segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sonho

Caipirinha







- Você não poderia ter feito isto comigo!
- Está delirando, eu não fiz nada!
- Pensa que sou cego? Estava olhando para o cara sim, sorriu para ele.
- Sorri para ele? E a vagabunda que você estava paquerando, moleque?
- Era para dar o troco. Não sou corno.
- Não é, nunca foi nem será, e sabe disso – tomou mais um gole dos grandes.
A discussão estava regada a vinho branco, gelado de verdade e umas doses de batida de limão. Se não saiu pancada foi por sorte. Estavam bebendo demais, o ar refrigerado havia entrado em pane. Ele um homem de idade, tipo estranho, uma perna mais curta do que a outra. Ela, uma mulher de 25 anos, deste tipo liberado.
Estavam escarrapachados no sofá, copos em punho, na terceira garrafa.
- Vagabunda, quando vai tomar vergonha nesta cara?
- Olha como fala comigo!
- Devia de dar umas porradas.
- Vai levar com o copo na cara, tente!
- E fica exibindo estas coxas para quê?
- Não estou exibindo nada. É calor mesmo.
- Deve estar querendo cama, ordinária.
- Não gosto de cama com bêbados.
- Ah! Olha quem fala. Está sóbria por acaso?
- Melhor do que você estou.
- Vem cá. – Agarrou a mulher, os dois se beijaram e em pouco tempo estavam sentindo o efeito do amor. Casos assim acontecem todos os dias. Acontece que este casal era famoso, e logo foram interrompidos pelo camareiro que vinha trocar o quarto, quente pela falta do ar refrigerado.
A batida na porta acordou o homem. Estava na maior ressaca, ele, lençol e colchão embebidos pelo suor. Não havia mulher nenhuma.
Um sonho bastante desagradável.

Um comentário:

Anônimo disse...

São Paulo, 26 de fevereiro de 2009

Caro Jorge,

o nosso amigo Caio Martins informou sobre o seu blog e vim dar uma espiada. Está muito bom, gostei das matérias e do estilo, já bem conhecido. Esta aqui é uma pérola: solidão deve ser realmente um desastre... o pior é que a maioria das pessoas não vê que só depende delas, quebrar essa condição.

bjs. C.Dunch