domingo, 31 de janeiro de 2010

A cultura

  Biblioteca Nacional


















Vejo e ouço que a cultura pode ser pessoal, ou sofre influências. Dizem ser eminentemente pessoal.
Também acho que cultura é pessoal, você forma ao longo do tempo. E ela se vai consolidando.
Mas a famosa cultura dos povos, por exemplo, como o nome diz não é pessoal. São os hábitos, conhecimentos e tudo o mais que caracteriza um povo. Não se pode comparar um senegalês com um alemão.
O problema não é esse. Falei na cultura de corriola, de grupos.
Parece que existe sim, e influencia quem se identifica com ela. Você falou nas artes plásticas.
Ora, é nelas que as culturas de grupos parecem dominar. Das cavernas de Altamira até a arte contemporânea, quantos ismos tivemos? Tudo produto de corriolas, grupos. É a isso que quero me referir.
Pessoalmente também somos afetados. Imagine um pintor de talento que por circunstância qualquer seja obrigado a frequentar local onde nada se conhece de pintura. Com o tempo, sua arte vai atrofiar-se. Aconteceria o contrário, caso ele fosse para lugar onde a arte é desenvolvida.
Paris é um excelente exemplo disso. Todos os pintores famosos, se por lá não passaram, gostariam de ficar na cidade um bom tempo. Florença idem, e Nova Iorque, para os que gostam da crista da vanguarda, também.
A cultura é pessoal; não discuto isto. Mas sofre influências dos mais próximos e da conjuntura.
Acho que consegui dizer o que penso.


Comemoro aqui o meu centésimo texto no blog.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Roraima e estrangeiros

  Índio/Google

















Leio a reportagem do Pravda sobre a invasão estrangeira em Roraima.
Assinado por professora de biologia celular da Universidade de São Paulo, ela afirma categoricamente que naquele estado, em ricas áreas indígenas, brasileiros não têm acesso.
Este só é concedido a norte-americanos, europeus e japoneses. As terras indígenas são ricas em pedras preciosas, ouro e petróleo.
Afinal, o governo federal conhece o fato? Ou tem exagero por parte da signatária, Mara Sílvia Alexandre da Costa?
Estão perdendo a autonomia nacional? O Ministro da Defesa, Nélson Jobim tem conhecimento do fato? Sou capaz de afirmar que não. Patriota comprovado, conhecedor dos problemas brasileiros, ele jamais permitiria este fato, pois todos conhecem a posição nacionalista do ministro. Dele e dos três ministros militares.
É claro que tal irregularidade denunciada pode ser verdadeira.
O país tem tranformado-se em valhacouto de marginais comuns. Daí para ser explorado clandestinamente por estrangeiros é apenas um passo.
A verdade! As autoridades brasileiras sabem disso? A FUNAI já comunicou este fato?
Tudo isto é muito grave e sério. A resposta ao povo brasileiro tem que ser dada no menor espaço de tempo possível.
Auxiliados, sim. Explorados, nunca!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vestibular

  Prova/Google













Há anos passados, no vestibular da Faculdade de Direito de Niterói, aconteceu fato digno de nota.
Na primeira prova, português, a nota mínima era cinco. Não passasse, não fazia as outras provas.
Na correção, os professores usavam muito auxiliares competentes. Difícil o trabalho para um só. O caso é que um vestibulando foi eliminado. Quem corrigiu havia lido no Jornal do Brasil, na época o mais respeitado do país, um texto que chamou a atenção, que tinha, no seu entender, sido plagiado pelo estudante.
Foi o que bastou para mudarem os conceitos de correção de provas. Este aluno era estagiário do Jornal do Brasil, e o texto era dele.
Juntou a prova no pedido de revisão, quase nunca concedido. O vestibulando havia feito a crônica para o JB. E agora?
Agora que os examinadores colocaram a pulga atrás da orelha. Quem era aquele cidadão? Um jovem estagiário, somente, ou um já experimentado profissional?
A solução que deram? Foi simples. Nas provas orais, nenhum examinador deu nota menor do que oito. Passou fácil.
Não foi um advogado brilhante, mas como aluno, defendeu no Tribunal do Júri casos ditos perdidos.
Absolveu todos os réus. Parou quando a marginalidade tomou conta dos processos.
Hoje escreve crônicas, como há muitos anos atrás.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Conto e crônica

