sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Regra do Jogo














A Regra do Jogo

Depois de longo trabalho, consigo que o Projeto Lume, da Editora Protexto, lance o meu romance A Regra do Jogo.
Não é obra de indagações. Trata-se apenas de um romance político, onde os serviços de informação recebem notícia de que será cometido um atentado contra alta autoridade no país e tratam de sair em busca do autor, que desconhecem no princípio.
Toda a trama só termina na última linha do livro, onde aproveitei para narrar muitos fatos políticos acontecidos no Brasil, desde os tempos de Vargas.
O lançamento foi possível graças ao Projeto Lume, da Protexto. Enviando o original e ele sendo aceito, começa um processo de elaboração do livro, sem qualquer custo para o autor. É uma novidade no mercado brasileiro, onde ficamos até um ano esperando a análise das ditas grandes editoras, que continuam trabalhando como em 1900.
Como a publicação é de 20/12/2011, não está distribuído. Poderá ser feito contato direto com a editora, através de www.protexto.com.br/index.php e www.protexto.com.br/livro.php?livro=399
Agora é continuar trabalhando o “Crônicas e Contos”, já com os textos prontos, precisando somente ficar organizado.
Feliz Natal aos amigos e leitores.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Jesus de Nazaré













Jesus de Nazaré

Uma figura que confunde a humanidade, Jesus de Nazaré.
Não pretendo explicar nada. Mas muitas ideias, minhas e adquiridas, tenho sim.
Jesus existiu realmente. Não se pode duvidar da sua existência. Nos Anais Romanos, o historiador Tácito fala que em Israel “foi crucificado um certo Jesus, oriundo da cidade de Nazaré, quando era governador Pôncio Pilatos.” Ou seja, não podemos negar a sua existência. Além de estar registrada, a causa da crucificação teria sido política. Era contra os judeus ortodoxos e os romanos dominadores, que adaptaram os antigos deuses gregos à religião de Roma imperialista.
Afinal, quem teria sido este homem? Ninguém sabe dizer com segurança, mas muitos o consideram o maior dos Profetas, o único que sabia ser Filho de Deus. Por sua vez, aqui o problema aumenta. Não existe Deus fora de nós, dos nossos corações e mentes. Aquele que encontrou Deus dentro de si mesmo faz parte da comunidade divina. Se este fato está de lado, ou seja, você não conhece o Deus que no seu ser habita, não creia. Ele não existe, na verdade.
Jesus entendeu bem toda a Vida, e pelo que narram os Evangelhos, deu seguidas aulas de bondade, fraternidade e caridade. Nenhum profeta percebeu isto tão claramente. Pregou sua doutrina e nada escreveu. Esta doutrina foi considerada tão perigosa pelo judaísmo que pediram sua cabeça. Foi dada.
Estamos na época que se comemora o seu nascimento. Pelo calendário gregoriano, vinte e cinco de dezembro. O calendário Juliano, que não tem data, difere poucos dias.
Comemoremos a vinda do Profeta Maior. Com respeito e união. Caso você não o tenha dentro do coração, junto com Deus, esqueça. Coma e beba à vontade.
Feliz Natal.

imagem: A Última Ceia, Salvador Dali

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Castagneto












Castagneto

Por motivos de manter uma discrição a respeito do assunto, conto a história, alguns pormenores, mas não os envolvidos.
Gosto muito de pintura. Durante longos anos pelejei com ela, até dedicar-me inteiramente à literatura.
Durante este tempo, é lógico que eu adquirisse um conhecimento de pintores famosos e alguns nem tanto. Entalhava em madeira também, e participei de um salão oficial com uma talha em peroba do campo que acabou com minhas mãos algum tempo.
Pouco depois, passei a frequentar leilões, não por esnobismo ou para adquirir peças raras. Era distraído, com direito a bom vinho branco e canapés muito bem feitos.
Antes de o leilão começar, as peças ficam expostas durante alguns dias.
Foi quando peguei, sob luz intensa, num Castagneto muito brilhante, por excesso de verniz dos conservadores. Estranhei de início as cores. O estilo era igual ao do nosso marinhista famoso, que tinha o hábito de fazer a cor cinza, sempre presente nos céus do quadros a óleo, usando branco com cinza do seu charuto que não abandonava.
Chamei um pintor, profissional que vendia bem, e pedi sua opinião.
Disse que achava ser falso. Um amigo que estava comigo encontrava-se no auge da indignação, conhecia o leiloeiro famoso e afirmou, com o pintor, que ele era incapaz de ter no salão obra falsa.
O Castagneto foi vendido a muito bom preço. Eu estava no leilão, onde Adalgisa Colombo, a ex-Miss Brasil chamava a atenção de todos, pela sua beleza e elegância, acompanhada do marido, conhecido investidor em obras de arte.
Tempos depois, devolvido ao vendedor, com os certificados técnicos de falsidade. Nestes casos, não há discussão. O dinheiro é restituído no ato, acompanhado de algum brinde e solene pedido de desculpas.
Até hoje acho graça da cara dos dois, dizendo que o excesso de vinho estava prejudicando minha visão.
Isto deu uma idéia ótima! Tenho, na minha sala, um Castagneto e um Pancetti. Autênticos, claro, pois eu mesmo fiz ambos!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Deixa-me amar livremente
















Deixa-me amar livremente



Por que o receio? É medo, ou coisa que o valha? Saiba então minha querida, que de medos ando cheio, qualquer deles me atrapalha. Não posso amar sozinho? Quem disse isso, amorzinho? Isto é fogo de palha!
Tem tanta gente no mundo que cada vez mais se atrapalha, dando palpites, conselhos ou qualquer coisa que valha... Acho graça destes tipos. Em tudo metem o nariz. “Quem é você que não sabe o que diz?”. Ah, Noel quanta sabedoria, nos bares, serestas escondidas da luz do dia. Foi livre destes ares cheios de tanta hipocrisia... Não teve esses azares.
E eu, o que faço? Fico sujeito às normas? Ninguém se livra delas, sempre existe quem conteste as formas despidas que tenho e tão repetidas são, não existe quem não as ateste...
Que tenho eu com isto? Não, eu não desisto deste destino ingrato, é ele o meu prato que vou digerir, até fique farto.
Pergunto outra vez, docemente, sem nenhum rancor na mente, por que este ardor eu tenho de amar tão livremente?
Alguma maldição? Creio que não. Por favor, me dê a mão...
Não posso ficar sozinho, tenho medo deste espinho que se chama solidão!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Conservatória (reeditado)













