sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Velejando

                               

            Dois sentados, tomando chopes em bar famoso e requintado, bebida de alta qualidade, inclusive a bière à la pression, panorama marítimo.
            O Soling, uma classe privilegiada de veleiros, estava em discussão.  Alguns, nunca se sabe o motivo exato, eliminaram o mais sofisticado barco a vela da competição olímpica.  Interesse?  Monetário, naturalmente, dando lugar outra vez ao antiquado, feio e deficiente Star, barco que quebra o mastro facilmente, nada marinheiro e sem o uso da vela balão, aquela que fica inflada quando o vento é de popa e dá muita velocidade ao barco.
            .— Lindo, não?  Ainda não entendi o motivo de retirarem da classe olímpica.
            .— Não?  Safadeza destes organizadores.  Ou você vai me dizer que não sabe que mesmo nos esportes a sacanagem come?
            .— Não, eu sei, eu sempre soube.  Mas até onde a baixaria pode chegar?
            .— Até o homem chega.
            Uma verdade. Sob todos os aspectos.  A cada dia que passa, a qualidade moral e ética decresce.  Estamos descendo muito.  Estamos descendo demais.  Isso para?  Ninguém sabe.  Falta de saúde, falta de educação, falta de conhecimento, falta de tudo, como pode?  A sociedade mundial caminha uma trilha escura, pedregosa, perigosa.  E ninguém se dá conta que o abismo pode estar mais próximo do que a Astronomia espera, cinco bilhões de anos para o Sol gastar todo o seu combustível e causar o fim dele mesmo e do seu sistema.
            Ora, o tempo é distante, ninguém estará vivo para sofrer e testemunhar. E quem estiver?  O calor será insuportável, até secar terras, mares, rios.  Seria este o Apocalipse, narrado por São João?  Pode ser sim, mas quem garante que está tão distante?
            O Soling continuou navegando tranquilamente.  O chope continuava maravilhoso, a morena da mesa ao lado cruzara as pernas, o short era mesmo short, curto, as fritas com pequenos torresmos estavam cada vez melhores e o dia seguinte seria sábado!
            Todo o prazer renovado mais uma vez!





10 comentários:

Anderson Fabiano disse...

...e com o chope gelado, as fritas "da hora" e o short da morena ao lado, navega a fantasia dos gênios. Bravo! Bravo! Bravo!
Meu carinho,
Anderson Fabiano

Anônimo disse...

Há sempre bons momentos, a serem relembrados!
E se velejar fez parte da vida, não há como esquecê-los.
Felizes os que o vivenciaram!
Abraços.
Nadir D'Onofrio

Carmem Velloso disse...

Velas enfunadas ao vento! Coisa mais linda e gostosa, Jorge!
Beijo.

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Meu caro Jorge, com o calor que anda fazendo, certamente o Apocalipse de São João deve acontecer semana que vem. Abraços!

Caio Martins disse...

Muito bem, Marujo! Analfabeto em barcos e navegação, aceito incondicionalmente a parte técnica, incluindo a morena e a cerveja... O resto, não estaremos mais por aqui para assistir. Forte abraço, Jorge!

Rita Lavoyer disse...

e o lobismo comendo solto e a cerveja rolando sem parar. Ainda bem que existem as cervejas.

CÉU disse...

Meu querido Jorge!

Adoro seu velejar, aliás, você sabe disso, né?
Entre mortos e feridos, como por cá se diz, alguém ha de escapar.
A corrupção e seus meandros, mas o sol? Ah, chope e short dão conta da cabeça de qualquer homem. Continuemos no prazer e esqueçamos as desgraças ambientais e outras que tais.

Beijinho e bom final de semana.

Tais Luso de Carvalho disse...

É, meu amigo Jorge, entre um viver e outro, a meia boca como estamos todos, é bom darmos uma relaxada, pegar um veleiro e depois jogar conversa fora, bebericando umas cervejinhas e coisas outras!
Muito bom!!! Bem sua escrita...
Beijo, um ótimo domingo!!

Ana Freire disse...

E de esperança em esperança... lá vamos navegando o nosso barco... pelo menos, ele sempre nos distrai, daquilo que nos custa a ver... que é o mundo se afundando... sem moral, nem ética...
Estamos em artandkits.blogspot.com onde também gostamos de ver o mundo, à nossa maneira... e reflectir sobre ele... à nossa maneira...
Gostei imenso deste espaço... onde a boa escrita, aqui impera, pelo que me apercebi... voltarei, sempre que me for possível...
Abraço
Ana

Ronilda David-Loubah Sofia disse...

Gosto da languidez com que escreve, a forma
analista e tranquila a qual vai construindo
as frases e vai levando o leitor pelos
cenários das suas sensações, sobretudo
o tom casual e o tom livre no encerramento,
dando espaço para interação sem grandes
formalidades.

BOM FERIADO.