domingo, 31 de janeiro de 2010

A cultura

  Biblioteca Nacional


















Vejo e ouço que a cultura pode ser pessoal, ou sofre influências. Dizem ser eminentemente pessoal.
Também acho que cultura é pessoal, você forma ao longo do tempo. E ela se vai consolidando.
Mas a famosa cultura dos povos, por exemplo, como o nome diz não é pessoal. São os hábitos, conhecimentos e tudo o mais que caracteriza um povo. Não se pode comparar um senegalês com um alemão.
O problema não é esse. Falei na cultura de corriola, de grupos.
Parece que existe sim, e influencia quem se identifica com ela. Você falou nas artes plásticas.
Ora, é nelas que as culturas de grupos parecem dominar. Das cavernas de Altamira até a arte contemporânea, quantos ismos tivemos? Tudo produto de corriolas, grupos. É a isso que quero me referir.
Pessoalmente também somos afetados. Imagine um pintor de talento que por circunstância qualquer seja obrigado a frequentar local onde nada se conhece de pintura. Com o tempo, sua arte vai atrofiar-se. Aconteceria o contrário, caso ele fosse para lugar onde a arte é desenvolvida.
Paris é um excelente exemplo disso. Todos os pintores famosos, se por lá não passaram, gostariam de ficar na cidade um bom tempo. Florença idem, e Nova Iorque, para os que gostam da crista da vanguarda, também.
A cultura é pessoal; não discuto isto. Mas sofre influências dos mais próximos e da conjuntura.
Acho que consegui dizer o que penso.


Comemoro aqui o meu centésimo texto no blog.

9 comentários:

Celso Panza disse...

Está certo caro Jorge,“a cultura pode ser pessoal”, é sempre “eminentemente pessoal” e assim será pelos séculos afora,enquanto existir o homem.

Como você sinaliza afirmarem,e é lógico, não enfrenta qualquer aspereza para compreensão, sofre e sofrerá o homem, sempre e sempre, influências exógenas.

Somos um produto do meio, claríssimo certo? Se não fôssemos seríamos o quê, resultado de qual ambiência?

“E ela (a cultura) se vai consolidando” pessoa a pessoa, formando “a famosa cultura dos povos”, como corretamente assinalado por você, e está posto pelo nome, semanticamente,“como o nome diz não é pessoal”, é do povo, mas formada pelas pessoas, cultura das pessoas que formam o povo, esta é a “famosa cultura dos povos”, nascida unicamente da cultura das pessoas.

“São os hábitos, conhecimentos e tudo o mais que caracteriza cultura(das pessoas) de um povo.”

Só existe cultura por existirem pessoas. É como a sociedade organizada, surgiu por criação humana. Sem o homem inexistiria, como sem a cultura das pessoas não existiria cultura de um povo.

Povo é elemento político e existe por existirem antes as pessoas. Estado é a nação politicamente organizada formada pelos três elementos; povo, lingua e território.

Correto então dizer, povo não faz cultura nem a absorve, pessoas de um povo fazem sua cultura, a cultura de um povo, sendo o povo um “ser” imaterial, mero elemento ficcional, socio-político.

“Pessoalmente também somos afetados”; sempre, por toda a vida, corretíssimo afirmar como você faz.

“Imagine um pintor de talento que por circunstância qualquer seja obrigado a frequentar local onde nada se conhece de pintura. Com o tempo, sua arte vai atrofiar-se.”

Só disso discordo, dom, talento, não ficam atrofiados. Ao contrário, iluminam onde habita a atrofia, enriquecerá àqueles necessitados de um caminho e fará escola na escuridão atrofiada.
Abraço. Celso Panza

31 de janeiro de 2010

Caio Martins disse...

Grande Jorge, brilhante aula. Em poucas palavras, expôs o que é objeto de bibliotecas. Aqui se revelam dom, talento e experiência. E a simplicidade dos Mestres, eternos aprendizes como todos nós.
Parabéns.

experimental disse...

Caro Jorge,
Para mim a Cultura é tudo aquilo que nos deixaram, para nós podermos usufruir e tudo aquilo que outros deixarão para a posteridade...
Saibamos nós usar a cultura para nos engrandecer!?...Nem todos podemos ser criadores, mas ao menos que possamos ter a sensibilidade de viver a cultura na nossa vida.
Um abraço,
Nela

Anderson Fabiano disse...

por isso, amigo venho (e virei) sempre dar uma espiada nesse seu cantinho. busco minhas corriolas.
meu carinho,
anderson fabiano

Unknown disse...

Cumprimentos, Jorge. Você está passando por momentos de extrema lucidez! Inclusive permitindo comentários maiores que o seu texto, exato e perfeito. Muitos deletariam.

Saudações,
Pedro

Anônimo disse...

Jorge, realmente cultura quando fomentada, direcionada para o crescimento individual, ela se expande e aí, floresce.
Cada povo com suas particularidades tem desenvolvido seu estilo.
Acredito que no Brasil, a meritocracia ainda é relegada.
Quantos talentos não despontariam travados pela ignorancia de quem poderia fomenta-la e não fez?
Por isso concordo que ela pode atrofiar sim, talvez não desenvolva certa sofisticação.
Talvez não acabe, mas quando exercida, evolui.

João Videira Santos disse...

disse o que pensa e, quanto a mim, disse bem. Abraço.

mundo azul disse...

__________________________________

Concordo com você. A cultura é o meio em que vivemos...
Uma vez, conversando com uma professora de Português, ela comentou a importância de conviver com pessoas que falam e escrevem corretamente. O fato nos influenciará, com certeza...Assim é em todos os segmentos.

Gostei muito do seu texto!


Beijos de luz...

_________________________________

☆Lu Cavichioli disse...

Oi Jorge, prazer em conhecer a ti e a teu blog.

A cultura é o berço da civilização e claro, sofre sim influências, posto que o ser humano enquanto corriola (como você disse), precisa e deve inspirar-se de influências e assim plantar momentos históricos na passagem efêmera do Homem pela Terra.
Venha me visitar quando puder.
Te convido a participar do meu blog literário - O Empório do Café.
Passa lá, puxe uma cadeira e aproveite a leitura. Ah, não esqueça de pedir o café!

Grande abraço

Lu C.

V