quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Um conto de Natal


 

                                             Um conto de Natal

 

            Não estou fazendo nada mais do que transcrevendo história que ouço há muitos, muitos anos.

            Dizem que faz muito tempo, um menino brincava com o barro.  Fazia aves, pássaros diversos.  Eram toscos; estava aprendendo.

            Mas gostava do que fazia.  Melhorava seu artesanato visivelmente, enquanto o barro úmido era moldado com carinho e trabalho cuidadoso.

            Gostava das suas aves.  A técnica estava sendo apurada e os pássaros, a cada dia que passava, mais ficavam assemelhados com os verdadeiros.

            Determinada manhã, foi brincar e trabalhar outra vez.  Retirou os que mais gostava, estavam muito bem feitos e secos.  Fez mais alguns e gostou do resultado.

            Feliz e contente gostou muito do seu trabalho.

            Na sua doce inocência infantil, bateu palmas.  Estava alegre.

            Os pássaros saíram voando...

 

            Esta foi a história que eu ouvia.  Era pequeno também.  Hoje ouço tiros, gritos, correrias e palavrões, principalmente durante os jogos de futebol.

            Sinto a fumaça que os ônibus e carros soltam, o barulho que fazem.  O calor e o abafado que não existiam há trinta anos.  Vejo os drogados.

            É certo que o progresso foi muito, felizmente.  Em todas as áreas do conhecimento e do viver.

            Mas verifico, com segurança, que o bem foi acompanhado pelo mal.

            Lastimável, isso.  Mas com o Natal, renascem nossas esperanças.  

            Feliz Natal!


Imagem: "A última ceia", de Salvador Dali