  Guimarães Rosa















Esta tarefa de distinguir o que é um conto ou uma crônica costuma confundir escritores, críticos e professores.
Alguém termina de escrever um texto e quer publicá-lo. Vem a dúvida. É crônica ou conto?
A maioria das pessoas acha que a distinção é fácil, quando de fácil não tem nada. Depende do autor, se o texto é nitidamente uma história, com muitos diálogos e envolvendo um grau de poesia, tudo faz crer que seja um conto. Já é um bom início de distinção da crônica, que é sempre mais direta.
Há quem afirme que a crônica não comporta diálogos. Mas esta regra não está escrita em nenhum livro de teoria literária, pelo que sei. Se os diálogos caracterizam a peça, então podemos ter um conto.
É interessante notar como quase todos os professores escrevem sobre o assunto, mas quem vai dizer com segurança se o texto é conto ou crônica é o autor. Se quando ele escreveu tinha intenção de informar sem ser repórter, é crônica.
Caso esteja com o objetivo de criar um fato, uma situação e usa personagens para atingir o seu objetivo, é um conto. Eu penso assim, embora possa estar completamente equivocado – coisa que não acredito. Diria que quando escrevo, tenho um objetivo certo. Ou informar, sem ser jornalista, ou ser um pouco mais poeta dentro da prosa, embelezando o texto e conduzindo o leitor a um final determinado. A primeira hipótese seria uma crônica; a segunda, um conto.
Muitos teóricos são adeptos desta maneira de pensar. Se tiver alguma poesia na escrita, é conto, e não se fala mais no assunto. Mas quantos são os autores que escrevem belas crônicas cheias de poesias! Quem já leu uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna sabe disso, embora o autor seja mais poeta e suas crônicas não andam soltas em jornais, revistas ou sites literários. Por ser poeta por excelência, quando escreve algo o traço vai se fazer notado, é impossível ser de outra forma.
Já Nelson Rodrigues, embora teatrólogo e por esta razão acostumado com as paixões humanas, escreveu no fim de sua produtiva atividade muitas crônicas impregnadas de um falso sarcasmo, mas que na verdade era um lirismo. Daí, quem afirmar que escreveu contos, não está apartado da realidade.
Guimarães Rosa, em “Sagarana”, publicou contos e assim os classificou, sendo a obra-prima o “A hora e a vez de Augusto Matraga.”
O assunto não é nada tranquilo quanto parece. Já houve quem dissesse (Fernando Sabino) que se o autor colocar como crônica passou a ser, mesmo que se trate de belo conto.
Complicado... Acho que acabei de escrever uma crônica, aliás, não acho. Tenho certeza. Mas haverá quem diga que foi um artigo didático, ou uma lição.
E estão enganados, por que não estou a fim de dar lição a ninguém...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Amor duradouro

  Casal brincando












Caminhavam juntos numa área de lazer. Não estavam de mãos dadas, para o movimento dos braços ficar livre.
Talvez já velhos. Na idade, nos hábitos e no amor. Trocavam olhares meigos, e conversavam baixo. Só quem estivesse muito perto ouviria algumas palavras. Eram olhados, tanto pelos mais novos, quanto pelos de mais idade.
Que mistério seria aquele? Qual a razão dos olhares?
Os mais experientes no assunto, mesmo jovens, percebiam neles a calma e a segurança, que pareciam estar sendo irradiadas. É uma cena bonita. O mundo anda tumultuado, a natureza acompanha, pois está ferida, muito maltratada.
Sim, ainda há casais que o tempo só fez o amor e a compreensão aumentarem. Não são poucos, com possam imaginar. Unidos na mesa, muitos ainda na cama, na compreensão mútua, no amor. O convívio juntos, por anos enfrentado risos e choros, folgas e dificuldades, enfim o que a vida nos apresenta, traz uma identidade no casal, o que não quer dizer absolutamente falta de independência pessoal, outra necessidade para a compreensão mútua.
Você duvida? Saia e dê um passeio pelos parques e jardins, ou pelos calçadões da orla marítima.
Vai encontrar muitos que souberam construir um amor duradouro.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Grandeza e sofrimento

  Nebulosa de Carina/NASA











Não entendemos muitos fatos, principalmente da Natureza, e insistimos em achar explicações.
O problema existencial é o mais discutido e controvertido. Estamos vivos, pensamos, indagamos. Nada mais normal. Todos buscamos, certos ou errados, a razão da nossa existência. A começar pela origem do Universo, que tem tantas explicações.
A mais discutida, no momento, é a famosa da grande explosão, o big bang. Matéria condensada no cosmo, possuindo energia, uniu-se através dos milênios infindáveis e terminou por explodir, dando origem ao universo.
Complicado, isso. Ninguém prova coisíssima alguma, mas astrônomos e físicos tecem teorias sucessivas. Cada um apresentando suas provas, que na verdade, não convencem ninguém.
As buscas são válidas. Mas a especulação, por mais científica que pareça, é sempre duvidosa. Nenhum cientista, seja qual o seu valor, conseguiu explicar nossa origem.
Quando a ciência é impotente, entram com muita força a filosofia e a religião.
O universo foi criado por Deus, segundo o Antigo Testamento. Acreditar nisso é tão difícil como no big bang. E ainda pode-se arrematar com duas perguntas terríveis. O que estaria fazendo Deus quando o universo não existia? Quem criou Deus?
A famosa resposta Deus sempre existiu só convence aos mais crédulos, cuja aceitação no espiritual religioso é muito grande. O homem sofre, diante tal realidade. Trata-se de um problema de Fé. Aqui o assunto parece ser bem mais simples. Se embarco num avião com destino a Lisboa, acredito que seja lá que vou desembarcar. Seria, neste caso, uma fé.
Cruel o problema. Na verdade, não sabemos quem somos.
A melhor atitude, diante tantas indagações e sofrimentos, é viver dentro da maior dignidade possível.
Os justos não são apenas filhos de Deus. São Ele mesmo, e é preciso que isto seja reconhecido.
Aqui, o sofrimento encontra-se com a grandeza.



A nebulosa de Carina é a mais brilhante do céu. Está situada na constelação de mesmo nome, a uma distância de 7.500 anos-luz da Terra, e é um grande nascedouro de estrelas.