Conservatória


Acompanho um passeio que vai visitar, de sexta-feira a domingo, fazendas do tempo imperial em Conservatória, pequena cidade de quatro ruas, situada no norte fluminense.
Conservatória, como cidade, é pequena, mas sua área é bastante grande, quando envolve centenárias fazendas que produziam café nos tempos imperiais.
Sinto-me deslumbrado; a palavra não pode ser outra. As fazendas estão impecavelmente conservadas e restauradas, e ando no tempo. Vejo uma mesa de oito metros feita por uma só tábua de madeira nobre. Os donos, um simpático casal já idoso, encarregam-se de fazer as apresentações do lugar. Na mesa de oito metros já se sentaram o Conde D’Eu e a Princesa Isabel. A sede tem setenta e oito janelas, e penso imediatamente quem limpa aquilo tudo agora. Quando produzia café, eram os escravos, hoje possivelmente é alguma firma especializada, pois esta é apenas uma das fazendas do lugar. Os donos silenciam e não comentam nada sobre o assunto.
Conheço outras fazendas, não imponentes como esta, mas que nada devem em matéria de conforto. Em todas é servido um lanche. Bolos e queijos deliciosos, e champanhe modesta: Veuve Clicquot, na temperatura certa, certíssima, taça de cristal antigo, leve e para a minha satisfação, a quantidade é farta, podendo repetir.
Se insistir com a descrição das fazendas, acabo fazendo uma monografia.
Um bom passeio pela cidade vai mostrar bem o lugar onde estou. Ar puríssimo, nada de carros circulando nas ruas, jardins arborizados, ruas calçadas com pedras, trabalho invejável. A temperatura é de 20 graus centígrados. Nenhum edifício, só antigos casarões. Em cada esquina, poucas, o nome de um compositor ou poeta. A tabuleta indicativa tem pauta pequena, onde estão escritas músicas famosas. A cadeia, vazia.
Vejo passarem homens de idade e alguns poucos jovens, que estão no Rio de Janeiro, estudando. Grande parte deles carrega o violão e um sorriso franco.
Acordes são ouvidos, pequenas cantorias, afinações dos instrumentos. Muitos estão sentados com um caderno à frente. Poetas. Como têm poetas aqui. Poetas e seresteiros. Continuamos andando e entramos numa loja. A especialidade é a venda de cerâmica muito bem feita, objetos de primeira qualidade. A maioria, feita em Conservatória mesmo. Um casal de idade, os donos da loja nos dão bom dia e continuam os dois com papel escrevendo. Ficamos livres para olhar as peças à vontade, sem o vendedor nos seguindo e perturbando. Escolhidas as peças, fomos no balcão pagar. Recebem sorridentes, agradecem e perguntam se vamos à seresta. Claro que vamos! Aproveito a parada e vejo se na minha mochila estão bem acondicionadas as duas garrafas de cachaça que comprei numa das fazendas, produção artesanal, envelhecida no tonel de carvalho que foi usado para fazer vinho tinto. Estão perfeitas, e não vou abrir nenhuma, até chegar em casa. Abrir para que, se em cada bar – parece que têm muitos – parece, somente. Entro num e como a hora do almoço estava próxima, peço uma especial. Não é tão boa como a que tomei e estou levando, mas de ruim não tem nada.
O almoço? Feijão cozido na panela de barro, fogo a lenha, com os complementos típicos: arroz, farofa pura ou com couve, farofa de todos os tipos, torresmo, linguiça, carne seca, meu Deus, é comida demais. Vou devagar. Faço um prato pequeno. Qual! Repeti duas vezes! Como deixaria de fazer extravagância? Feijão não combina com vinho. Cerveja, que venha...
Depois de um sono de duas horas, banho e roupa limpa, mais elegante.
Fomos todos para a praça; o tempo estava bom e permitia que os violões, violas e flautas dessem início a serenata. Músicas que eu não ouvia há muito tempo eram cantadas num magnífico coro. Parava a musica e um poeta dizia seus versos.
Tudo terminou com “O luar do sertão” de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco. Eu pensei que não mais cantaria esta música com coro e acompanhamento. Fiz muitas subidas em montanhas, quando jovem, e nas mais fáceis, as que não têm escaladas, é comum uma espécie de fogo do conselho, onde escoteiros e bandeirantes rezam, recitam poesias e cantam alegremente. Sempre fui uma das vozes mais altas, tomado pelo entusiasmo. Repeti com muito prazer.
Conservatória... Breve eu volto.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

República

Existem datas que não podem ser esquecidas pelo cidadão.
Em 15 de novembro de 1889, era proclamada a República no Brasil.
O Duque de Caxias, patrono do Exército e venerado pelas tropas na época, teria dito a Pedro II que acabaria com os revoltosos em poucas horas.
A resposta mostra um homem digno: "não quero uma gota de sangue brasileiro derramada por minha causa."

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Folclore: Zé do Norte














Zé do Norte era o apelido de Alfredo Ricardo do Nascimento (1909-1979), nascido em Cajazeiras, PB.
Cantor, compositor, poeta, folclorista e escritor, é um dos trovadores brasileiros de maior expressão.
Faleceu no Rio de Janeiro.
Dele é a música "Sodade meu bem sodade", que fez sucesso no filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, na voz de Vanja Orico. O mais interessante é que a canção foi composta quando ele tinha apenas onze anos, e é fruto de uma "desilusão amorosa".
Cantada na doce e suave voz de Lenir Apples, mostra a beleza do folclore nacional.
Veja em tela cheia.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vergonha na cara















Vergonha na cara



Excetuando Nelson Jobim, de ilibada reputação, o desmando no governo Dilma, na nomeação de ministros deveria ser apurado.

Herança do pai de Lulinha, o homem considerado o maior gênio em finanças do mundo. De modesto funcionário público, hoje é dono de grande fortuna no país. Não acertou na loteria da Caixa, convém informar.

O fato desmoraliza qualquer governo, seja ele qual for. Orlando Silva é o quinto suspeito de corrupção dentre os ministros nomeados pela presidente Dilma. Não há novidade no fato. Dilma era Chefe da Casa Civil de Lula, e foi eleita graças ao ‘padrinho’.

Fatos com semelhança mafiosa, dirão os mais revoltados. Mas por incrível que possa aparecer, até o ex-presidente Fernando Henrique passou a afirmar que tudo isto é natural, acontece mesmo.

Interessante. Há poucos dias foi convidado especial para jantar no Planalto. O ex-presidente americano Jimmy Carter também compareceu.

Comem e bebem. Conversam. Gostaria de saber sobre o quê.

Certo estava nosso Capistrano de Abreu, quando legislou sozinho “todo brasileiro deveria ter vergonha na cara.”

O cronista político não pode calar.

