Namoradas
Sim, Ferraz guardou a arma e foi-se embora, para a sorte sua, da mulher e da bela administradora do colégio onde Angela trabalhava.
O gatilho sempre foi mau conselheiro. Se tivesse sido usado, a desgraça seria grande.
Desde os dezenove anos, já cadete da AMAN, Ferraz e sua linda irmã Maria Lúcia, tinham-se tornado amantes apaixonadíssimos. Sempre desejaram isso. Mas a famosa moral impedia fortemente. Irmão com irmã? Nem pensar! Mas dia-a-dia a paixão aumentava.
Até que certa noite, depois de conversa amena e amorosa, tomando um bom tinto chileno com queijo, torradas pequenas e azeitonas deliciosamente perfumadas pelos temperos no azeite extravirgem, aconteceu o inevitável. Um longo beijo, com ambos enlouquecidos na casa em Teodoro de Oliveira, serra friburguense, um foi do outro numa agonia. Riam, falavam, trocavam carícias, estavam nus, admiravam-se e o fato se consumou.
Não houve arrependimento; a paixão aumentou. E nunca mais deixaram de ser amantes apaixonados.
Por isso, Ferraz guardou a arma.
10 comentários:
jorge, bravíssimo! estupendo! arrebatador! só não vou referenciar nelson, po que vc fez isso primeiro que eu. mas, cá entre nós, aquele velho tricolor rabugento só não escreveu essa, por que não elmbrou a tempo. rsrsr
parabéns, parceiro.
ah! antes que esqueça, vc me autoriza recomendar seu blog lá no meu "onde ir depois daqui"?
meu carinho,
anderson fabiano
Viche!!!
esta, caro Jorge, foi como já estar na saída do estádio, e o time marcar gol no milésimo de segundo final...
Turminha animada, essa... Algo a ver com os Bórgias?
Chocante e brilhante!
E com aquela pitadinha da tragédia grega que Nelson transpôs para a sociedade moderna, transformando-a em "tragédia carioca" e com mesmo erotismo e realismo, tua crônica, escrita em linguagem irretocável, é deliciosamente envolvente da primeira à última linha!
Bom demais, Jorge!
Abraços!
Estou presa na mensagem... linhas maravilhosas... Um cheiro.
Esta sua série do Ferraz, como muitos disseram, é de dar dor de cabeça em Nelson Rodrigues. Eu não estava entendendo nada, mas o final... Grande, mestre Nelson, ei, errado, é Jorge!
Forte abraço,
Pedro
Chocante e brilhante, alguém disse...mas é brilhante a sua forma de escrever, quanto ao chocante, as coisas acontecem...nunca deviam ter ficado a comer esses pitéus, nem a beber esse vinho...quando algo já pulsa, os contextos são tramados!...rsrsrsrsrs
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Sua narrativa prende, do começo ao fim... Fui ler o texto anterior, pois me perdi um pouco...
Como nós, humanos, somos complicados!
Beijos de luz!
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Jorge,li seu conto a moda de Nelson Rodrigues e devo dizer que realmente não fica a dever nada!Muito bem narrado,inusitado e chocante final!Adorei!Abraços,
Ratificando o comentário que apaguei: Ele fez a opção correta em não matar ninguém...Hehehe...
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