Passado algum tempo, quando os ânimos já não se alteram tanto, podemos falar com mais serenidade sobre o que poderia ter sido o maior julgamento do Supremo Tribunal Federal.
O mensalão, como ficou conhecido o maior escândalo da História Republicana do Brasil, envolveu figuras de proa que cercavam o presidente da República e o Partido dos Trabalhadores.
Foram muitos os condenados, inclusive o antigo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. A pena que lhe foi imposta exige cumprimento em regime fechado de prisão. Outros mais tiveram condenação rigorosa, mas Dirceu participava do governo Lula, daí ser a figura mais importante. José Genoíno igualmente é membro de proa do PT, mas teve punição menor.
Os réus que foram absolvidos por quatro ministros, no julgamento onde o número de juízes é de onze, recorreram da sentença usando o instrumento processual do embargo infringente, de cabimento duvidoso por não ser mais adotado nem mesmo no Superior Tribunal de Justiça. Caberia ao Supremo Tribunal dar a última e definitiva palavra sobre o recurso que tanto prejudica o rápido andamento dos processos na justiça.
O julgamento terminou empatado por cinco votos contra o cabimento do recurso, sendo assim os pronunciamentos dos ministros Joaquim Barbosa, presidente da Corte, e seus pares Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. A favor dos embargos votaram os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascky, Rosa Weber, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowsky. Coube o desempate ao ministro mais antigo do Tribunal, Celso de Mello.
Quase a maioria do povo brasileiro, que assistia ao julgamento com o mesmo interesse e entusiasmo que tem quando o país é finalista na Copa de Futebol, esperava que o voto do ministro Mello fosse pelo não cabimento dos embargos, colocando fim no processo e terminando com um recurso que só serve para prejudicar o bom andamento dos feitos que tramitam no STF.
Num voto longo, que já iniciou afirmando não estar o Supremo submisso às pressões populares, o ministro Celso Mello, que poderia dar um belo colorido ao final do mais importante julgamento do Tribunal, repito, preferiu seguir o entendimento dos processualistas. Para quem não conhece, o Supremo pode votar contra a Lei, quando ela é injusta ou prejudicial ao curso rápido do processo.
Os ministros do Supremo tudo podem, e cinco colegas — os mais experimentados — do decano já haviam derrubado o inútil dispositivo do Regimento Interno.
Mas o ministro Celso Mello não pensou grande. Perdeu o lugar seguro na História do Supremo, e certamente na História do Brasil.
Publicado no Pravda de 3/10/2013 http://port.pravda.ru/news/russa/03-10-2013/35365-julgamento-0/
12 comentários:
Perdeu mesmo, Jorge. Pensou pequeno demais...
Pena. Um grande abraço.
Perdeu de uma maneiro lamentável!
E vai colher o fruto desta escolha...
Um grande abraço!
Tudo é um desencanto, não tem mais jeito. Penso que o povo brasileiro tem de ler mais poesia para desintoxicar...
Quando a gente pensa que vai dar: não dá!
Um grande abraço!
Uma pergunta, Jorge - Será que ele se importa com o Brasil? Com os brasileiros e seus clamores sociais deixou claro que não... Lamentável foi o tempo que perdi assistindo a transmissão de tamanha palhaçada elucubrada em palavras destoantes do esperado. Em assim sendo, perdemos todos que somos cidadãos éticos.
Abraço,
Célia.
Meu amigo, se o Celso usou até mesmo citações do "saudoso" Alfredo Buzayde (aquele ministro da Justiça da ditadura que instituiu banimento, prisão perpétua e pena de morte para opositores) é realmente um grande ator... Mas, entrará para a história como Silvério dos Reis.
Forte abraço.
Há quem faz a história e a há quem se deixa enredar por ela. Ótimo artigo!
Sair como Silvério dos Reis, como disse o Caio Martins, é lastimável!
Beijo. Carmem
Foi vergonhoso - palavras pomposas para justificar um voto indefensável.
abrçs.
Covardia esperada......
Sabe, Jorge, eu nem sei o que pensar de uma pessoa dessas. Abrs Mardilê.
Aff,, ele lá quer saber do povo? do país?? Está com a vida ganha.
Jorge querido,
Dos 11, oito estão lá por indicação do PT...
Nunca consegui ver outro final pra esse julgamento que não fosse uma gigantesca pizza. Lamentável! O Brasil merce corte melhor...
Meu carinho,
Anderson Fabiano
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