É só. Por enquanto.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Poetrix














Poetrix

O poetrix nada mais é do que um terceto de não mais do que trinta sílabas poéticas. Foi criado pelo poeta baiano Goulart Gomes, em 1999.
Suas regras são simples:
1..... é obrigatório o título;
2..... é dispensável a rima, embora esta valorize o poema;
3..... o número máximo de silabas poéticas do terceto não pode ultrapassar 30;
4..... a expressão do mesmo deve ser uma verdade, que fecha a poesia.
O mais importante é que no poetrix não tem métrica.
A essência do poetrix depende da sensibilidade do autor.
Somente estas observações. Os dois poetrix juntos são de minha autoria. Gosto muito de fazer a poesia toda rimada, como é fácil ver.


Primavera

Primavera de amores
Dia com tantas cores
Diversas, tantos sabores!

Dia feliz

E da luz se fez dia
Este todo alegria
Sem agonia!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Títulos

















Títulos

Existe uma gritaria geral pelos fatos de Lula ter recebido o título de doutor honoris causa, primeiro em Coimbra e agora em Paris.
O outro protesto é com Ronaldinho Gaúcho, condecorado com a medalha Machado de Assis, pela Academia Brasileira de Letras.
Não entendo o motivo de serem atacados. Lula foi agraciado pela luta no combate à fome, mas leia-se que em Paris foi a venda pretendida pelos caças Rafale mesmo. O dinheiro não apareceu até agora, por medidas econômicas. Talvez um título de doutora a Dilma resolva o problema.
Ronaldinho mereceu a medalha pelos “bons serviços prestados à seleção brasileira.”
Ambos estão sofrendo sérias censuras pela imprensa e grande parte do povo.
Ora, nem um nem outro têm culpa se os reitores das universidades ou o presidente da ABL tomam estas atitudes. Foram agraciados? Mãos nos títulos e medalhas, ninguém dispensa um mérito de valor.
No caso de Lula, sempre existe desconfiança do interesse econômico.
Mas Ronaldinho não se enxerga motivo nenhum.
O Brasil é difícil de ser entendido.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Primavera













Primavera

Céu azul intenso e profundo
Tantas belezas distantes
É mesmo um diverso mundo
De artes plenas e reinantes.

Ocultando a nossa arte
De tentar ver o infinito
Em fuga célere parte
E afinal surge o bonito.

É a primavera de amores
Colorida, cheia de flores
Que surge aos olhos cansados.

O campo fica florido
E tudo é tão colorido,
Que nos sentimos amados.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Raízes da musica popular brasileira

Raízes da MPB

Sempre respeitei muito as raízes da música popular brasileira. Afinal, tudo não passa de uma só unidade, que acabou polarizada no Rio de Janeiro.
Músicos e autores como Catulo da Paixão Cearense, João Pernambuco, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, por exemplo, têm forte influência na MPB, que por sua vez sofreu forte influência do 'chorões', como Pixinguinha, passando pelo samba debochado de Noel Rosa.
Apresento "Forró em Limoeiro", de Edgar Ferreira, imortalizada por Jackson, mas aqui com o jovem e atual conjunto "Xaxá do Xexé".
Notar que no vídeo tem "Bom demais", de Dominguinhos e Chico Buarque.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Autores e editoras II













Autores e editores

Quando consegui publicar o meu primeiro livro, recebi do editor uma cópia da Diretoria de Documentação Histórica, assinada pelo sr. Claudio Soares Rocha, datada de 28 de abril de 2008, informando que o exemplar enviado à Presidência da República nada tinha de ofensivo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por se tratar de obra ficcional.
Complementando, afirmou o referido senhor que “desde já, fica a obra integrada ao acervo presidencial.”
Ou seja, tenho publicação que faz parte da biblioteca particular do presidente da República.
Foi best seller por causa disso? Não. Vendeu muito, fez sucesso? Também não.
Por fazer muitas alusões ao então presidente Lula, o editor enviou um exemplar do livro ao Planalto. Não houve problemas, como está visto.
O romance é pura ficção, embora nele estejam contidos muitos fatos verdadeiros da História da República, inclusive com a fase negra do mensalão.
O caso é que editoras são empresas, e estas têm sempre uma finalidade: gerar lucros. Alguns assumem o risco de lançar um autor novo, mas a maioria, não. Preferem os autores consagrados, ou quem esteja em evidência, em qualquer atividade humana. Desconhecidos, fora!
Entendo tal posição, mas até certo ponto. Quando uma editora grande manda um iniciante às favas, não está sendo justa. Se o trabalho merece ser divulgado, que seja apreciado. Incomoda o fato da recusa.
Neste ponto, existe uma verdadeira guerra entre autores e editores. É a comercialização da arte, na sua pior espécie possível. Um fato bastante desagradável. Para noção mais exata, pode-se citar João Ubaldo. Ganhador do Prêmio Camões, o maior da literatura de língua portuguesa, só conseguiu publicar o seu segundo livro graças ao ‘padrinho’ Jorge Amado. O fato é conhecido. Talvez, ninguém sabe, nosso maior autor vivo, não fosse seu amigo de talento muito grande, não seria conhecido. Quem garante que a afirmação não possa ser verdadeira?
A capacidade de Ubaldo é indiscutível, mas as editoras são cruéis. Na verdade, no seu caso, ele acabaria triunfando.
Alguns prêmios famosos nada são mais do que uma guerra entre editores, autores fora. O Jabuti, por exemplo.
Os grandes concursos literários, como o Walmap, por exemplo, revelaram nomes que consagram a literatura nacional, como Antonio Callado, José Cândido e tantos outros. Desapareceram e não foram substituídos.
A causa, ninguém sabe. Infelizmente.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A educação vai mal













A educação vai mal

Não me agrada coisíssima alguma estar fazendo coluna como esta.
Mas calando, faço pior. Compactuo com o desmando federal, estadual e municipal, desmando grave, como o total abandono em que se encontra o ensino no país.
Os professores são desprezados, maltratados e mal pagos. Não tomando cuidado, são agredidos moral e fisicamente pelos alunos. A maioria deles sai do primário ser saber ler e escrever. Se alguém escrevesse isso há vinte anos, seria considerado doente mental em delírio. Hoje, os doentes mentais são outros. São os donos do poder.
Não é possível que num país que tenta levantar a cabeça ocorra tal fato. Mas é a realidade e todos sabem disso. Ainda tem mais, que é o problema do tóxico dentro das escolas. Aqui o fato se torna extremamente grave. É difícil saber se a quantidade de usuários é grande, ou está limitada a um grupo de moleques.
Conto um caso sério. Escrevo para vários sites literários. Lendo para comentar, a pedido do autor, deparei-me com um “haverão dias de trevas...” Imediatamente comuniquei o fato ao poeta, com cuidado para não melindrar.
Veio a resposta e a correção foi feita. “Há-verão dias de trevas...” e seguiu o poema. Realmente, os dias foram de trevas mesmo, como acontece com o nosso ensino fundamental. Convém não esquecer que este disparate ocorreu num site literário. Daí imaginamos o que vai pelas escolas.
Mas está tudo dentro da normalidade. Como digo sempre, povo analfabeto e desarmado, é fácil de ser controlado.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dúvidas














