sábado, 25 de março de 2017

Melhor não brincar

                               

            Estamos em tempo onde a brincadeira de desafiar o poder causa desastre.
            No alpendre de um lugar espaçoso, e fico por aqui, alpendre grande, madeira do telhado muito bem assentado, telhas coloniais  e pé direito bem alto, alguns homens de idade pouco mais do que jovem, conversavam mostrando uma dose de apreensão.
              E tem gente qualificada para isto?
              Claro!  Se não tivesse não estaríamos aqui perdendo tempo.
              O comando maior sabe disso? —  Foi a vez de um bem mais novo.
              Saber, sabe.  Mas muitos não acreditam.  O comandante da Brigada Paraquedista, por exemplo, sabe e pela sua cara, não desaprova.  Outros não acreditam que possa ser executado o plano, com sucesso.  Não sabem que tem gente muito grande por trás de tudo isso.
              Quem?
              Nada de nomes, por enquanto.  Mas a possibilidade de êxito é muito grande.  Como a de fracasso, caso alguém deixe que isso saia do círculo.
               Pode ser mais claro, comandante?
               Vou ser o mais objetivo possível.
            Há tempos certos dirigentes estavam crescendo muito para cima de altas autoridades civis.  Juízes, promotores, procuradores da República e agentes da Polícia Federal, quase exclusivamente delegados, eram vítimas de um ex-presidente irresponsável, alcoólatra e apresentando sinais de esquizofrenia paranóide,  mostrada pelos acessos de mania de grandeza.
            Seus seguidores mais próximos estavam contaminados pelo mesmo mal, o que tornava o fato bem grave.  Estavam armando uma revolução, e contra ela, todos ali sabiam, só a violência séria, determinada e fatal.  Os estragos causados pelo Estado Islâmico, que de estado não tem nada, são apenas facínoras fanáticos, mostra bem do que estamos falando.
              E a gente faz como manda o figurino?
               Exatamente igual.
               Perigos?
              Os de sempre.  Olhe bem, se não quiser participar, está com medo, pula fora!  Ainda é tempo.
            A afirmação do comandante, nitidamente aquele homem dava as ordens, fez o mais novo colocar mais água gelada no seu copo alto.  Sim, eles bebiam destilados, nessas ocasiões, mas em doses moderadas, bastante moderadas.  A reunião não era festiva, onde se pode perder o raciocínio exato por causa do álcool.  
              Mas não se vai repetir 64.
              Mas que 64, rapaz!  Não queremos o poder, fora desta ideia, o objetivo é não permitir que estes safados voltem a esculhambar o que já está para mais de arrebentado!
            Um grupo de patriotas.  Verdade que haveria sangue derramado, pelo menos de quatro homens.  Reação?  Nenhuma, salvo alguns eventuais modestos protestos de rua.  Mas sem nenhum mais conhecido.  O Serviço de Informações mata.  Não sabia?  Pois saiba.  Aqui e em qualquer lugar do mundo.