Um
conto de Natal
Não estou fazendo nada mais do que transcrevendo história
que ouço há muitos, muitos anos.
Dizem que faz muito tempo, um menino brincava com o
barro. Fazia aves, pássaros
diversos. Eram toscos; estava
aprendendo.
Mas gostava do que fazia.
Melhorava seu artesanato visivelmente, enquanto o barro úmido era
moldado com carinho e trabalho cuidadoso.
Gostava das suas aves.
A técnica estava sendo apurada e os pássaros, a cada dia que passava,
mais ficavam assemelhados com os verdadeiros.
Determinada manhã, foi brincar e trabalhar outra
vez. Retirou os que mais gostava,
estavam muito bem feitos e secos. Fez
mais alguns e gostou do resultado.
Feliz e contente gostou muito do seu trabalho.
Na sua doce inocência infantil, bateu palmas. Estava alegre.
Os pássaros saíram voando...
Esta foi a história que eu ouvia. Era pequeno também. Hoje ouço tiros, gritos, correrias e
palavrões, principalmente durante os jogos de futebol.
Sinto a fumaça que os ônibus e carros soltam, o barulho
que fazem. O calor e o abafado que não
existiam há trinta anos. Vejo os
drogados.
É certo que o progresso foi muito, felizmente. Em todas as áreas do conhecimento e do viver.
Mas verifico, com segurança, que o bem foi acompanhado
pelo mal.
Lastimável, isso. Mas com o Natal, renascem nossas esperanças.
Feliz Natal!
Imagem: "A última ceia", de Salvador Dali