Dúvidas

Nada para ensinar melhor, quando se tem preparo, do que a dúvida.
As matérias cinzentas passam. Começam a tomar cor, as dúvidas dissipam-se, e o terreno da caminhada é mais firme.
Assim resolvi dois problemas. O de postar quase diariamente nos sites Ning a que pertenço, o Mural dos Escritores e o PEAPAZ, para dar valor ao blog que cuido com carinho.
A caminhada começou quando fiquei confuso em relação ao Jorge Sader Filho. Este blog começou sem a menor pretensão, e acabou tendo o seu lugar no espaço. O fato é explicável, com facilidade. Conto ‘causus’ mas não minto. Respeito os meus leitores.
Fiquei em dúvida quanto ao valor do mesmo. Perguntei aos leitores qual a melhor maneira a ser tomada. Analisando as respostas, cheguei à conclusão de que não era mais possível alterar o http://aduraregradojogo.blogspot.com .
Devo esta satisfação aos leitores. Afinal, foram vocês que opinaram.
Quanto aos sites Ning, continuo com as postagens, mas sem o compromisso diário, que me prende. Não sou afeito ao fato; pelo contrário. Prezo com enorme gosto a minha liberdade intelectual.
Agradeço a todos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A comunicação e o blog















A comunicação e o blog

Já escrevi algo a respeito. O blog é, sem dúvida, uma forma de expressão.
Os sites onde escrevemos quase sempre são insuficientes. Os Nings da moda exemplificam bem. De modo geral, são fracos e repetitivos exageradamente.
O próprio Recanto das Letras, antes com excelente número de autores de talento, hoje está invadido por autores ainda despreparados.
O blog traduz o sentimento de cada um, personalizando as matérias escritas. Como sempre, querem enquadrar o veículo de comunicação. E vêm os dez maiores, cem, os mundiais e tolices outras que não tem fim.
Já pensei em não postar mais e deixar este como está. Limpo, só contendo literatura ao alcance de todos. Não tenho a pretensão de maior; não sou idiota.
Aqui escrevo meus contos, crônicas, poucas poesias, já que não sou poeta. Não sei se o provedor, no caso o Google, aceita esta decisão, e mantém o blog ao alcance de quem quiser.
Faria um diário mais amplo, com moda, viagens, culinária de primeira ordem, poesias, crônicas, em suma, um blog bastante variado.
Daria mais dinâmica, creio. A diversidade bem usada supera a imposição, no caso, literária.
Esta dúvida é levada aos meus leitores.
De acordo com a resposta, tranco este, mas com visitação aberta, e inauguro outro, bastante mais acessível a todos.
A resposta de vocês dirá o melhor caminho que tenho a tomar. Repito que não conheço a decisão do Google. Se não vai mais mostrar o blog, desisto em definitivo da idéia. Se ele permanece vivo, crio outro com maior liberdade.
Cabe a vocês, caros amigos que me acompanharam até aqui, a decisão.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Autores e editoras













O autor e as editoras

Não gosto de escrever muito. O leitor fica cansado, acaba pulando trechos e na maioria das vezes, desistindo da leitura.
Mas determinados assuntos devem ser mostrados com detalhes, pena de ficarem incompletos ou sem essência. Um deles, discutido por todos nós que escrevemos, é a dificuldade de publicar um livro com selo famoso ou mesmo razoável.
É bom que se diga logo no princípio que qualquer editora é uma empresa. Empresas visam lucro, nenhuma quer ir para o vermelho. Que fazem elas? Principalmente, editam autores consagrados, numa repetição por vezes monótona. A maioria dos seus avaliadores já está preparada para recusar trabalhos de autores novos. Um dos quesitos que eles respondem, obrigatoriamente, é se o trabalho é comercial, se vende com facilidade.
O avaliador literário não está preparado para este exame. Ele conhece os bons e os maus trabalhos. Mas não conhece mercado, e estão sujeitos a repetidos erros. Mesmo razoáveis textos podem vender muito, e é fácil acontecer isto. Dependendo do assunto, se for matéria popular ou da moda, o sucesso é quase certo. Vende mesmo. Neste campo encontram-se os livros de auto-ajuda, moda, escândalos e trabalhos por celebridades, tenham ou não valor real.
A indústria do livro também comete o crime de enriquecer usando a famosa fórmula pronta. Geralmente são norte-americanas, que espalham Best Sellers pelo mundo todo, de autores inexpressivos e assuntos até mesmo idiotas, mas com o conteúdo que muitos leitores gostam: amor, sexo e poder.
Do outro lado, os escritores. A maioria é deficiente mesmo, não há como negar, basta ler nos diversos sites para notar a fraqueza deles. Ou pretende agradar, com rapapés ridículos, ou querem aparecer escrevendo de modo difícil, gongórico. Este tempo já passou há alguns séculos, mas existe uma fervorosa insistência. Uma das características é o trecho longo, mas que não diz nada. Estão excluídos das publicações, sem dúvida. Estou referindo-me aos prosadores. Poetas, lidos com cuidado, em vinte deles salva-se um ou dois. Não é sem sentido que as grandes editoras não aceitam poesias para avaliar.
Quem paga caro por tudo isto é o autor de talento, e existem muitos que têm esta qualidade. Mas são renegados pelas medrosas e covardes editoras.
Uma coisa é certa. Com o advento da web, as famosas grandes podem ter sua espinha dorsal quebrada a qualquer tempo. Vão cerrar suas portas.
Não faltam idéias novas, partidas de recentes tendências e homens que sabem manobrar bem melhor com este tipo de empreendimento do que aos atuais editores. Um exemplo foi a impossibilidade de a Civilização Brasileira continuar editando.
Era a maior e mais conceituada editora brasileira. Hoje faz parte de um grupo forte, e não tem mais vida própria.
Há novas idéias no mercado editorial. Não de empreendedores que atuam na atualidade, mas de pessoas bem mais inteligentes.
Muitos perguntarão como sei disto tudo. É fácil. Sou um dos colunistas do Vote Brasil, http://www.votebrasil.com ,um nome no site político brasileiro, ganhador de dois prêmios Ibest, o maior da internet brasileira.
Não há muitos segredos para um colunista político, na vida pública.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Confissão














Confissão

Nesta noite enluarada
Surgindo a beleza em cores
Tornando vai a minha amada
Canteiro de meus amores.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Memórias de um passado distante









Memórias de um passado distante

Pra você ver quanta porcaria já fiz nesta vida.

Combustível de foguete não. Fiz muita bomba, misturando pólvora de cabeça-de-negro com a preta comum.

