quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Luta difícil


 
            Quando se fala em eleição, todo cuidado é pouco.  É necessária a maior isenção no que se escreve, para não abalar a credibilidade.
            As eleições para presidente da República transcorreram normalmente, em ordem e obedecendo aos princípios democráticos.  Ao contrário do primeiro turno, quando houve muita reclamação de demora para votar, desta vez o ato foi rápido e simples.
            A disputa foi duríssima, o que podemos verificar pelo número dos votos:
Dilma Rousseff - 54.501.118 votos, Aécio Neves - 51.041.155.  A diferença entre ambos é de 3.459.463 votos, a mais dura eleição conhecida presidencial ocorrida no país.  Considerando que a cidade do Rio de Janeiro tem no momento população de 6.458.252 habitantes, fica fácil notar que a vitória foi por pouco mais do que a metade da população carioca.  Para se ter uma noção ainda mais exata, o ex-jogador de futebol Romário foi eleito senador pelo Rio de Janeiro com 4.683.572 votos, número superior a diferença  entre Dilma e Aécio.
            Mas afinal, por que tanto valor a números?  Porque eles mostram o nítido enfraquecimento de Dilma, neste segundo mandato que ainda não se iniciou e já apresenta uma série de problemas.  O PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, foi o grande vitorioso das eleições, fazendo sete governadores de Estado e a maior bancada no Congresso Nacional.  Dois dias após ser reeleita, Dilma viu o seu decreto que autorizava o povo a fazer escolhas políticas ser derrubado pela ainda antiga Câmara de Deputados, onde os membros estavam irritados com o executivo pretendendo legislar, constitucionalmente tarefa dos congressistas.  O decreto segue para o senado, onde naturalmente terá o mesmo destino.  Vai ser declarado nulo.
            O segundo será a escolha dos ministros da área econômica.  Com péssimos resultados, déficit e inflação ainda sem controle, cogita-se de nomes que nunca interessaram ao PT, mas por falta de gente capacitada, terá que chamar até mesmo participantes do governo Fernando Henrique, como Henrique Meirelles, para o Banco Central.  Outro grande capitalista que parece não deixar de ser convidado para a Fazenda é Luiz Trabuco, presidente do Banco Bradesco, um dos maiores brasileiros.
            São escolhas inevitáveis que Dilma vai ser obrigada a fazer, para conseguir administrar o país em 2015, já consagrado pelos economistas do país um período muito difícil. 


Publicado no Pravda de 29/10/2014http://port.pravda.ru/cplp/brasil/30-10-2014/37537-luta_dificil-0/

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Eleições brasileiras

       

            Mais uma vez temos como principais opositores, na eleição presidencial, o PT e o PSDB.
            Como sempre, brigas e acusações.  Metas de governo são prejudicadas, com esta discussão infantil.  Mas o povo gosta!  Afinal, é a festa da democracia, a disputa do executivo, tanto federal, como estadual.  Cada um certo que a vitória será sua.  Tanto os candidatos a governador, como a presidente da República.
            A seca que está ameaçando São Paulo é culpa do governo Alckmin, reeleito com folgas.  Em setenta anos não havia tão pouca falta de chuvas, ninguém sabe explicar direito esta anomalia, mas a culpa é do governador, que deveria ter previsto a seca e tomado as providências cabíveis – não sei quais. O rio São Francisco, o “Velho Chico”, que nasce na Serra da Canastra, Minas Gerais, está com sua principal fonte sem nenhuma água.  Ainda não acusaram o governo.
            As trocas de acusações atingem, como não poderia deixar de ser, as redes sociais, hoje as reguladoras da vida internacional, interessante fato novo. Não saiu na rede?  Ora, não tem valor... É ela a indicação exata da verdade de um povo!  Até onde isso vai chegar, não temos cálculo.  Publicações especializadas, pesquisas feitas por entidades de maior valor e segurança de nada valem diante da verdade do Facebook ou Twitter, por exemplo.
            Não, na se está reclamando destes fatos, apenas fazendo referência, pois a festa é do povo apaixonado, que xinga, briga e ofende apaixonadamente, tudo em nome do seu candidato, claro, muito melhor do que o do adversário.
            A cada nova pesquisa de intenção de voto, uma festa ou um velório.  Tudo culpa dos institutos, uns vendidos e mentirosos, dizem os adversários políticos.  A mais nova novidade é a fraude nas urnas.  Infelizmente, esta probabilidade é possível, como demonstram experiências feitas em universidades, principalmente.  Já tentamos comercializar nossa urna eletrônica diversas vezes.  Ninguém aceita, embora o resultado de uma eleição seja conhecido no mesmo dia do sufrágio.
Motivo?  Suspeita de ataque pirata ao sistema eleitoral.  Nenhum país se interessou pela nossa máquina.

