domingo, 22 de março de 2015

Outono

                                        

            Há tempo que pensar quieto, em lugar silencioso, se faz necessário.
            Onze horas.  Manhã ou noite? Não importa.  O copo grosso e pequeno ainda estava com boa quantidade de uísque.  Um gole a mais, pequeno.  Nada de embriaguês, embaraça o pensamento.
            Mundo confuso.  Países ricos demais, outros numa miséria inexplicável.  Desperdício e obesidade versus falta e corpos esqueléticos.  Não, não é culpa do sistema mundial vigente, econômico.  O defeito é humano mesmo, pessoas muito mal formadas tomando conta e dirigindo países em todos os lados do mundo.  Um risco, isso.  A qualquer momento pode ocorrer uma catástrofe.  Um míssil em território palestino, certeiro e destruidor, outro lançado contra Israel, nem tão certeiro, nem tão destruidor.
            O ditador africano.  Cinco carros na garagem, todos ao alcance só de abastados.  As ruas da cidade onde mora estão cheias de miseráveis e doentes.  Conformados, ou com medo da tropa que pode fazer um massacre em poucas horas.  Um pouco mais a leste, o fanático muçulmano examina o seu rifle.  Enferrujado, mas só na parte externa, pelo suor das mãos, coisa de pouca monta.  A faca está perfeita, a distração é amolar várias vezes ao dia.  Pode ser usada a qualquer momento, haja garganta estrangeira!  Em latim, hostis significa estrangeiro ou inimigo.
            Pouco mais a leste, tendência belicosa de um país que se achava calmo.  Dirigente popular e populista, o perigo é todo este.  Não abandona o poder. Ora Primeiro-Ministro, ora presidente da República.  Reacionário de esquerda, expansionista e de maus bofes.
            A coisa vai melhor nas Américas.  A canalha republicana permite e convida chefe de estado estrangeiro para ofender o presidente numa das suas casas legislativas.  Nem tão melhores são do que os colegas envolvidos com trapaças que arrebentaram um país, doze anos governado por incapazes travestidos de idealistas.  Ao norte, um ‘presidente’ que governa por decreto país onde supermercado pode virar estacionamento para automóveis, basta retirar as prateleiras e geladeiras vazias.  E a América está melhor, bem melhor!

            Interessante.  Ano passado também foi escrita uma crônica. Primeiro domingo de outono, basta procurar no buscador.  Era bem mais amena!

imagem: "Chegada de Outono", Eduarda Barumm, óleo sobre tela.