Eu e um amigo já falecido, o Humberto. Como envoltório para a bomba, usávamos bambu gigante. Ideal! Pavio de dinamite, que furtamos numa pedreira. Quinze centímetros de pavio são ideais, dá para uma corrida de um quarteirão. Fuga tranquila.

Quando explode é um estrago só, fora o barulhão. Derrubamos o muro do Bispado com a nossa Neca VI, poderosa. Claro que minutos depois chegava a polícia, e nós cinicamente olhando o estrago.

Ninguém sabia que éramos nós os autores da sacanagem, e nossa intenção não era derrubar o muro, só fazer um buraco. Mas colocamos a Neca VI muito baixa, rente ao chão, e ela possuía tamanho maior do que as anteriores, levou mais pólvora, com o espaço de ar suficiente para uma boa explosão.

Não foi mole. Corremos para o Campo de São Bento. Fez um clarão da moléstia quando a traquitana explodiu.

Rimos às gargalhadas, mas quando olhamos o muro caído, espantou. Não era nosso desejo, e juntou muita gente, que não se aproximou muito do lugar onde foi cometido "o atentado contra a Igreja Católica", como os jornais noticiaram no dia seguinte.

Jornalista inventa demais. Atentado coisa nenhuma, era puro vandalismo de adolescentes.

Outra história de um passado distante.






sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não sei















Não sei

Eu não sei d’alma a bondade
Acabou mudando o nome.
Mas eu sei que a caridade
É dar pão a quem tem fome.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cana dura














Cana dura

Acordou com o barulho de uma trombada de automóveis.
Olhou pela janela, discussão entre os motoristas, mas ninguém machucado. Falou um palavrão baixo, e foi para o banheiro. Não era do tipo que quando entra num banheiro fica horas. Em pouco tempo saía, banho tomado, ducha fria embora o tempo não recomendasse.
Vestiu a calça de gabardine azul, colocou uma camisa leve e mandou a japona por cima de tudo. Saiu do apartamento pequeno depois de ter comido duas bananas-prata e tomado uma xícara grande de café, enquanto fumava um cigarro vagabundo e examinava a Colt quarenta e cinco .
O velho Citroen preto, modelo 1957, pegou na primeira virada. Trânsito leve, até a delegacia onde era titular. Saulo. Delegado Saulo, bom amigo e policial, mas bem ruinzinho com os bandidos. Havia trabalhado na Invernada de Olaria e foi um dos bons de lá.
- Bom dia, doutor.
- Bom dia, Ramos. Tudo tranquilo por aqui?
- Sem problemas, doutor. Apareceu uma mulher, está na sala do escrivão. O marido encheu de pancada.
- Prenderam o homem?
- Foram buscar. Não demora e ele chega. Trabalha na fábrica de biscoitos.
Esta fábrica era referência do lugar. Seus produtos não eram grande coisa, mas por serem baratos tinham freguesia certa. Saulo, o delegado Saulo, foi até a sala do escrivão. A mulher já havia dado a notícia do crime. Uma marca roxa no rosto, lesão corporal leve. Com uma ligeira conversa, ficou sabendo que o motivo do soco foi um vestido decotado que a mulher havia encomendado à prima. Foi fazer compras com ele, mas o marido já havia avisado que não usasse aquela indecência.
A camioneta do distrito chegou. Motorista, o detetive Jalmir e o preso, logo encaminhado ao delegado Saulo.
- Valentão, dar porrada em mulher é fácil. Tenta comigo.
- Doutor, ela pediu o castigo. Saiu de casa como uma vagabunda, exibindo os peitos.
Falou de cabeça baixa, sem encarar o seu interrogador, como é hábito nas delegacias.
- Dá porrada em mim, seu puto. Olha!
Esticou a cara para ser agredido. O preso não era maluco. Um leve tapa no delegado significaria pancada grossa no seu lombo, ele sabia disso.
- Não vai dar não? Então toma!
Levantou-se e deu uma tapona na cara do ciumento. Tapa de Saulo era feito um coice. O homem caiu sentado.
A mulher, que assistia a toda cena, agarrou-se ao delegado.
- Doutor, não bate nele não, pelo amor de Deus! Fui culpada, culpada aqui sou eu. Saí com um vestido indecente. Deixa ele, eu retiro a queixa agora mesmo.
É sempre assim. Quando vê o marido apanhando, ela não aguenta e pede para parar.
- Sumam da minha frente antes que sobre para os dois.
Parece invenção? Procure saber. Dependendo do local do distrito, este fato acontece sempre, quase todos os dias.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Solidão de todos nós



















Solidão de todos nós

Não é meu costume escrever páginas negras. Prefiro calar.
Mas um fato parece-me verdadeiro: a solidão atinge o homem, mesmo o que vive cercado de amor e carinho. A vida partilhada com a família e amigos não é apenas saudável, é necessária.
Enganam-se os que pensam ser a solidão um mal humano. Se a pessoa manifesta sempre este tipo de comportamento, o fato pode ser doentio, mostrando uma depressão. Caso manifeste-se em momentos de reflexão, nada tem de anormal ou doentio. Afinal, somos seres pensantes e dentre os problemas da vida humana, a solidão é uma constante existencial.
O Universo é grande e incompreensível. Olhamos para dentro de nós mesmos. A grandeza é igual, e a compreensão, pequena. Quis a ciência médica, a análise dos fatos internos, colocar o homem diante da sua realidade.
Não discuto o fato, mas acredito que estamos longe, muito distantes de compreender nossas vidas. Surge uma luz aqui, outra alcançando questão mais distante.
E daí? Continuo acreditando que a Vida é um grande mistério, e é exatamente isto que a torna tão maravilhosa. Um otimista iludido, alguns dirão. Até pode ser a maior verdade, mas no meu íntimo, acredito que é uma equação matemática. O homem vive se procurando, indagando-se.
Tudo isto é ótimo, vamos descobrindo nossas verdades, enquanto vivos.
Depois, ninguém sabe.

imagem: Velho Triste/Van Gogh

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tempo















Tempo

Tempo de amar, com ternura
De meditar com alma pura
Se o que a Vida oferece
É sempre mais uma prece.
Tempo que vai e não volta
Que não precisa de escolta
Pra passar no campo molhado
De tanto o pranto chorado.

Vai tempo!
Diga a esta gente sofrida
Que é esta nossa vida,
Incerta e não sabida.
Diga também com calor
Que todo o meu ardor
É só um ato de amor
Nesta eterna subida.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mas afinal, o que é um blog?


















Mas afinal, o que é um blog?