            Vamos votar no horário de verão, amado por muito e odiado por outros tantos. Uma hora a mais do que o tempo universal, coisa pouca, mas motivo de discussões ferozes, como as que envolvem o Flamengo e o São Paulo, incluindo o Atlético e o Internacional.  Claro, o futebol está no sangue brasileiro, e estamos esperando uma oportunidade para uma cruel vingança contra a Alemanha, que para os mais fanáticos não deixou de ser nazista, valei-me meu Padim Padre Ciço, o Santo do Sertão.


Publicado no Pravda de 22/10/2014


       http://port.pravda.ru/news/desporto/23-10-2014/37501-eleicoes_fraude-0/

domingo, 12 de outubro de 2014

Iludidos

        
— Pois eu digo que são todos uns iludidos.
— Ah! E você por acaso escapa desta?
— Claro que vou passar maus bocados, mas escapo.
A discussão ocorria entre muitos.  Poucos jornalistas, mas sobravam políticos profissionais, aquele maldito tipo que só pensa em poder, e o resto que se dane.  Cada um com sua bebida predileta.  A mais frequente era uísque.
            — Rapaz, aquele cara com o neoliberalismo dele não chega a lugar nenhum.
            — Como não chega?  Já chegou, com folga e sobras.  Só porque pensa que o estado deve estar afastado de negócios?
            — O mais afastado possível, produção não é ofício do governo.  Ele planeja, determina metas, mas deve deixar o trabalho nas mãos de particulares, iniciativa privada.
            — Você é do tipo que vê defeito onde o estado se mete...
            — Nada disso.  É claro que deve tomar conta e planificar tudo.  Mas sua função termina aí.  Funcionário público ou de paraestatal não deve ficar em campo plantando beterraba, ou estou dizendo besteira?
            — Besteira não, mas quero ver até onde vai esta liberdade nos negócios.
            — Em praticamente tudo.  Estado não é fábrica, granja ou plantação de cana-de-açúcar, por exemplo.  Estas funções acabam prejudicando muito sua existência, concorda?  Sempre pensei assim.  Calcula-se e planeja-se a necessidade da produção, distribui os elementos entre os empreendedores e estes que façam o serviço.
            — Concordo, mas acredito que isso enfraquece o estado.
            A esta altura não havia mais gelo, alguém foi buscar, os que preferiram sentar em cadeiras em torno da mesa pareciam os mais ativos, mas era apenas ilusão de quem estivesse assistindo. Na verdade, determinar com exatidão os limites do executivo é tarefa penosa.  Ele não pode ser omisso, nem executor do que se produz no país.  Mau administrador, servindo inclusive para empregar apaniguados, foge à sua função.  Não adianta tentar justificativa, o resultado é sempre igual, seja lá o lugar que for.  A moda agora é a China, entupiu o mercado mundial com todos os tipos de mercadorias, do tecido comum, ordinário, ao medidor de pressão arterial, que funciona bem, dependendo da marca.  Este país tornou-se um mistério.  Comunista por declaração dos seus líderes, e capitalista feroz, implacável e explorador do trabalho do seu povo.  É razoável que seja assim.  A população alcançou níveis alarmantes, feliz de quem consegue trabalhar lá.  Portanto, nada de reclamações, quem está empregado, que agradeça o seu pão de cada dia.
            — Deputado Silvério, ligação para o senhor.
            A bela moça, com idade para ser sua filha, preferiu não fazer a discagem para o celular.  Era bem mais seguro, uma provável escuta se tornava bem mais difícil.  Enquanto isso, muitos iludidos, teimavam em manter o estado como o senhor de tudo. 
Feudalistas...