terça-feira, 24 de abril de 2012

Pajelança

Todos os que me conhecem sabem que não faço o tipo de entendedor da medicina alternativa. Não sou irresponsável. O fato é que minha mulher, preocupada com diabetes na família, comprou um kit confiável, de grande laboratório conhecido mundialmente. Sua intenção era submeter todos ao certo exame do mencionado aparelho. O primeiro a servir de cobaia fui eu mesmo. Uma sobrinha, farmacêutica diplomada, ensinou a usar o dito cujo e pediu meu dedo anular esquerdo. Uma picada indolor, sem susto. Não estava em jejum e já havia tomado dois copos de vinho, era meio-dia de um sábado. Duzentos e seis miligramas de glicose por decilitro de sangue, indicou a traquitana. Diabético! Mas que diabo, mais esta! Verdade, ninguém pode ter os 98% mg/dl sem doze horas de jejum, ainda mais no segundo copo de vinho tinto chileno, beleza de coisa boa. Tem pouco tempo isto. Pretendo fazer a virada, em 30 de abril, sem muita restrição. Contrariando a minha própria razão, e entendendo que sou um imbecil mesmo, apelei. O infeliz do medidor de glicose que vá para o diabo que o carregue. Antes do meu aniversário, nem pensar em médico. Coisa minha e circunstâncias especiais, que ninguém duvide. O título da postagem é “Pajelança”. Foi o que fiz. Estou a poucos dias do aniversário e o índice não subiu. Vou ser processado, mas ensino. Tenho na minha casa duas trepadeiras de pata-de-vaca, e muita gente já me pediu folhas, asseguram-me que é muito eficiente no tratamento da hiperglicemia. Fiz o chá, tirando folhas tenras e deixando em água fervente dois minutos, ao menos. As folhas são picadas. Depois de a água levantar fervura, despejo três folhas da pata-de-vaca, e mantenho a panela tampada. Aguardo uns cinco minutos e bebo com chá verde, este comum que vende em supermercado. Depois do dia 30, enfrento o médico. Vai pedir cintilografia até da unha do pé, mas não tenho alternativa. Talvez, ou melhor, com muita certeza, vinho só pouco, uma taça, e alimentação severa, que não me assusta. Faça esta medida também! Diabetes é uma doença controlável, mas se existe abuso, as consequências são graves. Muito graves! imagem: Folhas de pata-de-vaca

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Vida













Vida

Muitas vezes penso o que estou fazendo na Vida. Parece que não é só minha a ideia. Problema existencial? Talvez.
Mas ela é uma só, não a posso jogar fora, desconhecer a mim mesmo e aos próximos. Há que se ter uma dignidade com o existir, ou tudo fica sem sentido.
Tenho certeza não estar enganado.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Caminhando


















Caminhando

As folhas das tílias amontoavam pelo chão. Ventava fraco, na praça grande e arborizada, um vento refrescante, mas não frio.
O velho banco, ainda bem conservado, servia de assento para o homem de meia idade, boa aparência, jeans, camiseta azul e um moletom como agasalho. Seus olhos pareciam procurar alguma coisa, sabe-se lá o quê.
Mães com seus pirralhos brincavam aproveitando a tranquilidade do lugar. Muitas conheciam de vista o homem, que tinha o hábito de passar algum tempo sentado no mesmo lugar onde agora se encontrava. Um “bom-dia” era sempre trocado. Só isto, mais nada.
“Ora, ela não está tão longe. Tenho o seu endereço, posso tentar um encontro. O máximo que posso levar é um não. Vou lá.” Era o que pensava diariamente. Jamais colocou a ideia em prática.
Tem fatos que ocorrem inevitavelmente. Como este, uma paixão inicial de ambos os lados, paixão perdida, seu rosto, seus cabelos, seu modo franco de falar... E o corpo? Perfeito, sem exageros. O problema era a idade. Poderia ser sua filha, era vinte e três anos mais jovem do que o homem sentado, pensando.
- Du, quero um filho seu.
- E eu de você.
- Mas tenho medo de não o ver um homem, ou mulher, ninguém sabe antes.
- Tanto faz. Não me importo com isso. Sei o que pensa. Vai morrer antes de mim, não verá o filho casar. Ou cursar uma faculdade. Já pensei nisto, eu cuido dele. Afinal, tenho bons clientes, e nós dois temos bom dinheiro.
- Mas eu quero participar de tudo!
- Sei, sei. Mas será que isto vai impedir que o nosso relacionamento termine? Não nos bastamos? Há muitos casamentos sem filhos.
O diálogo, quase sempre, era esse. Ela partiu, por causa da indecisão. Queria um companheiro, um amante, um amigo. Dava notícias, às vezes. Culpava-o da omissão que havia estragado a vida dos dois. Mas era visível seu amor pelo antigo companheiro.
Determinado dia, a correspondência cessou. Logo após Du ter comunicado que era mãe, o filho tinha o nome dele. Casada e distante.
Tremeu quando soube que havia sido assassinada por um amante, por ciúmes do marido.
O homem da praça continua, até hoje, caminhando em busca do amor que não se realizou, o pior de todos eles.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Escrever em blog ou site















Escrever em blog ou site

Assunto não muito discutido entre quem usa a internet para escrever é qual o melhor método, a via mais direta de comunicação com o leitor.
Existem duas formas. Sites literários conhecidos, onde sempre participam poetas e prosadores, e os blogs individuais. Os sites divulgam mais depressa, enquanto o blog é mais lento, precisa ficar conhecido como bom para ser frequentado. Muitos iniciantes nesta modalidade desistem em pouco tempo, por falta de leitores.
Existe diferença entre os dois? Acredito que sim. Quando se escreve para um site, é conveniente acompanhar o estilo dominante do mesmo, suas tendências, enfim, o seu todo. Nem sempre o autor concorda com a diretriz do mesmo, e pode sentir-se constrangido e não soltar seu pensamento mais verdadeiro. É muito comum esta hipótese.
No blog é diferente. O assunto flui conforme o entendimento do autor, é bem pessoal e acredito muito mais expressivo. Nesta modalidade acontece um fato interessante. Observe o contador de visitas do seu blog. É comum determinada postagem ser lida por mais de vinte pessoas, e ter apenas um ou dois comentários. Na maioria das vezes, o fato acontece pelo leitor não saber colocar a sua mensagem no blog. Outras vezes, é por preguiça mesmo. Os blogs mais conhecidos são os vinculados ao Google, onde existe variedade grande de modelos, uns austeros, outros bonitos e elegantes. Fato que anda incomodando é entender as duas palavras que devem ser colocadas no final da postagem, para que haja publicação. Antes simples, está muito difícil de ser lida e repetida, o que tira o ânimo de quem quer comentar.
Ambas as comunicações são muito interessantes, mas prefiro o velho blog, que dá mais trabalho, mas sou bem autêntico.