segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Casarão

                                   
      Depois de dois anos, retorno a publicar um romance, este curto, num total aproximado de noventa páginas.
      Agrada-me a modalidade dos “shorts”.  Não se tem tempo para ficar divagando ou escrevendo demais; é necessária concisão rigorosa, poder de síntese.  O pecado de muitos romances que ficaram pelo meio do caminho talvez tenha sido este.  Longos demais.
      “Casarão” é obra cuidadosa, esta sim com objetivos para reflexão e crítica do autor sobre o comportamento humano passado e atual.  Por abordar o dualismo, em várias facetas, obriga ao leitor uma participação ativa, participação própria, não induzida ou insinuada.  Ou se toma uma posição diante do que está lendo, seja ela qual for, pró ou contra a narrativa, ou não terei alcançado meu objetivo.
      Que ninguém pense se tratar de obra para “intelectuais”.  Não é.  Dirige-se ao homem comum, que muitas vezes passa muito tempo da sua vida sem interrogações necessárias.  Igualmente, não é um existencialismo ‘sartriano’, ou de qualquer outra corrente de pensamento.  Mesmo um adolescente pode compreendê-lo com facilidade.
      E para um autor, já falei muito.
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Ensino no Brasil


             A medicina brasileira, até os anos 70, era respeitada mundialmente como boa.  Construímos Brasília, hoje considerada como Patrimônio da Humanidade.

            Temos a maior hidroelétrica do mundo, Itaipu.  Ora, um país capaz destas qualidades, forçosamente deve ter um ensino esmerado.  Teve um bom ensino.  Não tem mais.  Veio progressivamente caindo, a partir dos anos oitenta e teve queda acentuada nos últimos anos.

            O estudante brasileiro é hoje um dos piores do mundo, segundo dados internacionais, como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).  É fraquíssimo no conhecimento da língua, e absolutamente imbecil na compreensão da ciência.  Ou seja, temos um futuro caótico pela frente.  As escolas, tanto na parte física, maltratada, sem conservação, suja e sem a parte intelectual, os professores qualificados, não são capazes de formar alunos capazes.  Tão vergonhosa é a coisa que muitos alunos possuidores do curso básico completo, o primário, mal sabem ler e escrever, uma humilhação das maiores.  Não era assim, até 1970, que parece ser a data do início da degradação do ensino brasileiro.

            A escola superior entrou igualmente em decadência.  Para ingressar na Ordem dos Advogados, os pretendentes são obrigados a passar em prova dada pela mesma, que tem a finalidade de resguardar os cidadãos quando precisarem de um advogado.  O ensino da medicina foi tão vulgarizado que o Conselho Federal já pensou em adotar o mesmo sistema da OAB, só permitindo a inscrição mediante aproveitamento em prova.

            O atual governo preza por destruir ainda mais o ensino, quando alunos ameaçam professores e pais processam os colégios, por entenderem que estão sendo rigorosos demais com a disciplina e as aulas ministradas.  O velho mestre, respeitado por todos antigamente e nos países do mundo, transformou-se em figura retrógrada e idiota, na visão dos pais e alunos.

            Grandes educadores brasileiros, como Cristóvão Buarque, um dos fundadores da Universidade de Brasília com o seu amigo e colega Darcy Ribeiro, tentaram reverter esta maléfica ordem, sem sucesso.  Ambos de formação socialista democrata deveriam ser aceitos nos governos do PT.  Darcy Ribeiro morreu, e o senador Cristóvão Buarque abandonou o Partido dos Trabalhadores, principalmente por causa do ensino.

            Segundo educadores competentes, esta é uma excelente forma de controlar o povo, mantendo-o ignorante e sem conhecer seus direitos.  Qualquer migalha que lhe for dada por políticos inescrupulosos é vista como dádiva dos céus, enquanto ele continua ignorante e explorado. 


Imagem:  Liceu "Nilo Peçanha", um dos melhores colégios dos anos 30 até 60.   

Publicado no Pravda de 04/12/2013.  http://port.pravda.ru/news/sociedade/04-12-2013/35767-ensino_brasil-0/