segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A arte de escrever

                                      

            Muitas e muitas vezes penso sobre este assunto: a arte de escrever.
            Ela é penosa e prazerosa, ao mesmo tempo.  Penosa quando exige de quem escreve rigor com a língua.  Muitos bons textos são prejudicados pelo mau português, a colocação das frases e outros fatos que vão ser apreciados aqui mesmo.
            Prazerosa quando o autor consegue atingir sua meta: fazer um trabalho limpo, que agrade ao leitor e a si mesmo.  Aqui moram as maiores dificuldades. Não pretendo ensinar a ninguém como se escreve, seria ridículo.  Posso, isso sim, repetir o que ligeiramente já falaram grandes autores em relação ao assunto.  Hemingway, por exemplo, que considero o maior de todos eles, dividindo por igual a glória com Shakespeare.
            Dizia que principalmente o autor deve ser direto e nunca começar seus textos com interrogações, a confusão futura será inevitável.  Ser dono de conhecimento sólido da língua que escreve.  Evitar a todo custo a prolixidade, mãe das inconveniências para o leitor.  Partir de uma ideia certa e nunca ficar procurando formas de escrever que o agradem.  Um erro!  Quem escreve, faz isso para os leitores, não para si mesmo, senão vira diário particular.  Esta forma pode até existir, mas se o objetivo é exatamente este: revelar fatos passados, memórias. Temos muitos assim.  Excluir, por favor, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.  A intenção de Machado não era deixar memória de ninguém, muito menos a sua.  Apenas, e tão somente, escrever para os seus leitores o admirável livro que até hoje — e vai durar para sempre — encanta a quem o lê.
            Por falar em encanta, quem pode deixar Guimarães Rosa fora?  Nossa literatura, a brasileira, é muito rica.  Mas se eu deixar este assunto sem falar nele, estarei sendo mais um que vive errando, errando, e não se convence disso!  São tantos!
            Eu mais um.  Não consigo fechar a crônica, mas sem antes dizer que “O Velho e o Mar”, que já li mais de seis vezes, é de uma riqueza sem par.  A luta de Santiago com o peixe, a captura e a defesa da sua conquista, miseravelmente devorada pelos tubarões, é a luta pela Vida e Dignidade dos homens de hoje e de todo o sempre.   

12 comentários:

Caio Martins disse...

Certo, Jorge! Permitindo, assino junto!

Carmem Velloso disse...

Que bonito trabalho, Jorge!
Você não se incomoda nem um pouco em transmitir o que conhece para os que leem. Sem egoísmos, preconceitos. Ficou muito segura esta crônica, querido amigo.
Beijos, Carmem.

Célia disse...

Você, Jorge, tem "A Arte de Escrever", e de "Convencer".
Ler suas crônicas é sempre um rico aprendizado!
Obrigada!
Abraço.

Iná disse...

Excelente crônica!Jorge,como já te disse antes,escrever é sim uma arte e você é um grande artista.Parabéns!Aplausos!
Obrigada por nos presentear e nos engrandecer em sabedoria, compartilhando seus conhecimentos conosco,seus leitores e admiradores do seu trabalho!
Beijos.
Iná

Deus Carmo disse...

Escrever pode até ser fácil, escrever bem já não é a mesma coisa, embora o conceito de bem escrever seja relativo, porque muda conforme o tempo e o próprio espaço. Já vi endeusarem o James Joyce e também acusarem-no de obscuro, indeciso, confuso. Paulo Coelho que é tido por uma grande maioria como um grande escritor foi um dos que falaram mal de Joyce. A própria Virginia Woolf negou a grandiosidade de Joyce, embora ela mesma, tenha usado das mesmas técnicas de Joyce em seus livros.

Gil Façanha disse...

Relendo!

Anônimo disse...

Jorge
É sempre prazeroso ler seus artigos,
uma escrita dinâmica, concisa.
Escrever não é fácil, evidente, mas você o faz,
Com categoria atinge seus objetivos!
Grata por nos lembrar desse grande escritor.
O Velho e o Mar, romance que li, reli várias vezes.
Abraços, sucesso sempre!
Nadir

Tais Luso de Carvalho disse...

Pois é, Jorge, escrever é muito prazeroso, sim. Cada um vai aprimorando seu estilo. Na real, sempre somos influenciados pelos autores que mais lemos, os que mais gostamos. E trazemos essa influência para uma escrita mais coloquial, principalmente nessa era da informática. Cortando aqui, ali para que um texto se ajuste à época se faz necessário. Ser objetivo. Não mais levar longe uma descrição seja de lugar ou do personagem. O desnecessário, muitos adjetivos diria que cansa o leitor de hoje.
Muito boa crônica, querido amigo!
Beijo.

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Meu caro Jorge, você traçou um sucinto tratado da escrita. Só a título de curiosidade: acho que você guarda traços do genial Hemingway em sua foto de perfil do blog. Abraços!

Eduarda Krass disse...

Uma vez mais, Jorge. A realidade é tão dura assim de ser entendida? Você escreve sobre assunto sério, tem bons comentaristas e fica por isso mesmo! Entenda-me bem, por favor. Fosse eu, e fecharia o blog. Este povo não gosta da verdade, principalmente quando bem escrita e explicada. Esta é uma das razões de nunca ter pensado em ter o meu blog!
Beijos,
Eduarda

Rita de Cássia Zuim Lavoyer disse...

Oi, Jorge!
Você é um mestre na arte de escrever.
Tem uns que nascem feitos para as letras. Outros que se aperfeiçoam ao longo da vida e muitos... Muitos , sim,que gostam de ler. Ainda bem que existem escritores. Você , Jorge, é um deles.

Unknown disse...

Como sempre, Texto enxuto, gostoso de ler. Parabéns, Jorge. Abr. Mardilê