sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Memórias de um passado distante









Memórias de um passado distante

Pra você ver quanta porcaria já fiz nesta vida.

Combustível de foguete não. Fiz muita bomba, misturando pólvora de cabeça-de-negro com a preta comum.

Eu e um amigo já falecido, o Humberto. Como envoltório para a bomba, usávamos bambu gigante. Ideal! Pavio de dinamite, que furtamos numa pedreira. Quinze centímetros de pavio são ideais, dá para uma corrida de um quarteirão. Fuga tranquila.

Quando explode é um estrago só, fora o barulhão. Derrubamos o muro do Bispado com a nossa Neca VI, poderosa. Claro que minutos depois chegava a polícia, e nós cinicamente olhando o estrago.

Ninguém sabia que éramos nós os autores da sacanagem, e nossa intenção não era derrubar o muro, só fazer um buraco. Mas colocamos a Neca VI muito baixa, rente ao chão, e ela possuía tamanho maior do que as anteriores, levou mais pólvora, com o espaço de ar suficiente para uma boa explosão.

Não foi mole. Corremos para o Campo de São Bento. Fez um clarão da moléstia quando a traquitana explodiu.

Rimos às gargalhadas, mas quando olhamos o muro caído, espantou. Não era nosso desejo, e juntou muita gente, que não se aproximou muito do lugar onde foi cometido "o atentado contra a Igreja Católica", como os jornais noticiaram no dia seguinte.

Jornalista inventa demais. Atentado coisa nenhuma, era puro vandalismo de adolescentes.

Outra história de um passado distante.






13 comentários:

Rita Lavoyer disse...

Se contar ninguém acredita. Escreveu um crime prescrito.
Tem mais algum escondido?
Conta, vai!

Caio Martins disse...

Relato, Jorge, que leva às artes da infância e juventude... Excelente pela simplicidade da narrativa e por induzir o leitor às priscas eras da molecagem. Abraços.

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Bacana, Jorge. Brinde-nos com outras memórias, tão inspiradas quanto. Você é um craque. Grande abraço.

Miriam Panighel disse...

Jorge, essas molecagens pertencem a um passado gostoso de recordar. Você e seus amigos Ainda podem se dar esse luxo! Fico só imaginando: e as crianças de hoje, vão se lembrar de que? Vídeos games? Portões fechados?Grades nas janelas? Celulares? Sendo otimista, esses são apenas os exemplos que cito, na melhor das hipóteses!Leve, gostosa de se ler a sua crônica. Um abraço

lino disse...

Os meus atentados não passaram além de umas bombitas de carnaval.
Abraço

Unknown disse...

Essa tua crônica, Jorge, me fez lembrar quantas vezes as aulas foram interrompidas na escola onde eu dava aula, porque telefonavam, dizendo que havia uma bomba na escola, pronta pra explodir.

Marcia disse...

Nunca imaginei você, explodindo muro de uma igreja...Ótimo relato..Abraço

petuninha disse...

Agora que já se passou tanto tempo, poderias escrever este tipo de memórias das molecagens.
Com esta tua "carinha de santo", deves possuir um bocado de belas recordações!
Esta cronica é bem narrada e muito divertida!
Beijos da Petunia.

Jota Effe Esse disse...

Bom eu saber disso. pra não ficar com remorso pelas minha traquinagens. Um abraço.

Cristal de uma mulher disse...

Rsrsr...olha amei estas demaseadas traquinagem..rsrrs Terrível...

Bom saber, e olha o passado foi bom tanto que não esqueces-te..rsrs

Beijinhos amado

Celso Felício Panza disse...

Vim te visitar e encontro as bombas de fabricação da "molecolandia", do maluco neco, fora o resto, pesado...essa é leve ( sem as mentiras testemunhadas pela ANAM,agora cúmplice na mitomania,seu gosto pessoal, até em razão de ainda não ser casada cöm vc,na época, a ANAM, um pirralho na época). Dessa e outras eu fiz parte, mas tem coisa pior, mercado etc, "cão suíno", manchetes em jornal, juizado de menores no encalço,pedreira...Bomba era o dia a dia, e Seu Wendelin, coitado,sofreu.... polícia no pé da "turma do pau amarelo", sempre em fuga pelo canal, é o tempo, passa...Que pena. Quanta coisa prescrita..Vai contar tudo? Cuidado... Celso Felício Panza

Celso Panza disse...

ESQUECI DE DIZER JORGINHO, NÃO HÁ IMPRESCRITIBILIDADE, BOBAGEM MINHA, ÉRAMOS "DIMENOR", INIMPUTÁVEIS...FUI NA ONDA DO EQUÍVOCO DE OUTRO COMETÁRIO. ABR. CELSO F. PANZA

HAMILTON BRITO... disse...

Você queimou barbantinho fedido no cinema? Lembra quando o leite vinha em vidro da boca larga e era deixado na frente das casas e a gente passava e tomava? Você empurrou o carro do seu pai nas madrugadas, na banguela, pra ir na zona da cidade vizinha? Você brincou de médico com alguma prima? Nadaaaaaaa...ah! vc é um santo. Quando muito vai pegar um purgatóriozinho. A menos que seja Corinthiano, aí meu filho, vais jogar truco com o capeta