contraste. Afluente do Velho Chico, onde nasce.
A plácida foto que ilustra? Ora, é um contraste. Afluente do Velho Chico, onde nasce.
16 comentários:
Eita! Cabra ruim das ideias, mesmo! Matusquela de carteirinha! Era só dar um chá de sopapo, catar as tralhas e cair no mundo, sô!
Abração, Mestre Jorge! Cada vez melhor!
Sim, acontece. Mais amiúde do que se imagina, óxente.
Que desperdício!
Abraço.
Jorge, que personagem mais fracassado e esse Euclides, hein!?
Seria o alterego de alguém??
A vida nem sempre, é um mar de rosas, casos de desentendimentos
entre casais tornam-se, cada vez mais comuns.
Esse especificamente levou o personagem ao extremo,
desespero, incapacidade de resolver conflitos, causa tragédias!
Para ela a maldita vida que, também levava, deu para perceber isso, em sua crônica,
teve fim, graças a faca sueca, e a ira que o Euclides reprimia.
Quanto ao emasculado, se não morreu lembrar-se-á do episódio
pelo restante de seus dias.
Grata pelo envio do convite, Jorge!
Obs- A imagem da nascente é linda!
Abraços
Nadir
Jorge, seu estilo de escrever está muito bom. Concordo com Caio. Em compensação que diabo de conto inventou hein? E ilustra com uma nascente de um dos rios que fazem o grande São Francisco, na Canastra.
Gostei, mas sem faca. Os estragos são grandes!
Beijo, Carmem.
Cruzes... é macabro demais, mas não duvido das loucuras humanas! Jamais.
Hoje, as pessoas se casam sem saber quem é quem...Em 2 meses já se enrolam.
Conto muito criativo!
Beijo, amigo, uma boa semana.
Jorge concordo com a opinião do seu amigo Caio. Trágico mas com um final (como sempre) surpreendente...Bjus
Pobre, meio impotente, entre outras "misérias" só podia ter um final que teve. Mas cortar o bichinho? Vai lá vai, lool
.
* Se te amar for pecado ... Então sou um Pecador *
.
Cumprimentos poéticos
Concordo com o Caio.
No entanto, a arrepiante tragédia revela que o homem era corajoso.
A miséria é, mesmo, má conselheira e torna as pessoas violentas.
Excelente fim de semana.
Saudações cordiais.
~~~~
É verdade que sim. Muito mais vezes do que se imagina. Surpreendente, é a auto-mutilação.
Obrigada pela visita ao meu humilde espaço
Um abraço e bom Domingo
Olá, Jorge!
Sei que é um excelente escritor e o seu fantástico texto, bem escrito e engendrado, não me espantou, nem um pouco.
Não duvido, que situações dessas sucedam, mas é preciso estar muito farto de tudo, sobretudo da vidinha que levava e da mulherzinha que tinha para chegar a tal ponto.
Havia outras soluções: arranjar ou tentar arranjar novo emprego e outra mulher, que compreendesse a situação. Amor se pode fazer de muitas maneiras, mas eu sei como funciona a mente do homem, em geral.
Adoro a sua escrita. Grata pelo momento de leitura, que me fez cogitar.
Abraços e bom fim de semana.
Passando, elogiando, e desejando um domingo feliz.
.
* Mulher de Pedra, dormindo entre a Verdura. (Poetizando e Encantando). *
.
Cumprimentos poéticos.
Boa reflexão sobre tempo actuais.
Convidamos a ler o capítulo VII do nosso conto escrito a várias mãos "Voar Sem Asas"
https://contospartilhados.blogspot.pt/2018/03/voar-sem-asas-capitulo-vii.html
Feliz Páscoa!
Saudações literárias
Boa noite, Jorge!
Tudo bem? Eu, razoavelmente.
Tinha saudades de você, das seus textos, é isso! Por aqui, ainda não há novo post, mas eu entendo. Eu posto de mês a mês e como fui operada à mão esquerda no mês passado, tenho que ir de mansinho.
Tenho post de 21 de março, que não sei se você comentou ou não. O mais importante mesmo é a confraternização das palavras.
Um beijo e uma excelente semana. Aqui, está frio e tempo cinzento.
Já vi coisa, mas isso tá pesado. Abraço
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