sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Casa do Bruxo














A casa do bruxo


Existe em Bolligen, uma espécie de distrito de Saint Gall, Suíça, uma construção em pedra, em forma de círculo com uma torre no meio.
A respeito dela, contam-se muitas histórias. Umas baseadas na fantasia de todos nós, outras em fatos concretos.
Começou a ser construída em 1923, e lentamente foi ganhando forma. Um só homem a desenhou, e fez quase todo o trabalho da construção.
Estranha idéia! Mas o autor desta incrível proeza era um bruxo, um bruxo sábio, um bruxo erudito. Escreveu que “minha vida foi singularmente pobre em acontecimentos exteriores. Sobre estes não posso dizer muito, pois se me afiguram ocos e desprovidos de consistência. Eu só posso me compreender a luz dos acontecimentos internos. São estes que motivam a fecundidade da minha vida e é dela que trata minha autobiografia.”... Memórias, C G Jung
Após exaustivo trabalho, ficou pronta em 1955.
Não tem água encanada. Desconhece a eletricidade. A água vem dum poço, com bomba manual que o bruxo bombeava, como cortava lenha para a lareira, calefação e forno da cozinha, onde ele mesmo preparava suas refeições.
Na torre, o escritório indevassável. Ninguém penetrava sem a sua expressa autorização.
Qual o homem de hoje que no seu retiro – e lugar de profundo trabalho – toma conta da água, do fogo, da refeição, do trabalho e do lazer?
É preciso grande desenvolvimento espiritual para concatenar estas tarefas.
Mas o bruxo de Bollingen não só possuía estas qualidades, como era capaz de desenvolver idéias que se transformaram em livros.
Carl Gustav Jung nunca foi um simples mortal. Muitos o dizem analista. Poucos sabem que, antes de tudo, foi um homem completo, capaz de entender a si mesmo e aos seus semelhantes. Todos falam do seu conhecimento, da sua erudição, mas poucos tiveram o prazer de ir até o fim do seu livro “O homem a procura de sua alma.” Um filósofo, um erudito, um bruxo de magias certas, beirando às equações matemáticas, talvez o seu único pecado, pois afirmava detestar e não compreender a Matemática, a única ciência que abre as portas ao conhecimento exato. No entanto, como a Vida não é exata, esta falta de conhecimento não lhe fez diferença.
Segundo tudo indica, a psique humana e o homem em si mesmo nunca foram tão bem observados. O velho bruxo, um dos aspectos da mão Divina, não deixou muitas lacunas.
É fato conhecido por todos os seus chegados, parentes e alunos, que quando morreu um raio cortou na mesma hora uma grande árvore da sua casa, em Zurique.
Na casa de pedra, em Bolligen, tem a inscrição na pedra, por ele mesmo entalhada, “Invocado ou não invocado, Deus está sempre presente.” Esta afirmação não é dele. Igualmente, encontra-se esculpida no Oráculo de Delfos, da antiga Grécia.
Os mistérios, nem sempre, são inatingíveis ao ser humano.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sociabilização humana














Sociabilização humana

Segundo tudo indica, a consciência social do homem iniciou quando ele aprendeu não só viver em grupos, atitude que pode ser interpretada como apenas de defesa.
Nesta época, a necessidade da caverna e dos companheiros era imperiosa. Nada sabemos dela, salvo deduções encontradas a partir de desenhos entalhados em pedra, principalmente na caverna de Altamira, no norte da Espanha.
Parecem indicar a necessidade do alimento. Há animais caçados, mas hoje não podemos afirmar que sejam tão somente manifestações geradas pela necessidade da alimentação.
Ao que tudo indica, o homem começou a tomar conhecimento da vida em sociedade, respeitando uns aos outros, quando começou a enterrar seus próximos, numa atitude de respeito e talvez baseada numa forte espiritualidade gerada pelo medo. Se um trovão, antecedido por forte descarga elétrica ainda desperta temor no homem do século XXI, é fácil imaginar o que acontecia com os primitivos. O temor sempre foi o responsável pela busca humana em proteção maior. Diminuído da sua força e compreensão, até hoje, busca no externo aquilo que está dentro de si mesmo.
Os mortos, como dizem as pesquisas arqueológicas, eram deixados em local afastado. Com o tempo, segundo a mesma ciência, começam a aparecer ossadas que demonstram ter havido enterro do corpo.
Foi o início da sociabilização do homem. Retroceder no tempo é difícil. Ao que tudo indica, o direito é posterior ao sepultamento dos nossos ancestrais. Seria naturalmente todo ele consuetudinário, comum na ideia de um povo, que sabe distinguir entre certo e errado. A organização da sociedade, desta forma, já estaria sendo feita e praticada.
Com toda a falta de respeito que existe entre uns e outros, atualmente, não se pode negar que esta qualidade tenha diminuído muito.
Mas perfeição não existe. Continuaremos com nossas mazelas, queiram ou não os ‘civilizados’.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Calor














