sábado, 30 de junho de 2012

Jazz: Summertime

Jazz

O Modern Jazz Quartet introduziu o Jazz nas grandes salas de concerto mundiais, especialmente da Europa.
Aqui ele se apresenta com o violinista clássico Itzhac Perlman, tocando "Summertime", famoso trecho da ópera "Porgy and Bess", de George Gershwin.
Veja em tela cheia, para dar mais presença.
Créditos: John Lewis, piano; Milt Jackson, vibrafone; Percy Heath, contrabaixo e Connie Kay, bateria.


 http://youtu.be/GD9D1d1T4WQ

sábado, 23 de junho de 2012

Notícia

















                                                       Notícia

            Redação de jornal.  Gente até dizer chega.  Um telefone especial, usado só para trabalho, toca desesperado.
            - Diga, meu chefe.
            - Praxedes?
            - Ele, Tonico.  Que voz é esta?
            - Quem está aí?  Um ferrabrás, manda um depressa.  Na setenta e sete DP.  Caso escabroso.
            - Ué, e você, que está fazendo?  Cobre a notícia!
            - Não dá.  O delegado não deixa ninguém entrar.  Só os advogados dos envolvidos.
            - Aguenta a mão aí.  Vou mandar o Lício.  É amigo do homem.
            - Manda logo, cara!  Pode chegar um na frente e adeus manchete.
            - Mas afinal, o que houve?
            - Sei lá.  Coisa de figurões, não vaza nada.
            - Fica firme.  Liga de novo se for preciso.  Vou falar com o Lício.
            Desligou e foi na sala ao lado.  Nada de Lício.  Estava devorando, num excelente restaurante próximo, sua comida favorita, era quinta-feira, prato do dia.  O redator foi lá.  Lício estava terminando os legumes, verduras, meia garrafa de vinho apenas razoável.  Branco, ia bem com o salmão.
            - Acabou, Lício?  Urgente para a setenta e sete.  Houve algo sério, aquele seu amigo delegado não deixa entrar ninguém.
            - Hélio é bravo, mas não costuma barrar a imprensa.
            - Pois barrou.  Não entra ninguém.
            - Morte?
            - Não sei, mas tenho quase certeza que não, quem passou a notícia foi o Tonico.
            Pegou um táxi.  Era melhor do que seu automóvel, não precisava ficar procurando lugar de estacionamento.  Trajeto curto, dois quilômetros, por aí.
            Na porta da delegacia, três carros elegantes, no estacionamento oficial da polícia.  Entrou e deu de cara com o detetive Luisão.  Sabia de tudo.  Uma mulher, artista famosa, fora apanhada aos beijos e carinhos com o filho, nua.
            - Quê?  Foi isto mesmo, Luisão?
            - Eu estava no flagrante, Lício.  Vi tudo.
            Não se sabe a causa de Praxedes não ter publicado a notícia.  Afinal ele não era redator de nenhum jornal importante.  Mas vetou a notícia, agora confirmada pelo seu amigo e subordinado Lício.
            Perdeu o bonde.  Um periódico concorrente não tinha estes valores.
            Vendeu durante quatro dias, faturando horrores, a notícia relegada por Praxedes.
            Acontece.  Mais do que você imagina...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Polícia frouxa














Polícia frouxa

Os policiais são frouxos, têm medo dos bandidos.
É preciso haver renovação no sistema. A cana costuma ser nova, ‘marombada’ e metida a besta. Todos com incrível medo de morrer.
Os últimos acontecimentos mostraram que a terceira idade, já “terceirona” mesmo, não tem medo de cara feia. Claro, eles não têm medo de morrer. No Rio Grande, uma senhora que teve a casa invadida, mandou um bandido conversar com São Pedro. Foi encaminhado ao andar bastante inferior.
Ontem, 18/06, um agricultor de 84 anos, que tinha a mulher sob a mira de revólveres de quatro vagabundos também deu conta do recado, quando um deles atirou em direção à casa do sítio, em Mogi das Cruzes.
O idoso pegou sua espingarda calibre doze, arma para matar onça, e sapecou um deles. Deu entrada no hospital mortinho, mortinho. Um velho trabalhador do campo contra quatro marginais, hoje reduzidos para três.
Interessante que os tiras, burros como sempre, alegam que ele tinha licença para possuir a arma, mas não para portar... São uns gênios! Capazes de prender na selva amazônica um índio de borduna, arco e flecha.
Pelas reformas já! Queremos um Bope de mais de setenta anos e damos um conselho: bandidos, mudem-se para o Paraguai, enquanto é tempo.


Esta crônica é apenas uma distração séria contra estes idiotas e covardes dirigentes, parlamentares e policiais que teimam em desarmar o povo, mesmo depois da vexaminosa derrota no plebiscito. Povo desarmado é povo subimisso.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sobral Pinto














Sobral Pinto

Heráclito Fontoura Sobral Pinto talvez tenha sido o maior advogado brasileiro, superando mesmo o próprio Rui Barbosa.
Na época do regime militar, defendeu muitos acusados de subversão. Tive o prazer de cumprimentá-lo na Primeira Auditoria do Exército, lá pelas bandas da Praça da República.
Homem sério, advogado brilhante, orador com a voz fraca em virtude da idade, mas nem por isso embaçada pela falta do brilho, Sobral era católico fervoroso, que comungava todos os dias na primeira missa que era rezada perto da sua casa.
Certa ocasião, um oficial-general teve a infelicidade de chamá-lo “comunista”, tal o número que ele defendia. Resposta imediata do mestre:
- Comunista é a puta que o pariu.
Não foi preso nem processado. Ficou por isto mesmo, comprovando o ditado que o povo gosta de usar: “quem fala o que quer, escuta o que não quer”. Mais. Sobral era extremamente educado e o palavrão não fazia parte da sua fala diária.


