terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Verdades

  Lendo no parque/Henri Labasque












Talvez ela fosse a única moça que lia no parque. O livro era agradável.
Talvez ela fosse a única que lia, enquanto mães e crianças brincavam. Brincar é bom. A pessoa sai do seu cotidiano chato, acorda, limpa-se e vai para a primeira refeição.
Dizem que o hábito faz o monge.
Faz mesmo. O costume diário nos dá um ritual, mas é bom pensar no que temos em energia. Os que escrevem, pintam, ou exercem qualquer outra atividade, não sabem mais sobreviver sem ela.
São tantos que não podem viver sem transmitir as suas convicções que de modo algum podemos fazer uma espécie da detestável censura.
A Internet é um mundo. Aparecem aqui todo tipo e espécie de gente, uns com talento, outros tentando.
Na verdade, em literatura, ninguém nasce com o talento de Machado. É preciso força, estudo e trabalho. Sem isso, nada feito.
Alheia a estas verdades, ela continuava lendo. O livro era Escolha seu Sonho. Não parecia estar escolhendo sonhos, prestava atenção demais. Uma estudante de Letras? Uma iniciante na literatura?
Só ela possuía a resposta, e ninguém perguntou nada. Cabelos castanhos, soltos, cortados Chanel. As poucas vezes que levantou a cabeça foi para olhar um canário que, como adivinhando o empenho na leitura fazia o fundo musical. Era bonita, sem a menor dúvida.
Quem gosta de frequentar parque, aproveitar a sua frescura e calma, está acostumado a ver estas cenas, que parecem saídas de um quadro impressionista.
Gostei tanto de ver a cena bucólica e com um certo mistério que resolvi escrever sobre o que assisti numa bela manhã de um dia luminoso.
Na certa que volto, esperando encontrar a jovem. Não vai ser difícil falar com ela, pois temos o mesmo gosto. Ler no parque.

4 comentários:

Unknown disse...

Que coisa mais poética e romântica, Jorge! A gente não lê, sente e aprecia.
Parabéns, abraço.

Cristiano Contreiras disse...

Sempre intenso seu blog! parabéns!

Silvia Proença disse...

Uma cena impressionista. A leitora jovem, cabelos chanel, lê num parque atenciosamente. A descrição é toda suave. De onde vc tira um capitão Callado, Jorge? Como consegue isso?
Parabéns pela doçura!

Beijos.

Cris Cerqueira disse...

Talvez fosse sonho...
O certo é que a leitura
Dizia de fadas!...

Um belo Natal! Beijos.