quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Não basta talento

Estúdio

















Quando se dedica à arte, o homem não pode apenas ter talento.
O conhecimento da técnica é indispensável, seja no ramo artístico que for. Assim, um pintor deve saber cuidar dos seus pincéis, limpando-os a cada final de trabalho, o escultor cuida do seu cinzel. O trabalho deve obedecer a um ritual imutável. A arte é exigente.
Na literatura, que me vou prender, são os fatos que devem ser levados em consideração: clareza nos textos, gramática cuidada, linguagem direta e concisa. O gongorismo é ridículo. Evitar ao máximo citações, salvo quando se escreve sobre matéria técnica. Costumam cansar e transmitir o pensamento alheio. Os textos assim são sempre fracos. Mostram a incapacide de quem escreveu. Não sabendo expor suas idéias com clareza, o autor confia nas suas citações. Ora, o pensamento não é dele, e, portanto nada cria.
A autencidade, sempre baseada em fato real ou imaginário de quem escreve, deve estar acima de tudo. E temos o texto bruto.
Ora, a pedra por mais rica ou pobre que seja, não lapidada continua bruta.
É o que acontece. Terminado um texto, ele deve ser lido e relido com cuidado e carinho. Se o julgamento é bom, trata-se de limpar o quanto antes todo o corpo da matéria. Repetições, inevitáveis erros de digitação, e outros defeitos, devem ser eliminados.
E a etapa próxima é a mais delicada. Trabalhar o texto, usando palavras ou frases mais adequadas. Não deixar que o leitor se perca com derivações, nem que tenha que ficar consultando dicionário. A linguagem direta e simples convence mais do que a rebuscada, leva o leitor, enquanto que o gongorismo o afasta.
Como autores nacionais, os melhores exemplos são Jorge Amado e Cecília Meireles. Guimarães Rosa e João Ubaldo são excelentes, mas cada um tem sua opinião. Os estrangeiros que verdadeiramente marcaram época são Shakespeare e Hemingway, homens que mergulharam em definitivo na alma humana, entendendo a mesma com profundidade.
Seus leitores logo percebem o texto rico e sem problemas para ser entendido.

Li certa vez, não me recordo onde, que um texto bonito pode ser comparado a bela mulher. Uma maquiagem bem feita, e ela está mais fulgurante.
Trabalhar o escrito com carinho, aprimorando-o, usando palavras e frases com todas as suas expressões possíveis, é imposição; todas as artes exigem paixão dos que nelas se dedicam.

3 comentários:

Tania Montandon disse...

Boas dicas ,Amigo!
beijo

Márcia Sanchez Luz disse...

É isso mesmo, Jorge. Não há como se valer somente do talento no processo de criação. Lapidar ideias é trabalhoso, mas o resultado é tão bom!
Adorei seu texto.

Beijos no coração

Márcia

Caio Martins disse...

A preocupação com a melhor apresentação possível de conteúdos é marca registrada de Jorge Sader. Eternamente insatisfeito, estuda, trabalha, aprimora técnica e sensibilidade eternamente em construção. É modelo e exemplo, ao mesmo tempo que tem, na humildade e na lealdade, seus maiores valores. É um prazer lê-lo, e uma honra tê-lo como amigo.
Forte abraço, mano-véio...