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Mais uma de Sobral

Durante o regime militar, Sobral foi 'preso' algumas vezes.
Digo 'preso', mas a palavra certa é constrangido pelos militares a dar um depoimento, coisa que o valha. Contra ele mesmo, nada.
Muito bem. Depois de ter sido carregado à força, de pijama, para prestar um destes depoimentos, quando o fato surgiu nas manchetes foi um escândalo. O velho jurista tinha mais de setenta anos, e era o maior advogado do Brasil.
O presidente era Costa e Silva. Queria ter uma conversa particular com Sobral Pinto.
Escolheram um coronel do Exército, homem esclarecido e educado para cumprir a missão.
Tocaram a campainha. Sobral demorou um pouco. Tocaram outra vez. E lá apareceu, com um livro na mão e de pijama, o advogado famoso.
- Doutor Sobral, o presidente quer falar com o senhor.
- Presidente? Que presidente?
- O general Costa e Silva.
- Não tenho nenhum assunto a tratar com ele. Não vou.
- Mas doutor, é o presidente da República!
- Já disse que não vou. Só se for preso.
O coronel era realmente educado, escolheram o homem certo. Sobral aceitava um diálogo, mas conversa mesmo. Imposição, nunca. Sabedor disso, o coronel ponderou com o mestre.
- Doutor, não me obrigue, por favor, a usar a força. Não é o meu feitio. Iria me sentir muito mal carregando o senhor de pijama, faça a gentileza de me acompanhar. Estou cumprindo ordens. Não estou prendendo nem intimando o senhor, só quero que me acompanhe.
- Ah! Então mudou. Com licença, vou vestir-me. Mas não vou a Brasília não!
- O presidente está no Palácio Guanabara. E traremos o senhor de volta para casa.
Sobral foi. O assunto tratado entre ele e Costa e Silva está guardado em dois túmulos.

OOO

Outra do mestre Sobral

No famoso comício da Cinelândia, pelas “Diretas Já”, o palanque estava formado pela nata da sociedade brasileira. O comandante era Ulysses Guimarães, Deputado Federal que esteve sempre à frente do movimento.
Discursaram muitos famosos. A praça estava superlotada. O último a se pronunciar foi o velho advogado Sobral Pinto, já com voz bastante cansada, mas nem por isso fraca ou não convincente.
Terminou citando artigo máximo da antiga Constituição Brasileira:
- “Todo o poder emana do povo, e em seu nome será exercido”.
Quem passa até hoje na Cinelândia, se prestar atenção, escuta as palmas que o tempo conserva.

sábado, 9 de junho de 2012

Editores















Editores

Em fins de março do ano passado, 2011, enviei original de um trabalho para ser avaliado por grande editora.
É um bom trabalho, creio. Trata-se de um romance onde a tônica é o dualismo, sob muitos aspectos. Bem, mal; verdade, mentira; saúde, doença e a série vai prosseguindo até o final inesperado. Rápido de ser lido, “Casarão” até hoje não foi liberado. Um ano e três meses de angustiante espera. Por que não me dizem logo que o original foi recusado?
Tenho dois livros publicados, e não paguei nada por isto. Apenas entrei no projeto de novos valores da editora, fui aprovado e os livros foram impressos. “A Regra do Jogo” e “Contos e Crônicas no Portal Literal”. Da entrega dos originais até a resposta da editora e prontos os livros, em sessenta dias o processo foi concluído.
Tivesse eu nome em mercado diferente, fosse ator de televisão, empresário safado ou coisa que o valha, estava nas livrarias há muito. Mas sou apenas mais um blogueiro e autor razoavelmente bem sucedido em sites literários da internet. Talvez, nem sei muito bem, estes fatos até mesmo deponham contra mim. Não tenho certeza. Mas Saramago manteve um blog longo tempo, até bem próximo da sua morte. Tinha um carinho especial para com seus textos curtos.
Fosse rico, montava uma editora. Iria trabalhar em moldes diferentes, continuando a editar autores consagrados, mas priorizando os novos. Uma grande empresa europeia estava pronta para fazer exatamente isto aqui no país. Mas brasileiro lê pouco, ou seja, na verdade, brasileiro não lê nada. O projeto foi abandonado.
É o curso de um rápido processo que estamos passando. O ensino está abaixo da crítica, nossos alunos são os piores do mundo em Matemática, analfabeto tem o diploma do primário e as universidades estão desmoralizadas. Foi o fruto do governo petista, onde é aplicada a regra que mantém o povo ignorante, para continuar no poder sem oposição.
Senhores da Record, mandem logo a carta registrada dizendo “embora o original enviado contenha valor literário, informamos que o mesmo foi recusado por motivo de...” Ou aceitem e publiquem, vou gostar muito, claro!

imagem: Casarão, futura capa do livro.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Jogo roubado















Jogo roubado

Abriram suas cartas.
Um tinha três valetes e dois noves.
O outro, três damas e dois valetes.
Jogo roubado...

imagem: "Os jogadores de cartas", óleo/s/tela, Paul Cézanne, Museu D'Orsay, Paris