Esta é uma pergunta que muitos se fazem, os que têm ou não a sua página pessoal na internet.
Não sei quem inventou o blog. Mas ele hoje está espalhado pelo mundo, e instrumento de famosos e desconhecidos.
Mas o que é um blog?
Conceituar, ou mesmo rotular, não é fácil. Um blog, a princípio, nada mais é do que um depositário de idéias, memórias, planos e tantas outras atividades do homem.
O uso é diverso. Repetindo o que já foi dito, ele pode ser literário, como este, ou político, músico e por aí vamos. Acredito que ele é tanto melhor do que a opinião isolada, pois não pode existir blog sem crítica. Ela, quase sempre, é feita por outros participantes da comunidade, que é bastante grande. O diário pessoal acaba tornando-se público, acessa quem quiser, comenta quem bem entender.
É bastante democrático. Não segue as regras de imprensa escrita, não está sujeito à propaganda de produtos, e o mais importante, é grátis. Assim sendo, é ótimo. O povo diz, com razão, que grátis até um copo d’água sem gelo é bom, e mostra em qualquer ocasião favorável que está falando a verdade.
Como obter um blog de sucesso não é tarefa fácil. O povo, seja de onde for, não se interessa por música medieval, por exemplo. Mas adora futebol. Donde tiramos nossa primeira conclusão: quanto mais for popular o seu assunto, mais será lido e comentado. A atitude é normal, não se pode exigir que o homem comum conheça Vivaldi.
Interessante notar a sua evolução. Começa como uma brincadeira, talvez, mas vai ganhando força até que se transforma, para o seu criador e leitores em peça séria e cultivada com carinho.
Dizem, e eu acredito, que pelos blogues se conhece o autor.
Só isto, mais nada. Por enquanto.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Brisa














Brisa

A suave brisa soprava vinda do Leste. Tinha o perfume da terra, naquele banco de madeira já envelhecido.
Um parque. Árvores centenárias, testemunhas de namoros, beijos e abraços, confissões de amor, olhares trocados, penetrantes.
Quanta coisa! Planos traçados, casamentos à vista, tudo sob a sombra das árvores que guardam segredos incalculáveis, alguns bastante confidenciais.
Para completar tudo isto, um lago com chafariz, limpo, com pequenos peixes. Ali não proliferam mosquitos, raça impertinente que além de aborrecer, traz malefícios à saúde.
E os canteiros? Todas as cores, difícil falar. As plantas, pior ainda, principalmente para quem é apenas um admirador, e não um conhecedor. Distinguem-se somente as grandes vitórias-régias na superfície do lago.
Um lugar encantado? Talvez sim. O parque antigo foi feito pelo homem, mas é difícil imaginar quem guiou seu pensamento, quem plantou as árvores, não tem tabuleta indicando nomes, tem apenas um marco de concreto, visivelmente novo e colocado muito após o parque ser construído.
Crianças fazendo brincadeiras criativas. As crianças... Na sua suposta e presumida inocência, são seres que colocam o adulto consciente a pensar.
Puras, autênticas, espontâneas. Parece que o mundo seria bem diferente, se todos os adultos ainda colocassem para fora a criança que têm dentro de si. Exagero? Nunca. A alma infantil é pura, ainda não contaminada com as disputas, o preconceito, a gana pelo poder, seja material, intelectual ou mesmo os dois.
Quando consegue sua liberdade desta educação que mata a pureza, o homem torna-se artista. Em qualquer atividade, sem distinções. Alguns, não muitos, tornam-se artistas mesmo. Sentem e sabem expressar o que vai dentro d’alma.
Enquanto isso, a suave brisa continua soprando. É a brisa da Vida, é o vento do desconhecido que coloca as cabeças mansas, próximas umas das outras, próximas da Vida.
Sopra, brisa. Continue soprando.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Intelectual












O Intelectual

Gilberto Tainha. Pois é, com este nome de peixe, e metido a intelectual.
Escrevia prosa mal; poesia pior ainda. Estava sentado, papel velho na mesa, que ele lia atentamente. “Um célebre poeta polaco, descrevendo em magníficos versos uma floresta encantada do seu país, imaginou que as aves e animais ali nascidos, se, por acaso, longe se achavam, quando sentiam aproximar-se a hora da sua morte, voavam ou corriam e vinham todos expirar à sombra das árvores do bosque imenso onde tinham nascido.”
Ele leu com atenção e em voz alta. Não era grande a roda de amigos. Três, que bebericavam um saboroso uísque enquanto a conversa costumava se esticar até tarde da noite. Veio a patuscada.
- Escrevia muito bem, o Alencar.
- Quem?
- Está brincando, deixa disso estou lendo um trecho dele. Não sei de qual livro. É uma folha solta que encontrei.
- Mas isto nunca foi de José de Alencar, Tainha. É “O Torrão Natal”, de Joaquim Manuel de Macedo.
- Tem certeza? Aqui não está escrito o nome do autor.
- Certeza absoluta. Está no Rio do Quarto.
- Não conheço.
- Deveria conhecer. Um dos males de hoje é exatamente este. Prosadores que não conhecem nossos grandes antepassados, e poetas que não sabem quem foi Alberto de Oliveira, por exemplo.
- Ora, mas este eu conheço bem. Antônio Mariano Alberto de Oliveira, homenageado até por Bilac.
- Ora! Conhece o nome todo, de cor.
Neste momento, o barbudo que tocava um indolente barroco no piano, não se conteve.
- Tainha, porra! Explica isto. Sabe até que o homem foi homenageado por Bilac!
Tainha ficou calado. Não disse que Alberto de Oliveira era seu tio. Ninguém ali sabia do fato. Melhor assim. O idiota não havia herdado nada, absolutamente nada, da veia poética do parente famoso.

imagem: Alberto de Oliveira/Google

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pilantras














Pilantras

Quantos anos teria? Muitos diriam vinte, outros menos, por aí.
O certo é que era bonita. Esbelta, elegante, um pouco magra talvez, mas esta aparente deficiência não a prejudicava. Tomava um cappuccino, tempo frio, bar também elegante.
Nitidamente esperava alguém, olhava no relógio vez por outra, acendeu um cigarro e o seu gesto, ao acender o mesmo, mostrou elegância.
Em pouco tempo, talvez quinze minutos, chegou quem esperava. Jaqueta de couro preta, brilhante e calça cinza. Nem velho nem moço. Talvez uns trinta e cinco anos, por aí. O que conversaram, ninguém aparentemente escutou. Mas pelos gestos era assunto sério, os rostos estavam um pouco contraídos, as mãos incertas. Ele também pediu uma bebida, era uísque sem gelo. Igualmente, acendeu um cigarro e continuaram conversando.
Não havia muita gente no lugar, eram seis horas da tarde, pouco mais, pode ser. Lá fora, o vento frio fazia com que os transeuntes se encolhessem.
Quem ouviu tudo, sem que eles percebessem, foi o garçom. Chantagem, vejam só, a dupla estava falando em tirar o dinheiro de um figurão do mundo dos negócios em bolsa. Espertalhão, na certa. Ou pagava a quantia exigida, ou a vídeo iria parar nas mãos da mulher do extorquido. Foram filmados, fizeram de tudo e mais alguma coisa.
Para um homem de negócios, não importava nada que fossem mostradas as cenas. Mas acontece é que a mulher dele, dona de fortuna por herança, financiava o seu joguinho com o sobe e desce das ações. Ele não poderia perder a galinha dos ovos de ouro.
Foi esta, em parte, a história contada pelo garçom aos policiais que fizeram a ameaça “ou conta ou nós falamos tudo com seu patrão”.
Tudo isto por causa de uma jovem bonita, um pouco magra, talvez, que estava morta, durinha, no assento do motorista de um automóvel também elegante. Serviço de profissional, facada certeira no coração, morte imediata, sem fazer barulho, sem chamar a atenção, enquanto os limpadores de para-brisa continuavam funcionando.

