segunda-feira, 13 de abril de 2009

O bonde e a literatura

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O bonde nas cidades brasileiras é antigo, era movido por tração animal e foi uma revolução no transporte nas cidades. Vem do tempo do Segundo Império, até que em 1892 foi colocado nos trilhos o primeiro movido a energia elétrica, no Rio de Janeiro.
Causou estranho e curioso reboliço na cidade, chegando mesmo à pena de Machado de Assis. “O que me impressionou, antes da eletricidade, foi o gesto do cocheiro. Os olhos do homem passavam por cima da gente que ia no meu bond. Sentia-se nele a convicção de que inventara não só o bond elétrico, mas a própria eletricidade.” – Crônica para “A Semana”, de 16 de outubro de 1892.
Não foi a única manifestação feita por escritor. Oswald de Andrade também escreveu sobre o veículo. “Eu tinha notícia pelo pretinho Lázaro, filho da cozinheira da minha tia, vinda do Rio, que era muito perigoso este negócio de eletricidade. Quem pusesse os pés nos trilhos ficava grudado e seria esmagado facilmente pelo bonde.” – “O Bonde e a Cidade”.
Insistir nas citações vai cansar. O fato é que havia uma firma tradicional que colocava anúncios dentro dos bondes, e os seus usuários podiam ver os mais diversos produtos festejados em prosa e verso.
Mas segundo muitos, certa ocasião Olavo Bilac estava sem dinheiro. Resolveu fazer uma publicidade para ser posta no bonde, e foi talvez a mais famosa.

“Veja ilustre passageiro
o belo tipo faceiro
que o senhor tem ao seu lado.
No entanto, acredite,
quase morreu de bronquite.
Salvou-o Rhum Creosotado.”

A publicidade teria rendido um bom dinheiro a Bilac, mas há quem afirme que o verso não é dele, mas do poeta Bastos Tigre. Difícil apontar o autor, mas parece que Bastos Tigre teria prestado um favor a Olavo Bilac, dando como sua a poesia de propaganda do Rhum Creosotado.
São histórias que fazem parte do Rio de outras épocas, quando namorar pelas ruas da cidade, voltando do cinema às dez da noite, não amedrontava ninguém, os bandidos eram malandros famosos e faziam ponto na Lapa. Todos conhecidos. Miguelzinho, Camisa Preta, Madame Satã...
Ainda existe o bucólico bonde de Santa Teresa. Mas sem o anúncio do Rhum Creosotado...

4 comentários:

Alan disse...

Os versos são de Bastos Tigre mesmo. O eclético autor consegue escrever com tranquilidade desde fatos violentos, até esta crônica histórica.

J.Lima disse...

Seu Jorge,

essa é duca. Podes crer que a baranga não tá nada ruim e o papo é da hora, meu.... Esse mé aí devia enroscar até no teflon mais é que nem um barato que tinha um cara levando um peixe na cacunda nem lembro mais o nome + era duro de engolir. Acho o nome e mando pelo CM e tu manda outra.... Valeu e vazei.....

Jorge Sader Filho disse...

Lima, o cidadão que andava vergado com o peso do peixe era anúncio do Óleo de Figado de Bacalahau.
Abraço.

JLima disse...

Xiiii seu Jorge...... tomô aquele troço que o Venâncio (te passou meu mail?) disse o tal do chá verde.... e mané nenhum vai surtando não que´ão é o capim do diabo não, mano ... é chá chegado dos bão na moral...Bacalahau???? que baguio é isso???? mais vai na boa que a parada é firme, a matéria tá no esquadro, bota essa outra aí na correria qque é sucesso na hora..... fui!!!