quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"A Cartomante", modificada



















Um concurso da Academia Brasileira de Letras pediu que o participante desse um final diferente ao conto “A Cartomante”.  É um excelente exercício. Fiz este.  Diria a quem escreve que praticasse o procedimento.  É muito difícil, mas bastante enriquecedor.  Você tem que mudar de tempo, e mais sério ainda, aproximar-se muito da linguagem dos autores, no caso um dos mais sábios e conhecedores da língua portuguesa. 


Não muitos sabem que Machado gostava, nos seus contos, mais de um final.
Um deles  ele preparou foi o que segue, logo após Camilo ter consultado a bruxa que previa o futuro.

'Foi um grande alívio.  A cartomante... Não fosse ela, estaria ainda apreensivo com o bilhete recebido.
            Camilo respirava um ar mais leve, mas mesmo assim não se esquecia dos dizeres “vem já, já à nossa casa”; Vilela não era homem afobado. 
             O tílburi passava pela orla marítima, rápido.  
            Por fim, o portão da casa, por ele aberto, chamando pelo amigo.  O jardim demonstrava cuidado do morador, que surgiu lívido, com um papel na mão, roupa amarfanhada e gestos impacientes, como louco fosse.
            - Até que enfim!  Veja isto.
            E entregou a Camilo um papel com letra, desenhada, certamente para não ser reconhecida.  A leitura foi rápida.  A carta dizia que Rita estava na casa de um amante, indicando o local.
            - Não é possível, Vilela!  Rita jamais faria isso.
            - Vamos lá agora.  Fica tudo resolvido.
              Vilela e Camilo traídos pela bela Rita.  Este último mal estava de pé.         Rumaram para o local onde dizia a carta, não sem antes prometessem um ao outro que não haveria violência, de acordo com a idéia macabra que tinham posto em prática.
            Viram nitidamente.  Às pressas, ela saía de uma casa com mau aspecto.  Foi seguida com cautela, e perceberam que voltava para casa.     
Vilela e Camilo não demoraram.
            - Ora, estão a passear juntos!
            - Fora, maldita seja.  Vá com a roupa do corpo. 
            - Não estou entendendo...
            - Vá antes que eu cometa uma violência!
            Ela saiu amedrontada.  Dirigiu-se para a casa de Camilo, que se despedia do amigo marcando encontro. Certa que encontraria um teto amigo.
            Enganou-se.   
            Rita levou um empurrão quando quis se aproximar do antigo amante enfurecido, que lhe deu com a porta na cara.
            Dizem que ficou tuberculosa, mas ainda hoje faz parte de um bando de mendigos que perambulam pelos lados da Candelária.'  

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Morena ataca!















            Não sei!  Que é isto que se passa?  É magia.
            Quantas vezes acordo e não sei se é noite ou dia.  Rimou mas não é poesia, foi acaso, acreditem, não sou poeta nem feiticeiro, eu sou ‘um cabra faceiro’, admiro o Noel e para ele tiro o chapéu.
            Onde está minha cabrocha, bunda dura feito rocha, que na passarela rebola, enquanto tanto samba rola?
            Sei não.  Mas sem ela a Escola não sai, não adianta que não vai, ela é peça fundamental, ela mexe com seu sal.
            Ah!... Você duvida, e não sabe que nesta vida, se não tem uma morena, aquela bonita de dar pena, que quando passa tudo massacra, quantas vezes eu já disse, e você pensa que é tolice, que esta morena sestrosa está com tudo e não é prosa e ‘inda tem o nome Rosa...  

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sinfonia de roseiras















       Desde moço gosto de mexer com roseiras, plantando ou cuidando.
         É um trabalho que dá prazer, de tempo em tempo afofar a terra com cuidado de machucar as raízes, molhar pouco durante os dias mais frios, mas não esquecer de despejar boa água no seu caule junto ao solo, quando Sol ainda não está direto no canteiro.
         Tenho poucas. Cinco. Gosto mais da rosa chá, que plantei de galho quando fazia uma poda. Linda, mas com cheiro muito discreto, são silvestres. 
         Muitos dirão a causa de estar contando isto. Simples. As roseiras disputam entre si qual a que vai se sobressair. Nesta batalha, uma sinfonia de roseiras, quem ganha é você.
         Hoje mesmo fui presenteado por uma linda rosa chá, que eu plantei. Interessante que não é data que me lembre acontecimento algum.
        

        Mas no meu aniversário, vem surpresa!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sites de literatura












            Quando lancei um artigo falando sobre a procura de outros sites para postar, fiquei com fama de traidor e antipático entre muitos.
            Entre todos, de jeito nenhum.  Assim é que lendo Rubem Fonseca no Portal Literal, hábito que tenho para ficar atualizado com o que está se passando de novo, pois as informações existem, e site onde escrevem ganhadores do Prêmio Camões, o maior da literatura em língua portuguesa e acadêmicos da ABL tem que ser respeitado, depois de fazer minha costumeira leitura, fui dar uma olhada nos candidatos.
            Não foi propriamente um susto, mas fiquei admirado quando vi nomes de quem aqui escreve.  Li com atenção.  Tenho poder de voto e queria exercê-lo.   Todos eram bem razoáveis, exceto alguém que escreveu demais.  Passei por cima e apenas comentei, dizendo o fato narrado.  ‘Escreveu muito. ’
            Quando alguém quiser ser publicado no Portal, seja direto, use frases curtas e não se alongue.  Caso contrário o credenciado a votar desiste de ler, salvo se o assunto for muito interessante.
            Cuidado com as poesias.  As que vemos repetidamente, são recusadas.  Se você não conhece poesia tradicional e a contemporânea, é melhor que não espere ser publicado.
            Disse que fui mal entendido por muitos.  Hoje Esther Rogessi, conhecida por todos, faz um comentário no meu primeiro texto dizendo que não abandona o Portal Literal de forma alguma, e tem muitas publicações no requintado site.
            Zuenir Ventura, Lígia Fagundes Telles, Ferreira Gullar e Rubem Fonseca têm o seu espaço certo.  Nós que podemos ser recusados, temos o nosso.
            Como Rubem gosta de dizer, cana dura.  Mesmo os que podem votar, se não alcançarem um mínimo de vinte votos, tentem novamente.
            Tudo isto, não quer dizer de jeito nenhum que evitem os sites comuns.
            É pensar pequeno, o tentar impedir o autor de ampliar seus horizontes.