sábado, 11 de junho de 2011

Amor
















Amor





O amor quando floresce,

É como as plantas no chão

Que a gente nunca se esquece

De louvar em oração.

sábado, 4 de junho de 2011

A Dama de Luxo














A dama de luxo

Bonita e elegante. Talvez o casaco de pele de raposa, talvez, era demais. Mas não sendo nos dias atuais, quando usar pele animal é um verdadeiro atentado aos olhos dos ecologistas, não era considerado um acinte.
Andava de um canto em canto em Montmartre, procurando uma loja de fotografia, mais exatamente, um local onde pudesse adquirir uma câmera fotográfica.
Nas suas ‘indas e vindas’, a bela dama foi interpelada pelos gendarmes, sempre atentos nas ruas de Paris.
A dupla pediu a identidade e a carteira profissional, onde os exames médicos têm que estar atualizados. Os policiais, via de regra, são muito mal preparados para este tipo de coisa. Enxergam chifres na cabeça do cavalo, e pobre égua que nutre por ele uma atração. É considerada promíscua, como se nós, animas de quatro e duas patas, estivéssemos sujeitos a este julgamento.
A bela dama, sem medo de afrontas, mostrou a identidade estrangeira. Não era francesa, muito menos prostituta. Se o julgamento dos policiais foi rígido aos extremos, e totalmente equivocado, vendo o passaporte, foi liberada com um pedido de desculpas.
Os policiais, em todo mundo, são arrogantes e precipitados. Fossem mais espertos, perceberiam que a bela dama poderia ser uma ‘putain’ sim, mas de clientela rica e selecionada. É comum, muito mais do que pensamos.
Artistas famosas, modelos, mulheres notáveis e bonitas, muitas, costumam usar este modo de manter uma vida confortável, nunca cobrando menos do que mil dólares por hora de trabalho.
Envergonhados, pediram desculpas e foram-se embora. Querem saber quais as brasileiras que cobram muito só para aparecer numa festa?
Fiquem querendo. O cronista conta o fato. Somente.

sábado, 28 de maio de 2011

Solidão - Dueto Jorge e Hilde

           Solidão

Que solidão é esta,
Que às vezes me bota tão triste
Não adianta carinho ou festa,
Quando sei que nada existe.

Parece, não tenho certeza,
Que tudo é ilusório,
Nem reza nem oratório;
Levou-os a correnteza.
Nesta vida malvada,
Sem deus, santo ou nada
Flui a vida desgraçada
Profana e não sagrada.

Sem sair desta ingrata,
Fico sem mesmo saber
Estou perdido na mata
E tento sobreviver!     -   Santa Rita Durão

Não é dele não?
Então é meu mesmo, irmão!

sábado, 21 de maio de 2011

Castagneto













                                               Castagneto

            Por motivos de manter uma discrição a respeito do assunto, conto a história, alguns pormenores, mas não os envolvidos.
            Gosto muito de pintura.  Durante longos anos pelejei com ela, até dedicar-me inteiramente à literatura.
Durante este tempo, é lógico que eu adquirisse um conhecimento de pintores famosos e alguns nem tanto.  Entalhava em madeira também, e participei de um salão oficial com uma talha em peroba do campo que acabou com minhas mãos algum tempo.
            Pouco depois, passei a frequentar leilões, não por esnobismo ou para adquirir peças raras.  Era distraído, com direito a bom vinho branco e canapés muito bem feitos.
            Antes de o leilão começar, as peças ficam expostas durante alguns dias.
            Foi quando peguei, sob luz intensa, num Castagneto muito brilhante, por excesso de verniz dos conservadores.  Estranhei de início as cores.  O estilo era igual ao do nosso marinhista famoso, que tinha o hábito de fazer a cor cinza, sempre presente nos céus do quadros a óleo, usando branco com cinza do seu charuto que não abandonava.
            Chamei um pintor, profissional que vendia bem, e pedi sua opinião. 
Disse que achava ser falso.  Um amigo que estava comigo encontrava-se no auge da indignação, conhecia o leiloeiro famoso e afirmou, com o pintor, que ele era incapaz de ter no salão obra falsa.
            O Castagneto foi vendido a muito bom preço.  Eu estava no leilão, onde Adalgisa Colombo, a ex-Miss Brasil chamava a atenção de todos, pela sua beleza e elegância, acompanhada do marido, conhecido investidor em obras de arte.
            Tempos depois, devolvido ao vendedor, com os certificados técnicos de falsidade.  Nestes casos, não há discussão.  O dinheiro é restituído no ato, acompanhado de algum brinde e solene pedido de desculpas.
            Até hoje acho graça da cara dos dois, dizendo que o excesso de vinho estava prejudicando minha visão.
            Isto deu uma idéia ótima!  Tenho, na minha sala, um Castagneto e um Pancetti.  Autênticos, claro, pois eu mesmo fiz ambos!  

sábado, 14 de maio de 2011

Decadência













Decadência

            Quando o cronista escreve sobre o que está havendo de decadência no seu país, a alma chora.
            Estamos em profunda decadência social e moral.  A econômica é uma incógnita.  Não temos acesso aos números que permitam verificar.
            Saudosismo?  Seria bom que fosse!  Seria ótimo que estivesse enganado.
            Quando era colegial, no ensino público, mais exatamente no meu querido Liceu “Nilo Peçanha”, que era em Niterói o que o “Pedro II” é no Rio de Janeiro, exemplo de colégio de nível secundário, batendo mesmo os melhores da rede privada e formadores de grandes talentos, o andar da carruagem era outro. 
            Uniforme impecável, cheguei mesmo a usar túnica com gravata, terno completo de um estudante.  Evoluiu depois, tendo em vista nosso clima, para calça azul, camisa branca e gravata.  Sem o dólmã.
            Ensino dos melhores, professores respeitados, alunos comportados.  Desrespeito ao professor era punido com a expulsão.
            Havia, antes das aulas, a formatura no pátio.  Inspetores e inspetoras avaliavam nossa compostura e traje.  Aí de quem estivesse com os sapatos sujos! 
            Hino Nacional cantado, ao mesmo tempo em que a Bandeira era hasteada.
            Diferença para hoje!  Não quero, não devo nem posso julgar valores.
Perto do ensino antigo, o de hoje é marginal.  Repito que não estou fazendo discriminação, mas tão somente comparação.
            Hoje aluno agride o professor.  Se não é ele, são seus pais.  É fato corriqueiro a pergunta “que nota é essa para o meu filho?”  E todos sabem que o pagante, ou mesmo o que estuda em escola pública, sofrem o mesmo “constrangimento”.  Não podem ser chamados à atenção!
            A presidente Dilma, em enérgico pronunciamento há dias atrás, prometeu providências severas quanto a este tipo de coisa.  Mas ainda nada fez, não por desleixo.
            O Brasil é mesmo um grande saco de gatos!