Verão

O solstício de verão, que se inicia normalmente no dia 21 de dezembro e finda em 21 de março, no nosso clima tropical, em nada pode agradar.
O calor torna-se insuportável. Aliado à umidade relativa do ar, alta no Brasil em quase todos os pontos, traz a desagradável sensação que abrimos uma panela de água fervente, e o vapor nos vem ao rosto.
Sacrilégio, dirão muitos. É, pode ser, mas não tenho estômago para suportar praias onde se tem que pedir licença para passar até a água. Algumas, muito poucas, são menos frequentadas. Preço: dirigir e conseguir estacionamento no lugar.
Sempre entendi que divertir-se e aproveitar o que a Vida tem de bom não pode exigir sacrifícios. As piscinas dos grandes edifícios resolvem, as dos condomínios fechados também. Em casa, o ar refrigerado, a comida leve, o chardonnay gelado são extremamente agradáveis.
Mas não vivemos só em casa. Tem o trabalho, o Sol causticante, o banco, a conta a pagar, as compras e vou parando para não irritar o leitor. Contam que o escritor Aldous Huxley, esteve no Aeroporto do Rio de Janeiro. Quando foi saltar, levou a trombada do calor solar brasileiro. Permaneceu dentro do avião e não houve quem o tirasse de dentro dele. Tinha passagem de volta. Não desembarcou no Brasil, por conta do calor.
São muitas histórias. Quando bem mais novo, frequentava uma praia famosa de Niterói, a minha querida Vila Real da Praia Grande. Itacoatiara, uma das mais famosas do Brasil. Tem seiscentos metros e está rodeada por montanhas da Serra do Mar. Era um prazer que não se pode medir. As casas são belas, as ruas, todas com nome de flores, sem asfalto e com árvores frondosas. Um paraíso. Um paraíso ameaçado pela especulação imobiliária.
Um dos últimos redutos de bem-estar brasileiro corre risco de transformar-se num bairro edificado com quatro ou mais andares. Desfigurando a natureza. É duro!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Baixo astral


















Baixo astral

Acontece sempre. O baixo astral ataca o governo, a sociedade e o que gira em volta de ambos.
Dilma foi a Cuba e abriu o cofre, sem se preocupar com a política. É contra o bloqueio econômico ditado pelos Estados Unidos contra aquele pais. Todos somos. Na atualidade, não há como fazer discriminações econômicas, políticas, sociais ou religiosas contra quem quer que seja.
Internamente, estamos lutando contra uma série de homens públicos que se mostraram duvidosos de ocupar cargos de ministro, principalmente. Um erro da administração passada, que solapa o novo governo.
Como ponto positivo, a Presidente a República admitiu publicamente a existência de um estado palestino, livre e soberano. Justificou bem a sua afirmação.
Mas enquanto temos hoje privilegiada posição econômica, superando a Inglaterra, nosso índice de desenvolvimento humano, o IDH, vai mal. Muito mal. Qual seria a razão mais provável?
Simples. O brasileiro ainda é sem educação de base. Mal lê, mal escreve, mal sabe. Acho um absurdo esta questão do aluno completar o ensino básico sem mesmo saber ler ou escrever. É fato que não me entra na cabeça.
Deste modo, comprometida a educação, todos os outros problemas são desconhecidos, como saúde, saneamento básico e segurança. Esta vai de mal a pior. Com a greve dos policiais militares na Bahia, saques e assaltos estão sendo cometidos impunemente, e o idiota governo ainda insiste no desarmamento. Quem trabalha e não tem antecedentes criminais, não pode ser proibido de ter arma para a sua defesa, devidamente registrada no órgão competente. Sem este abuso de renovação, com fins nítidos de arrecadar mais e tornar mais difícil a posse das armas legais.
Afirmo uma vez mais: povo desarmado e ignorante é fácil de ser controlado. É o que o governo quer.
Parlamentarista convicto defendo o sistema, com amplos direitos de plebiscito ao povo. O governo nada manda; obedece aos anseios do povo. Todos os poderes. Executivo, legislativo e judiciário. Conseguidas cinco mil assinaturas válidas dos eleitores, qualquer decisão pode passar pelo voto popular, que pode vetar a mesma.
Os dirigentes odeiam esta ideia. É evidente. Grandes fortunas são construídas por causa desta distorção dita ‘democrática’, mas fascista acima de qualquer outra hipótese.