terça-feira, 28 de abril de 2009

Miséria humana

Quarto do pintor












As cartas de Van Gogh ao seu irmão Theo e o depoimento deste, não deixam dúvida. Pouco antes de morrer, Vincent disse que la misère ne finira jamais.
Mais uma conclusão do pintor que revolucionou a arte.
Vincent não afirmou que a miséria monetária do homem não teria fim. Seu alcance foi bem mais longo. Ele sabia que a miséria humana não tem fim, sentiu esta verdade dentro de sua alma. O homem sofre, é uma condição da vida.
Sentiu ao longo da sua existência que o fato é verdadeiro, embora tenha sido um doente. Da sua doença surgiram os mais belos quadros e sobretudo expressivos que conhecemos. Além de mestre nas tintas, compreendia bem a vida. Não fosse assim, não conseguiria transmitir a emoção que quis e conseguiu passar para a Humanidade.
São pinturas expressivas aos extremos, ora tristes e igualmente de uma beleza incomum. O par de botas, o quarto do pintor, ele mesmo com a orelha decepada por um corte de navalha, fruto de uma briga com o seu contemporâneo Gaugin, tudo isto importa numa visão de vida exterior e interior muito grande.
O homem nasce sozinho, vive sozinho e morre sozinho, a despeito do que queremos crer. Por mais amor que o cerque, sua existência é solitária.
Foi isto que o mestre concluiu e viveu.
Seus campos, seus trigais. As cenas humanas retratadas mostram um homem que conhece suas limitações e misérias.
Mostram igualmente a grandiosidade de um homem que mesmo sabendo nada, soube transmitir o tudo...
É verdade que a Vida está cheia de lados negros. Mas o melhor é vivermos com todas as felicidades que ela nos oferece.
A começar pelo amor. Tem tanta coisa...

2 comentários:

Márcia Sanchez Luz disse...

Jorge, a leitura que você faz de Van Gogh é de uma sensibilidade extremada. De fato, a miséria humana vai além da falta de recursos financeiros - é a solidão de mundo, apesar de sermos seres sociais, é a miséria da existência quando nos descobrimos sós, mesmo que cercados de pessoas.

Adorei seu texto. Parabéns!

Um beijo

Márcia

Cintia Moll disse...

"O homem nasce sozinho, vive sozinho e morre sozinho." Por mais carinho que o cerque, é uma terrível verdade. Texto maduro, Jorge.
Parabéns, abraço.