imagem:  Liceu "Nilo Peçanha"/Google

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fortunas















                                                    Fortunas

            Abro um site e vejo a notícia: Antonio Luiz Seabra e Lily Safra ainda figuram como na lista dos mais ricos da Inglaterra.
            E eu com isso?  Vai mudar a minha vida em quê?  No duro, no duro mesmo não muda nem a deles.  Dinheiro que serve é o suficiente para viver-se bem.  O resto é o resto.
            Lembro de uma frase do filme “The Godfather”, o excelente “O Poderoso Chefão”, onde Marlon Brando ensinou ao mundo o que é ser ator.  “Atrás de uma grande fortuna sempre há um crime”, que todos julgaram de Mario Puzzo, autor do livro que deu origem à obra prima do cinema.
            Engano.  Esta frase é do escritor francês Honoré de Balzac, e traz sempre controvérsia.  Alguns dizem que é absolutamente verdadeira, outros negam.  Mas parece que tem seu fundamento.  A própria Inglaterra enriqueceu com a pilhagem nas colônias e no mar. Grande parte de países europeus, mesma coisa, excetuando o corso e a pirataria, esta hoje com sentido bem mais amplo, e nem por isso menos criminosa.
            Fico imaginando morar numa mansão ou palácio, com toda a mordomia possível.  Empregados diversos, capazes e fiéis.  Cozinheiros.  Motoristas, carros na garagem.  Amplo gramado dominando a frente da residência, com dois acessos, pela direita e pela esquerda.
            Sinceramente.  Passar duas semanas de férias deve ser bom.  A vida inteira, uma chatura das maiores.
            E vou parando de falar em futilidades.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vida















                                          Vida

                         Quantas vezes nesta vida
                       Eu vi o mar, calmo ou mexido.
                       Quantas vezes nesta vida
                       Senti qual nada sofrido.

                       Quantas vezes nesta vida
                       O amor passou, esbaforido.
                       Quantas vezes nesta vida
                       Senti ser tempo vivido.

                       Doce ilusão de quem pensa
                      Ter a vida dominada.
                      Apenas sonho, mais nada.

                     Pois a Vida que é sempre imensa
                     A todos de graça é dada
                     Mas um dia será roubada!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Folhas

















                                          Folhas
                            Tantas folhas espalhadas
                            Tantas folhas pelo chão.
                            Qual lágrimas derramadas
                            E todas elas em vão!

sábado, 16 de abril de 2011

O Serviço Especial













                                                O Serviço Especial

            A notícia correu rápida.  Um fato desta natureza tem divulgação imediata.  Todos ficaram aparvalhados.
            O capitão Callado dormia profundamente.  Havia retirado o elegante terno, engraxou os sapatos, limpou a pistola que o coronel Fonseca não havia pedido, quando da voz de prisão ao subordinado.  Tomou um longo banho, após quarenta flexões de braço, vestiu a camisa de malha branca, o calção do exército e mergulhou no secreto mundo dos sonhos.
            - Callado! Callado!  Acorda, porra.  Mataram o coronel!
            Tem certas palavras que mesmo dormindo acordam qualquer um.  Morte é uma delas.  O capitão não acordou.  Literalmente, deu um salto da cama e viu-se diante de dois oficiais, alguns soldados e sargentos.
            - Que está acontecendo?
            - Mataram o coronel Fonseca, homem!  Um tiro no rosto.
            - O quê?
            - O que eu estou dizendo.  Um tiro na cabeça, de espingarda de cartucho.  Coisa de profissional, deve ter sido seguido. - Fora seguido.  Os três marginais estavam de olho na delegacia do lugar, deixaram o carro estacionado numa rua próxima.  Bebiam, no balcão, uma cerveja.  Era apenas um disfarce para vigiarem o lugar.  Viram quando o coronel entrou na delegacia e para surpresa deles, que esperavam uma prisão em flagrante, mas nunca se sabe, o homem demorou pouco, saiu e entrou no seu automóvel.
            - Esse cara é milico.  Olha o andar dele e o cabelo.  Vamos logo atrás.
            - Aqui quem resolve isto sou eu, cara.  Fica na tua, seu otário.  Claro que vamos atrás dele. 
Estava de bermudas, camisa ordinária metida a chique, e sapatos mocassim, não gostava dos tênis da moda.  Ao lado do motorista, preparou logo a escopeta.  Bastava ultrapassar, apontar para a janela do carro azul do coronel e fazer fogo a queima-roupa.  Assim fez.  O tiro foi a menos de metro de distância.  Largaram o carro com as armas, limpando as digitais com as camisas.  Eram burros, mas nem tanto.  Sumiram em direção ao antro de vagabundos que ocupavam a bem organizada favela, onde os trabalhadores ficavam cegos, surdos e mudos.
Comemoraram com muitas cervejas e caipirinhas, num bom bar existente no local.  Depois foram dormir, estavam empanzinados com as cervejas e o angu com linguiça e salsicha, uma das especialidades do botequim bem arranjado.
O enterro do coronel Carlos Alberto Fonseca de Barros foi uma cerimônia militar triste, séria e de honras.  Os soldados da Polícia do Exército dispararam seus fuzis, a bandeira que cobria o caixão, depois de cuidadosamente dobrada, passou às mãos da viúva desconsolada, segura por uma filha nova e um rapaz que deveria ter poucos anos menos do que a irmã.
O corneteiro executou com sentimento o toque de silêncio, quando as lágrimas de todos ficaram abundantes, mas não se disse uma só palavra.  É a hora mais triste de um enterro militar, e também a mais solene.
Assistindo tudo, não de muito perto, o capitão Callado e um major das Forças Especiais do Exército, estavam ao mesmo tempo tristes, raivosos e indignados.  A vingança seria cruel, muito cruel.  Basta ver o apelido do capitão Callado.  “Coisa Ruim”, o que ele era, realmente.